O primeiro culto Protestante no Brasil. Alderi Souza de Matos, consultado em ipb.org.br
17 de abril de 2023, segunda-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Cabe aos presbiterianos a honra de terem realizado o primeiro culto evangélico na história do Brasil e das Américas. Esse evento singular ocorreu há 466 anos em uma pequena colônia fundada pelos franceses na baía de Guanabara.
1. A França Antártica
Após o descobrimento do Brasil, Portugal demorou a interessar-se pela ocupação e colonização dos novos domínios. Com isso, a colônia atraiu a atenção de outras nações europeias, especialmente a França. Após a experiência mal-sucedida das capitanias hereditárias e as constantes incursões estrangeiras, a coroa portuguesa resolveu tomar providências concretas. Em 1549 enviou o primeiro Governador-Geral do Brasil, Tomé de Souza, que se instalou na nova cidade de Salvador. Todavia, o controle da imensa costa era ainda muito limitado. Foi nesse contexto que o militar e aventureiro Nicolas Durand de Villegaignon teve a ideia de fundar uma colônia em uma região bem conhecida dos franceses: a baía de Guanabara.
Villegaignon aproximou-se do vice-almirante Gaspard de Coligny, um dos principais conselheiros do reino francês, que nutria fortes simpatias pela Reforma. Com isso, conseguiu o apoio do rei Henrique II (1547-1559), que lhe forneceu dois navios aparelhados e recursos para a viagem. A expedição chegou à Guanabara no dia 10 de novembro de 1555, sendo bem recebida pelos índios tupinambás, acostumados com a presença de franceses na região. O grupo instalou-se na pequena ilha de Serigipe (hoje ao lado do Aeroporto Santos Dumont), mais tarde denominada ilha de Villegaignon, onde foi construído o Forte Coligny.
2. A vinda dos reformadosDiante de várias dificuldades surgidas, Villegaignon escreveu à Igreja Reformada de Genebra solicitando o envio de pastores e colonos para implantarem a fé reformada entre os franceses e evangelizarem os indígenas. Coligny convidou para liderar o grupo um ex-vizinho seu, Filipe de Corguilleray, conhecido como Senhor Du Pont. Por sua vez, João Calvino e seus colegas alegremente escolheram para acompanhar os colonos os pastores Pierre Richier (50 anos) e Guillaume Chartier (30 anos).
Os huguenotes que os acompanharam foram Pierre Bourdon, Matthieu Verneil, Jean du Bourdel, André Lafon, Nicolas Denis, Jean Gardien, Martin David, Nicolas Raviquet, Nicolas Carmeau, Jacques Rousseau e o sapateiro Jean de Léry, o cronista da viagem, que mais tarde iria publicar o famoso livro Viagem à Terra do Brasil (1578). Eram ao todo 14 pessoas. O grupo deixou Genebra em 16 de setembro de 1556. Após visitarem o almirante Coligny, seguiram para Paris, onde outros se uniram à comitiva. Alguns pensam que entre eles estava Jacques Le Balleur. No dia 19 de novembro embarcaram para o Brasil no porto de Honfleur, na Normandia.
A frota de três navios, comandada por Bois Le Conte, sobrinho de Villegaignon, levava cerca de 290 pessoas, inclusive algumas mulheres. Como de costume, a viagem foi muito penosa. A certa altura, diante da situação em que se achavam, os reformados recitaram o Salmo 107 (ver os vv. 23-30). No dia 7 de março de 1557, os viajantes finalmente entraram no “braço de mar” chamado Guanabara pelos selvagens e Rio de Janeiro pelos portugueses.
3. O primeiro culto
O desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março, uma quarta-feira. O vice-almirante recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham estabelecer uma igreja reformada. Logo em seguida, reunidos todos em uma pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o primeiro culto protestante ocorrido no Novo Mundo (Américas).
O ministro Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o costume de Genebra, o Salmo 5: “Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras”. Esse hino constava do Saltério Huguenote, com metrificação de Clement Marot e melodia de Louis Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses. Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em português (“À minha voz, ó Deus, atende”) tem música de Claude Goudimel (†1572) e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho.
Em seguida, o pastor Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4:
“Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”.
Após o culto, os huguenotes tiveram sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe moqueado e raízes assadas no borralho. Dormiram em redes, à maneira indígena. A Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo 21 de março de 1557.
4. Eventos posterioresInfelizmente, o vice-almirante acabou entrando em conflito com os huguenotes sobre questões doutrinárias e os expulsou da colônia. Em 4 de janeiro de 1558, eles partiram para a França a bordo de um velho navio. O comandante avisou que a viagem iria ser difícil e não haveria alimento para todos. Diante disso, cinco huguenotes se ofereceram para voltar à terra. Inicialmente Villegaignon os recebeu de modo cordial, mas logo os acusou de serem traidores e espiões. Formulou um questionário sobre pontos doutrinários e lhes deu doze horas para responderem por escrito. O resultado foi a bela Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense.
O almirante declarou heréticos vários artigos e decidiu pela morte dos reformados. No dia 9 de fevereiro de 1558, Jean du Bourdel, Matthieu Verneil e Pierre Bourdon foram estrangulados e lançados ao mar. André Lafon foi poupado devido às suas vacilações religiosas e ao fato de ser o único alfaiate da colônia. Jacques Le Balleur fugiu e foi para São Vicente. Levado preso para a Bahia, ficou encarcerado por oito anos, sendo então conduzido ao Rio de Janeiro, onde foi enforcado. Ele e seus companheiros ficaram conhecidos como os mártires calvinistas do Brasil.
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