Bebê-diabo causou pânico entre médicos e enfermeiras
11 de maio de 1975, domingo Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Em 11 de maio de 1975, o "Notícias Populares" estampou na capa a lúgubre manchete "Nasceu o diabo em São Paulo", sobre o suposto nascimento de uma criatura com características sobrenaturais em São Bernardo do Campo (SP). O jornal foi o único impresso a veicular o caso.
O enigmático parto do bebê-diabo rendeu ao "NP" 27 reportagens que alavancaram as vendas do jornal na época. Com tiragem média diária de 70 mil exemplares, o periódico chegou à marca dos 150 mil jornais vendidos durante a série.
A história trouxe em seu enredo boas pitadas de mistério, terror e medo.
A primeira reportagem deu conta do clima de tensão e pânico em que o parto fora realizado, evidenciado no primeiro parágrafo do texto: "Durante um parto incrivelmente fantástico e cheio de mistérios, correria e pânico por parte de enfermeiras e médicos, uma senhora deu a luz num hospital de São Bernardo do Campo a uma estranha criatura, com aparência sobrenatural, que tem todas as características do diabo, em carne e osso.
O bebezinho, que já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos e um rabo de aproximadamente cinco centímetros, além do olhar feroz, que causa medo e arrepios".
O "Notícias Populares" descreveu ainda o incontrolável temperamento do sagaz diabo. Como o dia em que, no berçário da maternidade, furioso ao ver a luz do dia, teria gritado a uma das enfermeiras: "Feche a janela!". E, olhando friamente para os demais funcionários, emendou: "Ou fecham, ou mato a todos!".
Bebê-diabo
A segunda reportagem da saga destacou o sombrio desaparecimento do mequetrefe da maternidade onde nascera. A manchete foi curta e objetiva: "Bebê-diabo desaparece". A página interna do jornal relatou a dramática fuga do diabólico bebê-capeta, que teria fugido saltando do terceiro andar do hospital. Antes de escapar, teria dito "Aqui não é meu lugar.
Essa mulher não é minha mãe..." e "Vou embora, não pertenço a este mundo. Não sou daqui. Vocês são pavorosos. Faltam acessórios em vocês".
Nas edições seguintes, o "Notícias Populares" encheu suas páginas com testemunhos de incidentes que estariam ocorrendo em toda a região do ABC paulista com o desaparecimento do tinhoso.
Frequentes desavenças entre casais e amigos que nunca haviam se desentendido, dezenas de colisões de carros com vítimas fatais e, principalmente, atropelamentos em massa, cometidos por exemplares motoristas, davam o tom da onda de pânico que assombrou o ABC durante o episódio. Crianças não foram mais vistas brincando nas ruas.
Mulheres se recolhiam mais cedo às suas residências, e portas trancadas à luz do dia se tornaram práticas comuns entre os moradores da região.
As várias tentativas de grupos de moradores na busca de pessoas espiritualizadas que fossem capazes de encontrar e derrotar o travesso foram em vão. As procissões realizadas também não lograram êxito em liquidar o diabo.
No meio da trama, o "Notícias Populares" veiculou que, após capturado por um grupo de religiosos, o bebê-diabo teria sido internado em uma clínica particular de São Bernardo, que seria aberta à visitação pública.
O jornal chegou a noticiar uma pequena lista da clínica com orientações que deveriam ser seguidas à risca pelos curiosos interessados em visitar o capeta. Eram elas: 1) ser maior de 18 anos, estar munido de crucifixo; 2) evitar conversar com o bebê-fenômeno para não ouvir palavras obscenas; 3) não ter problemas cardíacos; e 4) assinar um termo de responsabilidade em caso de ser tomado por possessões demoníacas.
Depois, novos rumores preencheram as páginas do "NP" dando conta de que o filho de Lúcifer fora visto saltando pelos telhados das casas durante a noite. "Era ele, tenho certeza! Vi com os meus próprios olhos! Parecia um louco pulando os telhados, fazendo desfeita para a Lua! Ele pulava rindo alto, mandando todo mundo pro inferno", disse, então, a doméstica Maria Aparecida de Oliveira.
