“Perfil Nº 20: de João Ramalho”, Rodrigo Garcia, Revista da Câmara Municipal de São Paulo
2015 Atualizado em 24/10/2025 02:17:54
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Quando os padres jesuítas chegaram ao Planalto Paulista, ficaram escandalizados com o que viram: João Ramalho, um português que vivia como indígena, andava pelado e era casado com várias mulheres. “Ele e seus filhos andam com as irmãs das esposas e têm filhos delas, vão à guerra com os índios e suas festas são de índios, e assim vivem andando nus como os mesmos”, descreveu Manuel da Nóbrega em 1553. Os descendentes de Ramalho foram os primeiros mamelucos (filhos de branco com índio) da região.De início, os religiosos ficaram contra o europeu que havia se “barbarizado”, mas com o tempo perceberam que ele seria fundamental para a catequese dos indígenas. Assim, uniram-se a Ramalho, e essa aliança foi primordial para garantir que a Vila de São Paulo de Piratininga continuasse existindo. A importância de João Ramalho é tão grande para a cidade que ele é considerado o patriarca dos mamelucos, o pai dos paulistas ou, ainda, o fundador da paulistanidade. Entre seus tantos descendentes, há figuras notórias como a rainha Silvia (casada com o rei Carl Gustav 16, da Suécia) e a escritora Lygia Fagundes Telles.A vida de João Ramalho é cercada de mistérios. Era analfabeto? Estava mais para nobre ou criminoso? Quando chegou ao Brasil? Existem discussões, inclusive, se era judeu. “São muitos enigmas, sua vida daria um belo filme”, comenta o historiador Carlos Bacellar, em entrevista à Apartes (veja adiante).Pouco se conhece sobre os primeiros anos de João Ramalho. Nasceu em Vouzela, norte de Portugal, em 1493, onde se casou com Catarina Fernandes das Vacas. As razões de sua chegada ao Brasil são desconhecidas. Ele teria desembarcado na Região Sudeste por volta de 1515, mas não há registro que aponte se era um colono, um náufrago ou um degredado (criminoso condenado ao exílio).
Ramalho se adaptou bem ao novo território. Conheceu os tupiniquins e ficou próximo do cacique Tibiriçá (vigilante da terra, na língua tupi), um dos principais líderes dessa tribo no Planalto Paulista. Por causa da aproximação, terminou se casando com uma das filhas do cacique, Bartira (flor de árvore, em tupi). Mas, como era costume entre os índios, também tinha outras mulheres, entre elas algumas irmãs de Bartira.
Após essa aliança com os tupiniquins, o português conseguiu reunir um pequeno exército. O aventureiro alemão Ulrich Schmidel afirma, no livro Viagem ao Rio da Prata, que Ramalho era “capaz de arregimentar 5 mil índios em um só dia”.
Em 1532, o patriarca se encontrou, na Vila de São Vicente (também conhecida como Porto dos Escravos), com Martim Afonso de Souza, que vinha desbravando para a Coroa Portuguesa as terras recém-descobertas. O explorador escutara histórias de que no alto da serra haveria ouro e prata. Ramalho decidiu, então, guiá-lo por um caminho conhecido dos índios, a Trilha dos Tupiniquins.
A jornada (veja mapa) foi narrada por Eduardo Bueno no livro Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores.Em barcos a remo, foram da Vila de São Vicente até Piaçaguera de Baixo (atual Cubatão). Então caminharam por terras alagadas até Piaçaguera de Cima, onde começaram a subida da Serra de Paranapiacaba (lugar de onde se vê o mar, em tupi). Ao chegarem à nascente do Rio Tamanduateí, seguiram o curso das águas, saíram da mata fechada e entraram em um vasto campo sem árvores. Ainda acompanhando o rio, chegaram à colina onde se localizava a Aldeia de Piratininga. No local, seria erguida a Vila de São Paulo.Martim Afonso de Souza, que viria a ser o primeiro donatário da Capitania de São Vicente, percebeu que João Ramalho era o principal líder da região do Planalto Paulista. Ele aprisionava os índios inimigos dos tupiniquins e os vendia como escravos para os portugueses.No Planalto, João Ramalho vivia em um povoado chamado Santo André da Borda do Campo. Em 1553, o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza, transformou o povoado em vila, da qual Ramalho foi vereador e alcaide (prefeito), além de guarda-mor de toda a região. Até hoje não se sabe exatamente a localização dessa vila. Os historiadores acreditam que tenha sido erguida em algum ponto que atualmente pertence ao município de São Bernardo do Campo.Mesmo sendo uma das pessoas mais importantes da vila, foi expulso de uma missa realizada na Capela de Santo André, pelo padre Leonardo Nunes. A alegação do sacerdote era que o português havia sido excomungado, um tempo antes, por viver em concubinato com várias mulheres.Mesmo com a excomunhão, quando o padre Manuel da Nóbrega conheceu João Ramalho pessoalmente tornou-se bem próximo dele. Nóbrega batizou Bartira, que escolheu o nome cristão Isabel Dias, e celebrou o seu casamento católico. “João Ramalho é muito conhecido e venerado entre os gentios e tem filhas casadas com os principais homens desta capitania”, afirmou o padre em carta ao religioso Luís Gonsalves da Câmara, que estava em Lisboa.O sogro de Ramalho também recebeu o batismo e passou a se chamar Martim Afonso Tibiriçá, em homenagem ao explorador que conhecera anos antes. A pedido de Nóbrega, João Ramalho mandou um de seus inúmeros filhos, André, acompanhar o padre em uma expedição pelo interior do território em busca de mais índios para catequizar.
