16 de julho de 2023, domingo Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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ASSINEVozesThiago BragaThiago BragaFoto de perfil de Thiago BragaEntender a história da guerra é entender a história dos homens. Uma nova coluna todo domingo.Por que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Thiago BragaPorThiago Braga16/07/2023 08:00Por que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?| Foto: wikimedia commonsOuça este conteúdoCristãos e muçulmanos estão frente a frente na decisiva Batalha de Ourique, a primeira da história portuguesa. Como dissemos nas últimas duas colunas, as informações a respeito dessa batalha são um pouco escassas e mais tardias. Contudo, alguns detalhes importantes chegaram até nós com alguma precisão, como por exemplo as armas e armaduras usadas por ambos os lados. Embora, obviamente, não seja possível sermos categóricos, podemos ter uma boa ideia do que tanto cristãos como muçulmanos no período tinham à sua disposição.Na metade do século XII, a esmagadora maioria dos guerreiros lutava a cavalo. Essa estratégia militar se tornou a mais famosa e usada pela nobreza europeia, uma herança deixada pelos templários. O cavalo era uma arma na mão do cavaleiro; e manuais militares como a Regra Latina, escrita já nesse período, ensinam as técnicas de como lutar assim. Na arte da guerra cavaleiresca, cavaleiros usavam lanças e espadas sobre o cavalo contra outros cavaleiros que usavam as mesmas armas, ou contra inimigos de infantaria mesmo. Diferentes dos mongóis, que, com seus pôneis endiabrados, tocavam o terror com seus arcos recurvos e leves. Quanto aos cavalos, armaduras para os pobres bichos no século XII eram inexistentes; no máximo, havia um tabardo pra identificar o cavalo e deixá-lo mais no "estilo".Muitos iam até sem armadura mesmo, só com o jaquetão e um capacete meia bocaPublicidadeAinda sobre os cavaleiros, eles usavam essencialmente a mesma armadura usada nas primeiras Cruzadas: grandes elmos e capacetes normandos eram a norma. Blusões de malha vestidos sobre jaquetões amorteciam o impacto e o peso da malha; e, por cima de tudo, o cavaleiro usava seu brasão de armas que o identificava no meio de tantos guerreiros. Aquelas lindas pinturas em suas túnicas tinham um significado apurado e especial, uma quase ciência artística, regida pelas leis da heráldica.Os guerreiros de infantaria também usavam cota de malha. Conseguiam por meio de saque após batalhas, ou compravam de segunda mão, e aí imaginamos que a qualidade não deveria ser tão boa assim. Na verdade, muitos iam até sem armadura mesmo, só com o jaquetão e um capacete "meia boca", e talvez (muito talvez) um escudo redondo ou um maior em forma de pipa, chamado de kite shield. Não preciso dizer que os nobres cavaleiros tinham todos esses itens; e todos da melhor qualidade.Nesse período as lanças eram as armas mais usadas porque eram as mais baratas e fáceis de fazer, além de serem bem eficientes. Mas as espadas eram muito presentes. Nessa época as espadas de uma mão eram as mais usadas, até porque o escudo era indispensável nesse período. Assim, as espadas tinham que ser de uma mão mesmo, usada na direita obrigatoriamente, enquanto a mão esquerda segurava o escudo. Ninguém tinha o direito de ser canhoto na Idade Média. Arqueiros também eram bem usados na Península Ibérica nessa época, por ambos os lados.Outro detalhe importante estava na alimentação: muita carne, peixe, pão, legumes... A alimentação, mesmo a dos pobres camponeses, era muito mais diversificada do que costumamos pensar. Eles comiam, e treinavam... E muito. Estudos mais recentes publicados por revistas especializadas na Idade Média, como a Journal of Medieval Military History, têm revelado por meio de crônicas e relatos da época como a Regra Latina dos templários influenciou a arte da guerra cavaleiresca, em conjunto com manuais de esgrima posteriores. A influência dos templários em toda a Europa Ocidental fez com que os cavaleiros por todo o continente adotassem seus hábitos de treino, cuidados com as armas e fervor religioso.Quanto aos mouros, eles sempre foram conhecidos por sua infantaria mais leve, tipicamente oriental. De acordo com o professor Martin Daugherty na sua obra The Medieval Warrior (O Guerreiro Medieval), os mouros de maneira geral estavam equipados com uma espada curta e curva, um escudo redondo menor e pouquíssima ou nenhuma armadura, e quando usavam, também era a cota de malha e um capacete cônico, com proteção nasal. De acordo com o professor, a infantaria mais leve permitia que os mouros fizessem ataques mais rápidos e desestabilizadores, mas ao mesmo tempo ficavam mais vulneráveis e tinham muito mais baixas nesses ataques contra a infantaria mais pesada europeia.PublicidadeAgora, os cavaleiros de Cristo e os soldados de Maomé estão prontos para começar a batalha que mudaria o destino da Península Ibérica, principalmente de um pequeno e frágil condado que mudaria o mundo, conhecido desde o Império Romano como Portus Cale.VEJA TAMBÉM:Como eram os cristãos da Península Ibérica antes da Reconquista?A batalha em que mãe e filho se enfrentaram por PortugalCatana japonesa X Espada longa europeia: Qual é a melhor?Foto de perfil de Thiago BragaThiago BragaThiago Braga é especialista em História da Guerra e Ciências Humanas: História, Filosofia e Sociologia pela PUCRS, Literatura Europeia e Língua Inglesa pela PUC Rio. Ele também é youtuber e criador dos canais “Brasão de Armas” e “Impérios AD”. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.veja + em Thiago BragaCOMPARTILHEPrincipais ManchetesPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Ala do PT quer manter Aras na PGR, mas procurador anti-Bolsonaro é favorito de LulaPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Lula compromete Base Industrial da Defesa ao negar venda de blindados para a UcrâniaPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?As mazelas da educação brasileiraPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Mercado financeiro prevê alta de 2,24% do PIB e inflação em 4,95% em 2023Publicidade+ na GazetaPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?“A esquerda quer acabar com tudo o que é tradição”, lamenta Índia Armelau sobre o festival de ParintinsPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Médica Raíssa Soares ameaça domínio do PT no NordestePor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Agronegócio do Brasil não se intimida com LulaPor que os guerreiros portugueses eram tão fortes na Idade Média?Os gastos do governo com viagens para o exterior: “é um deboche com o povo brasileiro”
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