Em memória de São Tomé: pegadas e promessas a serviço da conversão do gentio (séculos XVI e XVII). Em Eliane Cristina Deckmann Fleck
2010 Atualizado em 30/10/2025 23:56:32
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Resumo: Este artigo se propõe a refletir sobre produção discursiva jesuítica dosséculos XVI e XVII, marcada, simultaneamente, pelo desencanto diante dainexistência de evidências de crença religiosa e pelo alento decorrente de notícias deum prévio conhecimento da fé cristã pelos indígenas. Tanto as narrativas epistolares,quanto os sermões e as crônicas produzidas por padres jesuítas revelam a efetivaimportância dada ao mito de São Tomé, evocado para justificar a receptividade eo êxito do projeto de civilização e de evangelização promovido pela Companhiade Jesus. A ativação de uma memória sobre a passagem do Apóstolo pela Américae a valorização dos seus ensinamentos pelos missionários difundiram – a um sótempo – a crença numa certa predestinação dos jesuítas e de uma predisposição dosnativos americanos ao Cristianismo.Palavras-chave: Escrita jesuítica, Memória, São Tomé [p. 1 do pdf]
Preocupados em narrar com pormenores os progressos da evangelização,os jesuítas pouco se preocuparam em descrever as crenças indígenas,identificando apenas Tupã como uma espécie de deus. Ao afirmarem queos índios não tinham religião, os missionários reforçavam sua percepção– e convicção – de que assim eles estariam ainda mais capacitados areceber a que lhes ofereciam. Vale aqui lembrar a instigante afirmaçãode François Hartog, em O Espelho de Heródoto, de que “o mundo quese conta encontra-se no mundo em que conta [...] na maneira comotexto faz crer [e] que não é tanto a quantidade de informação nova quese deve levar em conta, mas seu tratamento pelo narrador” (Hartog,1999, p. 372).
Em sua primeira avaliação, após chegar ao Brasil em 1549, o padre Manuel da Nóbrega7 negou qualquer indício de religiosidade nos índios: “é gente que nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem”. Em carta deste mesmo ano, ao Padre Simão Rodrigues de Azevedo, ele informa não ter encontrado – no curto espaço de uma semana – palavras religiosas em tupi: “Trabalhei por tirar em sua língua as orações e algumas práticas de Nosso Senhor, e nem posso achar língua que m’o saiba dizer, porque são eles tão brutos que nem vocábulos têm”. (Carta I [1549] In: Moreau, 2003, p. 113 [grifo nosso]).
Ao padre Navarro, diz que os índios “nenhum Deus têm certo, equalquer que lhe digam ser Deus o acreditam”. E continua: “Poucasletras bastariam aqui, porque tudo é papel branco, e não há quefazer outra coisa, senão escrever à vontade” (Carta IV [1549] In:Moreau, 2003, p. 113), e “esta gentilidade nenhuma coisa adora, nemconhece a Deus” (Carta VIII [1551] In: Moreau, 2003, p. 113). Mas,em outro momento – revelando consciência em relação aos limites daevangelização – Nóbrega chega a pedir orientação a Simão Rodrigues,pois “como este gentio não adora coisa alguma, não crê em nada, tudoo que lhe dizeis se fica em nada.” (Carta XI [1552] In: Moreau, 2003,p. 114 [grifo nosso]).
