'A misteriosa origem da palavra "abracadabra" e seus vários usos ao longo da história. bbc.com - 27/04/2024 Wildcard SSL Certificates
2020
2021
2022
2023
2024
2025
100
150
200
Registros (856)Cidades (0)Pessoas (0)Temas (0)


A misteriosa origem da palavra "abracadabra" e seus vários usos ao longo da história. bbc.com
    27 de abril de 2024, sábado
    Atualizado em 19/07/2025 21:27:28

  
  


"Abracadabra" é uma palavra curiosa.Talvez você não se lembre precisamente de quando a terá ouvido pela primeira vez, mas provavelmente foi durante a infância.

Alguém pode tê-la apresentado como uma palavra mágica, quando você começava a aprender o que é a magia.

Logo se entendia que pronunciar essa palavra gera algo inesperado – coisas aparecem ou desaparecem, mudam de forma ou cor ou se movem sozinhas.

Esta não é uma palavra de uso cotidiano. Mas, mesmo assim, ela se fixa na mente de inúmeras crianças em todo o mundo.

"Abracadabra" faz parte do vocabulário de tantos idiomas que já se afirmou que ela é mais antiga do que a Torre de Babel da Bíblia.

Mas o que certamente ninguém contou é o seu significado... Porque ninguém sabe com certeza.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, por exemplo, registra que "abracadabra" é uma "palavra cabalística a que os antigos atribuíam a virtude de curar moléstias". Mas não informa o seu significado exato.

E esta não é a única questão. O Dicionário Oxford da Língua Inglesa, desde sua primeira edição, em 1884, indica que a palavra "abracadabra" tem origem "desconhecida". Mas isso não evitou que especialistas tentassem decifrar o mistério, elaborando diversas teorias ao longo dos séculos.

Bíblia, divindade, constelação

Diversas conjecturas consideram que a palavra "abracadabra" teve origem no início da tradição judaico-cristã.

Esta palavra esotérica pode ter se derivado da frase hebraico-aramaica avra gavra. Ela se refere às palavras proferidas por Deus no sexto dia da criação, segundo o Antigo Testamento: "Criarei o homem."

Mas esta é apenas uma dentre diversas possibilidades.

Outra teoria defende que a palavra talvez provenha do aramaico avra c´dabrah ("acredito com a palavra") ou do hebraico abra kedobar ("aconteceu conforme anunciado").

Trata-se de "uma máxima talmúdica que expressa a crença de que a pessoa que fala tem o poder de fazer com que o mundo exista", segundo o rabino americano Alan Lew (1943-2009) no seu livro This Is Real and You Are Completely Unprepared ("Isso é real e você está completamente despreparado", em tradução livre).

Ou seja, o mero ato de pronunciar a palavra ou nomear alguma coisa pode instigar a sua criação.

Outros especialistas também acreditam que "abracadabra" venha do aramaico e do hebraico, mas eles consideram que seu significado é totalmente diferente – por exemplo, "desaparece como esta palavra" (abhadda kedkabhra) ou "lança o teu raio até a morte" (abreq ad habra).

Existem outras buscas pelo significado, seguindo a hipótese de que "abracadabra" provenha dessas línguas semíticas. Mas também há teorias que se aventuram por caminhos diferentes.

Entre as muitas hipóteses mencionadas pelo professor americano Craig Conley no seu livro Magic Words: A Dictionary ("Palavras mágicas: um dicionário", em tradução livre), uma delas defende que "abracadabra" era a divindade suprema dos assírios.

Outra afirma que seria uma corruptela do nome do pai da álgebra, o matemático árabe do século 9º Abu Abdullah abu Jafar Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi.

Já o astrônomo britânico Samson Arnold Mackey (1765-1843) garantiu em 1822 que "abracadabra" é uma frase formulada pelos antigos astrônomos para descrever a constelação de Touro.

Existem ainda outras hipóteses, mas o debate não chega a um consenso. Afinal, como explica o Dicionário Oxford, "não foram encontrados documentos que respaldem nenhuma das diversas conjecturas".

Mas o fato de que "abracadabra" tenha passado a ser "ininteligível para os herdeiros da tradição, frequentemente desconhecedores do seu sentido e idioma original" – como destacou o acadêmico Joshua Trachtenberg (1904-1959) – acabou se tornando uma virtude.

"Existe tão pouca necessidade de que a palavra mágica tenha algum sentido inteligível que, na maioria das vezes, ela é considerada eficaz por ser estranha e sem significado, sendo particularmente preferidas palavras incompreensíveis em idiomas estrangeiros", escreveu o acadêmico Benno Jacob (1862-1945) no livro Im Namen Gottes ("Em nome de Deus", em tradução livre).

Por isso, exótica e sem significado, mas talvez mais poderosa justamente por este motivo, "abracadabra" marca sua presença na história há séculos. E sempre se esperou muito desta palavra.

