19 de outubro de 2015, segunda-feira Atualizado em 27/09/2025 10:34:19
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Quem deixa roubar não combate a desigualdade coisa nenhuma, apenas contribui para perpetuá-la
Por Eugênio Bucci - O bordão “rouba, mas faz” entrou para o folclore político brasileiro na década de 50 do século passado. Os cabos eleitorais do político paulista Adhemar de Barros (1901-1969) o repetiam para neutralizar os adversários, que o acusavam de ser ladrão. Em vez de negar as acusações, os adhemaristas afirmavam que Adhemar eram um fazedor, que construía isso e mais aquilo. Se roubava? Ora, isso era o de menos. O argumento era esdrúxulo, mas funcionava com uma boa parte do eleitorado, que também não ligava para aquele “detalhe” de roubar.
Mas não era detalhe. Naquele tempo, a corrupção não era mixaria. Ainda bem que, hoje, o adhemarismo é um capítulo encerrado.
Ou será que foi ressuscitado? De uns tempos para cá, um argumento muito semelhante começa a fazer escola em debates sobre a situação nacional. Aqui e ali, os defensores de certos governos ligados a certos atos ilícitos se especializaram em listar as chamadas “conquistas sociais” supostamente promovidas por seus ídolos, como se cada uma delas servisse de atenuante para o tal “problema” de corrupção. Eles até reconhecem que a bandeira da ética está em frangalhos em suas fileiras, mas acham que as “conquistas sociais” compensam o vexame. Argumentam com tanta convicção que fazem lembrar os velhos adhemaristas. Reeditam o velho bordão, agora com novo formato: “rouba, mas faz obra social”. Eles efetivamente pensam isso, mas não têm coragem de admitir.
Nos anos 1950, o “rouba, mas faz” era combatido pelos udenistas com uma pregação moralista, histérica e metida a redentora. Era patético, mas dava resultados eleitorais. Fora isso, a pregação moralista era inócua, pois a distorção do “rouba, mas faz” não era de natureza moral. Claro que a corrupção sempre foi imoral, ultrajante e indecorosa, mas sua natureza era política – e é por aí que ela devia ser compreendida e combatida. Politicamente.
Hoje também é assim. Quando alguém aceita o bordão neoadhemarista “rouba, mas faz obra social”, aceita junto a premissa sobre a qual ele se apoia. Essa premissa é a crença de que, na política, a ética é um departamento separado dos outros campos, mais ou menos como, numa empreiteira, o setor de contabilidade é separado do setor de engenharia. Esse engano gravíssimo, embora bastante comum, estava na base do adhemarismo ontem e está na base do neoadhemarismo hoje.
Por que um engano gravíssimo? Muito simples. Nas democracias, a política tece um pacto de confiança entre governantes e governados, sem o qual não há estabilidade institucional. Ao trair a confiança do eleitor, o político assume o risco de romper os laços que dão coesão a essa estabilidade. Às vezes, os laços rompidos são poucos, e as coisas seguem sua rotina sem maiores abalos. Outras vezes, são laços mais profundos, mais estruturantes, e, aí, vêm as crises. Podem ser crises de governabilidade, uma das que o Brasil enfrenta hoje, e podem ser crises mais sérias.
Aí você pergunta: mas a crise de governabilidade do Brasil é resultante da corrupção? Em grande parte é, sim. É resultante da percepção generalizada de que houve muito desvio de conduta e muita mentira para acobertá-lo. O preço que pagamos pela corrupção não se resume a um caixa de bilhões de reais afanados por uns e outros. Se fosse só isso, seria fácil. O preço inclui a respeitabilidade das autoridades, o esvaziamento da capacidade de liderança dos governantes. Se um governo perde o respeito da sociedade, perde a condição de ser governo.
Não é só. Ao drenar os recursos do Estado – recursos humanos, principalmente –, a corrupção sabota a implementação das políticas públicas e, em especial, daquelas concebidas para combater a pobreza e a desigualdade social, que ficam especialmente desmoralizadas. Quem deixa roubar não combate a desigualdade coisa nenhuma, apenas contribui para perpetuá-la, pois vira serviçal do dinheiro sujo, o pior capital que existe, e vira refém das forças mais retrógradas que hoje atuam no Brasil.
Não é com moralismo vulgar que o Brasil vai superar esse mal. A propósito, fuja dos novos moralistas (neoudenistas), que dizem que todos os ladrões de dinheiro público são filiados ao PT. Isso é mentira, é cinismo. Ao mesmo tempo, cuidado com os que tentam posar de vítimas e se esconder atrás de velha mentalidade adaptada aos novos tempos: “Rouba, mas faz obra social”. Outra mentira. Quem rouba faz uma coisa só, e essa coisa é roubar. Cuidado com uns e cuidado com outros.
