Cerco Tamoio na Vila de Piratininga, Eduardo Chu, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021 (data da consulta) - 12/03/2023
Cerco Tamoio na Vila de Piratininga, Eduardo Chu, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021 (data da consulta)
12 de março de 2023, domingo Atualizado em 02/12/2025 06:45:51
Em junho de 1562, a vila de São Paulo de Piratininga, atual São Paulo, foi alvo de um ataque da Confederação dos Tamoios – a maior união de aldeias indígenas já vista na colônia. Esta confederação foi formada com o objetivo de expulsar os portugueses da região. Os tamoios estavam prontos para surpreender a vila, obter a vingança de seus companheiros mortos e escravizados e expulsar os lusitanos da região. No entanto, não contavam com um traidor em suas fileiras: um dos homens de Piquerobi, líder dos tupiniquins que rompeu com os portugueses, avisou Tibiriçá e os habitantes da vila. Martim Afonso Tibiriçá era o cabeça dos tupiniquins leais aos portugueses e foi quem assumiu a defesa da vila. Sem o elemento surpresa e graças à preparação defensiva do líder tupiniquim, o ataque falhou e os nativos se viram obrigados a recuar após um cerco de dois dias.
No dia 10 de julho de 1562, as tropas indígenas se aproximaram da Vila de São Paulo de Piratininga e, pela primeira vez, todas os grupos nativos da Confederação dos Tamoios (Aimorés, Tupinambás, Goitacás e Tupiniquins) se viram presentes para uma batalha, o que demonstra a organização que tiveram ao deixar de lado as rivalidades para derrotar o inimigo comum. De um lado Tibiriçá, aliado dos paulistas, defendendo sua nova fé e valores, do outro Piquerobi e os tamoios, lutando por vingança e contra sua escravização. Esta aliança autóctone era chefiada por diversos líderes indígenas da região da Paraíba do Sul, do planalto e do sertão paulista, aliados aos franceses sobreviventes da destruição da França Antártica em 1560.Os indígenas sentiram-se confiantes, derrotaram a investida lusitana em suas aldeias em fevereiro e, após quatro meses de preparo, havia chegado o momento do contra-ataque. Dentro da vila, os poucos portugueses e tupiniquins se enfurnaram em suas defesas. São Paulo de Piratininga foi escolhida como alvo, pois estava mais próxima dos territórios dos tamoios e era um dos principais pontos da escravização indígena, tendo sido importunada por anos pelo grupo, que não hesitava em atacar as fazendas e trilhas para libertar os escravos. A principal liderança das defesas da vila era Martim Afonso Tibiriçá (1470-1562), um tupiniquim convertido e único chefe de seu povo a manter alianças com os portugueses. Isso se deu em razão de os portugueses, ao começarem a encontrar dificuldades em escravizar os tupinambás, se voltarem contra seus próprios aliados tupiniquins. A maioria dos antigos aliados, diante da traição, rompeu com os portugueses e se aliou à Confederação dos Tamoios.
Tibiriçá chegou na Vila de São Paulo de Piratininga uma semana antes do ataque, pois um dos homens de seu irmão (Piquerobi), teria traído a Confederação para alertá-lo do ataque. Nas vésperas da invasão, Tibiriçá foi visitado por seu sobrinho Jaguanharo (filho de Piquerobi) que tentou convencê-lo a se unir aos tamoios, mas sua convicção em sua nova fé prevaleceu e recusou a oferta. Esse ato destaca a importância das alianças entre portugueses e indígenas para o sucesso da colonização e como os dois grupos se misturavam.
Os tamoios avançaram até a vila, mas a falta do elemento surpresa e as defesas de Tibiriçá impediram que entrassem, bloqueados por suas cercas. Os tamoios foram alvejados de flechas e não conseguiram romper as defesas dos seus inimigos sitiados. Ao final de dois dias de cerco, os defensores se encontravam feridos, mas seus inimigos estavam em piores condições, muitos dos tamoios jaziam mortos no campo de batalha. O padre Anchieta relata a morte de Janguaharo que, ao tentar invadir a igreja do arraial, onde estariam as mulheres e crianças do assentamento, foi morto por uma flecha no estômago antes que pudesse chegar ao local.A esperança de vitória dos tamoios se esvaiu e a Confederação se pôs em fuga, matando os animais domésticos dos portugueses e queimando os campos no meio do caminho. Os defensores também saíram para persegui-los, aprisionando dois tamoios, que segundo Balthazar da Silva Lisboa, juraram fidelidade aos padres, mas Tibiriçá os executou com golpes de tacape no crânio. Nas palavras de Lisboa:“Retumbavam os alaridos dos inimigos, nuvens de pós escureciam os ares, e o furor dos indígenas se manifestava nos seus pavorosos gritos de independência, que lhes haviam ensinado os franceses […] Haviam pintado aqueles guerreiros seus corpos, estando diversos outros ornados em penas. Voaram na mais inexplicável rapidez as setas: Apavorava o som do bater dos pés; vinham em sua retaguarda as velhas para preparar, assar, e cozer os cadáveres dos captivos.” (1834, p. 80-81)Após o conflito, Tibiriçá foi celebrado como herói pelos portugueses, mas não teve tanto tempo para aproveitar sua vitória, pois morreu de febre, causada por uma epidemia que se espalhou entre os indígenas no natal do mesmo ano de 1562. Além disso, vários nativos se juntaram à vila de São Paulo de Piratininga, com medo de novos ataques, sendo todos esses convertidos à fé católica.
