Hans Staden: o alemão que o Brasil quase comeu, por Eduardo Vessoni, em viagemempauta.com.br
1 de julho de 2023, sábado Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
•
Que me perdoem o trocadilho antropofágico, mas ler os relatos das viagens de Hans Staden no Brasil é, no mínimo, delicioso.
Depois de encarar naufrágios em Santa Catarina e Itanhaém (SP), em 1550, esse viajante alemão foi feito refém pelos Tupinambá, indígenas brasileiros conhecidos pelos rituais em que os capturados eram comidos.
O perrengue canibal aconteceu na região de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, um ano antes de Hans Staden ter tentado ir para a Índia. Mas sua sina era mesmo escrever sua história em terras brasileiras.
Sua passagem pelo Brasil incluiria também Cabo de Santo Agostinho e Olinda, ambos municípios em Pernambuco, e um ataque a um navio francês na Paraíba.
A bordo de uma frota espanhola que pretendia ocupar novas terras no Rio da Prata, o alemão de Homberg viajou por seis meses em um mar “grande e muito extenso” e visitou destinos bem conhecidos do brasileiro.
Hans Staden passou por Superagui, no Paraná, e pela ilha de Santa Catarina, “onde o grande navio afundou” e a tripulação ficou perdida, antes de seguir em uma pequena embarcação até São Vicente, na atual Região Metropolitana da Baixada Santista.
“Ficamos dois anos na selva e sobrepujamos muitos perigos. Passamos muita fome, tivemos de comer lagartos e ratos de campo”, lembra Hans Staden, em seus escritos.
Em seu “Duas viagens ao Brasil”, publicado no Brasil pela L&PM, o alemão descreveu em detalhes locais como Ubatuba, Alcatrazes, arquipélago próximo a São Sebastião, e a Ilha de Santo Amaro, onde fica o atual Guarujá.
Após outro naufrágio próximo à aldeia portuguesa de Itanhaém, no litoral paulista, Hans Staden recebeu abrigo e um trabalho no forte de Bertioga, construção erguida pelos portugueses, aliados dos Tupiniquins, contra investidas dos inimigos Tupinambá que vinham do norte.Porém, ao sair em busca de alimento, o estrangeiro foi cercado pelos “selvagens”, que lhe atiraram flechas, deram golpes de lança e o deixaram nu.“Lá vem a nossa comida pulando”Nos noves meses seguintes, Hans Staden seria ameaçado de ser comido, quase que diariamente.“Mordiam-se nos braços para fazer-me entender de forma ameaçadora que iriam me comer”, descreve o alemão que, apesar de ter dito que era amigo dos franceses, aliados dos Tupinambá, foi confundido com um inimigo português.Mas as ameaças não paravam por aí.Os indígenas entoaram canções para mostrar suas intenções de devorar o estrangeiro, arrancaram seus cabelos e sobrancelhas, e dançaram ao seu redor, sob efeito de cauim, bebida alcoólica feita de milho usada nos rituais antropofágicos.E toda vez que o alemão questionava se não seria logo devorado, alguém dizia: “Ainda não”.Na aldeia vizinha do chefe Cunhambebe, Hans Staden, cujas pernas foram amarradas, teve que entrar aos pulos sob os gritos de “lá vem a nossa comida pulando”.Nos meses seguintes, Tupiniquins, portugueses e franceses até tentaram resgatar o prisioneiro, sem sucesso, mas o excesso de fé dos Tupinambá e as mentiras criadas pelo alemão lhe davam sobrevida e adiavam o seu fim.Problemas como chuvas devastadoras e a morte de índios por doenças trazidas pelos europeus eram atribuídos à ira do deus católico pelo sequestro do estrangeiro. Presenteado ao chefe de outra aldeia, Hans Staden foi resgatado por um navio francês sem nenhuma resistência dos “selvagens”.O livro de Hans StadenEssa e outras histórias de Hans Staden no Brasil estão no delicioso “Duas viagens ao Brasil” (L&PM Editores), considerado os primeiros registros sobre o Brasil e best seller desde que foi publicado na Europa, em 1557.Assim como lembra Eduardo Bueno, jornalista que assina a introdução do livro na edição brasileira, Hans Staden inspirou a arte modernista de Oswald de Andrade, em seu ‘Movimento Antropofágico’, o quadro ‘Abaporu’ de Tarsila do Amaral, e Cândido Portinari, na série “Portinari Devora Hans Staden”, com 26 desenhos feitos com nanquim bico de pena.O alemão é considerado também um grande contribuidor para a divulgação das primeiras imagens do Brasil, que no livro “Duas viagens ao Brasil” aparecem em forma de xilogravuras.E se tudo isso, ainda parecer exagerado, o próprio alemão recomenda:“Se houver um jovem homem para quem minha descrição e essas testemunhas não bastarem, então que empreenda ele mesmo com a ajuda de Deus esta viagem e as suas dúvidas se desvanecerão. Amém”.
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (3): 01/01/1530 - *“Estas ilhas (São Vicente e Santo Amaro), os portugueses crêem ficar no continente que lhes pertence, dentro da sua linha de partilha; eles porém se enganam 01/01/1530 - *Armada de Sebastião Caboto passa pela ilha de Santo Amaro 01/01/1550 - *Hans Staden naufraga em Itanhaém EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.