No mais, façamos figa. A corrupção derrubou o valor de mercado e a credibilidade da Petrobras. Que ela não derrube agora o ânimo do país inteiro.Quem deixa roubar não combate a desigualdade coisa nenhuma, apenas contribui para perpetuá-la
Por Eugênio Bucci - O bordão “rouba, mas faz” entrou para o folclore político brasileiro na década de 50 do século passado. Os cabos eleitorais do político paulista Adhemar de Barros (1901-1969) o repetiam para neutralizar os adversários, que o acusavam de ser ladrão. Em vez de negar as acusações, os adhemaristas afirmavam que Adhemar eram um fazedor, que construía isso e mais aquilo. Se roubava? Ora, isso era o de menos. O argumento era esdrúxulo, mas funcionava com uma boa parte do eleitorado, que também não ligava para aquele “detalhe” de roubar.
Mas não era detalhe. Naquele tempo, a corrupção não era mixaria. Ainda bem que, hoje, o adhemarismo é um capítulo encerrado.
Ou será que foi ressuscitado? De uns tempos para cá, um argumento muito semelhante começa a fazer escola em debates sobre a situação nacional. Aqui e ali, os defensores de certos governos ligados a certos atos ilícitos se especializaram em listar as chamadas “conquistas sociais” supostamente promovidas por seus ídolos, como se cada uma delas servisse de atenuante para o tal “problema” de corrupção. Eles até reconhecem que a bandeira da ética está em frangalhos em suas fileiras, mas acham que as “conquistas sociais” compensam o vexame. Argumentam com tanta convicção que fazem lembrar os velhos adhemaristas. Reeditam o velho bordão, agora com novo formato: “rouba, mas faz obra social”. Eles efetivamente pensam isso, mas não têm coragem de admitir.
Nos anos 1950, o “rouba, mas faz” era combatido pelos udenistas com uma pregação moralista, histérica e metida a redentora. Era patético, mas dava resultados eleitorais. Fora isso, a pregação moralista era inócua, pois a distorção do “rouba, mas faz” não era de natureza moral. Claro que a corrupção sempre foi imoral, ultrajante e indecorosa, mas sua natureza era política – e é por aí que ela devia ser compreendida e combatida. Politicamente.
Hoje também é assim. Quando alguém aceita o bordão neoadhemarista “rouba, mas faz obra social”, aceita junto a premissa sobre a qual ele se apoia. Essa premissa é a crença de que, na política, a ética é um departamento separado dos outros campos, mais ou menos como, numa empreiteira, o setor de contabilidade é separado do setor de engenharia. Esse engano gravíssimo, embora bastante comum, estava na base do adhemarismo ontem e está na base do neoadhemarismo hoje.
Por que um engano gravíssimo? Muito simples. Nas democracias, a política tece um pacto de confiança entre governantes e governados, sem o qual não há estabilidade institucional. Ao trair a confiança do eleitor, o político assume o risco de romper os laços que dão coesão a essa estabilidade. Às vezes, os laços rompidos são poucos, e as coisas seguem sua rotina sem maiores abalos. Outras vezes, são laços mais profundos, mais estruturantes, e, aí, vêm as crises. Podem ser crises de governabilidade, uma das que o Brasil enfrenta hoje, e podem ser crises mais sérias.
Aí você pergunta: mas a crise de governabilidade do Brasil é resultante da corrupção? Em grande parte é, sim. É resultante da percepção generalizada de que houve muito desvio de conduta e muita mentira para acobertá-lo. O preço que pagamos pela corrupção não se resume a um caixa de bilhões de reais afanados por uns e outros. Se fosse só isso, seria fácil. O preço inclui a respeitabilidade das autoridades, o esvaziamento da capacidade de liderança dos governantes. Se um governo perde o respeito da sociedade, perde a condição de ser governo.
Não é só. Ao drenar os recursos do Estado – recursos humanos, principalmente –, a corrupção sabota a implementação das políticas públicas e, em especial, daquelas concebidas para combater a pobreza e a desigualdade social, que ficam especialmente desmoralizadas. Quem deixa roubar não combate a desigualdade coisa nenhuma, apenas contribui para perpetuá-la, pois vira serviçal do dinheiro sujo, o pior capital que existe, e vira refém das forças mais retrógradas que hoje atuam no Brasil.
Não é com moralismo vulgar que o Brasil vai superar esse mal. A propósito, fuja dos novos moralistas (neoudenistas), que dizem que todos os ladrões de dinheiro público são filiados ao PT. Isso é mentira, é cinismo. Ao mesmo tempo, cuidado com os que tentam posar de vítimas e se esconder atrás de velha mentalidade adaptada aos novos tempos: “Rouba, mas faz obra social”. Outra mentira. Quem rouba faz uma coisa só, e essa coisa é roubar. Cuidado com uns e cuidado com outros.
No mais, façamos figa. A corrupção derrubou o valor de mercado e a credibilidade da Petrobras. Que ela não derrube agora o ânimo do país inteiro.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.