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Religiosidade e geografia explicam nomes dos estados do Sul e do Sudeste do Brasil. Por João Paulo Vicente, nationalgeographicbrasil.com
    5 de novembro de 2020, quinta-feira
    Atualizado em 25/10/2025 04:12:29

  
  
  


No Sul e no Sudeste, assim como no restante do país, os corpos d’água dão a tônica da origem do nome dos estados. Das 26 unidades federativas brasileiras (27, se considerado o Distrito Federal), 16 fazem referência a rios, lagoas, baías e até ao mar. Mas as duas regiões têm suas particularidades, e elas chamam a atenção.

Para começar, o Sudeste é a única região brasileira onde nenhum dos estados possui origem indígena no nome. Da mesma maneira, também é só por lá que se encontram capitais homônimas aos territórios que governam: São Paulo e Rio de Janeiro. Até 1930, essa afirmação seria incorreta. Na época, João Pessoa, capital da Paraíba, se chamava Paraíba. Mas essa é uma outra história.

(Relacionado: Marañón, Fernãoburgo e cyri-gi-pe: a origem dos nomes dos estados do Nordeste brasileiro)

Por fim, apenas no Sudeste e no Sul há estados batizados por conta do dia em que exploradores lançaram âncora pela primeira vez em seus litorais. Caso do Espírito Santo, nome que data de 1535. Vasco Fernandes Coutinho, primeiro donatário da capitania instalada ali, desembarcou na região no 23 de maio, dia de Pentecostes naquele ano. O dia em que o Espírito Santo se revelou aos apóstolos.

Essa é a narrativa oficial. Mas como vimos no Norte e Centro-Oeste e Nordeste, sempre há versões e versões sobre a história por trás de um nome. No terceiro e último texto da série da National Geographic sobre a origem da nomenclatura dos estados, é hora de falar sobre o Sul e o Sudeste.

“A viagem durava semanas e, depois de tanto tempo no mar, é impreciso saber como eles contavam para ter certeza que chegaram no domingo de Pentecostes”, diz Luiz Cláudio Moisés Ribeiro, professor do Departamento de História do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “Mas no século 19 houve esforço em caracterizar o Brasil e definir a história de tudo, então esta é a versão oficial sobre o nome dado”.

O professor lembra que, à época, a devoção ao Espírito Santo era forte em Portugal. Além disso, profecias prometiam que o país se tornaria um grande império que teria entre seus objetivos espalhar a cristandade ao redor do mundo. “O nome Espírito Santo já estaria relacionado ao projeto de expansão da fé, então Vasco Fernandes Coutinho teria partido intencionalmente com essa ideia”, explica.

O Rio de Janeiro é um caso semelhante. Foi no dia primeiro de janeiro de 1502 que uma expedição comandada pelo português Gaspar de Lemos fundeou na Baía de Guanabara. Por conta do volume de água que entrava no continente, no entanto, os viajantes acreditaram estar num rio. Daí, Rio de Janeiro.

A prática era comum na expedição de Gaspar de Lemos. No primeiro de novembro de 1501, dia de Todos os Santos, ele chegou ao local que batizou de Baía de Todos os Santos (de onde vem o nome do estado da Bahia). Em 6 de janeiro de 1502, dia em que se comemora a visita dos três reis magos ao menino Jesus, ancorou e nomeou Angra dos Reis.

Talvez fosse preguiça, talvez um método para facilitar a nomenclatura de tantas regiões novas (aos olhos dos europeus, pelo menos). De qualquer forma, Luis Ribeiro ressalta que alguns historiadores propõe outra versão. A Baía de Guanabara já era conhecida por outros navegadores, que a utilizavam como porto para o comércio de especiarias - também chamadas pelos portugueses de ‘gêneros’. Segundo esta visão, Rio de Janeiro seria uma corrupção de Rio dos Gêneros.