Outros boatos que correram foram os de que um discreto fazendeiro, morador de Marília (SP), que, segundo os vizinhos, "não tirava o chapéu por nada desse mundo", seria o pai do bebê-diabo. O homem teria tido um rápido relacionamento com uma moradora de São Bernardo e rompera com ela havia cerca de nove meses.
"Ele dificilmente tira o chapéu, mas faz assim para esconder os dois chifres e evitar gozações", dizia um dos amigos.
Em outra ocasião, depois de ter infernizado um ritual de umbanda, a criatura fora vista pela última vez amarrada dentro de uma Kombi, estava com a cabeça baixa e muitas lágrimas nos olhos. Fanáticos religiosos o teriam sequestrado e pretendiam levá-lo para o Nordeste para dar um ponto final na história.
A penúltima manchete do "Notícias Populares" sobre o caso, em 5 de junho de 1975, trouxe o emblemático personagem Zé do Caixão, do cineasta José Mujica Marins, e dizia: "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste". Na reportagem, o cineasta, com dois de seus emissários, seguiria rumo a Salvador atrás da criatura. A intenção do grupo era mandar o diabo para o "quinto dos infernos".
O que parecia ser o fim do demônio de São Bernardo veio abaixo com a manchete: "Povo vê de novo bebê-diabo no Grande ABC". Foi a insinuante volta e, ao mesmo tempo, o fim da lendária saga do bebê-diabo nas páginas do "Notícias Populares".
Por outro lado
– Em maio de 1975, o repórter Marco Antônio Montadon, da Folha de S.Paulo, foi ao ABC confirmar o relato de que havia nascido uma criança com “duas saliências na testa” (chifres) e “prolongamento no cóccix” (rabo). Mas eram apenas más formações, que foram corrigidas com uma breve cirurgia.
– Montadon transformou a história numa crônica (fictícia) de terror, na Folha. O secretário de redação do NP, José Luiz Proença, e o editor de polícia, Lázaro Campos Borges, convocaram um repórter para “repaginar” esse texto e transformá-lo na notícia do nascimento do bebê-diabo.
– Consultado pela ME, o ortopedista Gustavo Borgo, do Hospital Israelita Albert Einstein, disse jamais ter visto relatos médicos de cauda em crianças. Segundo ele, possivelmente o “bebê-diabo” tinha um defeito congênito comum, chamado mielomeningocele, que prejudica o fechamento da coluna do recém-nascido. É resolvido com uma cirurgia logo após o parto.
– O NP foi hábil em procurar fontes oficiais (como médicos e diretores do hospital), mas usar a negativa deles de modo que gerasse ainda mais suspeita no público.
– A história também não é original. Poucos anos antes, O Bebê de Rosemary (1969) causou pânico parecido no Brasil e no resto do mundo. Outro filme recente na época que também causou polêmica foi O Exorcista (1974).
– O público do NP era composto de pessoas mais simples, com maior tendência a se apegar a crendices sobrenaturais. Meses antes, o próprio jornal já havia soltado matérias sobre a “loira fantasma” e o “vampiro de Osasco”, por exemplo.
FONTES Livro Espreme Que Sai Sangue: Um Estudo do Sensacionalismo na Imprensa, de Danilo Angrimani, e Nada Mais Que a Verdade: A Extraordinária História do Jornal Notícias Populares, de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima; documentário Nasceu o Bebê-Diabo em São Paulo, de Renata Druck; e site Folha de S.Paulo
CONSULTORIA Gustavo Borgo, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Samaritano
Antiga Câmara Municipal e Cadeia Data: 01/01/1923 Créditos/Fonte: Pedro Neves dos Santos / Museu Histórico Sorocabano Rua São Bento, esq. c/ a rua Padre Luís. Vê-se a Igreja Matriz (ig) (ccc) (scm) (mhs)
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.