7 O padre Manuel de Nóbrega chegou à Bahia, em 1549, na comitiva de Tomé de Sousa queveio fundar a cidade de Salvador e implantar o Governo Geral. Na trajetória de Nóbregase nota a passagem do humanista esperançoso das primeiras cartas, em que chega a exaltaras qualidades dos índios, para o “administrador pragmático” das últimas, em que preferedepreciá-los. (Carneiro da Cunha, 1990) Antes de se tornar um homem desencantado,Nóbrega iniciava suas cartas ressaltando o quanto se sentia grato por ter sido enviado, comose constata nesta dirigida, em 1549, ao Dr. Navarro, seu mestre em Coimbra: “a estas terrasdo Brasil, para dar princípio ao conhecimento e louvor de seu santo nome nestas regiões”(Carta IV In: Moreau, 2003, p. 113). [p. 5 do pdf]
Selecionando o que havia para ver, os missionários aceitaram osdesafios da missão entre homens sem religião, atribuindo para si os “bonspapéis” e mantendo-se na posição de “mestres do jogo”, como propostopor Hartog. Mas para a manutenção dessa condição, era preciso “reuniro mundo que se conta e o mundo em que se conta” e que a traduçãoda diferença repousasse sobre procedimentos como a comparaçãoe a transposição, capazes de conferir um “efeito de credibilidade” ànarrativa. (Hartog, 1999, p. 245-246).Verdadeira história, falsas memórias e os homens de saberEm carta de 1549, Nóbrega escreve: “Sabem do dilúvio de Noé, sebem que não conforme a verdadeira história (Carta IV In: Moreau, 2003,p. 127); pois dizem que todos morreram, exceto uma velha que escapouem uma árvore”. Em uma carta posterior, retoma a associação: “Têmmemória do dilúvio, porém falsamente porque dizem que cobrindo-se aterra d’água, uma mulher com seu marido, subiram em um pinheiro e,depois, de minguadas as águas, desceram, e destes procederam todos oshomens e mulheres.” (Carta V In: Moreau, 2003, p.127; [grifos nossos]).Também José de Anchieta diz que os índios “têm alguma notícia dodilúvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mão dos maioresque contam a história de diversas maneiras”. (Carta XXXIX [1584]In: Moreau, 2003, p. 127) Em outra carta, Anchieta volta a referir aprática da transmissão oral entre os indígenas e, ainda, a importância dotestemunho: “É coisa sabida e pela boca de todos corre que há certosdemônios (Carta VII [1551] In: Moreau, 2003, p. 185), a que os brasischamam corupira, que cometem aos índios, muitas vezes no mato,dão-lhes açoites, machucam-nos e matam-nos. São testemunhos disto,os nossos irmãos que viram algumas vezes os mortos por eles.” (CartaXXXI [1560] In: Moreau, 2003, p. 129 [grifos nossos]).9A suposta inclinação dos indígenas ao Cristianismo aparece comfreqüência nas primeiras correspondências, como nesta passagem emque Nóbrega diz: “Os gentios vêm de muito longe para ver-nos, pelafama que temos, e todos mostram grandes desejos” (Carta VIII [1551] In:Moreau, 2003, p. 185) Para o Nóbrega otimista dos primeiros tempos, osíndios recebem os padres com familiaridade e confiança, vão às missas,procissões e festas católicas com alegria e espontaneidade, pois “querem9 É preciso considerar que “Estudar a descrição como um procedimento de uma retórica daalteridade desemboca na questão da crença”, pois, afinal, “Como opera o fazer-crer dessediscurso que se constrói entre o olho e a orelha?” (Hartog, 1999, p. 270). [p. 7 do pdf]
ser como nós”10: “com quantos gentios tenho falado nesta costa, emnenhum achei repugnância ao que lhes dizia. Todos querem e desejamser cristãos, mas deixar seus maus costumes lhes parece áspero. Vão,contudo, pouco a pouco caindo na Verdade”. (Carta I In: Moreau, 2003,p. 184 – [grifos nossos]).Por terem informação de que os carijós eram receptivos à pregaçãoe à conversão, os jesuítas fizeram várias entradas em direção ao Sulpara contatá-los, uma vez que “o melhor gentio que há nesta costa” éaquele “aos quais foram, há não muitos anos, dois frades castelhanosensinar-lhes, e tão bem tomaram a doutrina que tinham já casas derecolhimento para mulheres como freiras e outras de homens, comofrades. E isso durou muito tempo, até que o demônio levou lá uma naude salteadores [...].” (Nóbrega, Informações das partes do Brasil, [1549]In: Hue, 2006, p. 33-34 – [grifo nosso]). Definia-se, a partir de então,a distinção entre os índios que aceitavam as entradas dos missionários– o melhor gentio – e os que resistiam à pregação do Evangelho – osindomáveis tapuias11 –, percepção que se tornou recorrente e difundidaatravés da literatura jesuítica.1210 Hansen (2000, p. 21) nos lembra que “nos séculos XVI e XVII, nas missões jesuíticas, [...]a iniciativa de fazer da pregação oral o instrumento privilegiado de divulgação da Palavradivina pressupunha que a luz natural da Graça inata ilumina a mente dos gentios – objetoda catequese –, tornando-os predispostos à conversão.” 