Poder transcendental

Muito antes de fazer coelhos saírem de cartolas, "abracadabra" era usada com fins muito diferentes, como espantar os demônios e a morte, além de enfrentar doenças.

Seu primeiro uso conhecido aparece nos fragmentos que chegaram até nós do Liber medicinalis, do século 3º d.C., também conhecido como De Medicina Praecepta Saluberrima.

Seu autor é Sereno Samônico. Não se sabe muito a seu respeito, mas ele foi médico do imperador romano Caracala (188-217) e era considerado sábio.

Entre diversos outros tratamentos, remédios e antídotos, seu livro menciona um para "a febre mortal que os gregos chamavam de hemitritaion".

"A palavra nunca foi traduzida para o latim, seja porque a natureza do idioma não o permite ou porque os pais, acreditando que traduzi-la seria prejudicial para seus filhos, não quiseram dar a ela um nome", escreveu Samônico.

O médico se referia à doença conhecida hoje como malária, que devastou a Roma Antiga. Para curá-la, ele recomendava o seguinte:"Escreva em uma folha [de papiro] a palavra ABRACADABRA, repita-a omitindo a última letra, de forma que faltem cada vez mais letras individuais em cada linha [...] até que fique uma única letra como o vértice de um cone. Lembre-se de fixá-la ao pescoço com um fio de linho."A ideia era que a doença iria desaparecer aos poucos, como a palavra "abracadabra".Samônico também receitava untar o corpo com gordura de leão ou usar a pele de um gato doméstico adornada com joias para se proteger contra essa febre.Mas o que permaneceu foi o uso da curiosa palavra, que deixou seus rastros por diversos lugares e culturas.

Ela aparece, por exemplo, gravada em algumas das pedras de Abraxas, que os basilidianos – membros da seita gnóstica do século 2º fundada por Basílides de Alexandria – usavam como talismãs."Abracadabra" era parte de uma fórmula mágica para invocar a ajuda de espíritos benevolentes para combater doenças e ter boa sorte.A palavra também aparece na "Árvore do Conhecimento" (Etz ha-Da´at), um pequeno códice escrito por Eliseu ben Gad de Ancona, na Itália, no século 16.

O primeiro encantamento incluído no livro é uma "cura celestial" para "todos os tipos de febre". Ele começa dizendo:

"Av avr avra avrak avraka avrakal avrakala avrakal avraka avrak avra avr av"

Como destaca Zsofi Buda no blog da Biblioteca Britânica, é fácil descobrir neste feitiço a palavra mágica "abracadabra".

Na Inglaterra, como em muitos outros lugares, "abracadabra" continuava oferecendo esperanças de cura ainda no século 18.

A palavra é destacada no livro Um Diário do Ano da Peste (Ed. Artes e Ofícios, 2002), escrito em 1722 pelo autor de Robinson Crusoé, Daniel Defoe (1660-1731). k2645»O autor lamenta que as pessoas acreditassem em fraudes "como se a peste [bubônica] não fosse mais do que uma espécie de possessão de um espírito maligno", recorrendo a superstições para afastá-lo.

Entre essas superstições, estavam "papéis amarrados com tantos nós; e certas palavras ou figuras neles escritas, particularmente a palavra ´abracadabra´, em forma de triângulo ou pirâmide".

As pessoas que confiavam nos talismãs continuavam seguindo as instruções fornecidas séculos antes por Sereno Samônico. Elas os usavam por nove dias e depois os descartavam, atirando-os sobre o ombro esquerdo antes do amanhecer em um riacho que fluísse de oeste para leste. Tudo em vão.

"Quantos pobres foram depois levados em carros funerários e atirados em fossas comuns com esses pingentes infernais pendurados no pescoço", escreveu Defoe.

Havia também quem carregasse amuletos com a pirâmide voltada para cima, para atrair boa sorte.

No início do século 19, com o surgimento da obsessão britânica pelo espiritismo, o famoso ocultista inglês Aleister Crowley (1875-1947) decidiu se apropriar da palavra mágica.

Ele reconstruiu "abracadabra" por meio de uma reformulação cabalística que a transformou em "abrahadabra", na sua obra O Livro da Lei, que define os princípios básicos da sua nova religião, chamada Thelema.

Para ele, "abracadabra" é "a Palavra do Éon, que significa a Grande Obra cumprida".

Naquela época, a palavra já estava perdendo seu suposto poder de cura. Mas, ao mesmo tempo, já adquiria outro significado, quando foi incorporada pelos mágicos aos seus repertórios.

Foi assim que, a partir das primeiras décadas do século 19, "abracadabra" se transformou, como num passe de mágica, no encantamento que conhecemos hoje, desde a infância.



\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\4327icones.txt


ME|NCIONADOS Registros mencionados (2):
01/01/1822 - *Abracadabra
27/04/2024 - *Um Diário do Ano da Peste
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.