Quem seriam Cosme e Damião, os médicos gêmeos da Antiguidade que se tornaram santos - bbc.com - 26/09/2025
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Quem seriam Cosme e Damião, os médicos gêmeos da Antiguidade que se tornaram santos - bbc.com
26 de setembro de 2025, sexta-feira Atualizado em 02/10/2025 00:06:35
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Por Edison Veiga - Eles integram a longa lista de santos católicos que ganharam o culto popular após o martírio, naqueles primeiros séculos em que o governo romano perseguia e executava cristãos.
E, justamente porque não há documentação histórica, o que se sabe sobre eles é baseado na tradição, apenas.
Contudo, esta tradição é, sim, documentada. E começou há muito tempo, no coração de Roma.
“A única coisa que sabemos historicamente sobre os dois é que o culto a eles, santos e mártires, começou entre o século 4º e o 5º. Há muita evidência sobre o culto”, explica à BBC News Brasil o vaticanista Filipe Domingues, vice-diretor do Lay Centre, em Roma, e professor na Pontifícia Universidade Gregoriana, também em Roma.
Ele acrescenta que a memória deles só chegou ao tempo presente porque sempre houve o costume, dentro da Igreja, de “assinalar os nomes dos mártires” e “celebrar seus testemunhos de fé em Jesus” nas celebrações litúrgicas e no ofício divino.
“No decorrer dos séculos e de acordo com a visão de cada época, a religiosidade popular recolheu, na mesma narrativa, ficção e fatos considerados genuinamente históricos, sobre suas vidas.”
“O ‘Martirológio Romano’ [catálogo de santos e mártires organizado pela Igreja Católica] é a melhor fonte para a prova da existência deles”, defende à BBC News Brasil o pesquisador José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor na Universidade Estadual Vale do Aracaú, no Ceará.
No livro, eles são apresentado como “mártires que, segundo a tradição, exerceram a medicina […] sem pedir nunca remuneração e curando a muitos com os seus cuidados gratuitos”.
Eles também estão registrados na obra Legenda Aurea, conjunto de narrativas sobre a vida de santos reunidas, por volta do ano de 1260, pelo então arcebispo de Gênova, Jacopo de Varazze (1229-1298).
O livro apresenta Cosme como um modelo para os outros, “ornado de virtudes”, “puro de todo vício”. E Damião como alguém que “teve comportamento manso e doutrina elevada”, além de ter sido “a mão do Senhor que cura como remédio”.
A mais antiga basílica dedicada aos santos, na região do Foro Romano, foi erguida no século 4º — há quem acredite que sua construção tenha começado no ano de 309, mas o outros a situam na primeira metade do século 6º. “É com base nisso que a gente pode voltar para trás para chegar à história deles, aí com base na tradição”, argumenta Domingues.
A maior parte dos relatos sobre eles diz que eram irmãos, e geralmente afirma-se que eram gêmeos. Acredita-se que eles tenham nascido onde hoje é a atual Turquia — ou, segundo algumas fontes, na região da Síria — e tenham atuado como médicos da época, perambulando e curando doentes. Com uma particularidade importante: não aceitavam pagamento por seus préstimos.
“É consenso, nas várias narrativas, que Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e praticavam a arte da cura, ou seja, a medicina”, pontua Alves.
“Pela tradição, eram médicos cristãos marcados pela habilidade da profissão da medicina. E não recebiam nada em troca pelo trabalho”, corrobora à BBC News Brasil o pesquisador Thiago Maerki, associado da Hagiography Society, nos Estados Unidos.
Maerki explica que isso faz com que Cosme e Damião sejam integrados ao rol dos chamados “santos anárgiros”. “Anárgiro significa inimigo do dinheiro”, contextualiza.“Há uma tradição de santos que negavam o dinheiro, não aceitavam e combatiam a riqueza.”
Evangelização e perseguição
Essa atuação, em forma de caridade, era acompanhada de evangelização. “Ao cuidarem dos outros de forma gratuita, eles difundiam a fé cristã”, afirma Domingues. “Por causa disso, acabaram ficando conhecidos.”
Não necessariamente isso era uma coisa boa, naqueles tempos. A crescente popularização deles teria despertado o interesse do imperador Diocleciano (243-311), justamente o responsável pela mais sangrenta perseguição aos cristãos.
