Embriagado, australiano, soldado na primeira guerra, elucidou maior mistério da década
25 de maio de 1920, terça-feira Atualizado em 30/10/2025 15:25:54
•
•
O corpo de um homem havia sido encontrado desfigurado em um local conhecido como Espraiado, na divisa entre Cravinhos e Ribeirão Preto.A vítima tivera o rosto descarnado, as orelhas e as línguas cortadas e mutilações no crânio. Apresentava ainda inúmeros ferimentos nas costas e uma perfuração no ventre.
Não só em Ribeirão Preto e Cravinhos que o crime repercutiu, abalou profundamente o espírito público de todo o estado, a ponto de se formarem em frente das cadeia grupos de curiosos à espera de novas informações.
Várias circunstâncias faziam com que o crime fosse divulgado: a barbárie com que foi praticado o delito, o destaque e a popularidade das várias pessoas nele envolvidas, o motivo do crime e o profundo, impenetrável mistério que paira sobre a identidade da vítima.
Poucos crimes do gênero haviam custado às nossas autoridades tantos dias de esforço. Os melhores investigadores, aguçados pela recompensa de 250:000$000, quebravam a cabeça.
A polícia recebeu várias cartas anônimas, perseguiu várias pistas, mas não chegou à conclusão alguma.
A verdade vem de um bêbado, ex-soldado na Primeira Guerra Mundial, engenheiro em Sorocaba/SP
Na noite de 17 de Janeiro de 1920, em um "bar" da capital paulista, em companhia dos srs. Boucher Filho e dr. Edmundo Burle, cavalheiros muito conhecidos, bebia o engenheiro australiano Carlos Leman, que trabalhava nas obras da Light, em Sorocaba.
Completamente alcoolizado, Leman começou a fazer curiosas declarações sobre a identidade do cadáver encontrado em Ribeião Preto, o Crime de Cravinhos, dando a perceber que conhecia a vitima.
Extraordinariamente surpresos, os dois companheiros não perderam tempo e nem permitiram que Leman continuasse a beber. Conduziram-no a Chefia da Polícia onde estava o Dr. Bandeira de Mello e ali declararam abruptamente que Leman conhecia a identidade misteriosa da vitima de Pão Alto.
Foi um reboliço enorme. Passado o primeiro momento, os telefones trabalharam, mobilizando pessoal, sendo chamado, em primeiro lugar, o dr. Accacio Nogueiro, diretor do Gabinete de Investigações e Capturas.
Duas horas de ansiedade
Carlos Leman, porém, estava completamente alcoolizado e o mistério foi, primeiro como cura-lo da bebedeira.
Cerca de duas horas decorreram antes que o australiano pudesse responder coerentemente ás indagações. Dissipados, porém os efeitos do álcool, enfim falou:
Declarou chamar-se Carlos Leman, australiano e engenheiro. Durante a Primeira Guerra Mundial havia servido no exército inglês. Foi onde conheceu oficial francês Affonso Deport, de quem se tornou amigo.
Certa vez, Deport lhe dissera ter se casado, em Paris, com uma brasileira, da qual, mais tarde, se separou. Ambos falavam em vir ao Brasil.
Terminada a guerra, Carlos veio para São Paulo, empregando-se na Companhia Armour, como engenheiro. Pouco tempo depois, mudou dali, indo trabalhar em Sorocaba, nas obras da Light, onde ainda residia.
No final de outubro de de 1919, Carlos recebeu uma carta do seu amigo. Pedia-lhe informações a respeito de uma família Alves Ferreira, desde estado, suas condições de fortuna, etc. ao mesmo tempo que anunciava a sua vinda ao Brasil.
De fato, registros comprovam, que no inicio de 1920, pouco antes de ser encontrado o cadáver, o oficial francês chegou em São Paulo e procurou o seu amigo em Sorocaba.
Chegou no Brasil já de posse das informações que pedira e que lhe haviam sido dadas por carta, sobre a família de d. Iria Alves Ferreira. Deport, sem explicar o motivo de sua viagem, convidou Carlos a acompanha-lo á Villa Bonfim, no município de Ribeirão Preto.
Com as noticias da tragédia de Palo Alto, o australiano começou a estabelecer ligações entre os fatos. Guardou, desde os primeiros dias, os jornais e revistas que trataram o caso. E a medida que as hipóteses, sucessivamente inventadas, ia sendo postas de lado, ia-se formando em seu espirito a convicção de que a vitima é Afonso Deport.
Ele disse que demorou a estabelecer ligações entre os fatos. Mas adotando o processo da exclusão, ficou de pé a sua hipótese. Como o intuito de revelar as suas suspeitas a policia, e aos jornais, saiu de Sorocaba e foi para São Paulo, onde hospedou-se numa pensão Alemã, na Rua José Bonifácio. Ali , nas condições que citadas atras, falou a respeito com os senhores Boucher e Burle.
