Mãe, mestra e guia: uma análise da iconografia de Santa´Anna, Maria Beatriz de Mello e Souza
2002 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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*Primeiro poema escrito na América portuguesa, obra-prima de José de Anchieta
O tema da vida de Maria inspirou a primeira manifestação conhecida da devoção a Sant’Anna no Brasil. Trata-se do primeiro poema escrito na América portuguesa, obra-prima de José de Anchieta (Tenerife, 1534 —Espírito Santo, 1597). Foi composto em 1563, ano da conclusão do Concílio de Trento, que tentava frear o culto de Sant’Anna.
A obra começa coma concepção de Maria. Graças à pureza de sua filha, Anna deu à luz sem dores. O jesuíta exalta todas as funções maternais que Anna assumiu,mesmo as mais comuns, como a amamentação. Os papéis mais importantes de Sant’Anna foram a concepção de Maria, sua educação e sua preparação ao voto de virgindade, ao ser consagrada no Templo.
O valor do poema, além da propagação pioneira de certas idéias teológicas no Brasil, é ode traduzi-las em um modelo de comportamento para os fiéis, onde as virtudes da virgindade e da castidade ganham relevo. Embora o maior religioso da colônia pregasse a contemplação e a imitação da “imagem” de Maria, seu manuscrito em latim dificilmente poderia ser divulgado entre os leigos. As artes visuais iriam se encarregar da criação de imagens que fossem eloqüentes em sociedades majoritariamente analfabetas, como as da América portuguesa.Dois aspectos físicos indicam o papel da imagem como objeto de culto. O primeiro concerne aos olhos de vidro presentes nas esculturas maissofisticadas. A verossimilhança do olhar da figura de devoção era um aspecto essencial para que a escultura pudesse comover o fiel, de acordo comas diretrizes da Contra-Reforma. Ademais, os orifícios nas cabeças esculpidas revelam que Anna e Maria eram adornadas com coroas e resplendorestípicos da cultura barroca ibero-americana. Podiam ser feitos em metaispreciosos e doados como ex-votos. O afeto que permeava a comunicaçãopelo olhar e o adorno revela a razão de ser da escultura: aproximar o fiel deSant’Anna.O objetivo deste estudo é compreender a iconografia da imagem à luzdesta sua função cultural: ser um objeto de devoção. A história das idéiaselucida as metáforas atribuídas a Anna, centradas nos papéis de mãe educadora e esposa santa. A primeira parte do texto trata da iconografia dasSantas Mães (figura 1) e a segunda da devoção a Sant’Anna nas Minas Gerais.A terceira parte analisa a iconografia de Sant’Anna Guia e Sant’Anna Mestra (figura 2). Em Minas, Anna foi representada sobretudo como Mestracujo atributo essencial é o livro.Sant’Anna, Mãe de MariaO culto da Virgem Maria tornou-se importante no Ocidente a partirdo século XII, com a valorização da genealogia e da infância de Cristo.Anteriormente, o Cristianismo era centrado nas figuras de Cristo adulto ede santos. Maria tornou-se uma figura de destaque, em particular na Europa católica e na América Latina. A mariologia passou a desenvolver ostemas da vida da Virgem.O primeiro episódio da vida de Maria foi sua concepção no ventre desua mãe, Sant’Anna. Uma festa conhecida como a “Concepção de Anna”era celebrada em Constantinopla desde meados do século VIII e no Ocidente um século mais tarde.1 A devoção a Sant’Anna era estreitamente vinculada a este papel de concepção da Virgem.Anna e seu esposo Joaquim são figuras ausentes das Escriturascanônicas. Seus nomes são documentados pela primeira vez em um evangelho apócrifo composto no século II. O Evangelho de Tiago, ou evangelho da infância da Virgem e de Cristo, é o que mais fala da concepção deMaria.2 Ele conta como Anna e Joaquim viram suas ofertas recusadas noTemplo por causa da esterilidade do casal, considerada uma maldição nojudaísmo. Após a separação do casal e muitas orações, o anjo exorta-os a seencontrarem na Porta Dourada de Jerusalém onde Maria seria concebidapelo abraço dos dois. O Evangelho de Tiago foi muito difundido no Ocidente em livros hagiográficos, na liturgia e na iconografia.O tema da vida de Maria inspirou a primeira manifestação conhecidada devoção a Sant’Anna no Brasil. Trata-se do primeiro poema escrito naAmérica portuguesa, obra-prima de José de Anchieta (Tenerife, 1534 —Espírito Santo, 1597). Foi composto em 1563, ano da conclusão do Concílio de Trento, que tentava frear o culto de Sant’Anna. A obra começa coma concepção de Maria. Graças à pureza de sua filha, Anna deu à luz semdores.3 O jesuíta exalta todas as funções maternais que Anna assumiu,mesmo as mais comuns, como a amamentação. Os papéis mais importantes de Sant’Anna foram a concepção de Maria, sua educação e sua preparação ao voto de virgindade, ao ser consagrada no Templo. O valor do poema, além da propagação pioneira de certas idéias teológicas no Brasil, é ode traduzi-las em um modelo de comportamento para os fiéis, onde as virtudes da virgindade e da castidade ganham relevo. Embora o maior religioso da colônia pregasse a contemplação e a imitação da “imagem” deMaria, seu manuscrito em latim dificilmente poderia ser divulgado entreos leigos. As artes visuais iriam se encarregar da criação de imagens quefossem eloqüentes em sociedades majoritariamente analfabetas, como asda América portuguesa. [p. 2, 3 do pdf]
Sant’Anna, a raiz“Que a raiz seja Santa Anna,Maria Santíssima a vara, e Christo Bem nosso a flor”.João Evangelista, 17394A história da iconografia de Sant’Anna segue os passos da história dasidéias religiosas e do culto. No Ocidente, a partir do século XII, a iconografia de Anna torna-se mais complexa, podendo abarcar formas alegóricas e narrativas. Os principais temas representados são os papéis de Anna e Joaquim como progenitores na genealogia messiânica, mesmo quando afigura de Maria está ausente. Estes papéis já eram predestinados no pensamento de Deus, como indica o tema iconográfico Anna [e Joaquim]contempla[m] em êxtase a imagem de sua filha já santificada por Deus antesde ser concebida, do qual conhecemos raras variantes dos séculos XVIe XVIIno mundo luso-brasileiro.Os artistas podiam representar os pais de Maria para evocar a sua concepção. Trata-se de uma alegoria, quer dizer, de uma representação que evocauma realidade outra5. Alguns temas alegóricos eram baseados no Evangelho de Tiago, como o encontro de Anna e Joaquim na Porta Dourada deJerusalem. A Contra-Reforma veio a desvalorizar este tema na arte; Inocêncio XI chegou a bani-lo em 1677.Outros temas alegóricos evocam a genealogia messiânica de forma aprivilegiar os avós de Cristo. O tipo iconográfico mais alegórico da figurade Anna encontra-se em variantes da Árvore de Jessé (inspirado em Isaías11:1-2). Ele representa uma árvore que sai do tórax ou da orelha de Jessécom figuras em número variável. Na sua origem, no século XII, este tipoiconográfico era cristológico. Às vezes, os profetas da Encarnação eram representados dos dois lados da árvore. Sobre os galhos há reis que foramancestrais de Cristo. No alto da árvore se situa a Virgem, e no galho superior seu Filho. Em algumas variações posteriores, o tipo iconográfico tornou-se mariológico. Ressaltava-se a genealogia da Virgem mais do que a deseu Filho, que era excluído. Neste caso, os pais de Maria ganham destaque:há árvores compostas apenas com Anna e Joaquim. Apesar de restringidapela Contra-Reforma, a iconografia da Árvore de Jessé ainda inspirou obrasem Portugal. No Brasil, no entanto, ela é muito rara.6As Santas MãesO quam pulcra estcasta generatio cumclaritate.(“Festo S. Annae Matris”, 1760)7Como a “gloriosa matriarca” era mais valorizada do que o “gloriosopatriarca” — termos encontrados nos textos da Contra-Reforma para invo [p. 3, 4 do pdf]
Sant’Anna, protetora das Minas Gerais e de seusdesbravadoresSant’Anna “he a mysteriosa Arca, que teve em si a MariaSantíssima, urna de ouro”.Frei Francisco da Madre de Deus, 179811Os eclesiásticos foram os primeiros propagadores da devoção à mãede Maria na América portuguesa. No século XVIIII, seus gestos e suas idéias indicam que esta devoção se intensifica. Por exemplo, em 1759, a pedidodo bispo Antonio do Desterro, Clemente XIII proclama Sant’Anna padroeira do Rio de Janeiro. Em 1782, Pio VI declara Sant’Anna “padroeira eprotetora” de São Paulo. As publicações setecentistas do clero brasileiro eportuguês testemunham a vitalidade da devoção a Sant’Anna. Havia livrosque abordavam sua vida e seus milagres,12 outros de natureza mística,13bem como modelos para sua novena.14Em Portugal e no Brasil, Sant’Anna foi objeto de vários sermões, umgênero literário enriquecedor para a cultura barroca e essencial para os propósitos da Contra-Reforma. Um tema de destaque na parenética era o papel de Sant’Anna como “o tesouro escondido no campo” da parábola sobreo reino dos céus (Mateus 13). Esta parábola deve ter sido particularmenteeloqüente em Minas, pois ela evoca o homem que, tendo achado o tesouro, vende tudo que possui para comprar o campo onde ele se encontra.Havia também uma analogia entre Anna e o campo que contem o tesouro.