A verdadeira história de "Peter Chicoteado", cuja foto mudou percepção sobre escravidão nos EUA. Por Chelsea Bailey, BBC News, Washington
13 de dezembro de 2022, terça-feira Atualizado em 24/05/2025 03:59:03
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A fotografia de um homem escravizado que sobreviveu a uma surra que deixou seu corpo mutilado e com cicatrizes ajudou a revelar a brutalidade da escravidão americana. O ator Will Smith estrela Emancipation — Uma História de Liberdade, que chegou aos cinemas e ao streaming, um filme que conta a história de "Peter Chicoteado" e sua jornada da escravidão ao Exército.
Embora sua pele tenha sido esfolada dezenas de vezes pelas agressões e depois dolorosamente cicatrizada, Gordon, um escravizado fugitivo, posou de forma desafiadora para um retrato em 1863.
No auge da Guerra Civil dos Estados Unidos — quando os fatos sobre os horrores da escravidão eram frequentemente denunciados como propaganda falsa - a horrível fotografia revelou a verdade inegável.
Os abolicionistas apelidaram o homem da foto de "Whipped Peter" ("Peter Chicoteado", em português) e, embora os historiadores tenham debatido seu nome verdadeiro, há poucas dúvidas sobre o impacto que sua imagem teve na psique americana.
A fotografia mostrava que "estas eram pessoas reais com experiências reais. Foi tirada para apresentar uma narrativa visual do horror da escravidão durante a Guerra Civil", diz Barbara Krauthamer, uma importante historiadora da escravidão e emancipação dos EUA e reitora da Escola de Humanidades e Belas Artes na Universidade de Massachusetts, em Amherst.
"O que muitas vezes se perde é o foco no próprio homem — a história desse homem que entende que a Guerra Civil é uma oportunidade de literalmente tomar posse de seu corpo e de sua vida."
O filme de Will Smith, Emancipation — Uma História de Liberdade, é inspirado na história real de Gordon/"Peter Chicoteado" e dirigido por Antoine Fuqua (de "O Protetor e Invasão à Casa Branca). Smith disse a jornalistas no lançamento do filme que espera que o longa revele o poder do espírito humano.
"Este não é outro filme de escravizados. Este é um filme de liberdade", disse Smith. "Acho que é uma história que todos nós precisamos ver, ouvir e sentir."
O filme é visto como um possível recomeço para o ator americano, que foi suspenso do Oscar por 10 anos após dar um tapa no rosto de Chris Rock ao vivo. O comediante, que apresentava a cerimônia, havia feito uma piada sobre a aparência da mulher de Smith, Jada, que sofre de alopecia (calvície) e tinha os cabelos raspados.
Uma fuga angustiante
Em abril de 1863, poucos meses depois do fim da escravidão pela Proclamação de Emancipação, de Abraham Lincoln (1809-1865), Gordon chegou a um acampamento de soldados da União nos arredores de Baton Rouge, no Estado da Louisiana.
Exausto, quase morrendo de fome e vestindo apenas trapos, Gordon desabou ao ver os soldados negros libertos que lutavam para acabar com a escravidão na América, de acordo com uma coluna de dezembro de 1863 no jornal New-York Daily Tribune. Ele imediatamente pediu para se alistar.
Durante um exame médico, Gordon disse aos policiais que decidiu fugir depois de sobreviver a uma surra brutal que o deixou à beira da morte e em coma por dois meses. Após 10 dias sendo perseguido pelos pântanos e bayous da Louisiana por cães de caça e caçadores de pessoas que haviam escapado à escravidão, Gordon finalmente chegou ao acampamento da União onde obteve sua tão sonhada liberdade.
Ele então revelou suas "costas açoitadas" como prova. Fotógrafos incorporados aos soldados tiraram a agora infame foto de Gordon posado, de costas nuas e com a mão no quadril.
