La Argentina y las cabezas. Por Vicente Mario di Maggio
18 de abril de 2024, quinta-feira Atualizado em 03/04/2025 18:22:21
•
•
Dado que alguns dos nossos leitores ficam indignados com as descrições dos excessos dos militares federais do século XIX como se fossem denúncias dos seus pais biológicos - enquanto os crimes que descrevemos dos unitaristas caem no saco das verdades esclarecidas - hoje vamos fazer uma pausa e falar de um poeta que ninguém liga.
No poema publicado em 1602 por Martín del Barco Centenera aparece pela primeira vez o nome "Argentina", que dará identidade a este país de La Plata e também aparece, como não poderia ser de outra forma, a menção da cabeça decepada:
Tabobá, o valente e corajoso, Geralmente vinha dessas pessoas; Ele caminhou pelo campo com muita raiva. A cavalo ele saiu muito de repente Inciso, que em amores afortunados Ele tem sido, e na guerra, muito corajoso. Imitando o sogro, em um pequeno texto Ele cortou a cabeça de Tabobá.
A canção conta as façanhas de Fernández de Enciso (uma rua de William Morris) a quem o poeta chama de "Inciso". Já a menção do sogro se dá porque o paladino era casado com a filha do avanço Domingo Martínez de Irala. Com a chegada dos espanhóis pela segunda vez a Buenos Aires – recorde-se que o primeiro foi Pedro de Mendoza – os Querandíes tentaram pela segunda vez rejeitá-los.
Reza a história que os indígenas estariam a ponto de derrotar os invasores se não fosse Fernández de Enciso cortando a cabeça do cacique Tabobá. Vendo seu líder morto, os índios recuam e assim começa a perseguição e massacre pelos espanhóis sob o comando de Juan de Garay (no retrato).Pedro de Angelis relata a situação em um livro de 1836, Coleção de obras e documentos relativos à história antiga e moderna das províncias do Río de la Plata:
“Uma vez morto o general, que é a alma do exército, os inimigos fugiram apressadamente, e foram seguidos por muitas léguas, com tanta destruição e morte aos infiéis, que um soldado disse a Garay:
—Senhor General, se o massacre é tão grande, quem sobrará para o nosso serviço?—Ei, deixe-me, respondeu Garay, esta é a primeira batalha, e se os humilharmos nela, teremos alguém que virá ao nosso serviço com desempenho.Foi o fim desta vitória e destruição do inimigo no local que desde então até hoje se chama Pago de la Matanza (hoje conhecido como Partido de la Matanza). Com os índios expulsos e obrigados a pedir a paz, o general Garay começou a construir a cidade, promovendo as obras com a sua presença e direção.Juan Fernández de Enciso (1547?-?), primeiro procurador de Buenos Aires, foi um dos primeiros habitantes da segunda fundação da cidade e graças a essa cabeça decepada, dono do "pomar" que hoje é o quarteirão circunscrito entre as ruas Alsina, Moreno, Piedras e Chacabuco da Cidade Autônoma.Quanto à relação entre toponímia e decapitação, valeria esclarecer que ela vem tecendo suas redes para além da nossa província desde o momento em que se estabeleceu como colônia. O caminho das homenagens às vezes é o mais peculiar. Na CABA, por exemplo, temos dois pequenos trechos no bairro Boedo chamados Venialvo e Gallegos. Quem eram eles? Durante a fundação da cidade de Santa Fé, seu líder, Juan de Garay, cedeu terras e títulos aos nascidos na Espanha em detrimento dos nascidos na América. Os privilégios provocaram a chamada Revolução dos Jovens em 31 de maio de 1580, que promoveu brevemente uma mudança de autoridades. Seu líder era Lázaro de Venialvo, outro dos envolvidos se chamava Pedro Gallegos. Esta rebelião é considerada a primeira tentativa de emancipação da Espanha. A revolução foi incentivada pelo governador de Tucumán, Gonzalo de Abreu, em rivalidade com o fundador da