11 Segundo Cristina Pompa, (2003, p. 229) “A noção de tapuias constrói-se assim colada ànoção de sertão, espaço do imaginário em que a conquista e a colonização vão incorporandoaos poucos, em posição subalterna, ao mundo colonial. Ao passo que as aldeias de índiosconquistados vão ‘descendo’ para mais perto da palavra cristã dos missionários, oscurrais ou os engenhos, os ‘Tapuia‘ vão se afastando, nas serras inacessíveis ou, parausar as palavras de Jaboatão, ‘nas brenhas do centro dos sertões’. [grifo nosso]. Puntoni(1997, p. 50), por sua vez, ressalta que “o termo ‘Tapuia’ não pode ser compreendidocomo um etnônimo, mas sim como noção historicamente construída. Seu significadobásico está associado a uma noção de barbárie duplamente construída. São bárbarosaqueles assim considerados pelos ‘Outros’ que podem ser integrados mais imediatamente àCristandade: os Tupi. [...] a integração, ou aceitação abstrata dos Tupi como a humanidadea ser incorporada, implicava na inscrição dos Tapuia como a barbárie.” 12 Cabe ressaltar que o procedimento de tradução classifica, nomeia e impõe “uma gradesobre o espaço divino dos outros, através da qual ele é decifrado e, portanto, construído. Apartir de então, basta ‘ler’ de acordo com o sistema simples de presença-ausência.” (Hartog,1999, p. 260). As implicações desse procedimento foram analisadas por Pedro Puntoni(1997, p. 49) que afirmou: “no caso da história indígena, onde interesse ou desinteresse,preconceitos e comportamentos influíram na definição de etnônimos, das descrições decaráter mais etnográfico ou mesmo especulativo. Por vezes, o desconhecimento ou a reduçãosimplificadora da diversidade encontrada também contribuíram para a imparcialidade dasinformações. [...] Destaca-se recorrentemente [...] a classificação destes povos em duasunidades culturais (ou mesmo raciais) que funcionam como pólos antagônicos: os Tupi e osTapuia. Assim, não seria exagero afirmar que este binômio tem sido a chave classificatóriafundamental a perpassar a documentação e a historiografia dos cronistas do século XVIaté mesmo aos trabalhos coevos.” [p. 8 do pdf]
Como se pode constatar, os escritos de Nóbrega e Anchieta, alémde testemunharem “predicações de verdade possíveis no âmbito dadogmática jesuítica, com suas variações cabíveis e críveis de aplicação”,13revelam a incorporação de tradições e a rejeição de outras, apontando,ainda, para os seus diversos usos ou para os momentos e contextosmais adequados de sua utilização.14 Ambos buscam reinscrever osíndios na linhagem cristã – de que teriam se esquecido – para justificara sua receptividade à doutrina cristã. Uma representação idealizadados indígenas servirá, em razão disso, para constituir uma imagemdos cristãos como o verdadeiro ideal a ser compreendido e imitado,permitindo “um retorno da Cristandade à Cristandade” (Braga-Pinto,2003, p. 50), condicionado ao abandono das falsas memórias e acomportamentos que expressassem a Vontade indizível de Deus.Enquanto homens de saber, os missionários jesuítas acabaram pordefinir não apenas o que deveria ser tido como verdadeiro ou falso, mas,também, quais as condutas que levariam os indígenas a pouco a poucocaírem na Verdade, a manterem-se nela e a se transformarem na imagemrestaurada da piedade cristã.” (Braga-Pinto, 2003, p. 76). Assim comoo Apóstolo dos primeiros tempos da Cristandade, o jesuíta pregador“estava autorizado a falar porque era um emissário inspirado peloEspírito Santo, conhecendo as autoridades que deviam necessariamenteser lembradas no ato, segundo os gêneros, a circunstância e as pessoasa quem sua fala era dirigida.” (Hansen, 2000, p. 33).O ver para crer: a evocação do mito de São ToméSão Tomé é tido como o apóstolo da descrença15, aquele que sódepois de tocar nas chagas acreditou ter diante de si o Cristo ressuscitado, e que recebeu como justo castigo, a designação para pregar na América,o desafio de “levar a crença aos incapazes de crer ou capazes de crê emtudo.” (Viveiros de Castro, 1992, p. 22).