O Tribune observa que a visão de seu corpo mutilado "enviou um arrepio de horror a todos os brancos presentes, mas os poucos negros que estavam esperando ... prestaram pouca atenção ao triste espetáculo, cenas tão terríveis eram dolorosamente familiares a todos".
De acordo com a Galeria Nacional de Arte, um jornalista de Nova York observou que a imagem deveria ser "multiplicada por 100 mil e espalhada pelos Estados Unidos".
E foi exatamente isso que aconteceu.
Horrores da escravidão viralizamO retrato de Gordon foi tirado em uma época em que o país debatia se o esforço de guerra valia a pena e se homens negros — escravizados ou libertos — deveriam ter permissão para se alistar como soldados.
Em seu livro, Envisioning Emancipation: Black Americans and the End of Slavery ("Imaginando a emancipação: negros americanos e o fim da escravidão", em tradução livre), Krauthamer e sua co-autora, a historiadora da fotografia Deborah Willis, descrevem como os avanços na fotografia permitiram que a imagem de Gordon fosse reproduzida de forma acessível em pequenos cartões de notas e amplamente compartilhada.Abolicionistas venderam reimpressões de sua imagem para arrecadar dinheiro para seus esforços. Mas, diz Krauthamer, as reações ao retrato foram variadas."Era totalmente comum as pessoas dizerem: é falso, não acredito", diz ela. "Os brancos não achavam que os negros eram testemunhas confiáveis, mesmo de suas próprias experiências."Em 4 de julho de 1863, a popular revista Harper´s Weekly reimprimiu uma gravura de Gordon / "Peter Chicoteado" ao lado de imagens de Gordon em uniforme da União. O artigo anexo tinha o título "Um negro típico" e descrevia a angustiante fuga de Gordon da escravidão e seu valente registro de serviço no Exército da União.
Mesmo para um artigo antiescravista, os historiadores notaram os tons de racismo, já que o autor do artigo se esforçara para descrever a "inteligência e energia incomuns" de Gordon.
O legado de "Peter Chicoteado"
A Guerra Civil foi um dos primeiros conflitos a ser documentado através da fotografia — mas muito poucas fotos capturam os horrores e a brutalidade da escravidão tão claramente quanto a imagem de "Peter Chicoteado".
Embora suas imagens tenham se tornado uma ferramenta eficaz para mensagens e propaganda antiescravidão, Krauthamer diz que muito pouco se sabe sobre a vida e o legado de Gordon depois de ingressar no Exército da União.
"Há um argumento a ser feito, que [o retrato] era apenas outra maneira de objetivar um corpo negro", diz ela, acrescentando que as discussões modernas sobre o retrato de Gordon ressaltam o poder da fotografia para documentar a verdade.
Menos de um século depois que o retrato de Gordon foi tirado, a mãe de Emmett Till, Maime, realizou um funeral de caixão aberto depois que seu filho foi brutalmente sequestrado, torturado e linchado porque, em suas palavras: "Queria que o mundo visse o que eles fizeram com meu bebê ."
Essa foto do corpo mutilado de Till também chocou a consciência americana e revelou o duradouro legado de racismo nos Estados Unidos.
Krauthamer diz que, como historiadora, tenta centralizar não apenas a dor, mas também a alegria da experiência negra americana em seu trabalho.
"Acho que grande parte dos meus estudos se concentrou em "qual é a história verdadeira?" E eu só quero saber como era a vida dele? Quem ele amava? O que ele esperava alcançar?"
"Minha esperança é que o filme de Will Smith e esta fotografia abram um portal para isso — nossa capacidade de imaginar essa história e essa humanidade", acrescentou ela.
Peter Gordon Data: 02/04/1863 Créditos/Fonte: Archive national des États-Unis - National Archives and Records Administration
ID: 176
Sorocaba tinha mais habitantes que São Paulo Data: 01/01/1776 Créditos/Fonte: Sombra/RJ (1950 edição 106) 01/01/1776
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.