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Uma história do Brasil de muitas vozes - clickpb.com.br
    10 de dezembro de 2015, quinta-feira
    Atualizado em 24/11/2025 00:11:48



"A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola." Assim Capistrano de Abreu, no longínquo ano de 1920, confessava seu fracasso em vislumbrar o sentido geral da história brasileira. Noventa anos depois, será que o extraordinário desenvolvimento das pesquisas históricas e a massa de publicações conseguiram construir alicerces sólidos para sustentar a grampiola de Capistrano?

A possível resposta pode vir após a leitura de História do Brasil – Uma Interpretação, de Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota, uma extensa, bem documentada e provocadora síntese da história brasileira. Atenuando o maremoto das biografias, ela chega no momento oportuno, apostando numa história que revele, por trás do sincopado dos eventos políticos, biográficos e anedóticos, as forças profundas e os significados peculiares da história do Brasil. É a mais abrangente possível, cobrindo desde os primitivos habitantes dos sambaquis até o segundo governo do presidente Lula. A explicação dos grandes processos predomina sobre a narrativa do miúdo e do incidental, a informação é sempre pertinente e provocadora, iluminando os tempos atuais, através das várias faces dos episódios, dos diversos pontos de vista, das muitas versões – e algumas subversões.

Já no clássico Ideologia da Cultura Brasileira (publicado em 1977 e agora reeditado), Mota articulara uma instigante crítica da cultura brasileira, identificando seus velados conteúdos senhoriais e conciliadores que encobriam as lutas sociais, falseavam rupturas, escamoteavam conflitos e contribuíam para perpetuar as enormes desigualdades do País. Mas o clima de forte suspeita daquela época e a autêntica metralhadora giratória que o livro disparou sobre alguns nomes intocáveis da cultura brasileira obscureceram a percepção de certa linha interpretativa da história que, por linhas tortas, já ali se desenhava. Neste novo livro, dividindo a autoria com a historiadora Adriana Lopez, já é possível perceber-se, mais explícita, aquela linha interpretativa que se constrói de forma um tanto oblíqua, "do contra", ou pelo lado negativo: a história brasileira não é conciliadora, nem harmoniosa nem incruenta. Como no livro de 1977, a noção de uma "Cultura Brasileira" não passa de um estratagema, uma alegoria retórica que mantém o balança-mais-não-cai da grampiola de Capistrano. As elites nunca ultrapassaram os "marcos extremos do reformismo liberalizante" e – salvo raras exceções – os seus esquálidos quadros políticos só foram pródigos naquela esperteza – bem definida pelo humorista Luis Fernando Verissimo – em "simular uma História justamente para não ter que fazê-la". "Elites camaleônicas", segundo Lima Barreto. Ou com perfil daqueles eternos "chuchus" – como na irônica descrição que Faoro fez de Getúlio Vargas: "Chuchu sem gosto e inodoro, que assume o sabor do molho com que o condimentam: ele protela, procrastina, transfere, demora, adia, prorroga esperando ninguém sabe o quê. Bem ele sabia o que esperava."

Há uma ênfase proposital nos registros e nas fontes que destacaram os aspectos cruentos, predatórios, conflituosos ou violentos da história brasileira. Registros de cronistas, viajantes e outros testemunhos de época são criteriosamente usados não apenas para comprovar, mas também como elementos de denúncia dos massacres, genocídios e outros eventos que evidenciaram os contrastes sociais e a violência velada, quando não simplesmente omitida da história brasileira. Tome-se o capítulo das invasões francesas no século 16. Lá está o perfil do ouvidor Martim Leitão, na impiedosa pena de Capistrano:

"Arvorado em general, indiferente à aquisição de escravos, trucidou os prisioneiros que pôde, arrancou as roças, devastou as aldeias, impossibilitou a resistência e até residências nas cercanias. De intérprete das leis converteu-se em anjo do extermínio."

