E do silêncio fez-se a fala: Oralidade e trajetória de vida de mulheres negras da Cidade de Sorocaba
2014 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Campinas, onde o regime escravo de eito exigia muito mais forças do escravo sorocabano, em sua maioria urbano, alocado aos serviços e ao comércio.
Tem outro caso emblemático de suicídio ocorrido em Sorocaba, que foi retratado recentemente em peça teatral por grupo local. Trata-se de dois escravizados de famílias rivais que estavam se relacionando e foram proibidos pelos senhores.
Novamente, a presença da mulher nas formas de resistência dos escravizados em Sorocaba. Relata Cavalheiro que o jornal Diário de Sorocaba publica no dia 19 de março de 1882 detalhes do ocorrido:
Benedicta, a escrava de João Pires de Almeida, era amásia de um escravo de Raphael Aguiar de Barros, “recolhendo todas as noites o dito escravizado em casa de seu senhor”. Avisado por outro escravizado, seu João Pires proibiu os encontros amorosos dos dois escravizados. Dois dias depois, Benedicta realizou seus afazeres habituais e, terminados esses, dirigiu-se para o quintal sendo encontrada duas horas depois enforcada ao lado do amásio. Descobriu-se que estava grávida. A descrição da cena do enforcamento deixa transparecer que o suicídio de ambos foi realizado ritualisticamente, eis que a escravizada “foi encontrada enforcada conjuntamente com seu amante no mesmo galho de uma árvore e em um mesmo cipó sobre o galho para não haver desequilíbrio pela desigualdade de peso, ficando ambos em uma só altura”. [...]. Denota-se que o suicídio fora premeditado e que procurava simbolicamente emitir uma mensagem, talvez a de que a escravidão - nesse caso o rigor do senhor - não era suficiente para destruir aquela união.(Cavalheiro, 2006, p. 52)
Essa tragédia com dramaticidade Shakespeariana nos dá a dimensão da tenacidade da resistência dos cativos locais. Entretanto, não eram somente nos suicídios que essa resistência se manifestava. Enfrentamentos e fugas também eram constantes, fazendo com que os senhores de escravos, cada vez mais, se conformassem com a inexorabilidade do fim do sistema escravista. Muitos são os relatos desses enfrentamentos entre senhores e escravizados. Falaremos de dois casos específicos que, de certa forma, ajudaram a abreviar a abolição local, ocorrida em 1887. É óbvio que outros fatores relacionados a aspectos políticos e econômicos também contribuíram para o fim do sistema, mas não iremos entrar nessas questões por não serem parte do nosso escopo. Conta-nos Cavalheiro que,
Generoso foi escravo do tenente coronel Fernando de Souza Freire, vice-presidente da Câmara Municipal e o mais abastado cidadão de Sorocaba. Generoso entrou para a História ao assassinar o seu senhor. Embora assassinato não deva servir de exemplo de conduta ideal, no entanto escancara, por sua vez, a radicalização das relações escravistas na cidade de Sorocaba, enterrando de vez a teoria da escravidão mansa e mitigada, sem crueldade. [...] Era 28 de abril de 1875. O tenente coronel Souza Freire, em frente à soleira do seu palacete, dialogava com diversas pessoas. De repente, o grupo percebe a presença de alguém, que da rua assiste ao colóquio. É um negro, com chapéu de abas largas e poncho. Mantém-se estacado, em frente à roda dos conversadores. Era quase noite, dezoito horas e meia. A luz do sol enfraquecia consideravelmente. No entanto, Sousa Freire arregalou os olhos ao reconhecer aquela figura. Não deu tempo de dizer nada: o negro puxou de um bacamarte que estava oculto sob o poncho e disparou à queima roupa. A vítima só teve tempo de dizer: “–Eu morro...minha mulher...meus filhos... é o meu escravo Generoso!”. Os amigos do tenente coronel, aturdidos, não sabiam o que fazer. Acudiriam o amigo ou prenderiam o escravo? Diante dessa hesitação, Generoso aproveitou para fugir. Mesmo perseguido numa fuga espetacular, Generoso conseguiu escapar das mãos dos seus perseguidores. [...] A polícia bateu as matas circunvizinhas à cidade, voltando ao amanhecer sem conseguir captura-lo. Vários escravizados foram detidos como suspeitos de ser Generoso, mas a verdade é que ele nuca chegou a ser capturado.(Cavalheiro, 2013, p. 8-9).Na realidade, Generoso estava foragido havia quinze e meses e, ao invés de empreender fuga para longe, correu o risco retornando para a cidade a fim de concretizar seu intuito, denotando claramente uma ação premeditada. O outro caso trata-se de uma fuga em massa de escravizados ocorrida na cidade de Capivari, região de Sorocaba, com desdobramentos igualmente dramáticos. Esteve sob o comando de Preto Pio. Sobre ele, Cavalheiro refereque:Pouco se sabe sobre esse extraordinário personagem a não ser a sua participação como líder da fuga que ficou conhecida como Êxodo do Capivari ou Retirada do Capivari, uma fuga em massa ocorrida 1887. [...] Em outubro de 1887, com a participação dos caifazes (grupo de abolicionistas de São Paulo), centenas de escravos da cidade de Capivari foram soltos das senzalas. A caravana de fugitivos da escravidão passou por Porto Feliz, depois por Itu, Sorocaba e logo em seguida , rumo à capital paulista. Lá chegando foram recepcionados pelos caifazes que os orientaram a seguir rumo ao quilombo do Jabaquara, no litoral paulista. Há controvérsias sobre o local em que a caravana encontrou a força da cavalaria disposta no caminho para o Quilombo. O alferes Gasparino Carneiro Leão, pelo que consta teria sentimentos abolicionistas, destacou um anspeçada3para parlamentar com os escravos fugitivos, solicitando a eles que se dirigissem para outro rumo com o fim de desincompatibilizar os soldados da obrigação de prendê-los. No entanto, os escravizados assustaram-se ao ver aquele militar se aproximando a cavalo. Preto Pio, que se achava como líder natural daquele grupo, avançou. O anspeçada desceu do cavalo e continuou a aproximar-se à pé. Preto Pio então gritou para que ele parasse ali mesmo. No entanto, as ordens eram de parlamentar com os negros. Foi o que tentou fazer. Preto Pio pediu mais algumas vezes para que o outro não se aproximasse. [...] O fim foi trágico: como o militar não obedeceu ao pedido do Preto Pio, este puxou de sua foice e num golpe matou o furriel. Na sequencia os soldados fuzilaram o[páginas 48 e 49]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (2): 19/03/1882 - O Amor de “Romeu” e Benedita: O suicídio da escrava grávida 01/01/1915 - *No Itinga havia uma grande senzala, que era da família do Professor Toledo EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.