'A QUEDA DE UM IMPÉRIO: NARRATIVAS DA FALÊNCIA DO BANCO MAUÁ & CIA. NA IMPRENSA DA CORTE E NO PARLAMENTO (1874 1875) - 01/01/2021 Wildcard SSL Certificates
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A QUEDA DE UM IMPÉRIO: NARRATIVAS DA FALÊNCIA DO BANCO MAUÁ & CIA. NA IMPRENSA DA CORTE E NO PARLAMENTO (1874 1875)
    2021
    Atualizado em 14/09/2025 22:01:32

  
  


Zacarias (BRASIL, 21/05/1875, p. 71) destaca ainda que Mauá estava vivendo à custa do Tesouro já a dois ou três anos. Segundo o senador, seriam essas ajudas do Tesouro que mantinham seu banco em atividade. Pelas evidências Mauá fazia um saque, recebia a importância desse saque e girava com o dinheiro. Quando o dinheiro ia terminando, ele fazia um novo saque e novamente girava com o dinheiro. Seria preciso apenas que cessassem os saques sobre Londres para que o banco quebrasse. E isso aconteceu quando Mauá não conseguiu os 3.000 contos de crédito com o Banco do Brasil. Sem esse valor, não foi possível quitar os saques anteriores feitos sobre Londres, manchando assim o crédito que o banco tinha no exterior, impossibilitando novas transações.

Quando a lei de auxílio aos bancos foi, finalmente, aprovada no senado, era tarde para salvar o Banco Mauá e o Banco Alemão. O Jornal do Comércio questionou o fato de que, apesar do Banco Mauá ser um dos principais da praça do Rio de Janeiro, nada de eficaz foi feito para tentar auxiliar essa instituição. Em parte do artigo, o Jornal do Comércio (18/06/1875, ed. 168, p. 3), explica que:Nas calamidades públicas todos desejariam empregar providencias, não só para prevenir a continuação dos males, como para reparar os já efetuados; e até se fosse possível, para ressuscitar os mortos. Entretanto, os zeladores da lei só queriam que ela fosse aplicada para salvar os vivos e perfeitamente sãos, julgando conveniente que os simplesmente feridos e já convalescentes fossem condenados a mortos, à fome e a míngua de todos os auxílios.

Quanto ao Banco Alemão, descobriu-se que seu gerente desaparecido, na verdade, havia cometido suicídio, e, em sua carta de despedida36, endereçada a sua esposa, ele escreve que o motivo desse ato de desespero seria o fato de ter desfalcado seu banco com 3.000 contos e encontrarO MEQUETREFE, 17/06/1875, ed. 026, p. 2).

O Banco falido era o Banco Mauá e o ministro era o Visconde do Rio Branco, que, de acordo com A Pátria (15/06/1875, ed. 68, p. 2) havia dado milhares de contos para o Banco Alemão e que posteriormente seriam passados para o Banco Mauá, que por usa vez comprometeria o Tesouro brasileiro em 7.500 contos. Mauá dizia que não se podia extrair da carta deixada pelo gerente do Banco Alemão nenhuma ligação com o Banco Mauá. No entanto, na carta de 15 de maio de 1875, amanhã ou depois de amanhã sabereis que Mauá & C., os quais devem ao nosso banco 3.36 Uma cópia da carta está contida no Anexo [p. 105]



Anexo D apresenta as transações feitas entre o Banco Alemão e o Banco Mauá entre os anos de 1874 e 1875.

Havia uma regularidade de transações entre o Banco Alemão e o Banco Mauá. Mauá afirma que a suspensão do seu banco não seria responsável, por si só, pelos problemas enfrentados pelo Banco Alemão, deixando que outras casas também influenciaram para a situação negativa. No entanto, quando lemos a carta deixada pelo gerente do Banco Alemão notamos que Mauá e seu banco possuíam sua carga de culpa no ocorrido, mas Mauá estava certo ao afirmar que a falência do seu estabelecimento não seria por si só causadora dos problemas enfrentados pelo referido banco. Não iremos entrar nos detalhes sobre a falência desse segundo banco, visto que isso está fora do objetivo desse estudo. O intuito aqui é apenas destacar os desdobramentos de suas transações com o Banco Mauá.

O jornal A Reforma (25/05/1875, ed. 114, p.1) tratou da suspensão dos pagamentos do Banco Alemão. Em sua avaliação, o Tesouro público era credor desse banco e a suspensãodos pagamentos se deu em virtude de uma soma de 5.540 contos emprestada pelo Tesouro ao Banco Alemão que, por sua vez, a emprestou ao Banco Mauá. Essa análise reforça a ligação entre os acontecimentos do Banco Mauá e do Banco Alemão, além de apontar que o Banco Mauá vinha buscando diversas fontes de crédito, o que representa que a instituição realmente já se encontrava com dificuldades antes de 1875.

A situação com o Banco Alemão era mais um elo que se fechava na história do Banco Mauá & Cia. No entanto, ainda havia mais uma questão que foi amplamente discutida na imprensa e no Senado: a quantia do Tesouro Nacional depositada no Banco Mauá de Montevidéu. Essa quantia havia sido confiada em depósito ao banco que, em algum momento, a utilizou em suas transações. No dia em que o estabelecimento se viu obrigado a fechar suas portas, o valor pertencente ao governo brasileiro não estava em seus cofres. Esse acontecimento desencadeou de uma série de acusações de favorecimento ao banco por parte do ministro Rio Branco.

O fato de o Banco Mauá ser o depositário de quantias pertencentes ao Brasil, destinadas ao pagamento das tropas que ainda eram mantidas no Paraguai, era o motivo pelo qual o governo brasileiro fez interferências no Uruguai. Como mencionado, quando entraram com o pedido de falência do Banco Mauá em Montevidéu e este foi autorizado pelo juiz de primeira instância, o Brasil enviou uma esquadra para o Uruguai, com o intuito de

107 esse interesse era norteado pelo fato de que, se o Banco Mauá falisse, gran [p. 106]

ANEXO D Carta do gerente do Banco Alemão15 de maio de 1875

Carissima Virgie! Tereis notado que há um ou dois dias tenho estado excessivamente preocupado. Eu vos disse que alguns de meus amigos (só de nome) traíram a fé que neles depositei, e lograram-me do modo o mais ultrajante. Sabereis que o Mauá, que deve ao nosso Banco mais de 3,000:000$000 quebra amanhã; Maylasky tem defraudado o nosso Banco (servindo-se de mim) em £ 55,000. Não posso viver para ver a calamidade, mas perco a cabeça ao pensar em vós, minha caríssima Virgie, e em nossa filhinha. (Que horrível coisa!)Que momento esse, quando, há uma hora, me separei de vós! Não posso pedir-vos que me perdoe. Consenti que vos peça que quando deixares o Rio procureis meus pais, que vos receberão com bondade, minha mãe será boa para convosco e meu irmão irá vós proteger; dizei-lhes que eu imploro o seu perdão.

A julgar pela experiencia não creio que vossos parentes venhão a ser bons para convosco. E agora eis chegando o derradeiro instante. Chegou a seu tormo a nossa desgraça, e tudo devido a mim. Preciso dizer-vos adeus para sempre, caríssima Virgie, a vós e à nossa filhinha.

Agora chegou o derradeiro instante, já nada posso dizer adeus para sempre.


Vosso desgraçado, August Riecke Fonte: Jornal O Mequetrefe, 17 de junho de 1875, ed. 25, p. 2. [p. 126]



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (2):
15/05/1875 - Carta do gerente do Banco Alemão
17/06/1875 - Jornal O Mequetrefe
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.