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Leis&Letras (Data da consulta)
    18 de julho de 2024, quinta-feira
    Atualizado em 26/10/2025 00:02:23

  
  


Um Conto de Paulo SetúbalNa Revolução de 1842

17 de maio de 1842. A cidade de Sorocaba amanheceraem alvoroço. Há tropas pelas ruas. Rufos de tambores.Clarins. Repicam todos os campanários. O sino grandeda cadeia toca a rebate.Que é?

O povo acorre com ânsia. Vem tudo, borborinhando,ver o que há. A Câmara está reunida. Grande sessãoextraordinária. Preside-a o velho José Joaquim Lacerda. Andam por ali, fardados, os oficiais da guarda. Muitos vereadores. Todas as autoridades civis no recinto.Populares atulham corredores e saguões. Que formigarde gente!

José Joaquim Lacerda ergue-se. Na estranha assembléia, diante do povo, com a assustadora aprovaçãodos militares, exclama:

- “Senhores! D. Pedro II, imperador constitucional doBrasil, é hoje dominado por certa facção política quevai levando o Império às bordas do abismo. Ainda mais:essa facção está reduzindo a província de S. Paulo aomesmo estado mísero das províncias do Ceará e daParnaíba. Isto, senhores, graças à administração tirânica desse procônsul que vem, em nome daquela facção,oprimindo e escravizando a nossa terra.”1

“Diante dos fatos, que são notórios, eu alvitro, comomedida de salvação pública, que coloquemos novo presidente à testa dos negócios da Província. Este presidente governará S. Paulo até que o augusto Soberano,livre da facção que o coage, escolha outro ministério daconfiança nacional”.Silêncio fundo. A multidão ouve, com espanto, as palavras do velho. Aquilo é gravíssimo. José JoaquimLacerda continua:- Senhores! Eu proponho que, por unanimidade, aclamemos presidente da nossa província o coronel RafaelTobias de Aguiar.Levanta os braços no ar. E com retumbância:- Viva o presidente Rafael Tobias de Aguiar!Os conjurados – vereadores, militares, autoridades,gente de prol, todos, com um brado só:- Viva Rafael Tobias de Aguiar!José Joaquim Lacerda nomeia a seguir, a comissãoque deve ir buscar o presidente aclamado.Tobias de Aguiar, há dias já, instalara-se em Sorocaba.O celebrado político mora ao lado. Mora na casa de D.Gertrudes Eufrosina do Amaral.A comissão sai. Torna em breve com o Coronel Tobias.Ao vê-lo, erguem-se todos. Reboam palmas. Vivasfrenéticos.José Joaquim de Lacerda, na presidência, defere ao chefe destemeroso o julgamento de honra. Tobias, sobreos santos Evangelhos, jura. José Joaquim Lacerda, como ritual do estilo, empossa-o no cargo de presidente.O revolucionário lança então, solenemente, naquelasessão histórica da Câmara de Sorocaba, o seu manifesto à nação:- “Paulistas! Os fidelíssimos sorocabanos acabam delevantar a voz: escolheram-me para presidente da província. Estou eu aqui para debelar essa hidra de trintacabeças que vem devorando o país. Estou eu aqui paralibertar a província desse procônsul que vem postergando as leis mais sagradas, Paulistas...”Continua, flamante, a proclamação incendiária. A assembléia aclama-o. Rompem os sinos. A tropa faz asalva de 18 tiros.Rafael Tobias de Aguiar é, desde esse instante, o presidente ilegal de S. Paulo. É ele, com o seu alto prestígio,o chefe da rebelião paulista de 1842.* * *

Por que a rebelião?

O primeiro ministério da maioridade fora liberal. Tinha, noseu seio, três nomes, pelo menos, nacionalmente simpáticos: Antonio Carlos, Martin Francisco, Limpo de Abreu.

Esse ministério, com desgosto da nação, pôs-se a politicar rasteiramente. Empenhou-se, de corpo e alma,em eleger uma câmara sua. Eleger deputados, visceralmente liberais. Fez, para isso, coisas de pasmar: removeu juízes, suspendeu funcionários, demitiu chefes depolícia, deitou abaixo catorze presidentes de Província!

Uma derrubada em regra. Avolumaram-se, no país inteiro, descontentamentos vermelhos. Houve celeumasbravas. O ministério impopularizou-se integralmente.Eis que surge, nos vaivens políticos, este caso pequeno: a retirada do comandante das armas do Rio Grandedo Sul. Aureliano Coutinho é pela medida. Os outros ministros, não. D. Pedro, diante da divergência, aproveitado ensejo para desfazer-se do ministério. Demite-o.Saem os liberais do poder. Mas saem tranqüilos. Saemcom essa risonha segurança de quem tem, para o próximo ano, a Câmara nas mãos.

