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Revista da ASBRAP, n" 28, pg. 123. Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia, 2021.
    2021
    Atualizado em 23/10/2025 17:19:58

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Resumo: Este artigo discorre sobre as controvérsias envolvendo o nome de AntônioBicudo, que cerca de dois séculos após sua morte aparece referido como AntônioBicudo Carneiro na obra de Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana. Aborda as fontesprimárias existentes e tece considerações face às lacunas presentes nas fontes secundárias disponíveis.Abstract: This article discusses the controversies around the name of AntônioBicudo, who, about two centuries after his death, is referred to as Antônio BicudoCarneiro in the work of Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana. It addresses existing primary sources and offers some conclusions against gaps in the availablesecondary sources.Antônio Bicudo, português, imigrou para o Brasil e foi pessoa de grande relevância na comarca de São Paulo tendo exercido diversos cargos na vida pública noséculo XVI. Originário da Ilha de São Miguel, Açores, veio para o Brasil, onde secasou com Isabel Rodrigues, natural de São Paulo.Este artigo visa abordar as controvérsias envolvendo seu nome, assunto recorrenteem grupos de discussão de história e genealogia, visto que cerca de dois séculosapós sua morte aparece também referido como Antônio Bicudo Carneiro na obrade Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana2.Em genealogia o que dita a credibilidade das informações é a existência de fontes que as sustentem. É notório que prenomes e sobrenomes eramextremamente fluidos até o início do século XX, tanto na sociedade portuguesa,como, consequentemente, na sociedade brasileira. Não sendo, portanto, incomum que as pessoas fossem referidas nos diversos documentos por diferentesnomes ao longo de suas vidas. A pessoa nascia usualmente com um prenome,sendo referida somente como filha de fulano de tal e beltrana. Somente em even1 Pedro Silva Inácio, engenheiro e genealogista desde 1996. Co-criador e administrador do site dememórias da cidade de Praia Grande, SC. http://www.praiagrandedoscanyons.com.br 2 LEME, Pedro Taques de Almeida Paes, Nobiliarquia Paulistana, Tomo III, p. 171. [p. 123]

tos posteriores de sua vida, usualmente no casamento, que o indivíduo apareciajá referido com um sobrenome de fato (ou, no caso das mulheres, comumentetambém somente com nomes de devoção).Contudo, isto não era garantia de continuidade dos nomes, visto queao longo da vida, a pessoa poderia aparecer em diversos momentos futuros,como no batismo de cada filho, ou dos netos, referida com um conjunto deprenomes e sobrenomes diverso.Entretanto, ainda não é a discussão que se deseja ter aqui neste artigo. Oque se questiona não é o fato de as pessoas terem nomes fluidos, o que se sabeera comum na época. O que se questiona aqui são quais seriam as fontes quesustentam se Antônio Bicudo também teria sido conhecido por Antônio BicudoCarneiro ou não. O fato de o sobrenome “Carneiro” não ser encontrado na suaascendência é peculiar e pode gerar dúvidas sobre sua credibilidade.

Infelizmente não existem mais muitos documentos contemporâneos àvida de Antônio Bicudo, como seu assento de batismo, seu casamento ou mesmo seu óbito. Afortunadamente, o que se tem de concreto são as atas preservadas da Câmara de São Paulo. Nelas existem mais de 40 menções a sua pessoa entre os anos de 1575 e 1587, sendo sempre referido como Antônio Bicudo, ou suas variantes ortográficas, tendo ele próprio assinado seu nome como Antônio Bicudo por mais de 40 ocasiões (vide Anexo B). Nessas atas, em nenhum momento ao longo de 12 anos, foi mencionado como Antônio Bicudo Carneiro.

Além das atas, há ainda o testamento3 de seu filho homônimo Antônio Bicudo, que em 1650 “declarou ser filho de Antônio Bicudo natural da Ilha de São Miguel e Isabel Rodrigues, natural desta terra”.

De outro lado, existe a famosa obra Nobiliarquia Paulistana do linhagista Pedro Taques que em 1767 concluiu a parte referente ao tronco dos Bicudos de São Paulo. Em sua obra Pedro Taques parece oscilar na denominação de Antônio Bicudo, ora o citando como Antônio Bicudo, ora como Antônio Bicudo Carneiro (vide Anexo A). Infelizmente não cita as fontes para suas afirmações. Pedro Taques foi o grande linhagista de sua época, mas não era contemporâneo de Antônio Bicudo, que viveu quase 200 anos antes dele.
Não há como saber que documentos Pedro Taques teve o privilégio de teracesso, e que hoje não estão mais disponíveis. Contudo, não se pode descartar a possibilidade real de equívoco de Pedro Taques.

