'Antes da abolição, intelectuais faziam vaquinha para libertar escravos - 19/09/1869 Wildcard SSL Certificates
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Antes da abolição, intelectuais faziam vaquinha para libertar escravos
    19 de setembro de 1869, domingo
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

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O primeiro teatro construído em Porto Alegre, o São Pedro, recebeu centenas de pessoas em 19 de setembro de 1869. Com sua fachada imponente no estilo neoclássico, o prédio ficou com o salão e os camarotes lotados naquela noite. O público saiu de casa para assistir a um espetáculo com desfecho impensável para a elite econômica da época.

Quando a cortina foi levantada, a plateia viu a personagem Liberdade visitando o Brasil. Na peça, ela encontra um escravo, "coberto de andrajos e cicatrizes recentes, entregue à lida diurna". A Liberdade, então, "invoca o auxílio do céu". Um anjo mensageiro responde o chamado e devolve o escravo à Liberdade. Além disso, ele também ordena a libertação das crianças escravizadas.

No palco, então, surgem 21 crianças. Nenhuma delas é aspirante a ator mirim. Todas são negras e filhas de escravas. Elas recebem cartas legítimas de alforria.

"A este espetáculo as lágrimas correram e o entusiasmo dos corações sensíveis tocou até o delírio", escreveu depois o médico José Antonio do Valle Caldre Fião, presidente da Sociedade Partenon Literário, grupo criado há 150 anos, que organizou o espetáculo abolicionista e que fazia "vaquinhas" para comprar a liberdade de escravos.

Mas não só no Rio Grande do Sul atividades de libertação de escravos ocorreram no período. Por todo o Brasil, de 1868 a 1888, há registros de grupos mobilizados pela causa abolicionista. No Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo, por exemplo, as cartas de alforrias também eram entregues em apresentações culturais com direito a registro na imprensa.

Em 10 de agosto de 1886, Nadina Bulicioff, uma cantora russa, apresentou a opera Aida, de Verdi, no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Ao final, "arrebentou suas algemas cenográficas e, diante do público, que de pé afitava lenços, entregou-lhes (a seis escravas) cartas de liberdade", conta a pesquisadora Angela Alonso, no livro Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro (Cia das Letras, 2015). A apresentação carioca foi organizada pelos abolicionistas André Rebouças, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.

Quanto ao grupo gaúcho Partenon Literário, sua bandeira ia além das letras.

"O Partenon não foi uma sociedade meramente literária, mas de ordem cultural e com viés político. A maioria dos partenonistas tinha dois ideais. Eles defendiam sobretudo a República, sendo contrários à Monarquia vigente, e eram abolicionistas", explicou Maria Eunice Moreira, professora da Faculdade de Letras da PUCRS à BBC News Brasil.

Juntamente com os pesquisadores Alice Campos Moreira e Mauro Nicola Póvoas, a professora escreveu um estudo que servirá de apresentação a todo o acervo digitalizado da "Revista Mensal da Sociedade Partenon Literário". A revista, publicada entre 1869 e 1879, poderá ser acessada pela internet a partir de outubro (o site ainda não divulgado). No periódico também eram publicados textos contra a escravidão, como o registro de Caldre Fião sobre o teatro apresentado no São Pedro.

Atualmente, quem deseja pesquisar todas as 71 edições precisa alternar visitas a diferentes acervos, entre eles o da coleção especial da biblioteca da PUCRS, onde esteve a reportagem.

As revistas eram diminutas para o padrão atual, com menos de vinte centímetros de largura e altura, com somente a capa em papel colorido e raras ilustrações, como nos casos de textos sobre figuras históricas.

Ultraje

A peça teatral de 1869 foi considerada um ultraje por quem defendia a escravidão. Vale lembrar que, no Brasil, a abolição ocorreu 19 anos depois do espetáculo, em 13 de maio de 1888. A Lei do Ventre Livre, que daria liberdade às crianças, também foi posterior à montagem teatral, assinada em 1871. A Lei dos Sexagenários, que libertou os escravos idosos, foi firmada em 1885.

No Rio Grande do Sul, a escravidão foi abolida em 1884, resultado da pressão de diversos grupos, como o Centro Abolicionista e o Partenon Literário.

