'Os marujos avistaram algas-marinhas, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa - 21/04/1500 Wildcard SSL Certificates
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Os marujos avistaram algas-marinhas, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa
    21 de abril de 1500, sábado
    Atualizado em 30/10/2025 22:21:35

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1500 — Pedro Álvares Cabral, o capitão-mor da primeira armada, que,após a expedição de Vasco da Gama, o rei dom Manuel mandou à Índia,encontra plantas marinhas, primeiro indício da proximidade de terra. [1]BRASIL JÁ CONHECIDO NA CARTA DE CAMINHA. linkArthur Virmond de Lacerda Neto.30.III.2020.“[...] o Brasil foi descoberto em 1435, ou antes,por navegantes portugueses [...]”. ManuelFerreira Garcia Redondo, O descobrimento do Brazil(1911).“O fim ostensivo, o fim aparente da expedição deCabral era ir à Índia. O fim real, o fim verdadeiroera ir, primeiro ao Brasil, dele tomar posse oficial[...]”. Manuel Ferreira Garcia Redondo, Odescobrimento do Brazil (1911).I- Formulação da questão.II- Relatório encomendado.III- Seguiram seu caminho.IV- Gestos de Nicolau Coelho. Contubérnio com os índios. A “outra vinda”.V- O regresso da nau de mantimentos.VI- A frieza de Caminha, de mestre João e do piloto anônimo.VII- Fertilidade da terra e abundância de água doce.VIII- Enquadramento náutico.IX- Cronologia.I- Formulação da questãoÉ certa a intencionalidade do trajeto seguido por Cabral1 até a costa brasileira, como questão já elucidadapor amplo repertório de convincentes indícios. Ele dirigiu-se ao que se tornou o Brasil com rumo certo,cônscio da existência da terra firme no Atlântico sul e a oeste da Europa, condição em que passa por sero descobridor do Brasil. Na verdade, seu papel foi o de oficializar o conhecimento que na corte portuguesajá se detinha da existência de terra firme a sudoeste (desde, pelo menos, 1492: prova-o a extensão da raiado tratado de Tordesilhas, de 100 para 370 léguas a oeste, de modo que abarcou parte do atual Brasil).Para o acervo de indícios, a epístola redigida por Pero Vaz de Caminha contribuisignificativamente: com sua própria existência; com o tom que ele adotou para enunciar o achamento daterra; com três afirmações reveladoras e nove indícios náuticos de pré-conhecimento da costa brasileira.Lida atentamente, com perspicácia, revela mais do que aparenta comunicar para o leitor distraído.II- Relatório encomendado.Em terra, vários componentes da esquadra missivaram a el-rei D. Manoel: seu médico, João Faras; o futuro feitor de Calicute, Aires Correia; Pero Vaz de Caminha e “todos os outros”, no dizer do primeiro,1 Na verdade, chamava-se Pedro Álvares Gouveia. Foi nomeado com seu sobrenome paterno (Cabral) por vezprimeira na epístola del-rei D. Manuel a seus sogros e vizinhos, Fernando e Isabel (reis de Espanha), de 29 dejulho de 1501. (Página 1)sem especificar quem nem quantos seriam, o que Caminha elucida: “Posto que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães, escrevam a Vossa Alteza [...]”. Das várias cartas, conservaram-se apenas a de mestre João e a de Caminha. A do primeiro contém lugar decisivo: “Quanto, senhor, ao sítio desta terra, mande Vossa Alteza trazer um mapa-múndi que tem Pêro Vaz Bisagudo, e por aí poderá ver Vossa Alteza o sítio desta terra; mas aquele mapa-múndi não certifica ser esta terra habitada, ou não.”2 Ou seja: o navegador Pero Vaz da Cunha (de alcunha Bisagudo) possuía mapa-múndi vetusto que representava a localização da terra firme a que a frota aportara. Não se tratava da imaginária ilha Brasil,situada arbitrariamente em diversos mapas em distintos pontos, mas de identificação que o mestre Joãorefere afirmativa e induvidosamente, informação bastante para comprovar-se a pré-ciência de terra firmea sudoeste.A missiva de Caminha estende-se por quatorze páginas impressas com corpo diminuto3; narrasucintamente a viagem desde a partida até 21 de abril, data a contar da qual descreve,circunstanciadamente, em jeito de crônica, o quanto se passou entre aquele dia e 1º de maio, o que abrangecom profusão de pormenores a estada na nova terra.Ele minudencia o desembarque, o avistamento dos silvícolas, seu aspecto e reações, oengrazamento deles com os mareantes, a ereção da cruz, a celebração da missa. Mui pormenorizada eextensa, a carta não expõe a viagem uniformemente senão a estada em terra, específica e exuberantemente.