CERCO DE PIRATININGA
Como os ataques dos índios tamoios eram cada vez mais frequentes, o terceiro governador-geral do Brasil, Mem de Sá, ordenou em 1560 que os moradores de Santo André da Borda do Campo, a Câmara Municipal e até o pelourinho, símbolo da Coroa portuguesa, fossem transferidos para a Vila de São Paulo. Essa mudança agradou bastante aos jesuítas, que viram o colégio que haviam fundado na futura capital (e que deu origem à cidade de São Paulo) ficar mais protegido. Como João Ramalho já era vereador em Santo André da Borda do Campo, passou a ser vereador paulistano.
Os tamoios não se intimidaram com a união das vilas. Em 1562, aliaram-se aos guaianases, aos tupis e aos carijós e atacaram São Paulo. Segundo relato do padre José de Anchieta, os indígenas chegaram pela manhã, “pintados, emplumados e com grande alarido (gritaria)”. Os ferozes combates duraram dois dias, e os inimigos chegaram até a horta dos jesuítas. Mas Ramalho, então nomeado capitão da gente (uma espécie de protetor), e seus aliados conseguiram salvar a vila.
Poucos meses após o ataque, em 25 de dezembro, Tibiriçá morreu vítima de uma peste. Como reconhecimento à sua bravura, seu túmulo está na cripta da Igreja da Sé, no Centro de São Paulo, a mais importante da cidade.
Por gratidão a João Ramalho, os moradores da vila de São Paulo o elegeram vereador mais uma vez. Porém, como consta da ata da Câmara de 15 de fevereiro de 1564, ele recusou o posto, alegando ser muito velho para o cargo (“passava dos 70 anos”) e por estar satisfeito com a vida que levava. Após a renúncia, voltou para o Vale do Paraíba, onde morreu em 1580.
HERÓI CONSTRUÍDONo final do século 19 e começo do 20, procurou-se desvendar os mistérios envolvendo João Ramalho. As pesquisas eram feitas principalmente pelos membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, criado em 1894. Historiadores foram a Portugal para descobrir a origem do patriarca e concluíram que ele não pertencia à nobreza. A partir de análises caligráficas de sua assinatura descobriu-se que ela foi escrita por várias pessoas, o que indicaria que Ramalho era analfabeto.Naquela época, a capital paulista estava em um processo de crescimento econômico acelerado por causa do café. E, com a aproximação das comemorações do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, São Paulo procurava um personagem que representasse a força do Estado. O professor Carlos Bacellar explica que Pedro Álvares Cabral, que nos outros Estados estava sendo considerado o grande personagem do Descobrimento, “não servia para o papel de representante paulista porque não tinha passado por aqui”.Para os intelectuais da época, João Ramalho poderia ser esse personagem. Mas depunha contra o português sua má fama, difundida nos relatos dos jesuítas. Dessa forma, historiadores começaram a fazer pesquisas para construir e reforçar a imagem heroica de João Ramalho. Para orgulho de muitos paulistanos, atingiram o objetivo. Em 1927, os vereadores de São Paulo homenagearam o casal que deu origem a tantos paulistanos, dando o nome de Bartira e João Ramalho a duas ruas no bairro Perdizes.ENTREVISTA CARLOS BACELLARCarlos de Almeida Prado Bacellar, professor de história colonial da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que é preciso ter cuidado ao se analisar a vida de João Ramalho, pois há poucos registros sobre o português. Mas Bacellar, um dos autores do livro História de São Paulo colonial, reconhece que, sem a ajuda desse personagem misterioso, seria bem difícil que os padres jesuítas e os colonos se estabelecessem na capital:Quem foi João Ramalho?Um personagem muito polêmico, folclórico até. Ele apareceu nos registros de nossos cronistas coloniais de uma maneira bastante pontual, são apenas citações. Discute-se mais João Ramalho no presente do que em sua época. Foi no final do século 19 e começo do 20 que começaram a se preocupar em tentar descobrir quem era João Ramalho. É um personagem muito evasivo de nossa história. Há apenas indícios sobre ele. E por isso muita gente viajou com essas informações. Nós, os historiadores, temos de tomar cuidado.Como ele chegou ao Brasil?Tudo