“A pureza é um tesouro escondido”:15 quando Sant’Anna oferece Maria aoTemplo, o voto de virgindade da filha representa o tesouro escondido damãe. Em 1646, este gesto é imitado pelos pais da noviça Anna Maria, quando deixam seu tesouro para tornar-se Clarissa no Mosteiro de Sant’Annano dia da festa da padroeira. O dote da religiosa é composto de seus trêsvotos: a obediência é uma “pérola” (Sant’Anna é comparada ao mar) e acastidade é “o tesouro do Evangelho”.A exegese bíblica e o imaginário vieram reforçar a mesma idéia e darlhe uma tradução na prática. Sant’Anna tornou-se padroeira de mineradores— tradição já corrente na Espanha — e de “moedeiros”. Assim como asminas, Anna escondia ouro em seu ventre: Maria Imaculada. A analogiateve ressonância no mundo rural das Minas Gerais, alvo das esperanças quecolonizadores nutriam há séculos. No âmbito urbano, os moedeiros realizavam festas anuais em homenagem a Sant’Anna. O sermão pregado nafesta dos moedeiros na catedral de Salvador — bem como aquele pregadotrês anos antes na Sé de Lisboa — é fundado na analogia entre Anna e otesouro do evangelho.16 [p. 6, 7]
Vejamos dois exemplos de leigos que também associavam Anna aotesouro bíblico. Em 1770, o governador de São Paulo — capitania que muito contribuiu para o povoamento de Minas — exprimiu sua gratidãopela descoberta de ouro a Sant’Anna, homenageando-lhe em grandes festas. É notável o testemunho documentado por uma escrava que se prostituía em Minas, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz (1719 — após 1765).
Ao converter-se, Rosa tornou-se devota de Sant’Anna e sua família e criouum rosário no qual — assim como no rosário mariano — quinze mistériosda vida de Sant’Anna eram meditados. Em um deles, a mãe de Maria “eracofre em que o Altíssimo depositou o tesouro da pureza suma, sem misturanem macula, a Virgem Intacta”.17 A experiência religiosa desta alforriadaera composta de conhecimentos teológicos sofisticados, idéias populares,manifestações de afeto e visões típicas da cultura barroca.18
Em Minas Gerais, capelas foram consagradas a Sant’Anna desde oinício do povoamento. No culto como na iconografia, a “gloriosa matriarca”ocupava uma posição de destaque em relação a seu esposo. Por exemplo,entre os 52 padroeiros de irmandades, Anna foi a sétima; havia uma únicairmandade dedicada a Joaquim.19 Entre os 33 padroeiros de 74 paróquias,Anna foi a terceira mais importante.O “glorioso patriarca” Joaquim era, em geral, associado a sua esposa.Ainda no século XVIII, insistiu-se para que Joaquim fosse apresentado comoo único esposo de Anna, contrariamente à lenda difundida nos séculos XVe XVI segundo a qual ela teria tido três maridos.20 Tratava-se de uma precaução prudente para que Anna e Joaquim pudessem se tornar um modelo para doutrinar uma sociedade onde a bigamia era freqüente.21 Evocarlaços familiares de Sant’Anna além daqueles com Maria e Joaquim era razão para ser denunciado ao Santo Ofício da Inquisição.22Assim, compreende-se por que a esposa de Joaquim é invocada como“protetora das viúvas” em uma litania anotada por Rosa Egipcíaca. A ladainha invoca suas virtudes e seu papel em relação aos homens da sagradafamília:“Sant’Anna, espelho de obediência, ora pro nobis !Sant’Anna, espelho de paciência, ora pro nobis !Sant’Anna, proteção das viúvas, ora pro nobis !Sant’Anna, mulher forte, ora pro nobis !Sant’Anna, avó de Cristo, ora pro nobis ! [p. 7, 8]
\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\29231yf.txt ME|NCIONADOS• Registros mencionados (2): 06/05/1563 - Confederação dos Tamoios, oferecendo-se Anchieta como refém dos tamoios em Iperoig 01/01/1782 - *Pio VI declara Sant’Anna “padroeira e protetora” de São Paulo EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.