É mais do que carta: é cartapácio; mais do que cartapácio, é relatório. Pondera Tomás Ribeiro Colaço:“[...] lida com atenção, é um relatório previsto, desejado, e encomendado pelo Rei. Porque é que só nessecaso apareceu um tal repórter ? — E como escreveria ele, por sua iniciativa, ao Rei ? Escreveu porqueveio com essa incumbência.”4Se encarregado de minudenciar os primeiros contactos de seus companheiros com os autóctones,é porque o comitente conhecia, de antemão, a existência da terra e, nela, de povo.III- Seguiram seu caminho.No domingo, dia 22 de março, a frota avistou a ilha de São Nicolau, no arquipélago do Cabo Verde, expõe Caminha. No outro dia, segunda-feira, desgarrou-se a nau de Vasco de Ataíde, “sem aí haver tempo forte nem contrário para poder ser” 5.Prossegue:[...] E assim seguimos nosso caminho por este mar de longo até terça-feira de oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de Abril, que topamos alguns sinais de terra, sendo da dita ilha segundo os pilotos diziam obra de 660 ou 670 léguas, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim outras, a que também chamam rabo de asno; e a quarta-feira seguinte pela manhã topamos aves, a que chamam fura-buchos; e neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra, a saber: primeiramente de um grande monte mui alto e redondo e de outras terras mais baixas [...]6“E assim seguimos nosso caminho [...] e [...] houvemos vista de terra [...]” significa: seguimos nosso itinerário até se nos deparar terra, desenvolvemos a rota prevista em direção à terra que encontramos. Havia trajeto que percorrer e que a frota percorreu regularmente, até o destino pretendido:o itinerário era de Lisboa ao Cabo Verde e deste ao Brasil. Ele não diz: perdemo-nos de nosso caminho, desviamo-nos de nosso rumo, desorientamo-nos a meio da viagem, pois nada disto se passou (ainda menos houve o lendário mau tempo em cuja razão a (Página 2)esquadra teria casualmente descoberto o que veio a ser o Brasil). Ao invés: a navegação transcorreunormalmente, consoante o rumo previsto em direção intencional à costa brasileira.A relação do piloto anônimo é a única narrativa da continuação da viagem, do Brasil por diante:“Ao outro dia, que erão dous de Maio, fizemo-nos à vela, para hir demandar o Cabo da Boa Esperança,achando-nos então engolfados no mar mais, de mil e duzentas léguas de quatro milhas cada uma; e aosdoze do mesmo mez, seguindo o nosso caminho, nos appareceo hum cometa [...]”7. Também registra opiloto: navegou a armada em conserva, com bom vento; em 20 de maio sobreveio-lhes fortíssimo tufão.Em dois de maio, fizeram-se à vela para demandar a ponta meridional da África; no dia 12,enquanto seguiam seu caminho, surgiu-lhes cometam, tudo com plena normalidade. Do Brasil zarparamno dia 2 em direção ao cabo, em que o único incidente foi intempérie grave dezoito dias depois. Nãohouve desorientação da frota, dúvida acerca do itinerário que seguir, da baía Cabrália por diante nemderrotas erradas. Ao invés: a frota (novamente a expressão de Caminha) seguiu seu caminho, continuouviagem no curso planeado.A locução “seguimos nosso caminho” figura em Caminha, aplicada ao intervalo entre Cabo Verde e o Brasil, e no piloto anônimo, que a usou para a continuação da viagem, ao zarparem do Brasil. Ambos referem-se à navegação que, nos respectivos trechos, transcorreu normalmente. Ainda que fosse duvidosa a premeditação da derrota do Cabo Verde para o Brasil, é induvidoso haver a frota rumadointencionalmente deste para o sul da África, trajeto em que ela navegou com itinerário próprio, que