Dois cavalos que mudaram a História do Brasil, Laurentino Gomes, brasil.elpais.com
9 de janeiro de 2014, quinta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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A história do Brasil é repleta de personagens pitorescos e controvertidos, nos quais mitos e realidades se misturam para desafiar a compreensão de pesquisadores, estudantes e leitores da atualidade. Curiosamente, dois deles pertencem ao reino animal. São cavalos que participaram de momentos decisivos na construção do país – a Independência, em 1822, e a Proclamação da República, em 1889.
A mais conhecida cena da Independência é o quadro “O Brado do Ipiranga”, do pintor paraibano Pedro Américo. Nele, o então príncipe regente D. Pedro, futuro imperador Pedro I, aparece no alto de uma colina, de espada em punho e montado em fogoso alazão. Na imagem oficial, seria dessa maneira que o herdeiro da coroa portuguesa teria pronunciado a célebre frase “Independência ou Morte”, marca do rompimento definitivo entre a colônia e sua antiga metrópole encenada no final da tarde de Sete de Setembro de 1822.
Depoimentos da época, no entanto, desmentem essa visão épica. Nas suas memórias, escritas anos mais tarde, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro Barão de Pindamonhangaba, se refere ao animal como uma “baia gateada”. Outra testemunha, o padre mineiro Belchior Pinheiro de Oliveira, cita uma “bela besta baia”. Ou seja, uma égua ou mula de carga sem nenhum charme, porém forte e confiável. Era esta a forma correta e segura de subir a Serra do Mar naquela época de caminhos íngremes, enlameados e esburacados.
O mesmo coronel Marcondes também confirma que, na hora do famoso Grito do Ipiranga, D. Pedro enfrentava um constrangedor problema intestinal. Em outras palavras, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios é desconhecida. Acredita-se que tenha sido algum alimento mal conservado ingerido no dia anterior em Santos, no litoral paulista, ou a água contaminada das bicas e chafarizes que abasteciam as tropas de mula na Serra do Mar. Em suas memórias, Marcondes usou um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para “prover-se” no denso matagal que cobria as margens da estrada.
Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto pela lama e a poeira do caminho, às voltas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que D. Pedro proclamou a Independência do Brasil. A cena real é bucólica e prosaica, mais brasileira e menos épica do que a retratada no quadro de Pedro Américo. E, ainda assim, importantíssima. Ela marca o início da história do Brasil como nação independente.
O segundo cavalo importante da história brasileira também é personagem de um quadro famoso, de autoria do pintor Henrique Bernardelli, que celebra a Proclamação da República em Quinze de Novembro de 1889. E também nesse caso há controvérsia em torno do personagem equino.
Nas horas que antecederam a queda da monarquia brasileira, o marechal alagoano Manoel Deodoro da Fonseca estava gravemente enfermo. Passava o tempo todo na cama. Ao visitá-lo, o advogado Francisco Glicério, de Campinas, interior de São Paulo, ficou impressionado com seu aspecto ao vê-lo às voltas com uma crise de dispneia, falta crônica de ar produzida por arteriosclerose. Atirado sobre o sofá, envolto em um roupão, o marechal sequer reunia condições para vestir a farda. O peito arfava e ele mal conseguia falar.
O estado de saúde de Deodoro espalhou o pânico entre as lideranças republicanas. Temia-se que morresse a qualquer momento. Sem o marechal, revolução não teria qualquer chance de sucesso. Naquele momento, era ele o único chefe militar com autoridade suficiente para erguer a espada contra o Império.O dia Quinze de Novembro estava amanhecendo quando Deodoro recebeu a notícia de que, mesmo sem ele, as tropas do exército haviam se rebelado contra o governo e marchavam do bairro de São Cristóvão para o centro do Rio de Janeiro. Eram comandadas pelo tenente-coronel João da Silva Telles, tendo ao lado o tenente coronel e ídolo da mocidade militar Benjamin Constant Botelho de Magalhães.
Fraco e cambaleante, Deodoro vestiu a farda, pediu que colocassem o selim de sua montaria dentro de um saco e tomou uma charrete em companhia do alferes Augusto Cincinato de Araújo, seu primo, para ir se encontrar com as tropas do exército. Na Rua Senador Eusébio, altura do Gasômetro, viu as forças sublevadas que vinham na direção contrária. Como ainda se sentia muito debilitado, continuou de charrete o restante da jornada.Ao chegar próximo do Campo de Santana (atual Praça da República, em frente à estação da Central do Brasil), o marechal pediu para montar a cavalo, apesar dos protestos dos oficiais, temerosos de que o velho comandante não tivesse forças para se manter sobre o animal. Por precaução, o alferes Eduardo Barbosa cedeu-lhe o cavalo baio número 6, considerado o menos fogoso na tropa do Primeiro Regimento de Cavalaria. E foi com esse cavalo que Deodoro depôs o imperador Pedro II.Herói involuntário de uma escolha casual, o pacato animal seria também o primeiro beneficiário da república brasileira. Aposentado do serviço militar por serviços relevantes prestrados ao novo regime, passaria o resto dos seus dias sem fazer nada, vivendo confortavelmente no estábulo do seu quartel no Rio de Janeiro. Anos mais tarde, ao recordar o episódio enquanto posava para o quadro de Henrique Bernardelli em que aparece sobre o animal, de quepe na mão, proclamando a República, Deodoro diria:– Vejam os senhores, quem lucrou no meio de tudo aquilo foi o cavalo!Laurentino Gomes é escritor e jornalista, autor dos livros 1808, sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República.
Croqui do Peabiru na América do Sul Data: 01/01/2012 Créditos/Fonte: Andressa Celli Baseado em: Bond, 2011(mapa
ID: 6202
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1954 - *O monumento ao Tropeiro, doado à cidade pelo conde Francisco Matarazzo EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.