Escrevendo o Brasi | Capistrano de Abreu por Rebeca Gontijo. Canal da Associação Nacional de História - Anpuh Brasil
3 de janeiro de 2023, terça-feira Atualizado em 25/10/2025 19:15:58
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Muito obrigado Profa. Rebeca por essa excelente introdução, na qual a gente pode, de fato, ter uma noção sobre a concepção de História do Capistrano, em especial em relação a diferença que ele possuía em relação a geração anterior de historiadores, em especial em relação ao VarnhagenLevando em consideração que Capistrano é o grande nome da historiografia do Brasil, principalmente nesse ano de celebração do bicentenário da independência do Brasil (...) eu queria te perguntar, considerando que o Capistrano é bastante conhecido por ser um historiador interessado no período colonialeu queria saber se tem também na obra desse historiador alguma espécie de reflexão sobre o século 19 e talvez, mais especificamente sobre o evento da independência do Brasil. Capistrano se interessa por este tema?
No livro Capítulos da História Colonial, que eu entendo que é uma História do processo colonizador, tenta apontar o sentido dessa História, a narrativa se encerra em 1800. Ele não contempla o momento da independência nesse livro. Contudo, o Capistrano publicou um texto sobre o século 19, incluindo resenhas de obras sobre esse período, inclusive obras que tratam da independência do Brasil.Por exemplo, durante as comemorações do 7 de setembro de 1881, ele publicou um artigo que ele chama atenção para a firmação dessa data na consciência nacional. Naquele momento, segundo ele, o 7 de setembro, até 1881, não era lembrado como uma data importante, ele era lembrado como um mero ato dinástico.
Mas a partir daquele momento ele despontava como um marco na nossa História. Ao contrário do Varnhagen que atribui papel decisivo a personagens históricos, sobretudo aqueles da Casa de Bragança, Varnhagen atribui um grande papel decisivo à D. Pedro na independência do Brasil.Já o Capistrano levou em conta um movimento de longa duração, segundo ele, um movimento que é germinado nas bandeiras paulistas, nos arraiais de Pernambuco e na Inconfidência Mineira. Então ele, quando pensa a independência ele procura, ele a trata como algo inevitável, que antecede 1822.
Embora ele concordasse com a comemoração do 7 de setembro, ele também argumenta nesse texto que isso deveria ser feito a luz de outro evento, 15 de novembro de 1825, quando D. João VI, outorgou a Carta de Lei, ratificando o Tratado de Aliança e Paz, que reconhecia a autonomia do Brasil em relação a Portugal (...)
E no ano seguinte, em 1882, Capistrano publicou um texto em que ele apresenta uma periodização da História do Brasil, e ele procurava identificar as caracteristicas que distinguem os diversos períodos da nossa História, algo que, segundo ele, Varnhagen não conseguiu realizar.
E, resumidamente o período de 1750 a 1808, representava a consolidação do sistema colonial, e já o período seguinte, de 1808 a 1850, período que inclui a data de 7 de setembro de 1822, esse período teria sido da decomposição desse sistema, cujo golpe inicial teria sido a abertura dos portos por D. João VI, continuando por Pedro I ao proclamar a independência e concluído pelas regências e por Pedro II ao derrotar as tentativas separatistas. Ele acha que que esse outro evento é tão importante quanto (...)
Então todos esses eventos que marcaram o início do século 19, Capistrano entende que são eventos que marcam a decomposição, que é o termo que ele usa, do sistema colonial. É notável o esforço que ele faz de sintetizar esse longo processo, e o destaque que ele dá aos conflitos, as lutas, as rivalidades seculares. Ele considera não apenas as ações individuais e eventos isolados, mas a longa duração do movimento.
E ele comentou também desde o início da colonização. A diferenciação entre colonia e metrópole era um fato inevitável, marcado por uma série de lutas, cada uma delas dando sentido a um período histórico.
Então, é importante lembrar, que para o Capistrano a independência está inserida nesse período de decomposição do sistema colonial e sua inevitabilidade não está vinculada a uma espécie de continuidade do sistema colonizador português, como aparece no Varnhagen. No Varnhagen a colonização seria um movimento guiado por Portugal, no sentido da criação e amadurecimento do Brasil, evidenciando a continuidade, desde a colonização, até a emancipação proclamada pelo herdeiro do trono.
Em Capistrano não. Em Capistrano a independência fazia parte de um contexto de decomposição, relacionando eventos ocorridos dentro e fora do Brasil, eventos ocorridos na Europa, da Revolução Francesa, a Revolução das Cortes de Lisboa, passando pelas invasões napoleônicas Tudo produziu um efeito, resultou na vinda da Corte para o Brasil e na abertura dos portos em 1808, que é uma data que Capistrano considerava uma das mais importantes para a História do Brasil. Segundo ele, tais eventos teriam arrastado personagens como Pedro I em direção a causa separatista, nascida no século anterior
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (4): 15/11/1825 - Carta de lei de dom João VI anunciando a transmissão de direitos 01/01/1907 - *Capítulo da História Colonial, 1907. Capistrano de Abreu (1853-1923) 05/04/2024 - *Artigo de Capistrano de Abreu 13/04/2024 - Artigo de Capistrano de Abreu EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.