30 de dezembro de 1976, quinta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
— "Você não presta, pode ir embora. Você não presta, Doca!— Eu te amo, eu te amo.— Você não presta!— Eu te amo!"Foi esse o diálogo que a caseira Clébia Carvalho contou ter ouvido segundos antes de Doca Street descarregar, às vésperas do réveillon, no dia 30 de dezembro de 1976, sua pistola na direção de Ângela Diniz, a milionária mineira por quem ele largara a mulher, de família quatrocentona, três meses antes. Após se entregar, quase 20 dias depois de ter fugido da cena do crime, uma casa na Praia dos Ossos, em Búzios, Doca deu uma versão diferente para o ataque. Antes de acertar quatro tiros em Ângela, desfigurando um dos rostos mais bonitos do Brasil, alegou ter escutado uma frase que fez seu sangue ferver e que atingiu em cheio sua honra:— Se quiser me dividir com homens e mulheres... pode ficar, seu corno!Verdadeira ou não, a frase caiu como uma luva para os advogados de defesa de Doca e abriu uma profunda discussão na machista sociedade brasileira dos anos 70: que homem não perderia a cabeça numa situação semelhante? No Brasil ainda sob a ditadura do presidente Ernesto Geisel, poucas vozes se levantaram quando a vida da mineira bonita e festeira, que muito antes do culto às celebridades já era famosa no eixo Rio-São Paulo-Minas e habituée de colunas sociais, foi revirada pelo avesso. Os advogados de Doca, como era conhecido desde pequeno Raul Fernando Street, exploraram ao máximo um “defeito” de Ângela: aos 32 anos, ela prezava muito a própria liberdade. Não gostava de ser mandada e muito menos de viver como os outros achavam que ela deveria.Numa época em que desquites eram malvistos, Ângela não hesitou em pedir o dela. Separou-se do primeiro marido e, como castigo, o ex, um engenheiro, fez com que ela perdesse a guarda dos três filhos, que ficaram em Belo Horizonte. Mesmo abatida, Ângela, que mantinha um apartamento em Copacabana, deu um jeito: visitava as crianças todos os fins de semana e chegou a botar as garras de fora. Desafiou a Justiça e sequestrou a filha para passarem juntas um fim de ano no Rio. Foi condenada a seis meses de prisão e pagou fiança para ficar livre, um ano antes de ser morta.Foi essa Ângela guerreira, carinhosa e maternal que seus amigos exibiram na imprensa. Não faltaram palavras cruéis contra Doca, que foi apontado como um bon vivant, um homem que, aos 45 anos, viveria às custas de mulheres, inclusive Adelita Scarpa, que ele abandonou em São Paulo, com um filho de 3 anos, enquanto Ângela esperava do lado de fora da mansão do casal, no Morumbi. Para piorar o cenário, diziam que Doca, que nunca se separava de sua pistola, era extremamente ciumento e violento. Francisco Matarazzo, amigo de Ângela, disse que a pantera passou a viver enjaulada após juntar-se a Doca, “sob pressão permanente”.Matarazzo contou à época do crime que Doca “não deixava Ângela usar um vestido, uma blusa, queria mandar em tudo. Até com algumas amigas ele tentava impedir que ela conversasse”. A empregada de Ângela, Maria José de Oliveira, também botou mais lenha na fogueira que ardia contra o assassino: disse à polícia que o vira espancar a patroa mais de uma vez. E exibiu aos jornais uma porta de quarto arrombada — Ângela havia se trancado para escapar da violência, mas ele fora atrás.Acossado, Doca, que nunca negou o crime, permitiu que Ângela fosse pintada como culpada pela própria desgraça. Num Brasil que ainda se espantava com a liberdade sexual, contou que a mulher, na manhã de sua morte, teria se encantado por uma alemã na praia, convidando-a para uma festinha a três. Mortificado com o convite para o sexo grupal, feito na frente de amigos do casal, Doca teria começado uma briga. Irritada, Ângela mandou o companheiro embora. Doca pegou as malas e andou alguns metros de carro, mas voltou. Pediu perdão, se ajoelhou. Durante a nova discussão, Ângela jogou a pasta dele no chão. A pistola caiu. Quando percebeu, Doca já atirava.A alemã, suposto pivô da briga que terminou em tragédia, depôs na polícia duas vezes. Na primeira, não mencionou a “cantada”. Na segunda, contou ter sido acariciada. Testemunhas, no entanto, contaram que o desentendimento entre Doca e Ângela foi por um motivo banal — ele não sabia manusear uma Polaroid e ela se irritou. Mas estava montado o cenário para o primeiro julgamento, em 1979. Entre os advogados do réu, estava Evandro Lins e Silva, um dos melhores do Brasil.Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/dez-crimes-que-chocaram-rio-de-janeiro-17845895#ixzz6BEhzFPxgstest‘ESSE ASSUNTO ME ENTRISTECE’Após a defesa de Doca soltar frases como “houve participação da vítima na eclosão do crime” e “às vezes, a reação violenta é a única saída”, Doca foi condenado a dois anos de reclusão, com direito a sursis. Os jurados entenderam, por quatro a três, que ele agiu “em legítima defesa da honra”. Aplaudido por uma multidão, saiu livre. Tinha defendido a moral e os bons costumes da classe média. O promotor recorreu e, no ano seguinte, a decisão foi anulada.Um novo júri foi formado em Cabo Frio em 1981. Já era o Brasil da Abertura, um pouco diferente daquele do crime na Praia dos Ossos. Grupos feministas criaram o bordão “Quem ama não mata” e foram para a porta do tribunal pedir a extinção do típico machão, personificado por Doca. Deu certo. O criminoso foi condenado a 15 anos de prisão. A memória de Ângela, porém, foi mais uma vez atacada sem dó. A campanha foi tão forte que até o poeta Carlos Drummond de Andrade se intrometeu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”, lamentou em uma crônica.Doca ficou três anos e meio dentro de uma cela. Depois, conquistou o regime semiaberto, até que, em 1987, ganhou liberdade condicional. Solto, lançou um livro contando sua versão. “Mea Culpa” tem 470 páginas, mas, hoje, Doca, que vive aposentado em São Paulo, casado com uma amiga de infância, é econômico nas palavras. Às vésperas dos 80 anos, está ativo nas redes sociais, mas prefere não falar de Ângela. “Esse assunto me entristece”.Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/dez-crimes-que-chocaram-rio-de-janeiro-17845895#ixzz6BEi3FJtbstest
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.