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Por que Vaticano dissolveu os jesuítas no século 18 e os readmitiu 40 anos depois. Por Juan Francisco Alonso Role, em BBC News Mundo (bbc.com)
    23 de julho de 2023, domingo
    Atualizado em 26/10/2025 00:02:09

  
  
  


Com 14.439 membros, 200 universidades, 850 escolas e milhares de obras sociais, culturais e religiosas espalhadas por 127 países, a Companhia de Jesus era, ao menos até janeiro de 2022, a maior ordem religiosa do catolicismo. Uma posição que foi reforçada com a eleição, há uma década, de um deles: o argentino Jorge Mario Bergoglio, atual papa Francisco, à frente do Vaticano.

Porém, 250 anos atrás, a congregação fundada por Santo Inácio de Loyola estava prestes a desaparecer da Terra e por decisão daquele a quem jurara obedecer: o então papa. Em 21 de julho de 1773, Clemente 14 assinou um documento intitulado Dominus ac Redemptor, por meio do qual eliminou os jesuítas da estrutura da Igreja e retirou todos os bens deles.

Mas quais as razões pelas quais Roma decretou a supressão dos jesuítas, como são popularmente conhecidos os membros da ordem?A medida não ocorreu da noite para o dia: foi precedida por uma campanha de difamação e perseguição contra os integrantes dessa ordem iniciada 15 anos antes, com a expulsão deles de Portugal e de seus domínios ultramarinos.Tudo começou no Paraguai"As notícias da época diziam que as missões que a Companhia mantinha no Paraguai tinham minas de ouro, e o rei português as queria. Então, depois de assinar um acordo com a Espanha, ele eliminou as missões", explica Andrés Martínez Esteban à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC).Martínez, que é professor de História da Igreja na Universidade de San Dámaso (Espanha), afirma que a decisão desencadeou uma revolta dos indígenas guaranis que viviam nas missões, e as autoridades lusitanas acusaram os jesuítas de serem os responsáveis pelo problema.Esses eventos foram recriados, com licenças históricas, no premiado filme de 1986 A Missão, estrelado por Robert De Niro e Jeremy Irons.

"Pouco depois, ocorreram dois acontecimentos que aprofundaram a desconfiança da Coroa portuguesa: o terremoto de Lisboa de 1755, que alguns jesuítas afirmaram ter sido um castigo divino, devido à decisão do rei de retirar as missões paraguaias. E a tentativa de assassinato do rei José 1° em 1758, trama que as autoridades atribuíram aos jesuítas”, diz o especialista.

Uma combinação de razões econômicas, teológicas e, sobretudo, políticas fez com que, nos anos seguintes, os monarcas da França, Espanha e Nápoles e Parma seguissem os passos de Portugal.Pelas suas ideias"A Companhia de Jesus era uma entidade com muito acesso às diferentes monarquias. Muitos jesuítas eram confessores ou diretores espirituais de reis e rainhas. No entanto, suas ideias políticas incomodavam tanto os monarcas absolutistas quanto os esclarecidos", diz o jesuíta venezuelano Arturo Peraza, reitor da Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas (UCAB).“A Companhia assumiu o tomismo, que não sustenta a ideia do absolutismo real, mas sim acreditava que o rei deveria prestar contas a Deus e também ao povo”, acrescenta o especialista, que é advogado e doutor em Ciência Política.O tomismo é uma doutrina filosófica e teológica desenvolvida por São Tomás de Aquino que, entre outras coisas, considera lícito que governados se rebelem contra governantes quando estes se comportam como tiranos, desde que esgotadas as alternativas para resolver a situação.A forma como os membros da ordem fundada por Santo Inácio de Loyola realizavam sua obra evangelizadora pelo mundo também servia para atacá-los.“A Companhia considerou que as culturas alcançadas tinham um conjunto de elementos positivos que poderiam ser integrados ao ritual católico. (…) Isso gerou uma espécie de histeria por parte dos grupos conservadores, algo semelhante ao que aconteceu recentemente com a posição do papa Francisco sobre o uso do latim”, diz o jesuíta venezuelano Peraza.Muito independentesMartínez, por sua vez, dá outro motivo para a animosidade dos soberanos, principalmente dos espanhóis: a forma como os jesuítas estavam organizados, que impedia que fossem controlados como o resto da hierarquia católica.“Os reis tinham direitos sobre a Igreja e eram quem indicavam os bispos ao papa, mas isso não acontecia com os jesuítas. Essa falta de controle não agradava aos reis e seus conselheiros”, afirma.Em termos semelhantes, o professor de História da Universidade de Navarra, Jesús Mari Usunáriz, declara: “A Companhia não dependia dos estados, e se as monarquias e os estados suspeitavam dela, era por causa de seu quarto voto: o voto de obediência ao papa, que a colocava fora da jurisdição do estado”, diz.Peraza concorda que a independência da ordem foi outra das razões que levaram à sua supressão.“O povo esclarecido queria alcançar a independência dos estados nacionais contra a pretensão do Vaticano de exercer uma espécie de controle moral sobre eles e (...) perseguiam os jesuítas como espiões de Roma”, afirma.