O livro que contém a ata original da sessão na Câmara de Vereadores da capital gaúcha que acabou com a escravidão no Estado está preservado no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, da prefeitura.

Barreiras

Os integrantes do Partenon Literário não organizaram o espetáculo sem encontrar barreiras. Pelo contrário. Se conseguiram libertar as 21 crianças em 19 de setembro foi por que foram impedidos na data originalmente planejada - 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, declarada em 1822.

"Alguns senhores mal-intencionados especularam. Riu-se com estúpido desdém, e a situação pressentiu um golpe certeiro que lhe dirigíamos. Daí os óbices, as dificuldades com que o Partenon teve que lutar e que retardaram a festa da santa liberdade até o dia 19", relembrou Caldre Fião. A passagem também está registrada no livro História da Academia Rio-Grandense de Letras (1901-2016) e Parthenon Litterario (1868-1885) (Metamorfose, 2016), de José Carlos Laitano.

Segundo a historiadora Marília Conforto, autora de Escravo de Papel (Educs, 2012) e Faces da Personagem Escrava (Educs, 2001), muitos dos escravos que chegavam ao Rio Grande do Sul vinham pela rota do comércio interno, já que o tráfico internacional era proibido desde 1850. O tráfico passou a ser ilegal por pressão da Inglaterra, que chegou a apreender navios negreiros. Com o desenvolvimento do capitalismo inglês e da consequente industrialização, novos mercados consumidores eram necessários para o comércio dos produtos da Inglaterra.

"Escravo não tinha salário e não consumia", resumiu criticamente a pesquisadora durante a entrevista.Purgatório dos negros?
br>Conforme Conforto, ser vendido com destino ao Rio Grande do Sul era um novo castigo aos escravizados. "Se criou a ideia de que o Estado era o purgatório dos negros. O negro que se rebelava era o primeiro a ser vendido e mandado para o Rio Grande do Sul. No inverno, as temperaturas eram gélidas, muitas vezes abaixo de zero. Se não ficavam no espaço urbano, como em Porto Alegre, eram mandados para o campo. Lá, trabalhavam nas charqueadas, que exigia manejo de facas afiadas. Eles tinham que matar os bois a pauladas, tirar o couro, cortar, colocar o sal nas chamadas mantas de carne, algo muito bruto", explica a pesquisadora.
br>Além de Caldre Fião, outro líder do Partenon que teve forte atuação abolicionista foi o professor Apolinário Porto Alegre. O primeiro estudou Medicina no Rio de Janeiro, o segundo, estudou direito em São Paulo. Segundo Conforto, "estudar fora" influenciava os intelectuais que depois retornavam ao Estado trazendo novas ideias influenciados pelos ideais do positivismo europeu, entre eles a liberdade, por exemplo.
br>Apolinário publicou na revista do Partenon diversas peças de teatro e textos abolicionistas. Uma peça, em especial, foi a mais polêmica e chegou a ser proibida pela polícia. Os Filhos da Desgraça contava a história de amor entre uma senhora e um escravo (o contrário era mais aceito no Brasil colonial). "Com tal temática, Apolinário não poderia colocar a ação em Porto Alegre, porque provocaria a revolta de muitos chefes de família", explicou o historiador Moacyr Flores, em artigo de 1978, sobre a obra do autor.
br>Como a ideia de "proximidade" chocava demais os "chefes de família", o escritor optou por situar a trama em Salvador. "O drama está inserido na filosofia dos abolicionistas que por princípios éticos, além dos econômicos, não admitem a escravidão", acrescentou Flores sobre a peça.
br>Apolinário também liderou o projeto de aulas gratuitas noturnas para os pobres e libertos, explica a professora Maria Eunice Moreira, da PUCRS. Ainda de acordo com ela, enquanto ficcionistas, o tema da liberdade interessava os partenonistas de maneira abrangente, incluindo figura do gaúcho cavalgando livre pelos campos, o mítico "centauro dos pampas", que surge na literatura regionalista do período influenciada pelo Partenon.
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Festa aviatória em comemoração ao aniversário de Sorocaba
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.