As mais diversas reações surgiram entre as pessoas na Delegacia, algumas perplexas. No dia seguinte, completamente sóbrio, Leman confirmou cada detalhe da história, dando provas incontestáveis de sua identidade e de todas as suas informações.
Estranhamente as autoridades paulistas mantiveram o caso em absoluto segredo. Um trabalho intenso visando desacreditar as declarações do engenheiro tivessem como base receber a recompensa. Um jornal, porém, conseguiu apurar o fato, torndo o fato público e histórico.
A Rainha do Café
Todas as informações apontavam para uma pessoa: A Rainha do Café, Iria Alves Junqueira, mãe de Sinhazinha Junqueira, a quem, todos sabiam, havia se casado na França, porém, ninguém sabia com quem.
Descrita como “mulher empreendedora e incansável, que nobilita seu coração sensível a todas as dores, a todas as necessidades”.
A notícia foi amplamente divulgada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, que mantinha um correspondente na cidade. A reportagem dizia que D. Iria pertencia à numerosa e conhecida família Diniz Junqueira, que possuía inúmeras fazendas em Ribeirão Preto e que seu codinome era “Rainha do Café”.
Iria e o administrador da fazenda Pau Alto, Alexandre Silva, foram presos acusados de serem os mandantes do assassinato de
O crime foi descrito em pormenores, mas a identidade da vítima nunca foi confirmada. Uma das suspeitas é que se tratasse de um ex-genro francês de Iria que tinha chegado a Ribeirão para cobrar sua parte na herança da filha dela, que morrera.
Durante o processo, os executores do crime, funcionários da fazenda de Iria que tinham confessado a participação dela e de Alexandre, voltaram atrás e disseram terem sidos torturados para confessar o que as autoridades queriam ouvir.
O fato é que a prisão de Iria e a divulgação de seu suposto envolvimento com o crime representou a primeira derrocada dos coronéis do café da região. Na época, o mais importante deles, Joaquim da Cunha Junqueira, chefe político do PRP, era justamente o cunhado de Iria.
Presa, ela tinha contra si boa parte dos órgãos de imprensa e a repulsa da sociedade que via no caso uma forma de revide contra o despotismo dos fazendeiros, que usavam a violência como meio eficaz para obter tudo o que queriam.
O início da derrocada do coronelismo, em Ribeirão Preto, deu-se por meio de uma figura feminina, demonstrando que as mulheres até poderiam romper com o seu lugar social, mas muitas vezes eram lembradas ou relembradas de sua representação social.
Em setembro de 1920, depois de permanecer quase um mês em silêncio, os advogados de Iria iniciaram intensa campanha pela sua inocência nos jornais. Fábio Barreto, Camillo de Moraes Mattos e Meira Júnior, todos pertencentes à elite ribeirão-pretana, assumiram a defesa da fazendeira (Os três advogados viriam a ser importantes políticos em Ribeirão Preto).
Uma das teses da defesa era que Iria estava sendo acusada justamente por ser rica, para ser exibida como um exemplo da imparcialidade da polícia e das autoridades do Judiciário.
E isso era alardeado em matérias pagas nos jornais. Os capitalistas, os homens endinheirados que tiveram o prestígio do ouro, ficaram por essa forma expostos doravante, mais do que os pobres diabos sem eira nem beira às suspeitas da polícia.
A “Rainha do Café” nunca mais voltou a morar em Ribeirão Preto, após o processo. Em 21 de novembro de 1927, na cidade mineira de Vespasiano, ditou uma carta a um padre pouco antes de morrer.
Na carta se dizia inocente e atirava contra seus detratores. "Não quero deixar este mundo sem deixar para meus filhos e meus netos as minhas mais puras e santas bênçãos e sem dizer-lhes que não há nada no mundo que se compare à consciência pura, à tranqüilidade da alma [...]
Juro diante de Deus e Maria Santíssima que vão receber minha alma inocente e pura de todas as calúnias que nunca matei ninguém. Nunca nem em pensamento, mal ou pequeno ou grande fiz ao meu próximo e nem pensei em faze-lo. [...]
Por que me caluniaram e por que me difamaram e me perseguiram, eu, inocente, sem compreender o que estava acontecendo? Não sei. Devem sabê-lo as autoridades que deram mão forte aos meus ocultos inimigos, os quais não pensava tê-los, pois nunca fiz mal a ninguém."
Dn. Iria Alves Ferreira Junqueira* Data: 01/01/1902 A Rainha do Café
ID: 328
O Crime de Cravinhos Data: 01/01/1920 Créditos/Fonte: Arquivo Vermelho/RJ (@) (!)
ID: 6922
ME|NCIONADOS ATUALIZAR!!! EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.