O chamado motim do Esquilache, ocorrido na Espanha em 1766, foi usado pelos críticos da ordem - tanto conservadores quanto liberais - para convencer o rei Carlos 3° de que os seguidores do Santo Inácio estavam por trás desses eventos.

A revolta foi desencadeada por uma decisão controversa de um ministro (Leopoldo de Gregorio e Masnata, Marquês de Esquilache) de proibir capas e outras roupas tradicionais, como forma de combater a criminalidade, uma vez que as vestimentas longas supostamente ajudavam a esconder armas. A medida impopular, aliada ao alto custo de vida da época, desencadeou intensos protestos que obrigaram o monarca a deixar temporariamente Madri."Carlos 3° estava convencido de que os jesuítas tinham orquestrado os tumultos e temia por sua vida. E, por isso, não só os expulsou da Espanha e das colônias, como fez um pacto familiar pelo qual as Coroas Bourbon (Espanha, França, Nápoles e Parma) uniam forças para que, quando Clemente 13 morresse, fosse eleito um papa que se comprometesse a suprimir a Companhia de Jesus", explica Martínez.Salvos pela periferiaApós ameaçar romper com Roma, a aliança das monarquias Bourbon alcançou seu objetivo e o novo pontífice, Clemente 14, dissolveu a congregação.No entanto, na opinião dos especialistas, o papa não ficou convencido com a medida. Os pesquisadores apontam que o instrumento legal com o qual o papa suprimiu a ordem deixou uma brecha para a sua reintegração, algo que de fato aconteceu 41 anos depois.“Para que a súmula tivesse força de lei, deveria ser avalizada pelos diferentes monarcas onde seria aplicada”, explica Revuelta González.A recusa de Frederico 2° da Prússia e de Catarina da Rússia em endossar a decisão papal permitiu aos jesuítas continuar operando como se nada tivesse acontecido naqueles territórios.Cerca de 200 dos cerca de 22 mil jesuítas da época encontraram refúgio sob o manto de soberanos protestantes e ortodoxos."A czarina Catarina queria que os jesuítas continuassem administrando suas escolas e educando a nova classe dominante russa, a fim de competir com o resto das potências europeias", explica Peraza.Tanto os especialistas como a bibliografia consultada pela BBC apontam que os frades, monges e padres da Companhia de Jesus aceitaram as medidas contra eles sem oferecer resistência, apesar de centenas terem morrido quando foram expulsos das colônias americanas.O fato de o então superior geral, Lorenzo Ricci, ter sido preso e ter morrido nas masmorras de Castel Sant´Angelo, adjacente ao Vaticano, é prova da submissão à vontade do pontífice.Durante o tempo em que a ordem foi suprimida, sucederam-se a Revolução Francesa, as guerras napoleônicas e o início das guerras de independência da América Latina. A ressaca desses acontecimentos acabaria por facilitar o retorno da Companhia, em 1814, com a aprovação de Pio 7°."A Companhia renasceu num ambiente político e religioso marcado pela restauração. (...) Dinastias destronadas e antigas fronteiras foram restauradas. (...) O espírito racionalista parecia bater em retirada antes da recuperação do espírito religioso", escreve o jesuíta e historiador espanhol Manuel Revuelta González.O professor Usunáriz usa termos semelhantes e afirma: "A supressão da Companhia significou uma perda de poder para a Igreja, a meu ver. E com sua restauração a Igreja tentou recuperar um instrumento de influência social, política e cultural."Martínez aponta outras razões. “A supressão foi uma injustiça, uma decisão que não teve motivos canônicos ou magistrais, mas políticos”, diz.Na época da restauração da ordem, havia apenas 2.500 religiosos, a maioria deles já idosos.Lidando com o mitoApesar de sua restauração, os acontecimentos históricos fizeram com que os jesuítas continuassem a carregar uma espécie de estigma.Por sua vez, Peraza admite que nem sempre foi compreendido o modo como os seguidores de Santo Inácio realizam seu trabalho, nem dentro nem fora da Igreja.“Os jesuítas acreditam que a salvação não se consegue no convento, mas na medida em que tentamos transformar a realidade. Portanto, se o monarca ou governante pode mudar a realidade, então porque não tentar influenciá-lo?”, explica.



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (4):
01/11/1755 - Lisboa foi arrasada por um violento terremoto, seguido de tsunami
03/09/1758 - Tentativa de assassinato do Rei Dom José
01/03/1766 - Motim de Esquilache*
21/07/1773 - Papa Clemente XIV publicou o breve Dominus ac Redemptor noster, com o qual extingui os Jesuítas
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.