'A CULTURA ALIMENTAR PAULISTA: UMA CIVILIZAÇÃO DO MILHO? (1650-1750), por RAFAELA BASSO. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do título de Mestre em História, na área de concentração Política, Memória e Cidade. ORIENTADOR: LEILA MEZAN ALGRANTI - 01/01/2012 Wildcard SSL Certificates
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A CULTURA ALIMENTAR PAULISTA: UMA CIVILIZAÇÃO DO MILHO? (1650-1750), por RAFAELA BASSO. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do título de Mestre em História, na área de concentração Política, Memória e Cidade. ORIENTADOR: LEILA MEZAN ALGRANTI
    2012
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  


documentação encontramos apenas duas menções claras à sua comercialização85. Estesforam o caso do inventário de Ana da Costa (1651) no qual consta uma dívida de mais de 2mil e 200 réis referente a compra de milho e o inventário de Lourenço Castanho Taques(1671), no qual ele declara que algumas pessoas estão a lhe dever dinheiro da venda demantimentos, entre os quais estavam inclusos o milho e o feijão.

Nos dois casos em questão, temos razões para acreditar, com o respaldo dos próprios inventários, que o cereal americano estava sendo comercializado apenas em esfera local. As duas dívidas, seja da compra do milho (Ana da Costa) ou de sua venda (Lourenço Castanho Taques), foram feitas apenas entre os moradores da vila. Infelizmente, exceto por estas informações, tais inventários não forneceram mais dados que nos mostrem o destino dado ao milho. De modo geral, parece ter sido uma tendência destas fontes, silenciar detalhes a respeito deste produto. Percebe-se que elas se limitavam apenas em registrar os grãos que estavam nas roças, sendo difícil avaliá-los sem antes terem sido colhidos. Assim, discernir o quanto da produção era consumida e o quanto foi destinada à comercialização,não foi fácil. Muitas plantações, além de não conterem muitas especificações a respeito dasquantidades produzidas ou do valor das mesmas, apareciam apenas sob a denominação genérica de milharais ou milharada.

Cabe dizer que essa não foi uma regra e, eventualmente, tivemos referências a algumas roças de milho avaliadas nos inventários. Como no de Clemente Alveres, datado de 1641, cuja propriedade lista 300 mãos de milho, no valor de 2400 réis. Ainda assim, para avaliarmos o valor que tais roças assumiam frente à economia paulista, foi imprescindível compará-las em relação aos valores que foram atribuídos aos demais cultivos nas propriedades rurais da região. Trata-se de uma tarefa difícil, visto ser necessário fazermos a equivalência das medidas de superfície. Era costume da época, a produção de trigo encontrar-se avaliada nos inventários em alqueires, a mandioca em pedaços e o milho em mãos. Contudo, em algumas situações, este trabalho era facilitado, quando os mantimentos apareciam discriminados sob a denominação de roças. Por exemplo, ao compararmos, num mesmo período, uma roça de milho com uma de mandioca, observamos que o valor máximo atribuído à primeira, nunca alcançava a metade do valor da segunda. Assim, encontramos no inventário de Maria de Oliveira, em que a única roça de milho, não chega a valer nem a metade de qualquer uma das quatro roças de mandioca arroladas. 86

Conforme se desenrolava o processo de monetarização da economia paulista, osregistros dos preços dos milharais no arrolamento dos bens foram se tornando cada vezmais escassos. A partir de meados do século XVII, percebemos que só eram dignos demenção e, sobretudo especificações, os produtos que tinham um alto valor de mercado. Issoencobriria os gêneros comezinhos, considerados de uso ordinário pela população, comoconsideramos que o milho era. O laconismo referente a este alimento nesta documentação,antes de significar a ausência de sua produção, demonstra seu baixo valor comercial e,conseqüentemente, sua pouca relevância na economia paulista. Na verdade, estesilenciamento tinha relação com o fato de ser um alimento de consumo básico, responsávelpelo sustento do dia a dia.Ainda no âmbito da produção agrícola, outro indício presente nos inventários, quenos indica a pouca orientação comercial da lavoura de milho em São Paulo, foi a baixaincidência de equipamentos e utensílios ligados à fabricação ou ao processamento destealimento nos inventários pesquisados. Nem é preciso dizer que ao lado da grandequantidade de mão de obra indígena, um dos fatores que viabilizava a produção de qualquergênero agrícola em larga escala, era certamente a posse de um grande número ferramentasrelacionadas ao trabalho com a terra. Percebeu-se que quando encontradas em grandequantidade nas propriedades paulistas, a produção extrapolava os limites da merasubsistência doméstica. Tal teria sido o caso da mandioca e do trigo, mas não do milho. Ao lado disso, outra causa explicaria a baixa incidência das ferramentas ligadas àcultura do milho na documentação: o fato de seu cultivo não requerer muito trabalho oumesmo técnicas específicas. De ferramenta básica era necessário apenas o chuço, espéciede bastão de pau, usado para abertura de buracos na terra onde seriam lançadas as sementesde milho. Carlos Borges Schmidt em O Milho e O Monjolo, refere-se à simplicidade dastécnicas agrícolas usadas no cultivo do milho: [p. 35 e 36]





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