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O Descobrimento do Brasil e outros ensaios
    2021
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  


Oliveira Lima trata, em outras obras, do sertão: “A navegação a vapor e o telégrafo elétrico aproximaram-nos demais da Europa e distanciaram-nos do nosso próprio sertão. Nos começos do século xix ainda se procurava […] com afã utilizar as vias fluviais e desbravar vias terrestres em toda a superfície do país, com o fito de formar do Brasil um todo uno, compacto, forte, poderoso e agressivo” (Dom João vi no Brasil, Rio de Janeiro, Topbooks, 1996, p. 558).

“Aos sertões chegavam mal a disciplina social e a autoridade do governo. Seus habitan-tes eram rebeldes a tudo quanto não fosse a ação dos seus instintos de vingança e da sua arisca independência […] Essa idiossincrasia particular do sertanejo servia de contra-peso ao regime de espírito feudal que vigorava entre os matutos, sem que lhes entibiasse a fibra combativa” (O Império Brasileiro, São Paulo, Melhoramentos, 1927, p. 250).

Quanto à Ilha Brasil, trata-se de mito situado na zona de intersecção entre duas visões, a estratégica e a maravilhosa. Este mito foi estudado em suas diferentes vertentes por Jaime Cortesão e por Sérgio Buarque de Holanda, e faz parte relevante da geografia imaginária dos sertões. Para Jaime Cortesão, este conceito, pelo qual o Brasil formaria uma ilha, separada da América Hispânica pelos rios da Prata e Amazonas, unidos por um grande lago, de onde ambos nasciam, seria uma “razão geográfica” de Estado oposta ao Tratado de Tordesilhas e que presidiria à formação territorial do Brasil. Ainda para Cortesão, o mito da Ilha Brasil seria a tradução da “consciência perfeita da unidade geográfica, econômica e humana” que caracterizaria o Brasil. Segundo ele, é “na cartografia anti-ga que deparamos os melhores documentos sobre a evolução e a importância daquele mito na história do Brasil”. A concepção duma Ilha Brasil rodeada pelo Oceano e por dois grandes rios, unidos por um lago, tão vulgar na cartografia desde a segunda metade do século xvi, apareceu em cartas como a de Bartolomeu Velho de 1561, na qual o rio da Prata e o rio Pará, provavelmente o Tocantins de hoje, “ligam-se pela Lagoa Eupana, ao sul da qual se vê o Mar Grande ou Paraguai, que identificamos com o pantanal dos Xarais”. Dessa mesma lagoa partia o rio do São Francisco, “o qual se reúne por um lago menor ao Parnaíba e mais abaixo ao Paraná, que por sua vez se re-úne à Lagoa Eupana”. Nos primeiros mapas de Fernão Vaz Dourado, de 1568 e 1580, em vez do Pará ou Tocantins, era o Maranhão que se ligava por meio do lago central ao Paraná e ao Uruguai, donde nascia igualmente o São Francisco. No mapa de 1580do mesmo cartógrafo, a Ilha Brasil era representada pela mesma forma, acrescentando-se apenas que o São Francisco e o Maranhão se ligavam também por um lago. Em 1600, Luís Teixeira voltou ao protótipo de Bartolomeu Velho e a Ilha Brasil ganhou corpo vasto e único. Assim, para Jaime Cortesão, “estava completado o conceito orgânico e ideal do Brasil insular”. Durante quase duzentos anos “perdurou a crença muito generalizada na existência duma formação geográfica brasileira, insulada pelo mar e um sistema de grandes rios, ligados por meio duma vasta lagoa. E seria absurdo imaginar que esse conceito, tão corrente, não se tivesse refletido na expansão territo-rial do Brasil”. A Ilha Brasil era assim “um mito expansionista, em que se antecipa a solução ao problema e ao conflito de soberania, entre Portugal e Castela, na América Meridional”. Trata-se dessa forma de um mito essencialmente geográfico e político, ao contrário dos mitos castelhanos, heroicos e imaginosos: “o elemento maravilhoso apresenta-se como secundário e importado”.