Sem controvérsia

Sobre São Paulo não há controvérsia, assim como em Minas Gerais. No caso do primeiro, o estado foi batizado por conta do Colégio de São Paulo de Piratininga, fundado pelos jesuítas Manuel de Nóbrega e José de Anchieta em 1553. A colonização da região, no entanto, começou no litoral, em São Vicente.

O interessante é que o Colégio, e em seguida a Vila de São Paulo, criada em 1560, surgiram por uma diferença radical na maneira como os colonos em geral e os jesuítas encaravam os indígenas. Enquanto grande parte dos portugueses e europeus que não eram ligados à igreja católica não viam problemas em capturar e explorar os índios, os religiosos buscavam catequizá-los. Para fazer isso sem conflitos, subiram a Serra do Mar e se instalaram numa área mais protegida, onde hoje fica a capital do estado.

Minas Gerais, por sua vez, era uma área inexplorada do Espírito Santo e Rio de Janeiro durante o século 16 e grande parte do século 17. Conforme minas de ouro (e de outros minérios valiosos) foram descobertas na região, passou a ser motivo de disputa entre diversos grupos. Finalmente, em 1720 foi criada a capitania de Minas Gerais.

Rumo ao Sul

Assim como no Rio de Janeiro, o rio do Rio Grande do Sul também não é um rio. “Provavelmente é uma referência ao rio Jacuí, para os primeiros viajantes esse estuário que dá no Lago Guaíba e depois na Lagos dos Patos, aquilo era um grande rio”, explica Fábio Kühn, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O estado demorou a ter esse nome. Durante muito tempo conhecido como Rio Grande do São Pedro, a princípio a região era chamada de Continente do Rio Grande. “Alguns autores dizem que este nome seria em contraposição à Ilha de Santa Catarina. Teriam passado em Santa Catarina e depois chegado aqui”, diz Fábio.

O nome atual só veio no começo do século 19, com o acréscimo do Sul para diferenciar do outro Rio Grande, o do Norte.

(Leia mais: "Nomes dos estados do Norte e do Centro-Oeste revelam histórias de um Brasil profundo")

Já Santa Catarina traz uma história semelhante ao Espírito Santo e Rio de Janeiro. O relato mais popular diz que o italiano Sebastião Caboto aportou na ilha onde hoje está Florianópolis em 1526, no dia 25 de novembro. O dia, adivinhem, de Santa Catarina de Alexandria.

Cristina Wolff, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), chama atenção para um detalhe que põe um porém nessa história. “O nome da esposa de Sebastião Caboto era Catarina. Era uma mulher muito rica, que ajudava a financiar suas expedições”, conta ela.

Outra versão alega que o nome veio do brasileiro Francisco Dias Velho, que em 1673 fundou a vila de Nossa Senhora do Desterro - hoje, Florianópolis. Segundo essa corrente, Francisco batizou a ilha em homenagem a uma das filhas, chamada Catarina. Santa Catarina virou uma província independente em 1822.

Por fim, o Paraná. Único estado das regiões Sul e Sudeste que tem nome de origem indígena, o Paraná divide sua raiz etimológica com Pará, Paraíba e Pernambuco. A interpretação mais comum diz que o termo vem de uma expressão em tupi que significa ‘parecido com o mar’.

Patricia Carvalhinhos, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, ressalta que, no Norte e Nordeste, enquanto pará designa grandes cursos d’água, paraná é usado para formações que unem dois rios, como riachos e igarapés. “Mas quando vem para Sul e Sudeste, essa ideia é desvinculada, já se generaliza o termo para qualquer rio”, diz ela.Assim fica fácil entender porque é tão difícil saber com precisão de onde vem o nome dos estados brasileiros.



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (4):
01/11/1501 - Descobrimento da Baía de Todos os Santos
25/11/1526 - Sebastião Caboto aportou em Santa Catarina
23/05/1535 - Vasco Fernandes Coutinho toma posse da capitania que lhe fora doada, desembarcando com pequena expedição de imigrantes no lado meridional da baía de Santa Luzia
05/04/1560 - A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

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Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.