secumpriu.Na expressão do piloto anônimo, “seguimos nosso caminho” equivale a percorremos a derrota estabelecida; ele usa-a sem acrescentar nota de nenhum desvio no itinerário. Caminha di-la sem informar aberração na derrota. A locução (seria lugar-comum ?) é a mesmíssima no caso do trajeto obviamente intencional (Brasil – cabo da Boa Esperança) e no do outro (Cabo Verde – Brasil). Ela exprimiriaintencionalidade apenas na primeira situação e não também na segunda ? Seria empregada em situaçõesdessemelhantes ? Registraria itinerário estabelecido que se cumpriu e também itinerário que se inadimpliuou ausência de rumo adotado ? Usada em contextos idênticos, se em um ela exprime, evidentemente, rotapré-concebida, no outro sua acepção somente pode ser a mesma. Se seguimos nosso caminho do Brasilpara a África representa direção deliberada, seguimos nosso caminho do Cabo Verde para o Brasilsómente pode comunicar o mesmo.IV- Gestos de Nicolau Coelho. Contubérnio com os índios. A “outra vinda”.Já fundeada toda a frota na atual baía Cabrália, no dia 23 de abril Pedro Álvares Cabral mandou à terra Nicolau Coelho, quando cerca de 18 íncolas observavam-nos da praia, armados de arcos e flechas. No dizer de Caminha, Coelho “[...] lhes fez sinal que depusessem os arcos; e eles os depuseram [...]”:ele gesticulou-lhes; eles compreenderam-lhe a gesticulação e acederam-lhe ao pedido apaziguador. Gestos quaisquer aprendem-se em seu significado. Nenhuma mímica é dotada de significado inerente e prontamente compreensível por quem não a haja previamente aprendido. Seja a expressão romana de positivo (com o polegar estendido e os demais dedos retraídos), seja o abanar a mão espalmadacomo saudação ou despedida, seja o aplauso ou qualquer outro gesto, ele somente veicula comunicação se entre quem o pratica e quem o observa coincidir a inteligência de seu sentido. Os índios compreenderam a mímica de Nicolau Coelho. Ter-lhe-iam adivinhado o significado ou já o conheciam ? Evidentemente conheciam-no: houvera, já, contactos entre portugueses e eles. No dia seguinte (24 de abril) a frota velejou para norte e fundeou no atual Porto Seguro, onde abordo Afonso Lopes recolheu dois indígenas, que pernoitaram no navio, com à vontade e semdesconfiança próprios de quem já se conhecia: eles “já estavam familiarizados com os europeus, que jáos conheciam, que conheciam os seus hábitos e costumes, que deles não tinham receio.”8 Em 25 de abril,novamente apeou Nicolau Coelho, e Bartolomeu Dias com os dois índios. No areal da praia congregavamse obra de duas centenas de índios, que se abeiravam dos batéis (navetas ao serviço do transporte das nauspara a praia) “e traziam cabaços de água e tomavam alguns barris que nós levávamos, e enchiam-nos de7 CAMINHA in CORTESÃO, p. 147. Atualizei a grafia.8 REDONDO, p. 56. (Página 3)água e traziam-nos aos batéis”. Sem solicitação dos portugueses, espontaneamente os índios forneceramlhes água doce em cabaços; também tomavam barris, enchiam-nos de água e levavam-nos de volta aosbatéis: os índios voluntariamente participaram da aguada, “como se já estivessem habituados a praticaresse serviço, repetindo actos praticados anteriormente; o que demonstra que não era a primeira vez queviam homens brancos e naus.”9Cabral não reabasteceu a esquadra no Cabo Verde, ao que lhe seria imperioso proceder, a menosque o fizesse no Brasil: fê-lo neste, com cuja existência contava para a aguada, existência de seuconhecimento antes de lhe dar à costa. Por seu lado, os indígenas conheciam a precisão de água doce dafrota, o que só poderia resultar de contactos anteriores entre embarcações e eles.No domingo (26 de abril) os marinheiros em geral apearam para folgar. Um gaiteiro tocou suagaita e “meteu-se com eles [os índios] a dançar tomando-os pelas mãos, e eles folgavam e riam, a andavamcom ele mui bem ao som da gaita.”10 No dia subseqüente, todos desembarcaram para dessedentarem-seou fazer aguada; aproximaram-se índios que “[...] misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam[...].”11Souberam