Esse conflito levou os colonizadores a tentarem a diplomacia com os tamoios, visto que ainda não tinham a capacidade de eliminá-los. O resultado foi o curto Armistício de Ipeirog, em setembro de 1563, interrompido pela chegada das tropas de Estácio de Sá, vindas de Salvador em 1564. O jovem comandante estava a caminho da Baía de Guanabara para combater os franceses e, ao parar em São Paulo de Piratininga para abastecer suas tropas, a Câmara paulista o informou que só o ajudaria caso usasse sua armada para combater os tamoios da região. Sem muita escolha, Estácio de Sá atendeu aos pedidos dos camaristas e, no ano seguinte, partiu para sua missão de fundar o Rio de Janeiro na região da Baía de Guanabara.
Ainda que em 1562 a Capitania do Rio de Janeiro não estivesse criada, a região fluminense estava em formação e o ataque à Vila de São Paulo faz parte do processo de expulsão dos franceses da França Antártica pelos portugueses. É um antecedente da história do Rio de Janeiro, parte do mito fundador da cidade, um longo processo de batalhas entre franceses, indígenas e portugueses, que tangenciam sua criação.(Eduardo Chu, graduando no curso de História da UFF e pesquisador do projeto “Um Rio de Revoltas” – FAPERJ -CNE/2018-2021)AntecedentesDerrota do ataque preventivo dos portugueses sobre as aldeias tamoias, isso deu a confiança aos chefes da confederação para tentar um ataque em Piratininga.Conjuntura e contextoA conjuntura dessa batalha é a massiva escravização dos povos indígenas do planalto paulista, mais notadamente os tamoios. Após um ataque falho dos portugueses em diversas aldeia tamoias, os tamoios se aproximaram de parte dos tupiniquins e prepararam um contra-ataque. Esse é mais um episódio do conjunto de batalhas que foi a guerra entre os portugueses e seus aliados contra a Confederação.
Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira Séculos XVI - XVII Data: 01/01/2013 Créditos/Fonte: SCHUNK, Rafael Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira Séculos XVI - XVII. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. (Coleção PROPG Digital - UNESP). ISBN 9788579834301 página 181
ID: 5979
ME|NCIONADOS ATUALIZAR!!!Registros mencionados
titulof: Tibiriçá chegou na Vila de São Paulo de Piratininga uma semana antes do ataque, pois um dos homens de seu irmão (Piquerobi), teria traído a Confederação para alertá-lo do ataque
2 de julho de 1562, segunda-feira Tibiriçá chegou na Vila de São Paulo de Piratininga uma semana antes do ataque, pois um dos homens de seu irmão (Piquerobi), teria traído a Confederação para alertá-lo do ataque
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titulof: Nas vésperas da invasão, Tibiriçá foi visitado por seu sobrinho Jaguanharo (filho de Piquerobi) que tentou convencê-lo a se unir aos tamoios, mas sua convicção em sua nova fé prevaleceu e recusou a oferta
9 de julho de 1562, segunda-feira Nas vésperas da invasão, Tibiriçá foi visitado por seu sobrinho Jaguanharo (filho de Piquerobi) que tentou convencê-lo a se unir aos tamoios, mas sua convicção em sua nova fé prevaleceu e recusou a oferta
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titulof: Cerco de Piratininga ou A Guerra de Piratininga
10 de julho de 1562, sexta-feira Cerco de Piratininga ou A Guerra de Piratininga
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titulof: Um tratado de paz, que não duraria muito, foi firmado e o padre Anchieta deixa a aldeia dos Tamoios, parte da aldeia do chefe Cunhambebe para Bertioga
14 de setembro de 1563, sábado Um tratado de paz, que não duraria muito, foi firmado e o padre Anchieta deixa a aldeia dos Tamoios, parte da aldeia do chefe Cunhambebe para Bertioga
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titulof: Mandado pelo seu tio, Me de Sá, Estácio chega à barra do Rio de Janeiro acompanhado de do líder nativo Araribóia, com os seus índios
6 de fevereiro de 1564, sexta-feira Mandado pelo seu tio, Me de Sá, Estácio chega à barra do Rio de Janeiro acompanhado de do líder nativo Araribóia, com os seus índios
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titulof: Representação a Estácio de Sá (Atas da Câmara de São Paulo (1914-I: 42)
12 de maio de 1564, sexta-feira Representação a Estácio de Sá (Atas da Câmara de São Paulo (1914-I: 42)
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SALVOU!!! EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.