cidade, Juan de Garay. Abreu prometeu garantias aos revolucionários caso entregassem Garay como prisioneiro.Relatos da época dizem que houve alvoroço pela demissão do governador, do xerife e do prefeito, todos espanhóis. Gritando “liberdade, liberdade”, o conselho os substituiu por autoridades crioulas. Porém, um dos conspiradores, o capitão Cristóbal de Arévalo, por arrependimento ou por duvidar do futuro do movimento, procurou salvar-se traindo os seus companheiros. Apareceu com um guarda na casa de Venialvo, que saiu para recebê-lo sem suspeitar. Ao abrir a porta, Arévalo gritou “Seja preso, tirano traidor, apunhalando-o”. Segundo conta o historiador Juan M. Vigo, os chamados jovens “foram arrastados até a praça onde foram decapitados e ali mesmo, diante dos olhos assustados da multidão, foram desmembrados os corpos, cujos restos foram expostos ao público”.A ordem da punição, tão exemplar quanto atroz, foi dada por Garay. Nesses caprichos da toponímia, tanto Gallegos quanto Venialvo, acompanham paralelamente às suas ruas limitadas a extensa Avenida Juan de Garay. E os Cephaleuta não podem deixar de ver na dotação cadastral do Município um certo reflexo das regalias que levaram os americanos – Venialvo e Gallegos – a insurgirem-se contra o Garay basco.Dois dos jovens, chamados Villalta e Mosquera, conseguiram escapar e dirigiram-se a Tucumán em busca da proteção de Dom Gonzalo de Abreu, como já dissemos, inimigo de Garay. Mas os fugitivos não tiveram sorte. Ao chegar, descobriram que Hernando de Lerma havia decapitado Abreu e reivindicado o cargo para si.Os meandros dos conquistadores são tão complicados que no Canto XXI do poema La Argentina o poeta del Barco suspira pelo esforço:Minha voz rouca desmaia, porque sintoO corajoso labirinto em que entro.Ter que escrever a revoltaPorém, a composição não despreza o acontecimento de Villalta e Mosquera:Não fugiram da presença de Lerma.[…]Contra ambos ele pronuncia esta frase:Que eles foram então privados de suas vidas,No rolo arrumando a cabeçaE os corpos em paus feitos em pedaços.
Quando o Navio Centenera diz “rollo” refere-se a uma coluna de pedra encimada por uma cruz, que funcionava como símbolo da lei e onde eram penduradas as partes dos condenados. Por fim, o poeta se recupera do labirinto em que se sentiu preso e esclarece:Eu, claro, entendi essa brigaSobre Santa-Fé um pouco, e sobre esse fato.Agora, quão caprichosa parece uma grade cadastral. Escrevendo este artigo encontro ruas como Valdivia, à frente do Chile, em Ezeiza, Pontevedra e Tigre. Para Solís, em Sarandí, Garín, Esteban Echeverría e Exaltación de la Cruz (ambos, Solís e Valdivia, note-se, acabaram decapitados). Encontramos também a grade do citado Pedro de Angelis, historiador napolitano, homenageado em Moreno. Mas não encontro no vasto território da província ruas que se chamam Venialvo, Gallegos, Villalta, Mosquera, nem Garay, Pedro de Mendoza ou Barco Centenera, aliás, e não há Lerma, nem Abreu. Portanto, para esta entrada devemos contar com Don Juan Fernández de Enciso e com o tribunal de mérito que batizou La Matanza.
Embora o longo poema de del Barco Centenera dê nome ao nosso país, seu autor teve pouca simpatia pela rebelião dos crioulos, a quem chamou de "mestiços", e agradeceu a Deus por ter iluminado o cacique que "cortou as cabeças do motim principal e restaurou as terras do rei". Comemore Filipe II e seu reino: “E ele celebrou o nome de Filipe”. E se despede dos crioulos que buscaram se rebelar contra a autoridade espanhola como: “o canalha argentino”.
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1602 - *Poema publicado por Martín del Barco Centenera EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.