Debates Paralelos, volume 16/2021 - Viver História
2021 Atualizado em 24/10/2025 02:17:57
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Notas
Aleixo Garcia - Não é conhecida a data de nascimento do marujo alentejano, o que não é novidade historiográfica pelo pouco que faz a Academia lusa pela História portuguesa. Sabe-se, entretanto, que conviveu com o judeu castelhano dito "Bacharel de Cananeia" ao tempo em que este edificava a aldeia Gohayó com os nativos guaranis após saírem de Ilha Comprida na direção norte, para um lugar de melhor acomodação rural e piscatória, e onde levantaram o Porto das Naus. Mais tarde, Gohayó foi tomada por Tomé de Souza que a transformou em Vila de São Vicente e sede da capitania após derrotar os castelhanos apoiados pelo Bacharel e dar fim ao "ponto sul tordesilhano".
Cerca de 1524, Aleixo Garcia sobreviveu à investida de nativos que devoraram o castelhano Sólis e parte dos seus homens; e foi entre os guaranis que ele soube da "cidade do ouro" e com eles saiu de Meiembipe a caminho do Piabiyu (a malha de trilhas inca-guarani que levava ao Peru desde o Planalto de Piratininga passando por Meiembipe), sendo o primeiro europeu a ter contato com o Império Inca. [p. 16]
No início do século 16, o que leva um judeu apostasiado, ou cristão-novo, a incentivar uma tribo guarani da Maratayama (q.s. "lagamar") a largar a tradição e buscar uma região de melhor cultivo para sustento adequado (ou, no velho hebraico: "gohayó")...?
Sabe-se que entre 1493 e 1499, tanto o português Duarte Pacheco Pereira (cosmógrafo do rei João II) como o castelhano Pinzon fazem prospecções numa tal "Ilha do Brasil, ou Brandam", registrada na Biblioteca Secreta do Vaticano em 1343 pelo rei Afonso IV, enquanto se discute o Tratado de Tordesilhas (1494) e, na mesma época, o rei João II autoriza portugueses a se deslocarem para a "ilha", e um deles é João Ramalho, que escolhe a ponta sul.
O castelhano Pinzon, que também participa da odisseia frustrada de Colombo (ele queria ir à Índia, mas foi aportar na depois chamada América, e por isso denominou os povos de "índios"), vai aportar primeiro ao largo da foz do Ryo Siará, o que indica ter tido conhecimento do "acaso de Sancho Brandam, da Marinha Mercante do rei Afonso IV..."
Ouvidor na feitoria de São Tomé, no golfo guineense, Cosme Fernandes é um bacharel formado na Universidade de Salamanca, e quando decide ser ele-mesmo o ponto sul da Linha de Tordesilhas o faz com a consciência de um castelhano que vai à luta por Isabel (a Católica) e não por João II, cuspindo no prato e na liberdade que dele recebera; mas, já sob o mando de Manuel I e aproveita uma das embarcações que passa pelo golfo para embarcar ao final do século 15 com outros marujos, entre os quais Aleixo Garcia. Não está só nem desembarca solitário à Maratayama: "Aqui serei senhor de mim", deve ter pensado no deslumbramento da visão oceânica sobre o mar de morros. O certo é que pensa e assim o faz: em pouco tempo conquista as graças de caciques guaranis, de quem recebe filhas para "cruzar" sangues, e deles sabe do Piabiyu, a rota inca-guarani, das pedras que brilham nos riachos e de terras boas mais a norte, em outra enseada, na ponta da Paranapiacaba e tocar o Cubatão.
E alí monta com os guaranis a Aldeia Gohayó e o Porto das Naus. E também recebe outra notícia: outro branco circula entre Cubatão e Piratininga. Percebe que o Porto das Naus é o ponto de intermediação com as embarcações castelhanas que circulam entre a Guanabara, a norte, e a Meiembipe, a sul.
E que entre as aldeias Coacaya, na Paranapiacaba e na Jaguamimbaba, e outra além muito e a norte e perto do Ryo Siará, há um mundo imenso a percorrer nas encruzilhadas do Piabiyu.
Durante três décadas, o Bacharel torna-se o rei da ponta sul da Linha tordesilhana, enquanto Ramalho é um lusitano integrado aos costumes tupis-guaranis serra acima. Maz faz intermediação entre nativos e portugueses que desembarcam pelo Porto das Naus ou na ponta d´Itapema.
Não se sabe os quês da designação "cubatão", que para os portugueses é "vila fortificada", mas o certo é que o governador Martim Afonso de Souza faz doação de terras sesmeiras a um tal de Ruy Pinto na "barra do Cubatão" em 1533. Talvez porque a aldeia nativa ali tem a defesa natural da serra, ou ali já existam fogos d´assentamento português serra acima.
Também, 30 anos depois do desembarque de João Ramalho e do Bacharel em locais diferentes do ponto sul da Linha tordesilhana, existem dois focos mamelucos: um serra acima (filharada de Ramalho), outro na lâmina d´oceano (filharada do Bacharel e outros marujos). Cresce, então, a Raça Mameluca.
Eis que não se pode estranhar que alguém solicite terras no Cubatão, pois, possivelmente casais mamelucos iniciam suas vidas também na região da barra.
As habituais guerrilhas entre tribos nativas ainda atordoam os portugueses e a gente mameluca da Gohayó / Porto das Naus quando ao longe surge a armada de Martim Afonso de Sousa, fidalgo e, diz-se, amigo do rei.
Corre o ano 1530. Entre os anos 1520 e 1530, o Bacharel estabelece uma rede mercantil, pelo Piabiyu serra acima e pelos portos até Meiembipe, que o faz senhor da costa sul. Ele tem acesso às pedras que brilham entre o cascalho nos riachos acima da Maratayama. [p. 17, 18, 19]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1524 - *Aleixo Garcia lidera 2 mil guaranis / carijós (Senhor de Maratayama e dos carijós) EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.