Fogo em Borba Gato reacende debate sobre o que fazer com monumentos contestados, vejasp.abril.com.br
30 de julho de 2021, sexta-feira Atualizado em 26/10/2025 03:08:41
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Destruir, levar para museu ou incluir placas que expliquem sobre sequestros, assassinatos e estupros? Na terça (27), de manhã, com uma mangueira a jato e desengraxante, um funcionário ligado a uma empresa contratada pela prefeitura se esforçava para remover a fuligem da Estátua de Borba Gato, em Santo Amaro.
Perto de seus pés, encontrava-se um ramalhete de flores, deixado no domingo (25). Não se sabe se como um gesto de ironia ou de solidariedade ao que ocorreu no dia 24, quando o monumento, de aproximadamente 13 metros de altura, incluindo o pedestal, foi incendiado por um grupo de cerca de vinte pessoas.
“Foi tudo muito rápido, eles chegaram em um caminhãozinho daqueles de frete, desceram, jogaram pneus e atearam fogo”, relata um frentista de um posto de gasolina em frente ao local onde se deu a ação, em uma das faixas da Avenida Adolfo Pinheiro.
“Os clientes chamaram a polícia, ficaram com medo do que viram e de o fogo chegar até aqui”, acrescenta o funcionário, que prefere não ser identificado. Entre as chamas e a fumaça escura que tomaram conta do lugar por volta das 13h30, era possível ler em uma faixa alaranjada uma mensagem do grupo: “A periferia vai descer e não vai ser Carnaval”.
No clima de discussão que se formou depois, estavam a estátua, que perdeu o revestimento de sua base e teve suas botas e vestes chamuscadas, e internautas com opiniões contrárias. Um lado chamava os manifestantes de “vândalos, criminosos”. O outro, de “heróis, revolucionários”. Nas palavras de um dos integrantes da ação, o entregador de aplicativo Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Galo, que se apresentou voluntariamente à polícia na quarta (28), o que o grupo queria era abrir um debate sobre a história de um genocida. Galo e sua mulher chegaram a ter a prisão decretada nesse mesmo dia.
Não é a primeira vez que a Estátua de Borba Gato, inaugurada em 1963 e assinada pelo escultor Júlio Guerra (1912-2001), sofre investidas. Em 2020, de forma artística, ganhou a companhia de réplicas de crânio, em uma intervenção do Grupo de Ação. Em 2016, a peça de 20 toneladas de concreto, revestida de pastilhas de basalto e mármore e que tem na estrutura trilhos de bonde, recebeu um banho de tinta colorida. O mesmo ocorreu com o Monumento às Bandeiras, do ítalo-brasileiro Victor Brecheret (1894-1955), no Parque Ibirapuera, que, em 2013, também foi marcado por pigmento vermelho. O que unia os manifestantes nas diferentes datas e lugares? Uma contestação às homenagens aos bandeirantes. Manuel de Borba Gato era um deles, viveu entre 1649 e 1718. Segundo Vida e Morte do Bandeirante, o livro de Alcântara Machado lançado em 1929, esses expedicionários exploravam territórios no interior do país, então colônia, nos séculos XVI e XVII, capturando e escravizando indígenas e negros e estuprando e traficando mulheres.
Acerca do questionamento dessas figuras, o professor do Departamento de História da USP Carlos Bacellar diz: “Com o tempo, a sociedade vai mudando e esses heróis do passado vão sendo reavaliados. O Duque de Caxias é o patrono do Exército, por exemplo. Um símbolo para militares. Claro, agia em nome da monarquia, reprimia rebeliões, matava quem se opunha”. Sobre a retirada de estátuas, ele pondera: “Tirar ou não tirar, para mim, é secundário. O mais importante é contextualizar. Se você perguntar a alguém quem foi Borba Gato, ninguém vai saber. Era preciso, mas o poder público não faz, colocar uma placa ao lado da peça e explicar quem foi aquele personagem, o que fez e como é visto hoje”.Artista e também professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, Giselle Beiguelman traça um panorama dessa onda contra monumentos. Ela diz que é possível falar de urban fallism, em inglês, ou derrubacionismo, em português. O termo remete ao pedido de estudantes para a remoção de uma estátua de Cecil Rhodes (1853-1902) do câmpus da Universidade de Cidade do Cabo, na África. O britânico foi figura atuante na colonização daquele continente. Os alunos foram atendidos. Isso, em 2015, cinco anos antes da morte de um homem negro norte-americano, George Floyd, em Minneapolis, Estados Unidos, por um policial branco, o que deflagrou protestos como em Bristol, na Inglaterra, onde houve a derrubada de uma escultura em homenagem a Edward Colston (1636-1721), traficante de pessoas escravizadas.O furor causado pela retirada à força das imagens é, contudo, um sintoma de algo maior. “Grupos sociais invisibilizados pela história oficial, em termos de nomeação de monumentos e de ruas, vêm reivindicando o direito de expressar suas narrativas”, explica Giselle, que reforça que os modos de atuação são variados e passam também por novos campos de pesquisa acadêmica, práticas artísticas e criação de formas diferentes de ocupação do espaço público. Há ainda outras soluções: “A Alemanha retirou monumentos nazistas e os colocou em um museu em Spandau, cidade próxima a Berlim. São peças com as quais a população judaica não pode conviver. É nessa faixa que a gente tem de entender a revolta dessas etnias que foram massacradas por bandeirantes”.Em São Paulo, a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) criou o projeto de lei nº 404/2020 que visava à proibição de homenagens a escravocratas e a transferência dessas estátuas para museus. O voto do relator, Gilmaci Santos (Republicanos), apontou vício de iniciativa, o que significa que a proposição deve ser feita pelo Poder Executivo, seja pelo prefeito, seja pelo governador do estado. Em âmbito federal, segue em tramitação iniciativa semelhante na Câmara dos Deputados, o PL 5296/2020, de Talíria Petrone (PSOL). Enquanto sua apreciação não é feita, o Borba Gato segue, a salvo agora, guardado 24 horas por viaturas da Polícia Militar. E esperando a sua restauração, prometida por um empresário da cidade.Personagens em revisãoA estátua de Diogo Feijó faz parte do Monumento à Independência, no Parque Ipiranga. O primeiro regente do Império era a favor da abolição, mas mantinha pessoas escravizadas.A peça em homenagem ao médico Luiz Pereira Barreto está na Praça Marechal Deodoro. De acordo com a professora Angela Alonso, ele era contra a abolição imediata da escravatura.O Monumento ao Duque de Caxias fica na Praça Princesa Isabel, nos Campos Elíseos. Pela dizimação de grupos indígenas e negros contra a monarquia, consta em uma lista de estátuas problemáticas, feita pelo Coletivo Negro de Historiadores Teresa de Benguela.
Estátua de homenagem a Borba Gato em chamas Data: 27/07/2021 Créditos/Fonte: Gabriel Schlickmann Tentativa de retirada à força
ID: 13567
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (3): 28/08/1682 - Borba Gato "empurra" Rodrigo de Castelo Branco num "sumidouro" (buraco de mina) 01/01/1929 - *Vida e morte do bandeirante, 1929. José de Alcântara Machado 01/01/1963 - *Inaugurada a Estátua de Borba Gato, obra assinada pelo escultor Júlio Guerra (1912-2001) EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.