os adventícios captar a simpatia dos autóctones, mercê da oferta de prendas e daausência de hostilidade, mas para quem (supostamente) se desconhecia, a receptividade dos índios, ocontubérnio entre uns e outros, o folguedo, exprimiriam a índole amistosa dos da terra, mas denuncioutambém amizade presumivelmente já entabulada entre eles e os portugueses em desembarques precedentes.Em 1º de maio, celebrou-se a segunda missa, ao cabo da qual frei Henrique de Coimbra distribuiu cruzes de estanho que trazia Nicolau Coelho e “que lhe ficaram ainda da outra vinda.”12 “Ficaram” exprime sobraram.Caminha não redigiu “outra viagem”, “outra navegação”, o que poderia aludir a expedições indeterminadas; empregou o vocábulo “vinda”, particípio passado de “vir”. “Outra” somente pode equivaler a precedente, anterior, antes da atual. “Outra vinda” equivale a “vinda anterior”. Nicolau Coelho distribuiu cruzes que lhe remanesceram de vinda precedente: ele estivera, já, no Brasil, e certamenteentrou em contacto com os indígenas. Por isto, agrupados alguns deles, no dia 23, Cabral enviou-o para ir ter com eles, ele acenou-lhes e eles inteligiram-lhe os acenos.V- O regresso da nau de mantimentos.No domingo, 26 de abril, Cabral congregou seus capitães (também Caminha) e “perguntou assima todos se nos parecia ser bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dosmantimentos [...] e entre as muitas falas que no caso se fizeram, foi por todos ou a maior parte dito queseria muito bem e nisto concluíram”13.Um dos navios servia de despensa; foi despejado para regressar a Lisboa, como estafeta dasmissivas produzidas pelos capitães, Caminha e mestre João. Por velha, não a quiseram arriscar no mar docabo da Boa Esperança14 e, contra o costume de incendiarem as naus abandonadas, Cabral fê-la arrepiarcaminho.É inusitado, é estranhíssimo que ao aparelharem a esquadra, nela incluíssem navio velho e incapazde enfrentar a ida e o regresso da longa viagem; que aos organizadores da expedição minguasse sensatez(ou, quando menos, prudência) na seleção dos navios; que cedo, a menos de um terço do percurso, aquelaembarcação já se evidenciasse inapta para manter-se em navegação. Não escasseariam materiais, temponem artífices com que se construísse mais uma embarcação em condições de velejar a totalidade previstada viagem, em lugar de lançarem mão de uma em mau estado.Pondera Metzer Leone, quanto ao recambiamento do navio-despensa:9 REDONDO, p. 55.10 CAMINHA in CORTESÃO, p. 134.11 CAMINHA in CORTESÃO, p. 135.12 CAMINHA in CORTESÃO, p. 139.13 CAMINHA in CORTESÃO, p. 133. Atualizei a grafia.14 LEONE, p. 195-6 (Página 4)A única explicação plausível para o acontecido é que, à partida de Lisboa, já se soubesseque aquela nau não teria de enfrentar o mar do Cabo — por estar realmente destinada aregressar a Lisboa com a nova oficial do “achamento” de uma determinada terra, que jáse sabia existir muito antes do mar do Cabo da Boa Esperança.15A nau dos mantimentos serviu, ostensiva e efemeramente, como despensa; sigilosamentedestinava-se a tornar a Lisboa, como portadora da correspondência redigida em terra.Se a sua torna-viagem fora planejada em Lisboa, por que Cabral formou conciliábulo com seuscapitães para decidirem como proceder ?O regimento que D. Manuel expediu-lhe, como instruções, injungia-lhe: “[...] façais e sigais tudoo que melhor vos parecer, tomando sempre em tudo conselho dos capitães e feitor e de quaisquer outraspessoas que vos pareça que nisso devais meter [...].”16 Ao instituir o conciliábulo, Cabral acatou oprocedimento que deveria seguir recorrentemente, para obter a deliberação que se tomou.Metzer Leone:[...] tudo levava a crer que o resultado da reunião haveria de ser aquele mesmo que jáeventualmente estivesse estabelecido entre o Rei e o Capitão-mor — porque nada poderiadesaconselhar o regresso da nau dos mantimentos, a qual, até pelas suas condições denavegabilidade, não estava apta a sulcar os mares do Cabo da Boa Esperança — éperfeitamente