Pertinente ressaltar que havia um outro Antônio Bicudo Carneiro na Ilhade São Miguel nos Açores, primo de Antônio Bicudo, que era filho de Pedro Bicudo e Catharina de Couros. Esse, contudo, claramente remete seu sobrenome “Carneiro” a sua avó Inês Carneiro.3

Inventários e Testamentos – Publicação oficial do Arquivo do Estado de São Paulo, Tipografia Piratininga: São Paulo, 1921, vol. XV, p. 25 e ss. [p. 124]

Outra obra relevante, a Genealogia Paulistana de Silva Leme, simplesmente seguiu Pedro Taques quanto à questão do nome. Logo, não se podeafirmar que o nome Antônio Bicudo Carneiro era uma unanimidade entre linhagistas e historiadores, visto que, na verdade, todas as obras genealógicasseguintes, acabaram por perpetuar Pedro Taques e dela derivam quanto à informação sobre o nome.Vale ressaltar que na atualidade outros pesquisadores4,5, tais como Marcelo Meira Amaral Bogaciovas e Américo de Moura, já pontuaram indiretamente sobre o tema do nome de Antônio Bicudo. Bogaciovas claramente defendeque o português Antônio Bicudo não era Carneiro, como quis Pedro Taques eseguiu Silva Leme.

Conclusão

Com bases nestas informações pode-se afirmar acertadamente que Antônio Bicudo era conhecido desse modo, como Antônio Bicudo. É como aparecereferido nas atas da Câmara de São Paulo por dezenas de vezes ao longo de 12anos, e principalmente era como ele próprio assinou por inúmeras vezes. Sendotambém importante destacar que é desse modo que foi referido no testamento deseu filho, todos esses documentos fontes primárias contemporâneas a sua época.

Se, além de Antônio Bicudo, ele chegou a ser conhecido como AntônioBicudo Carneiro, é uma questão que recai na esfera das conjecturas e talvez nuncasaibamos. Isso visto que hoje não há um único documento de sua época que o denomine deste modo. Em suma, o que resta é a obra de Pedro Taques, escrita muitosanos depois e que não associa fontes a esta informação.

Desse modo, mostra-se salutar considerar que seu nome era de fato Antônio Bicudo e que o nome Antônio Bicudo Carneiro, como quis Pedro Taques, ésomente uma variante que carece de provas primárias, quiçá mesmo um equívoco,até que possíveis provas documentais possam corroborar para sua fidedignidade.4 BOGACIOVAS, Marcelo Meira Amaral, revista da ASBRAP n. 1, p. 1585 MOURA, Américo, revista do IHGSP, vol. 47, p. 310. [p. 125]

ANEXO A - NOBILIARQUIA PAULISTANA

BICUDOS, CARNEIROS, MENDONÇAS

Os Bicudos da capitania de São Paulo trazem a sua origem da ilha de São Miguel. Dela vieram para São Paulo, no principio da sua povoação dous irmãos, que foram Antonio Bicudo e Vicente Bicudo, como se vê de um requerimento que estes dous irmãos fizeram á camara de São Paulo, pedindo ambos 300 braças de terra em quadra, partindo pelo rio Carapicuíba, em 9 de Outubro de 1610; e neste requerimento declaram que havia muitos anos que tinham vindo para esta terra, onde sempre ajudaram, com suas pessoas e armas, ao bem público, achando-se nas guerras que contra os portugueses da vila atualmente moviam os barbaros indios. gentios que infestavam a terra, e que eram casados e tinham filhos (Archivo da camara de São Paulo, caderno de registros, Maio de 1607, fl. 44 v.).

A cada um destes dous irmãos veremos nos numeros seguintes:

- Antonio Bicudo N. 1
- Vicente Bicudo N. 2

N. 1 - Antonio Bicudo Carneiro, foi da governança da terra, porque nela serviu sempre os cargos da república. Foi ouvidor da comarca e capitania pelos anos de 1585, em que mandou levantar pelourinho na vila de São Paulo em Janeiro do dito ano de 1585 (Archivo da camara de São Paulo, caderno 1585 á fl. 31 v.). Foi casado com Isabel Rodrigues, como se mostra do requerimento que fez aos oficiais da camara de São Paulo, pedindo chãos para fazer casas com seu quintal no ano de 1598; e neste requerimento declarou que tinha dous filhos e quatro filhas (Archivo da camara de São Paulo, caderno de 1598, fl. 16), e que era seu genro Miguel de Siqueira. Tambem se prova que fora casado com Isabel Rodrigues pelo testamento com que em 4 de Dezembro de 1650 faleceu seu filho Antonio Bicudo, de quem fazemos menção no cap. I, porque nele declarou que era filho de Antonio Bicudo, natural da ilha de São Miguel, e de sua mulher Isabel Rodrigues, natural da vila de São Paulo. Não descobrimos o ano em que faleceram Antonio Bicudo e sua mulher Isabel Rodrigues. Deste matrimonio nasceram em São Paulo seis filhos: [p. 126]



\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\31619icones.txt


ME|NCIONADOS Registros mencionados (3):
14/11/1598 - Isabel Rodrigues mulher de Antonio Bicudo, ausente. Chãos entre Manoel de Siqueira, seu genro, e Pedro Nunes e Miguel Fernandes o crespo
19/12/1650 - Inventário e Testamento
01/01/1767 - *Pedro Taques concluiu a parte referente ao tronco dos Bicudos de São Paulo
EMERSON

  


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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.