VI Congresso Nacional de Educação - ENTRE O FALAR E O ESCREVER: A MEMÓRIA AMERÍNDIA NA AMÉRICA PORTUGUESA (SÉCULO XVI)
24 de outubro de 2019, quinta-feira Atualizado em 06/10/2025 21:54:34
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Tal expressão, comum não somente nos relatos do cronista, como também nasepístolas dos padres9, tende a apontar que para além da falta dessas letras na língua da terra, aausência delas “denuncia a dificuldade em identificar instituições que fossem comparáveis àsda civilização europeia” (MONTEIRO, 1992,p.21), e “sugere que os índios viviam numaespécie de anomia, e num estado de descrença em matéria de religião.”(VAINFAS,1995,p.28). Frente a isto, o esforço consistiu em instituir na organização social dacomunidade nativa os valores, crenças e instituições europeias ora tipificadas nas letras quecarecia a sua língua.
O projeto colonizador português esteve intrinsecamente associado ao “apagamento” e,na impossibilidade disto, na manipulação e ou adaptação da memória indígena a qual osjesuítas insistiam em negar e, no entanto, implicitamente, permanecia presente em suas cartas.Adentraremos no mérito dessa discussão a partir da afirmação de Nóbrega, quando, em umade suas primeiras missivas enviadas ao Dr. Navarro, em 1549, divulga a cosmogoniaindígena, sobre a qual os nativos atribuem a origem de seu povo pela narrativa diluviana 10:
[...] Sabem do dilúvio de Noé, bem que não conforme a verdadeira historia 11; poisdizem que todos morreram, excepto uma velha que escapou em uma arvore(NOBREGA, 1988, p.91)12.
Em outra carta elaborada no mesmo ano, onde apresenta informações gerais sobre asterras, ao falar sobre os Índios Carijós e Guaianases prossegue afirmando a presença damemória:
Têm memoria do dilúvio, porém falsamente13, porque dizem que cobrindo-se a terrad’água, uma mulher com seu marido subiram em um pinheiro e, depois demingoadas as águas, se desceram, e destes procederam todos os homens e mulheres(NÓBREGA, 1988, p.100-01).
Nóbrega reconhece a presença da memória nas comunidades indígenas, “Sabem do dilúvio” e “têm memória do dilúvio” expressam que os indígenas apropriaram e repassaram omito entre as gerações. Segundo Le Goff (2012), as cosmogonias primitivas foram, por vezes,complementadas sobre cataclismos cósmicos tais como tremores de terra, desabamentos, eepidemias, porém, os mais frequentes estão relacionados aos mitos do Dilúvio, fato quetambém é observado entre as narrativas dos povos indígenas da América.
Apesar do seu reconhecimento, Nóbrega entende a memória indígena como falsamesmo diante da semelhança com a narrativa cristã. Ainda que os mitos fossem preservadosna memória coletiva do grupo, os padres viam a necessidade de adaptá-los aos conteúdoscristãos europeus, ou seja, de ensiná-los a “verdadeira história”. O padre Vicente Rodriguesao explicar sobre o seu trabalho missionário na colônia relata:
[...] explico a creação do mundo, a incarnação do Filho de Deus, e o dilúvio, do qualtêm elles noticia pela tradição de seus ascendentes e ainda fallo do dia de juízo, deque muito se admiram por ser cousa em que nunca ouviram fallar (RODRIGUES,1988,p.160)14.
Em 1584, Anchieta também descreveu o conhecimento do mito por parte dosindígenas e atribuiu a narrativa “confusa” ao fato de passarem de boca em boca, ou naspróprias palavras do padre, de mão em mão:
Têm alguma noticia do diluvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mãodos maiores e contam a história de diversas maneiras. Também lhes ficou dosantigos noticias de uns dois homens que andavam entre elles, um bom e outro mau,ao bom chamavam Çumé, que deve ser o apostolo S. Tomé, e este dizem que lhesfazia boas obras mas não se lembram em particular de nada (ANCHIETA,1988,p.340)15.
Diante deste relato, é imprescindível retomarmos a afirmação de Le Goff (2012) deque a memória transmitida pelas sociedades sem escrita não implica necessariamente que elaseja comunicada palavra por palavra. A memória coletiva dessas sociedades raramenteutilizava-se de processos mnemotécnicos e, por isso, funcionam segundo uma “reconstrução [p. 7 do pdf]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1584 - *Ainda Anchieta, em suas Informações, mencionava: os “índios carijós que são das Índias de Castela...” EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.