de aceitar que Cabral tivesse feito reunir os seus Capitães para tomarem emconjunto uma decisão conforme era usual que tais decisões fossem tomadas, já que tudoindicava que o Conselho dos Capitães só poderia sancionar a decisão secreta, tomada emLisboa anteriormente à partida.17O conciliábulo teve segundo tema em pauta: arrebatarem-se ou não dois indígenas que fossemconduzidos a Lisboa juntamente com o epistolário. Sobre isto, Caminha aduz em doze linhas e pormenoras razões invocadas por que se concluiu negativamente, ao passo que dedica apenas cinco ao tema anterior,em que vagamente alude às “muitas falas que no caso se fizeram”, sem minudenciar nenhuma, como seimportasse mais decidir levarem-se ou não dois autóctones do que transportar-se ou não a correspondênciana embarcação de mantimentos.A segunda decisão, virtualmente polêmica, justificaria mais a reunião dos capitães; a primeira,mais fácil (majoritária ou consensual), justificaria menos o dito conselho, até porque o mau estado daembarcação em causa induzia-lhe. É precisamente seu mau estado, sua inaptidão para prosseguir, com oconseqüente induzimento a seu retorno, que terá sido intencional, para facilitar deliberação neste sentido.Na composição da frota selecionou-se navio ruim, para ser recambiado18.VI- A frieza de Caminha, de mestre João e do piloto anônimo.Caminha descreve o encontro da “nova” terra com frieza e até indiferença. Não exprimiu surpresa nem gáudio, não se interrogou que terra seria aquela nem onde se localizava.[...] e assim seguimos nosso caminho por este mar de longo até terça-feira de oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de Abril, que topamos alguns sinais de terra, sendo da dita ilha segundo os pilotos diziam obra de 660 ou 670 léguas, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim outras, a que também chamam rabo de asno; e a quarta-feira seguinte pela manhã topamos aves, a que chamam fura-buchos; e neste dia, a oras de véspera, houvemos vista de terra, a saber:primeiramente de um grande monte mui alto e redondo e de outras terras mais baixas, ao sul dele e de terra chã, com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs o nomede monte Pascoal, e à terra, terra de Vera Cruz. [2]

Aí os portugueses chegam no Brasil, logo7:49depois do Colombo oito anos depois, e aí tem uma passagem na carta do Caminha que é7:55maravilhosa, que um índio... Que o Cabral se veste todo pra receber os índios... Vai7:58ler a carta, tu não leu a carta maravilhosa, vai ler essa porra dessa carta, Pero Vaz de8:02Peninha, melhor carta do mundo. Aí o Cabral se veste todo pra receber os índios lá e8:06bota um medalhão de ouro, e aí um dos índios (o Caminha diz) aponta pro medalhão e daí8:14aponta pra terra. Medalhão, terra, terra, medalhão. E aí o Caminha diz "com isso,8:21quisemos entender que ele estava querendo dizer que daquele ouro havia muito naquela8:27terra. Ou pelo menos foi isso que a gente quis entender"! O Caminha diz isso. Mas não,8:32cara, o índio tava dizendo assim "esse medalhão aqui, bah, ia agradar muito a minha patroa8:37lá. Posso levar esse medalhão lá pra dar pra minha mulher? Porque eu dormi aqui (eles8:43dormiram, né), passei a noite fora de casa, me dá o medalhão lá pra eu levar pra patroa",8:46mas eles acharam que era pá. Bom, o fato é que os portugueses chegaram no Brasil sequiosos8:51por ouro, e ficaram procurando ouro durante cento... 200 anos, 193 anos! E tudo que eles9:01achavam aqui, tudo que reluzia, era pirita, o ouro de tolo, né, cara. [“Ouro manchado de sangue”, 01.07.2020. Eduardo Bueno]



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Super Interessante
30 de Maio de 2020, domingo

Pedro Álvares Cabral ganhou R$ 5 milhões para chefiar sua expedição. Por Alexandre Versignassi Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti


“Ouro manchado de sangue”, Eduardo Bueno
30 de Julho de 2020, domingo

“Ouro manchado de sangue”, Eduardo Bueno

ME|NCIONADOS
ATUALIZAR!!!
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.