Quem foi Lilith, “primeira mulher de Adão”, e por que ela renunciou ao Paraíso. Autor: Dalia Ventura. Fonte: Role, BBC News Mundo
20 de março de 2023, segunda-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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"Quem é aquela?" "Olhe bem, é Lilith." "Quem?"
"A primeira mulher de Adão. Não se apaixone por seu cabelo lindo, por mais que seja um rico adorno que contribui para a sua beleza, porque quando ela usa para alcançar um jovem, ela nunca o solta”.
Assim disse Mefistófeles a Fausto no magistral drama teatral de Johann Wolfgang Von Goethe de 1808, uma descrição com a qual a própria Lilith não concordaria muito.
Ao longo dos séculos, diversos relatos a retrataram como tendo sido a "primeira mulher do Paraíso". Mas, ao contrário de Eva, não foi criada de Adão ou para Adão. E Lilith estava muito consciente disso.Sua história foi se modificando de uma tímida lenda para a de uma heroína. Ela inspirou desde encantamentos e exorcismos até literatura e música, e hoje em dia caminha livremente pelo mundo dos videogames.
A mulher desaparecida
No contexto da Bíblia, Lilith nasceu de um vazio. Seu nome aparece apenas uma vez, no 14° do 34° capítulo de "Isaías":
"Os gatos selvagens se juntarão a hienas, e um sátiro clamará ao outro; ali também repousará Lilith e encontrará descanso."
Mas nos manuscritos do Mar Morto, o testemunho mais antigo do texto bíblico encontrado até agora, Lilith também aparece na Canção para um sábio, um hino possivelmente usado em exorcismos.
Apesar das poucas menções, para os judeus, a Torá – os Cinco Livros de Moisés ou o Pentateuco do Antigo Testamento para os cristãos – é a fonte para a interpretação das principais leis e da ética, já que é considerada uma forma de revelação divina para a humanidade.
E há um fragmento no Gênesis (1:27) que suscita muitas dúvidas e várias interpretações: "E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e disse: frutificai e multiplicai-vos".
Isso ocorre no sexto dia da Criação. No sétimo, Deus descansou. Mais adiante, conta que ele colocou "o homem que havia se formado" no Éden, e só depois...
2:18 "E disse Jeová Deus: Não é bom que o homem esteja sozinho; darei uma ajuda idônea a ele.”
2:21 "E Jeová Deus fez um sono profundo cair sobre Adão, e ele adormeceu. Então ele pegou uma de suas costelas e fechou a carne em seu lugar;
2:22 e da costela que Deus tomou do homem, fez uma mulher e a levou ao homem”.
O que aconteceu com aquela fêmea criada no sexto dia?
Da Babilônia para a Bíblia
Uma interpretação é que esse primeiro ser criado era andrógino, uma criatura que era simultaneamente homem e mulher e foi separada depois.Outra leitura é de que houve duas Evas: Adão não gostou da primeira e Deus a substituiu por outra.Embora esta última versão tenha surgido cedo, a associação com Lilith demorou a aparecer, apesar de ela já estar viva no imaginário da região pelo menos um milênio e meio antes de a Bíblia começar a ser escrita (séculos 6-5 a.C).A menção mais antiga ao seu nome aparece na Epopeia de Gilgamesh – a mais antiga obra épica escrita – e em A Árvore Huluppu, um poema épico sumério encontrado em uma tabuleta em Ur que remonta a aproximadamente 2 mil a.C.Como escreveu a especialista em literatura bíblica Janet Howe Gaines, "suas origens obscuras estão na demonologia babilônica, onde amuletos e encantamentos eram usados para neutralizar os poderes sinistros deste espírito alado que atacava mulheres grávidas e bebês"."Lilith logo migrou para o mundo dos antigos hititas, egípcios, israelitas e gregos", diz Gaines.Isso provavelmente explica por que no Livro de Isaías ela aparece sem nenhuma apresentação: uma indicação de que o escritor confiava que os leitores a conheciam.Também foi mencionada no Talmude da Babilônia (escrito por volta o ano 500), uma coletânea de discussões, relatos de grandes rabinos e meditações sobre passagens da Bíblia.
Essa Lilith talmúdica tinha, como a babilônica, cabelos longos e asas, e encarnava práticas sexuais consideradas insalubres.