Os conservadores, subindo ao poder, não começampor vinganças reacionárias. Nada de violências. Tratamapenas, nesse fim de legislatura, de conseguir aindaduas leis: a reforma do processo criminal e a criação doConselho d’Estado. Conseguem-nas.

Contra essas duas leis, batem-se furiosamente os liberais.Transformam-nas em tela da oposição. Jamais a reformado processo criminal! Jamais o conselho d’Estado! Querem os oposicionistas, a toda força, que o governo protelea promulgação delas até a abertura do parlamento:- Empossada a nova Câmara, apregoavam os liberais,as duas leis imediatamente derrogadas!

Mas o governo não cede. No Rio, à vista disso, tramase a revolução. Teófilo Ottoni e Limpo de Abreu fundamo centro político que urde e insufla o levante. São duasas províncias minadas pelos revolucionários: S. Pauloe Minas. E os emissários da corte, infatigavelmente, começam a trançar pelas duas terras rebeladas.

* * *

Rafael Tobias de Aguiar era, pela segunda vez, presidente de S. Paulo. Político, fora ele sempre liberal. Liberal Vermelho. Liberal dos mais exaltados.Quando caiu o gabinete dos seus correligionários, RafaelTobias quis demissionar-se. O ministério, por intermédiode amigos, susteve-lhe o gesto. E o presidente ficou.Os conservadores, porém, não aceitaram, de cara alegre, a estada do liberal no poder. Houve na provínciagrita desabalada. Os situacionistas, junto ao ministériomoveram céus e terra. Clamaram. Protestaram. Exigiram. Foi preciso atendê-los. O ministério não teve poronde sair: demitiu o presidente Tobias.Infelizmente, não foi só. O governo, por essas alturas,promulgou as duas leis detestadas que tinham sido acausa primária da reação.Fez mais: dissolveu a Câmara que os liberais haviameleito!Aquelas medidas, bem se vê, desencadearam tempestades. Atiçaram fúrias. Acutilaram.A idéia do levante, desde então, engrossou temerosamente. Corporificou-se. Em S. Paulo, mais do que emnenhuma parte, cresceu ela para a realização.Rafael Tobias encabeçou o movimento. Entendeu-secom Itu, com Itapetininga, com Porto Feliz, com Campinas. Aprestou tudo.

*Demitido, Rafael passara o poder ao vice-presidenteAlvim. Este não agradou aos conservadores. Teve quepassá-lo ao padre Pires da Motta. Este permaneceutrês meses no poder. Teve, por sua vez, que passá-loao Costa Carvalho, barão de Monte-Alegre. Costa Carvalho era político altamente partidário. Trabalhava desmascaradamente pelos parceiros. Tornou-se com isso, está claro, o alvo dos ódios liberais. Era, na expressão favorita dos insurgentes “o procônsul que vinha es-cravizando a província...”O movimento fora tramado abertamente. Tramado com desassombro. Costa Carvalho, Senhor do plano, pode, com facilidade, sustá-lo na capital. Mas não pode sus-tá-lo no interior. Eis por que, naquela manhã de maio de 1842, estalara, em Sorocaba, o grito revolucionário.

Seriam nove horas da noite. Na casa de D. GertrudesEufrosina, em torno de Rafael Tobias, estão reunidosos companheiros. Lá está o Dr. Gabriel Rodriguesdos Santos, secretário do governo rebelde. Lá estáo velho José Joaquim Lacerda. Lá está o portuguêsMascarenhas Camello. O Vicente Eufrásio. O ManuelCampolim.

Fervem os comentários em torno das notícias. As notícias são ruins. É verdade que Porto Feliz aderira com oDr. João Viegas. É verdade que Itu igualmente aderiracom Tristão Rangel. Mas é só.Tatuí levantara-se pela causa imperial. Levantara-se ebatera já, num pequeno encontro, a coluna que RafaelTobias para lá mandara.Não ficava aí, desgraçadamente. Campinas, por suavez erguera-se pela causa imperial. Jundiaí também.Unido a isso, mais do que isso, aterrorizando, ecoara naProvíncia a grande notícia: o barão de Caxias desembarcara em Santos! E Caxias vinha descendo serra abaixo,com o Exército Pacificador, a combater o Tobias!Os revolucionários discutem. Vêm à tona probabilidades. Esperanças de socorros. Adesões.Nisto, um oficial atravessa o salão. Aproxima-se de Tobias. E em voz baixa:- Acaba de chegar aí um padre. Quer falar com urgênciaao senhor.- Padre?- Sim, um padre de muletas, meio paralítico. Insiste emquerer falar com urgência.- Que entre!O oficial torna. Cai rápido silêncio. Anseiam todos porver quem é. Eis que a porta se abre de novo. O militarfaz um gesto ao chegadiço:*[Páginas 10, 11 e 12 do pdf]



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (1):
17/05/1842 - Sorocaba declara guerra contra o Imperador
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.