Assim, Cosme e Damião teriam sido executados, como mártires, provavelmente no ano 300. Segundo o livro Il Santo Del Giorno, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini, a morte deles teria ocorrido na antiga cidade de Cirro, na Síria — hoje, em ruínas.
Alves diz que essa “grande fama” decorrente das curas “sem nada cobrar” contribuiu para atrair muitos “à fé cristã”. De acordo com sua versão, isso incomodou o governador de sua região e este haveria determinado a morte da dupla, depois de torturas.A maneira como os dois foram mortos também conta com detalhes diferentes conforme o relato. Mas todos parecem concordar que, depois de eles sobreviverem a uma série de suplícios, acabaram sendo mortos com golpes de espada.Descreve o Il Santo Del Giorno que “condenados à lapidação, as pedras voltavam contra os perseguidores; foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com setas, mas os dardos voltavam para trás e feriam a muitos, porém os santos nada sofriam”.“Foram obrigados a recorrer à espada para decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos”, prossegue o livro.Doces para criançasMuitos conhecem São Cosme e Damião pelo hábito popular que relaciona a dupla a ideia de presentear crianças com doces, principalmente no dia a eles dedicado — anteriormente e, em alguns lugares ainda por tradição, o 27 de setembro; desde 1969, segundo a Igreja Católica, em 26 de setembro.Domingues aponta que esse costume é tipicamente brasileiro — e uma das explicações seria pelo sincretismo deles com religiões de matriz africana.O teólogo Alves explica que os antigos escravizados no Brasil, como forma de camuflar suas crenças, passaram a asscoiar seus orixás crianças, os Ibeijis, que também são gêmeos, aos santos católicos Cosme e Damião.“Na matriz religiosa africana, eles são filhos de Xangô e Iansã”, detalha. “Estão associados não apenas à força da natureza que faz brotar e sustenta a vida, mas também à festa, à alegria coletiva, ao divertimento e às brincadeiras infantis.”Lira interpreta a tradição dos doces “quase como um ex-voto, ou seja, um agradecimento aos santos por um milagre”. “Como eles são venerados nas religiões, afro, nelas há um sentido de oferenda. Mas o importante é que, independentemente de religião, se oferece doces às crianças, e isso faz com que a tradição se perpetue”, acrescenta ele.Interessante notar que se houve, no Brasil, um sincretismo dos santos católicos com os orixás do candomblé, há quem acredite que a origem mítica de Cosme e Damião tenha a ver com outro sincretismo: o dos deuses pagãos do mundo antigo com o cristianismo ainda em fase inicial.“No século 6º havia uma forte tendência de adaptar certos cultos pagãos para o cristianismo. Segundo alguns estudos, foi nessa época que houve a transposição da veneração de algumas figuras ligadas à tradição da medicina e da cura, para os santos cristãs”, diz Maerki. “A ideia dos médicos santos e mártires teria sido uma espécie de adaptação dessa tradição pagã de veneração de divindades de cura.”Entre as figuras que teriam inspirado tais narrativas, está o deus helenístico-egípcio Serápis e Esculápio ou Asclépio, o deus da medicina tanto na mitologia grega quanto na romana.Cura milagrosaSe eles realmente atuavam como médicos ancestrais, em um tempo de parcos conhecimentos, é de se imaginar como isso acabava garantindo um terreno fértil para narrativas milagrosas. E, ao longo dos séculos, esses relatos cresceram em proporção e em detalhes.Maerki destaca um dos mais famosos, o do transplante de uma perna. Uma das versões afirma que teria ocorrido já após a morte da dupla, depois que um sacristão acometido de hanseníase havia sonhado que era curado pelos santos. Outra narrativa conta que o suposto milagre teria sido praticado pessoalmente pelos dois, em vida.“O sacristão padecia da enfermidade e sua perna estava toda corroída”, relata Maerki. “Os irmão então teriam amputado sua perna apodrecida e transplantado no lugar o membro de um africano que havia morrido há pouco.”*Esta reportagem foi originalmente publicada pela BBC News Brasil em 24 de setembro de 2023.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.