1 de janeiro de 1993, sexta-feira Atualizado em 30/10/2025 17:35:25
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Alocução proferida em 6 de maio de 1992, na abertura das comemorações dos 150 anos da Revolução Liberal, em reunião-almoço no Terraço Itália, São Paulo, em sessão da Academia Paulistana de História e da Ordem Nacional dos Bandeirantes, com a presença do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e outras entidades.
Nos fatos da História de São Paulo inseriu-se uma página notável, aberta em maio de 1842: a Revolução Liberal, cujo sesquicentenário ora se assinala. Não me cabe narrar o episódio, senão apenas lembrar que, com epicentro em Sorocaba, a rebelião teve à frente a figura enorme do Cel. Rafael Tobias de Aguiar; a seu lado, o extraordinário Pe. Feijó, que então proclamou ao mundo, com justificado orgulho, a sua própria qualificação inequívoca: "Paulista, por mercê de Deus". Eclodido em 17 de maio o Movimento, a espada de Caxias já o havia sufocado em 22 de junho. E assim também, facilmente abafado o levante dos mineiros, fomentado por Teófilo Otoni e iniciado em 10 de junho.
Tenho como feito principal dos amotinados o embate de Venda Grande, que consagrou Boaventura do Amaral, barbaramente assassinado.
À rebelião, muitos historiadores, nos seus compêndios, não dedicam mais que uma página, às vezes somente meia; a bibliografia especializada á sobremodo escassa, conquanto nela se destaque a alentada obra de Aluísio de Almeida. A revolução teve curta duração e parece inexpressiva. Todavia, o fato vale, ao menos, pela estatura, pela grandiosidade dos vultos participantes, homens que jamais se comprometeriam levianamente; como vale também, pelo objetivo que eles nutriam, sempre empenhados na conquista do melhor para o Brasil. Como observa o Prof. Adilson Cezar: "Não importa se esses ideais pretendidos nem sempre compactuam com o que acreditamos hoje. O importante é que se buscava uma melhor condição humana; era um passo na direção certa".
Um grande jornalista liberal, de nome Scott, ressaltava: "Os fatos são sagrados, a opinião é livre". E se há de consignar que a história dos movimentos armados é contada sempre pelos vencedores, jamais pelos vencidos; assim, invariavelmente distorcida, deturpada.
Cumpre atentar para as cuasas e o significado da Revolução Liberal; do ponto de vista da História, acredito, são esses os estudos mais relevantes.
Enumeram-se várias causas para a eclosão da sedição. E entendem alguns historiadores que o movimento não tenha excedido a uma simples questão de partidos, sem nenhum ideal político, sendo antes um protesto contra o Gabinete conservador instalado em 1841. Para outros, o que se pretendeu foi apenas "simular um movimento de armas para coagir os adversários à renúncia do poder". Estas interpretações me parecem por demais simplistas: a causa, na verdade, é complexa e se há de registrar que o levante não foi, em absoluto, preparado por Tobias e Feijó. Antes, quero crer, urdido pelos próprios conservadores, teve manifestada a trama através de medidas e atitudes que não atingiram apenas os liberais, já que algumas eram endereçadas a Tobias, ou diretamente aos paulistas.
Aluísio de Almeida relata os principais acontecimentos que geraram a rebelião, mostrando-nos que muito antes, já em janeiro de 1841, "pairavam no ar prenúncios da tormenta que ia vir". A sucessão dos fatos merece acurada análise, da qual se depreende que a provocação, o menosprezo e a humilhação a que submeteram os paulistas foram as causas reais e ponderáveis da revolta; o orgulho dos paulistas, o sentimento forte da própria dignidade feridos foi o que os levou às armas. Alfredo Ellis Jr. procurou nos mostrar a evidência e, especialmente, quanto ao espírito paulista repugna a intromissão e o mando dos forasteiros: trata-se de um fenômeno psicológico de irrecusável existência. De longa data, já desde o século XVII, patenteada está a altivez dos paulistas!
Assim também seria, exatamente noventa anos depois, em 1932, o levante dos paulistas, em prol da constitucionalização do País. Era São Paulo não entibiado, antes bramido contra a humilhação, contra o vilipêndio e descrevendo uma ação de bravura inaudita, do mais intenso heroísmo, que jamais se repetirá no curso da História. E são flagrantes as semelhanças entre os dois movimentos - o de 1932 e o de 1842 - além da quase identidade de elementos:
a falta de preparação, as traições, a ingenuidade em se contar com o apoio de outras províncias, erros táticos, o retardamento na ação e ainda, esta outra semelhança: em ambos os movimentos o objetivo foi alcançado dois anos após (a Constituição em 1934, a volta dos liberais ao poder em 1844).
Certa feita, já faz alguns anos, tive a ventura de visitar o solar da família Monjardim em Vitória, capital do Espírito Santo. Asseguraram-me que ali, dentre aquelas vetustas paredes eretas sobre um morrote, estiveram por vários meses detidas, em segredo, duas das mais ilustres personalidades do seu tempo: o Pe. Feijó e o Senador Vergueiro. Ante o impacto da informação, confrangeu-me a alma de paulista. A quanta humilhação haviam sido submetidos aqueles gigantes!
No extenso alpendre que abriga ao fundo o oratório, pareceu-me ver - pura imaginação - genuflexo e mãos postas, o clérigo que Alfredo Ellis Jr., define como "figura vincada do maior paulista dos oitocentos"; "a firmeza e tenacidade, o desassombro e a coragem cívica, a abnegação e a audácia, o liberalismo e a tolerância, a simplicidade e a severidade".
Pura fantasia! Naquela quadra da vida, Feijó nem poderia ajoelhar: as forças físicas derruídas, encontrava-se ele já paralítico. Conquanto detentor de prerrogativas de Senador do Império, ainda assim, tão vilmente castigado!... De lá regressaria "o Estadista da Regência para morrer em São Paulo". E tão pequeno me senti face à majestade daquele homem, ao lembrar que dias antes da sua chegada ao solar, havia proclamado ao mundo, com justificado orgulho, a sua qualificação inequívoca: "Paulista, por mercê de Deus". Então, não pude conter um sentimento de revolta, de repúdio, de asco: quanto é sórdida e nefasta a politicalha que assola este País, desde os primórdios de sua vida independente!
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (4): 01/01/1841 - * Martim Francisco deixa o Ministério da Fazenda 17/05/1842 - Sorocaba declara guerra contra o Imperador 10/06/1842 - Começa a insurreição dos liberais em Minas Gerais 22/06/1842 - Barão de Monte Alegre comunica o Imperador a captura de Feijó EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.