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Como e porque o mapa de Piri Reis não prova que fomos visitados por alienígenas. CARLOS ORSI
    15 de junho de 2015, segunda-feira
    Atualizado em 14/11/2025 19:42:01





De todos os artefatos criados pela humanidade, talvez apenas a Grande Pirâmide de Gizé tenha sido mais abusada por promotores de teorias pseudo-históricas do que o mapa de Piri Reis de 1513. Nos quase 100 anos desde que o único fragmento restante desse mapa foi descoberto na Turquia, inúmeros livros, filmes e documentários foram produzidos para tentar convencer o público de que a carta tem uma precisão quase sobrenatural, inexplicável com base nos conhecimentos geográficos da época em que foi desenhada.

Dependendo do autor citado, essa assombrosa precisão só pode ser explicada se o autor do mapa, o almirante otomano Muhiddin Piri (1465?-1554), tivesse tido acesso a informações produzidas por uma supercivilização perdida, por alienígenas ou, claro, por uma supercivilização perdida com a ajuda de alienígenas. Entre essas hipóteses dividem-se nomes como Jacques Bergier (do popular, ainda que comicamente equivocado, “Despertar dos Mágicos”), Charles Hapgood (cujo livro “Maps of the Ancient Sea-Kings” influenciou praticamente todos os autores que vieram depois) e o indefectível Erich von Däniken.

O mapa de 1513, que mostra a América do Sul, o Caribe e América Central, além de parte da costa ocidental da Europa e da África, tem muita coisa de interesse para o historiador sério: a carta possivelmente incorpora informações extraídas de um mapa hoje perdido, mas desenhado por (ou sob a supervisão direta de) Cristóvão Colombo.

Seu desenho da costa sul-americana incorpora muita informação que, na época, devia ser recentíssima, compilada originalmente por navegadores portugueses e, segundo o cartógrafo Gregory McIntosh, traz o que pode ser a mais antiga menção cartográfica conhecida do nome “Rio de Janeiro”, que aparece como “Sano Saneyro”. Inclui ainda um breve relato do descobrimento do Brasil. Curiosamente, na versão reproduzida por Piri Reis foi uma tempestade, e não uma calmaria, que desviou Cabral do Caminho das Índias.

Defensores de hipóteses “extraordinárias” a respeito da origem do mapa, como Charles Hapgood, costumam mencionar a precisão do desenho da costa brasileira, que seria impensável para o século 16, como uma de suas evidências mais fortes. Mas McIntosh, em seu livro fundamental “The Piri Reis Map of 1513”, aponta uma série de outros trabalhos cartográficos do período de 1502 a 1513, de autoria de navegadores portugueses, que têm o mesmo grau de precisão – ou de imprecisão: por exemplo, mostrando a foz do Rio Amazonas duplicada e a Ilha de Marajó como uma península – que o de Piri Reis.

O cartógrafo especula que Hapgood e outros pesquisadores não compararam o mapa de 1513 a outros mapas manuscritos da época, que eram os usados para navegação e requeriam grande fidelidade ao contorno real da costa, e sim a mapas impressos, que eram mais ilustrativos e propensos a erros e exageros.

O mapa incorpora várias idiossincrasias da época: ele não usa um sistema de latitude e longitude, mas se orienta por uma série de rosas dos ventos. As costas da África e da América do Sul têm escalas diferentes. Há ilustrações de animais míticos e o registro de ilhas e terras inexistentes. Enfim, é um saboroso documento de uma época em que mitologia, sonho, exploração e cartografia viviam em colisão e ebulição. Certamente não é cópia de uma carta de navegação alienígena.

Há quem diga que o que o mapa corresponde a uma projeção azimutal equidistante – um tipo de mapa usado, entre outras finalidades, em navegação aérea – do globo terrestre, centrada na cidade do Cairo. Von Däniken chega a compará-lo a uma foto de satélite. Isso faz sentido?

Não. Primeiro, o mapa de 1513 que chegou ao século 20 é apenas um fragmento: o mapa original provavelmente incluía toda a Europa, África e Ásia. É impossível afirmar como o restante da carta se encaixaria numa projeção azimutal moderna. Segundo, mesmo a parte que temos não se encaixa lá muito bem, a menos que se use de mão pesada para fazer várias “correções”. Como escreve McIntosh, “é como o caso do historiador que ‘provou’ que Colombo era, na verdade, Cleópatra: basta mudar seu nome, nacionalidade, sexo, época, etc.”.

Outra alegação muito popular é de que o mapa mostra a costa da Antártida. Como esse continente só começou a ser mapeado no século 19, a única explicação seria... aliens?

Na verdade, o mapa mostra uma massa de terra meridional ligada à América do Sul. Isso em si já representa uma incongruência – a Antártida, afinal, está separada das Américas pelo Estreito de Drake – mas não é a única: no desenho de Piri Reis, essa massa conecta-se ao continente sul-americano numa altura que, estima McIntosh, ficaria só um pouco abaixo do Trópico de Capricórnio. É como se a Antártida fosse parte da Região Sudeste do Brasil.

Mas, alguém poderia perguntar, como Piri Reis sabia da presença de um continente ao sul da América do Sul, mesmo se não tivesse uma boa ideia de seu tamanho e localização?

A resposta está no contexto histórico: o geógrafo Cláudio Ptolomeu (90-168), cuja obra ainda se mantinha influente na era das Grandes Navegações, postulara a existência de uma grande “terra incógnita” no hemisfério sul. Acreditava-se que esse continente desconhecido era necessário para equilibrar o peso do hemisfério norte e manter a Terra em seu eixo. O mapa de Piri Reis apenas segue essa convenção.



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Mapa de Muhiddin Piri Reis (1465-1554),
Data: 01/01/1513
Créditos/Fonte: Muhiddin Piri Reis (1465-1554)
Fragmento do mapa-múndi de Piri Reis, hoje no Palácio de Topkapi, em Istambul


ID: 4984



ME|NCIONADOS Registros mencionados (2):
22/04/1500 - O “Descobrimento” do Brasil
01/01/1513 - *Mapa de Piri Reis, almirante, geógrafo e cartógrafo otomano em Constantinopla
EMERSON

  


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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.