Sérgio Buarque de Holanda, por sua vez, em artigo publicado em 1952 e depois reunido na coletânea Tentativas de Mitologia, intitulado “Um Mito Geopolítico, a Ilha Brasil”, antes de criticar a teoria de Cortesão, a resume e sintetiza: tratar-se-ia, se-gundo ele, da ideia de que os portugueses, aspirando, desde o começo da colonização, e antes dela, a ampliar seus domínios neste continente, se apoiaram inicialmente numa espécie de “mito”, forjado por parte dos navegadores e cartógrafos, e evoluíram, aos poucos, com o socorro às vezes deliberado dos bandeirantes e da diplomacia lusa, até à visão clara e fecunda de Alexandre de Gusmão. Como óbice a essa teoria, Holanda apresenta a tendência lusitana a uma colonização litorânea, mais uma neces-sidade imperiosa que uma vontade precisa, inclusive para evitar o despovoamento da marinha e a sua consequente conquista por eventuais invasores. Nesse sentido, mesmo a conquista de parte do sertão, no caso o amazônico, “podia apresentar-se como simples prolongamento da colonização litorânea, já que as margens do rio mar estendiam para o interior as do mar Oceano”.

Sérgio Buarque, por outro lado, integra a Ilha Brasil de Jaime Cortesão em uma “espécie de intencionalismo na história da conquista do sertão, assim como existe um intencionalismo na do próprio descobrimento do Brasil pela frota de Cabral”. Ter-se-iam criado, assim, fronteiras naturais para o território luso nas Américas, que se estenderia não só do Amazonas ao Prata, “como se ampliava sertão adentro, rumo aos limites pressentidos, que a natureza marcou com dois braços de água saindo de um lago chamado de Eupana ou Dourado”.

Esse mito geográfico e político, entretanto, não seria capaz, por si só, de inspirar, direta ou indiretamente, toda a expansão territorial da América portuguesa. Sérgio Buarque de Holanda, em síntese, não estava convencido que “nas entradas e bandeiras, ainda quando movidas por um acendrado patriotismo português, ou luso-brasileiro, para recorrer à terminologia do Professor Jaime Cortesão, fossem tão eficazes quanto as puras contingências econômicas”. Anos mais tarde, voltaria a escrever sobre a Ilha Brasil, em seu magistral Visão do Paraíso, mas desta feita sob um enfoque nitidamente mitológico.

Referia-se ele na ocasião ao arquipélago ao qual São Brandão haveria chegado, verdadeiro paraíso onde não havia nem calor, nem frio, nem tristeza, nem fome, do qual fazia parte a Ilha Brasil ou Braçile (conforme mapa de André Benincasa, de 1467), ou Ysola de Braçir, na carta de Pizzigno, de 1367. Essa Ilha Brasil, vinculada à lenda de São Brandão, pertencia à tradição céltica e foi objeto de busca até o século xviii.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, já que de ilhas tratamos. Se Jaime Cortesão padecia às vezes de um excessivo patriotismo intelectual português nas suas interpre-tações, ao atribuir à onisciência da Coroa, direta ou indiretamente, as iniciativas que conduziram à expansão territorial na América do Sul, Sérgio Buarque de Holanda parece padecer do que ele próprio denomina “um exacerbado orgulho regional” paulista que, “impaciente de qualquer jugo, se afirmou frequentemente contra a vontade, os interesses imediatos e os direitos da própria Coroa”, e de que é representante legí-timo a historiografia de São Paulo na i República brasileira, período de glorificação histórica do bandeirismo como forma de propaganda da pujança política, econômica e social dos paulistas. Parece ser mais razoável ficar-se pelo meio termo entre as duas teorias, e afirmar a interdependência entre a ação da Coroa e as ações individuais e particularistas. O poder central, a Coroa, não era capaz de executar, sozinha, a empresa da expansão; o poder local individualista, fosse ele exercido por bandeirantes ou fazendeiros, era fragmentado em unidades sem conta, não sendo capaz de garantir a exploração das riquezas descobertas ou produzidas por si só. A solução era o compromisso, que, pela tolerância e pelo reconhecimento da interdependência, le-gitimava as duas partes. A iniciativa das bandeiras, assim, podia pertencer – e nem sempre pertencia – a particulares, que investiam nela seus próprios recursos e os de sua parentela; mas as riquezas extraídas, fossem elas ouro ou escravos, eram exporta-das para o reino ou para outros domínios portugueses, e pagavam impostos. A Coroa, por sua vez, incapaz de prover sozinha a essas expedições, dava mercês e reconhecia os descobertos. Observe-se que os descobridores de ouro, a primeira coisa que faziampágina 194, 195 e 196



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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.