indica que foi um náufrago ou um degredado. No passado se deu muito mais atenção à possibilidade de ele ser um náufrago porque ser um degredado poderia pegar mal. Mas, nos contatos que teve com os portugueses, ele nunca mencionou esse naufrágio nem seu passado, o que a meu ver torna mais plausível a hipótese de ter sido um degredado.Qual sua importância para a cidade de São Paulo?Ele está muito relacionado à fundação da cidade. Ele chegou muito antes de os portugueses se instalarem por aqui. Quando houve o encontro, foi cheio de atritos. Os jesuítas olharam muito mal pra ele. Ramalho foi chamado de bárbaro e de selvagem porque tinha abandonado a religião católica. Mas Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil, percebeu nele um possível aliado para instalar o poder régio na colônia. O apoio de alguém que convivia com os índios e tinha uma evidente força política entre eles foi fundamental para fundar e manter a Vila de São Paulo de Piratininga.O quanto a cidade atual deve a Ramalho?A possibilidade desse núcleo de povoamento ter vingado. João Ramalho foi personagem crucial das primeiras décadas de interação entre os portugueses e os índios. O fato de ele ter muitos filhos, com várias índias, permitiu que tivesse influência em várias famílias e que criasse muitos laços de parentesco. Ele impediu que os portugueses fossem massacrados [nos embates contra indígenas], pois estavam em número bem inferior.São Paulo não existiria sem ele?Não posso afirmar isso porque a presença dos portugueses trouxe epidemias que terminaram matando os índios, o que poderia garantir a presença dos europeus. Mas ele abriu portas para usar os indígenas como mão de obra. Sem a mão de obra forçada, a vila não teria condições de prosperar economicamente. João Ramalho foi o empurrão inicial que permitiu o crescimento. Vereadores debateram se Ramalho era judeuEm 7 de agosto 1937, mais de três séculos após a morte de João Ramalho, sua religião foi tema de debate na Câmara Municipal de São Paulo (CMSP). O vereador Vicente de Azevedo, do Partido Constitucionalista, foi à Tribuna criticar o escritor Gustavo Barroso, famoso por suas opiniões antissemitas e um dos líderes do integralismo, movimento político inspirado no fascismo italiano. No livro A história secreta do Brasil, Barroso afirmara que o patriarca dos mamelucos era judeu. Azevedo, com base em vários historiadores, disse que a declaração era injúria e fez inúmeros elogios a Ramalho. Segundo o parlamentar, “caracteres ilibados, católicos praticantes, talentos esplêndidos são atirados ao pântano esverdinhado do inferno integralista”.Por sua vez, em 18 de setembro de 1937, o vereador José Cyrillo, da Ação Integralista Brasileira, leu na Tribuna uma carta dirigida a ele, escrita por Barroso. “Inimigo sou dos judeus da plutocracia paulista, que exploram o nobre povo de São Paulo, querendo passar por paulistas quando são filhos da Sinagoga”, atacou, referindo-se a Azevedo como “defensor dos judeus”. Este pediu um aparte e esclareceu: “defensor dos judeus, não senhor! Permita-me que ponha um reparo. Sou defensor da memória de João Ramalho e dos paulistas que colaboraram para a riqueza e prosperidade de São Paulo e do Brasil!”.O historiador Ubirajara Prestes Filho, supervisor do Arquivo Geral da CMSP, chama a atenção para o preconceito presente nas falas dos vereadores. “O fato é que o discurso racista se encontrava dos dois lados do debate”, afirma em artigo do livro Paulistânia eleitoral.A hipótese de que Ramalho fosse judeu surgiu, principalmente, porque na sua assinatura há um símbolo como se fosse um C invertido (veja abaixo), e não uma cruz, como era o costume na época. Segundo alguns historiadores, seria o kaf, uma das letras do alfabeto hebraico. Outros pesquisadores, porém, contra-argumentam que, se ele fosse judeu, não teria alcançado tantos cargos de destaque na administração portuguesa, já que a Coroa perseguia os seguidores do judaísmo.
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1515 - *João Ramalho chegou no Brasil e tornou amigo de Tibiriçá, avô de Baltazar Fernandes EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.