Ou a denúncia afiadíssima de Euclides da Cunha, referindo-se às populações nordestinas banidas para a Amazônia, em 1890: "Os banidos levavam a missão dolorosíssima e única de desaparecerem…"

Heróis ou estadistas, de Pombal a d. Pedro II, de Floriano a Collor, são reduzidos às suas verdadeiras proporções numa narrativa que, sem falsear a história, se esforça por revelar outros personagens duplamente omitidos: na tessitura dos acontecimentos e na narrativa historiográfica – que quanto mais se institucionaliza, mais se vê incapaz de desgrudar-se do mito de uma história que se quer incruenta.

Mas as trajetórias biográficas jamais se sobrepõem à torrente dos eventos, e os autores não hesitam em incluir em todos os capítulos um item que há muito não se via em livros de história do Brasil: "O sentido do processo." Bom para o leitor, que nunca perde o eixo. E ainda ótimo reforço para a grampiola de Capistrano não desabar de vez. A periodização também é provocadora, sobretudo em relação à história mais próxima de nós. Inspira-se propositalmente na desassombrada (e nem sempre bem aceita) leitura proposta por Darcy Ribeiro, para o período 1946 a 1964, a "República Patricial", assim chamada por ele porque "o patriciado político tradicional se aliou a grupos internacionais promovendo modernizações conservadoras com efeitos desnacionalizantes".

Adriana Lopez e Carlos Guilherme também não omitem nem controvérsias nem diferentes interpretações. Acompanhando uma articulada narrativa da história dos acontecimentos, vem o relato breve da trajetória de algum intérprete marcante daquele tema. Porque muitas vezes a história de uma interpretação ou de um intérprete ajuda a entender a própria história. Ganha outra vez o leitor, pois como já dizia Marc Bloch, "O espetáculo da pesquisa, com seus sucessos e seus revezes, raramente entedia". Lá estão Charles Boxer, Vitorino Magalhães Godinho, José Maria Bello, José Honório Rodrigues, Douglas Teixeira Monteiro, Dante Moreira Leite, Raymundo Faoro, Joaquim Barradas de Carvalho e outros notáveis estudiosos. Aliás, quem melhor definiu o simpático Barradas foi o próprio Fernand Braudel quando disse que a obra deste "historiador provou que, afinal, não se compreende Portugal, senão estando no Brasil."

Outras personagens da história brasileira destacam-se não apenas porque foram vítimas de injustiças e violências, mas também porque ousaram testemunhá-las ou registrá-las. "Por aqui, relações de litígio só podem ser resolvidas por quem pode, quer e manda." Outro diagnóstico cortante, saído da pena de Luís dos Santos Vilhena, um simples professor régio, titular da cadeira de grego em Salvador, no início do século 19. Instado a vôos mais altos, foi dos poucos que optaram por manter impoluto seu campo ético: "Escrevo cartas, e não histórias", alfinetou. Vilhena, Evaristo da Veiga, Amaro Cavalcanti, Sérgio Milliet (carinhosamente apelidado por Agrippino Grieco, de "juste Milliet"), Darcy Ribeiro, Goffredo da Silva Telles – mas também as esquecidas personagens femininas, como Pagu, Maria Eugênia Franco e tantas outras. Todos operários da democracia real, que se recusaram limitar-se ao mero papel de obedientes funcionários da democracia retórica. Raras mentes esclarecidas, que mantiveram coragem e equilíbrio nos momentos mais difíceis da história brasileira – e que olhavam para um futuro aberto e destravado – ainda que mal se equilibrassem na gangorra conciliadora das elites, ciosas dos privilégios e sempre prontas para defenestrá-las. Entre tantas, estas as vozes que mais se ouvem na densa reconstrução realizada por Carlos Guilherme e Adriana Lopez.

Vozes que ainda ecoam no presente, talvez porque continuem nos ensinando a nunca misturar o ético com o político. E não porque a política não tenha nenhuma dimensão ética, mas porque o reino da ética, se politizado, deixa de funcionar como checagem autônoma da política. Lição virada, revirada, inventada e reinventada por tantos remoinhos do tempo e por tantas histórias esquecidas – mas que ainda pode iluminar, como um brilho emancipador, o Brasil do presente – que é, afinal, onde toda vocação do historiador começa e para onde toda história deve retornar.



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (1):
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.