17 de setembro de 1996, terça-feira Atualizado em 01/11/2025 08:25:57
• Imagens (1)
•
•
São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996Texto Anterior | Próximo Texto | ÍndicePor um judaísmo universalJAIME PINSKYEscrever sobre o ano novo judaico é um exercício de memória e de reflexão. Volto para minha Sorocaba natal, mãos dadas com minha irmã, atrás dos meus pais, caminhando até a sinagoga no centro da cidade.Morava perto das oficinas da então Estrada de Ferro Sorocabana, ativo centro de inquietação operária, forte núcleo do Partido Comunista. Acordava com o apito "das seis", junto com os trabalhadores. Saía para a escola com o "das sete" e voltava quando o "da uma" já estava chamando de volta os ferroviários. Engolia correndo minha comida e descia para a loja do meu pai, que funcionava mais como ponto de encontro de operários e aposentados do que como fonte de renda.A loja tinha uma área de roupas, onde ficava a escrivaninha do meu pai, e, no fundo, um espaço em que eram empilhados colchões de crina, algodão, palha de milho e capim. Em ocasiões especiais, véspera de greves ou comoções importantes, líderes operários vinham reunir-se na loja, sentados em colchões, usando colchões como mesa.Eu me recordo, pequeno ainda, espiando aqueles homens falando de proletariado e repressão, paz e luta contra a carestia e por aumento de salários. Tempos depois, perguntei ao meu pai como é que ele, apolítico, permitia reuniões clandestinas na loja. Ele me respondeu, candidamente, que em algum lugar "eles" tinham que se reunir. Então eu aprendi que judaísmo era também tolerância para com os diferentes.Aqueles homens me fascinavam, sua voz baixa, aparência grave e postura tensa insinuavam segredos e projetos maravilhosos. Mas eles me atemorizavam também; estavam sempre a conspirar sem sorrir. Quando ousava aproximar-me deles, respondiam com evasivas, como se eu fosse um pirralho.Os aposentados não. Esses iam, pacientemente, fazendo a minha cabeça. Explicavam que não era certo o operário trabalhar tanto por um salário tão baixo. De início, não me convenci. Viviam bem; cada um tinha a sua casa, horta e cachorro. Eles então me explicavam que constituíam uma categoria rara, uma espécie de elite operária.Mostravam-me os da Estamparia, da Santo Antônio, fábricas têxteis já então em decadência, salários baixos, três turnos, as máquinas que tinham liderado a Revolução Industrial inglesa tentando, inutilmente, ganhar a batalha da produtividade. As garotas de 14, 15 anos, cheiro de fábrica no corpo, no cabelo, nas mãos, o beijo da operária tinha o sabor da linha que roubava a sensibilidade de sua boca.Por tudo isso, explicava o aposentado, os homens do "quartinho dos colchões" queriam mudar as coisas, e, para mudar as coisas, havia que lutar. Então íamos jogar uma partida de damas, enquanto eu ficava com um gosto amargo na boca por aquele mundo que criava, em lugar de gente afetiva como os aposentados, mulheres com cheiro de algodão e homens cheios de ódio.À tarde, a visita à banca de jornais, comprava "A Gazeta" para meu tio. Lembro-me das notícias de após guerra, a descoberta dos campos de concentração nazistas, Auchwitz. Meu tio falava sobre o mundo, sobre os judeus e seu sofrimento, sobre o anti-semitismo. E, à noite, já na cama, meus pais revezavam-se na leitura de um conto de Sholem Aleichem, algumas páginas de Singer, uma novela de Mendele ou Davi Pinski narrando as agruras do operariado judeu na Rússia.A palavra "pogrom" (perseguições contra judeus russos) sempre.O choro disfarçado da minha mãe sabendo que, de suas tias e primas que haviam ficado na Europa, nenhuma se salvara do holocausto nazista.Ódio à truculência de Hitler, à violência em geral, às perseguições.Lembro-me, depois, com sete anos, vendo policiais a cavalo atacando operários no pátio da Sorocabana. Chego correndo em casa. Relato o "pogrom" a que eu assistira, o fraco massacrado. Para mim, judaísmo era aquilo, cultura do "shtetl" (aldeia judaica na Europa Oriental) absorvida pelo sotaque caipira da minha terra, o artesão da Europa Oriental sendo o operário de hoje; Moisés, Isaac e Samuel transfigurados em Zé, João e Bastião.Difícil explicar ao meu pai que, com 14 anos, meu judaísmo prescindia da religião formal, mas não dispensava as idéias lançadas pelos profetas a favor de uma sociedade mais justa. Mais difícil foi assumir que meus compromissos não podiam ser apenas com o povo judeu. As lições que eu aprendera deveria tentar transmitir, rompendo a casca, como Isaac Deutcher ou Hanna Arendt. Afinal, os "pogroms" continuam, e há que construir muitos quartinhos de colchões. E torná-los obsoletos quando chegar a hora.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.