Outros textos posteriores que incorporam Lilith na história da criação, como o Zohar, escrito por volta de 1300 na Espanha, um dos dois livros fundamentais do pensamento místico judaico conhecido como a Cabala.
O texto afirma que essa criatura andrógina inicial foi dividida, criando seres humanos distintos: o homem, Adão, e a mulher, "a Lilith original, que estava com ele e concebeu dele".Quando viu Adão com sua rival Eva, em um ataque de ciúmes, ela foi embora, transformando-se em um súcubo que seduzia homens solitários e roubava seu sêmen para gerar crianças demoníacas, deixando-as infectadas com doenças.Mas foi um texto anônimo escrito em algum momento entre os séculos 8 e 10 que acrescentou mais detalhes sobre esse primeiro relacionamento.
Diferenças irreconciliáveis
No Alfabeto de Ben Sirá, Lilith é a protagonista de um episódio que conta que quando Ben Sirá foi atender o filho doente do rei Nabucodonosor da Babilônia, inscreveu em um amuleto os nomes dos três Anjos da Saúde: Senoy, Sansenoy e Semangelof.
Quando Nabucodonosor perguntou quem eram os anjos mencionados no amuleto, Ben Sirá contou que pouco depois de Deus criar o homem, Adão, e a mulher, Lilith, eles começaram a discutir.Lilith: "Não me deitarei por baixo."Adão: "Não me deitarei debaixo de ti, mas acima de ti, porque és apenas digna de estar na posição inferior enquanto eu, na superior."Lilith: "Somos iguais, pois ambos fomos criados da terra."Quando Lilith se deu conta de que não chegariam a um acordo, ela pronunciou o Tetragrama – as sílabas sagradas do nome inefável de Deus – e voou para longe.Adão orou ao seu Criador e disse: "Senhor do Universo, a mulher que me deste fugiu de mim!"Deus então enviou os três anjos para dizer a ela que, se não voltasse, cem de seus filhos morreriam diariamente.Lilith, no entanto, se recusou e disse que havia sido criada para "fazer adoecer as crianças: se são meninos, do nascimento até o oitavo dia de vida terei poder sobre eles; se são meninas, desde o nascimento até o vigésimo dia".Mas ela jurou que cada vez que visse nos bebês os nomes ou imagens dos anjos em um amuleto, não lhes faria mal.Essa é a versão mais conhecida da passagem de Lilith pelo Paraíso. E a mais polêmica.Isso porque muitos estudiosos não reconhecem O Alfabeto de Ben Sirá como uma representação do pensamento rabínico.
Alguns até o consideram uma peça deliberadamente satírica que zomba da Bíblia, do Talmude e de outras exegeses rabínicas, pois sua linguagem é muitas vezes vulgar e seu tom, irreverente.O relato de Lilith em si leva a debates sobre mitologia versus história, textos sagrados e adições não sagradas, assim como a discussões polêmicas entre aqueles que veem a Bíblia como a palavra de Deus e os que a veem como parte do rico acervo cultural universal que admite não só uma história de origem, mas muitas outras.Mas se lembrarmos que estamos percorrendo os caminhos de histórias antigas, a versão de Ben Sirá tem um valor particular.Embora a segunda parte dessa narrativa restabeleça Lilith como o demônio alado, a disputa em que Adão se recusa a admitir que são iguais apresenta uma mulher que se rebela contra a "ordem natural".Uma mulher que preferiu renunciar ao Paraíso em vez de seus direitos; e mais, que foi viver no Mar Vermelho, o mesmo que se abriu para libertar os judeus da escravidão.Tudo isso no início do período Medieval.
Essas poucas linhas do relato de Ben Sirá explicavam por que Eva foi então criada da costela de Adão e instruída a obedecê-lo.Mas além disso, por que Lilith passou de um demônio tão temível a um ícone do feminismo.Por milênios, Lilith tem continuado a voar pelo mundo com essas asas que ganhou quando não pôde ser igual, refletindo a visão que sucessivas gerações têm da mulher.Uma mostra é o soneto que o poeta e pintor Dante Gabriel Rossetti escreveu no século 19 para acompanhar a seu admirado quadro Lady Lilith.
"Imóvel permanece; jovem, enquanto o mundo envelhece; e, delicadamente ensimesmada, atrai os homens a contemplar a rede brilhante que tece, até que seu coração e corpo e vida com ela fiquem presos."
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.