Em seu Sermão do Espírito Santo, de 1657, o padre Antônio Vieira discorre sobre as razões do envio de São Tomé “a esta parte da América em que estamos, a que vulgar e indignamente chamaram Brasil”, apresentando-o como punição por sua incredulidade: E como Santo Tomé, entre todos os apóstolos, foi o mais culpado da incredulidade, por isso lhe coube, na repartição do mundo, a missão do Brasil, porque, onde fora maior a culpa, era justo que fosse mais pesada a penitência. [...] Tomé, que teve a maior culpa, vá pregar aos gentios do Brasil, e pague a dureza de sua incredulidade com ensinar à gente mais bárbara e mais dura. (Vieira [1657], 1957,p. 214-215 [grifo nosso]).Sua passagem pela América, contudo, entusiasmou os missionários jesuítas do século XVI, povoou a imaginação dos europeus 16, serviu aos projetos do expansionismo português e espanhol 17 e se tornou tema de interesse de muitos historiadores, como Sérgio Buarque de Holanda em Visão do Paraíso, publicado em 1959. Refletindo sobre o mito de [p. 9 e 10 do pdf]
portugueses as pegadas de São Tomé no interior do país. Indicam também que têm cruzes pela terra adentro. E quando falam de São Tomé,chamam-lhe o Deus pequeno, mas que havia outro Deus maior [...] No país chamam freqüentemente a seus filhos Tomé”. O relato continua reforçando uma possível ligação por terra entre o novo continente e a Ásia: “É bem crível que tenham lembrança de São Tomé, pois é sabido que está corporalmente por trás de Malaca; jaz na Costa de Siramath,no golfo de Ceilão”. (In: Moreau, 2003, p. 270 [grifo nosso]).“Para maior certeza da verdade”, não poucos procuraram ver“com os próprios olhos” as pegadas que o Apóstolo teria deixado em sua missão evangelizadora 20 – “coisa que era sabida e pela boca de todos corria” – o que aumentou, ainda mais, a lenda da passagem de São Tomé pela América. Os indícios de sua presença favoreciam não apenas certa identificação dos esforços dos jesuítas com a saga do Apóstolo – que havia pregado em lugares distantes e passado por muitos sofrimentos –,mas os apontavam como sucessores de São Tomé e, por conseqüência,portadores de semelhantes poderes. A difusão da lenda da pregação de São Tomé, no entanto, não foi exclusividade dos jesuítas21, apesar deterem sido os que mais buscaram as provas materiais da presença do Apóstolo, chegando a referir a existência de uma profecia que anunciaria a evangelização.22
Em carta de abril de 1549, Nóbrega alegou ter visto – com os próprios olhos – as pegadas do Apóstolo:
“dizem eles que São Tomé, a quem chamam Zomé, passou por aqui, isso lhes vem do dito por seus antepassados, e que pegadas dele estão assinaladas à beira de um rio, as quais eu fui ver por ter mais certeza da verdade, e vi com meus próprios olhos quatro pegadas, com seus dedos, mui assinaladas.” (Nóbrega, Informações das partes do Brasil [1549] In: Hue, 2006, p.40 [grifo nosso]).23
Nessa mesma carta, o jesuíta conta que São Tomé teria deixado estas pegadas ao fugir dos índios, para a Índia, e que antes disso, teria lhes prometido “que havia de tornar outra vez a vê-los. Ele os veja do céu e seja intercessor por eles a Deus, para que venham a seu conhecimento e recebam a santa fé como esperamos.” (Nóbrega, Informações das partes do Brasil [1549] In: Hue, 2006, p. 40 [grifo nosso]).
Escrevendo para o Pe. Simão, Nóbrega informa que teria ouvido de fonte fidedigna que “as raízes de que cá se faz o pão, que S. Thomé as deu, porque cá não tinham pão nenhum [...]. Estão d’aqui perto suas pisadas figuradas em uma rocha, que todos dizem serem suas.” (CartaIV In: Moreau, 2003, p. 267 [grifo nosso]).
Ao Pe. Navarro, ele daria mais detalhes:
“Têm notícia igualmente de S. Thomé e de um companheiro e mostram certos vestígios em uma rocha,que dizem ser deles, e outros sinais em S. Vicente [...] Dele contam que lhes dera os alimentos que ainda hoje usam, que são raízes e ervas e comisso vivem bem; não obstante dizem mal de seu companheiro, e não sei porque, senão que, como soube, as flechas que contra ele atiravam voltavam sobre si e os matavam” (Carta IV In: Moreau, 2003, p.267 [grifo nosso]).
Já Anchieta diz que “Lhes ficou dos antigos notícias de uns dois homens que andavam entre eles, um bom e outro mau, ao bom chamavam Çumé, que deve ser o apóstolo S. Tomé, e este dizem que lhes fazia boas obras, mas não se lembram em particular de nada. Em algumas partes”,continua Anchieta, “se acham pegadas de homens impressas em pedra, máxime em São Vicente [...] Estas é possível que fossem deste Santo Apóstolo e algum discípulo.” (Carta XXXIX In: Moreau, 2003, p.268 [grifo nosso]).
Simão de Vasconcelos teria visto as pegadas em cinco lugares diferentes: ao norte de São Vicente, na Bahia de Todos os Santos, em Itapoã, ao norte dela, em Itajuru, perto de Cabo Frio e no sertão da Paraíba. Frei Jaboatão, por sua vez, os teria encontrado a sete léguas de Recife, enquanto que o historiador da Cia. de Jesus, Nicolas Del Techo,apoiado no testemunho de Nóbrega, referia a existência de um caminho 20 Esta preocupação dos missionários em confirmar “com os próprios olhos” nos remete à afirmação de Hartog de que “Descrever é ver e fazer ver: é dizer o que você viu, tudo o que viu e nada mais do que viu” e que uma “descrição vem a ser também saber e fazer saber”.(grifo nosso) Essas descrições – continua o historiador francês – “fazem ver e fazem ver um saber: têm o olho como ponto focal, já que é ele que as organiza (o visível), delimita sua proliferação e as controla (campo visual), bem como as autentifica (testemunha). É,pois ele que faz crer que se vê e que se sabe, é ele que é produtor de persuasão: eu vi, é verdadeiro.” (Hartog, 1999, p. 261-264) [grifo nosso]). 21 Evidenciando esta não exclusividade temos o registro feito em 1587 pelo provincial da Província de Santo Antonio de Portugal da Ordem dos Frades Menores, Frei Francisco Gonzaga, em seu livro “De origine Seraphicae Ordinis Franciscanae”, a propósito da Custódia do Brasil:
“porque la tierra esta plantada y fundada, la qual cupo por suerte albienventurado Sancto Thomas, para ser illustrada, com su predicacion y presencia [...] estierra muy abundante de açúcar, seda, y de uma raiz que conforme a la tradicion vulgary comum, fue hallada del Apostol Sancto Thomas antiguamente”. (Gonzaga [1587] apudOliveira, 2005, p. 5).
Sabe-se que por volta de 1625, outro franciscano, Frei Sebastião do Rosário, também fez referência à passagem do Apóstolo, ressaltando que havia uma tradição antiga, segundo a qual, S. Tomé havia lhes ensinado a fazer o “mantimento da mandioca”. 22 Cabe aqui referir a obra História do Brasil – 1500-1627, publicada por Frei Vicente do Salvador (1982, p. 112.), em 1630, na qual fez questão de registrar também que era “tradição antiga entre eles que veio o bem-aventurado apóstolo São Tomé a esta Bahia, e lhes deu a planta da mandioca”. [p. 13 e 14 do pdf]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (4): 01/01/201 - *Os Atos de Tomé, do início do século III (201 á 300) 10/04/1549 - Carta de Manoel da Nóbrega 10/08/1549 - “Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha” 01/01/1657 - *Em seu Sermão do Espírito Santo, o padre Antônio Vieira discorre sobre as razões do envio de São Tomé EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.