'“Entre a sombra e o sol. A Revolta da Cachaça, a freguesia de São Gonçalo e a crise política fluminense (Rio de Janeiro, 1640-1667)”. Antonio Filipe Pereira Caetano - 01/01/2003 Wildcard SSL Certificates
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“Entre a sombra e o sol. A Revolta da Cachaça, a freguesia de São Gonçalo e a crise política fluminense (Rio de Janeiro, 1640-1667)”. Antonio Filipe Pereira Caetano
    2003
    Atualizado em 06/11/2025 23:07:24

  
  
  


mas este privilégio o terão os senhores de engenho que a fizerem, e havendoalgum comboio ou embarcando-se sem licença do administrador, pagará80$000 réis o vendedor, e o comprador outros 80$000 réis, e o senhor donavio que a levar outros 80$000 réis.138Acredito que não eram essas liberdades que os produtores de aguardente tantosonhavam, principalmente porque tinham que pagar constantemente 14$000 réis parasuprir as necessidades do presídio e 2$000 réis para as obras da Carioca. Além disso,segundo Vivaldo Coaracy, Francisco Monteiro Mendes não era visto com bons olhos pelosfluminenses, seja por sua caracterização como cristão-novo, seja pela intermediação dosnegócios escusos que envolviam Salvador Correia de Sá e Benavides.139 Mas, quandomenos se esperava, tudo que se tinha proposto voltava a estaca zero:não tardou Salvador Benavides a perceber o que talvez lhe tivesseescapado, que a resolução da câmara por ele aprovada representavaflagrante violação dos privilégios da Companhia de Comércio e viriaprejudicar os interesses daqueles a quem ele desejava servir. Alegandoentão que não seriam suficientes os recursos votados pela câmara, ogovernador anulou a aprovação que havia dado à proposta.140A suspensão das medidas implementadas pelo próprio governador meses antes,vieram acompanhadas da imposição de um novo tributo desta vez de forma autoritária: (...)tal lançamento seria feito tão severamente que ainda os mais ricos pagariam somente8$000 réis, regulando os fintadores as possibilidades de cada um e os coletados pagariammensalmente por ser assim mais suave a todos.141Se as revogações a comercialização não agradavam totalmente os produtoresfluminenses o seu cancelamento aliado a um outro tributo não deixava nada contentes osultramarinos depois de tanto desgaste para a negociação. Eximindo-se da discussão danova tributação, a sombra do sol, ordenado pelo monarca, rumou para a vila de São Paulo,deixando em seu lugar Thomé Correia de Alvarenga, seu primo e já um antigo conhecidodos moradores fluminenses. A sombra interina acompanhou de perto o início da revolta,quando [Página 79]

No mesmo bando, a sombra do sol exigia que o vereador mais velho ocupasse ocargo de provedor da fazenda, para lhe manter informado sobre os próximos passos domovimento, o que, evidentemente, não foi acatado pelos revoltosos. Pensando de uma outramaneira, o perdão que Salvador de Sá manifestava aos revoltosos, pode ser considerado umgrande artifício do governador para tentar escamotear ou amenizar os boatos quecirculavam pela capitania de que o mesmo estava organizando um exército de índios,conjuntamente com os jesuítas, para atacar o Rio de Janeiro.130 A tensão ocasionada peloboato promoveu a demissão do prelado jesuíta Antonio de Marins Loureiro do cargo desupervisor dos índios de São Barnabé,131 demonstrando como os poderes políticos ereligiosos mostravam-se em conflitos no mundo ultramarino. Logo, o complexo conflito deinteresse que existia nos domínios locais não estavam presentes somente entre osadministradores régios e os súditos ultramarinos, a Igreja e seus funcionários para oexercício da fé também faziam parte desse emaranhado político, cujo problema causadopela publicação da bula papal, em 1640, elucida muito bem tal situação.

De volta à vila de São Paulo, os revoltosos fluminenses até que tentaram alertar os paulistas sobre os males causados pela administração de Salvador de Sá, quando em 16 de novembro de 1660 escreveram aos vizinhos:

são tantos os apertos, ou para melhor dizer, as tiranias, com que o mau governo de Salvador Correia de Sá e Benavides e seus parentes tem oprimido a toda a esta capitania, que não podendo já suportá -los (por maiso intentou), se resolveu a nobreza, clero e povo, unânimes e conformes a deitar de si carga, com que já não podia, fiados na justificação ante as razões pés de Sua Majestade das causas que tiveram e os moveram, em quese fundamentaram para depor ao dito Salvador Correia de Sá e Benavides (...)132

Por trás da tentativa de alerta, os fluminenses visavam, além do esclarecimentosobre a morte do mineiro Jayme Commere, angariar o apoio dos paulistas frente ao domínio do luso-espanhol na repartição sul. Um mês e dois dias depois, a resposta dos paulistasdeixaria os camareiros fluminenses perplexos:em razão do general Salvador Correia de Sá nosso Governador,experimentamos tanto pelo contrário as mau fundadas queixar desse povo,que com todos os desse povo, que com todos os dessa capitania juntos e nãodeverão parte do muito que as estranham a novidade do sucesso, a que vosmercês devem acudir com remédio, para que Sua Majestade fique melhorservido, e nós não faltaremos a obrigação que temos de seus leaisvassalos. 133

O apoio dos paulistas a Salvador de Sá para os fluminenses não correspondia aosacontecimentos de 1640, quando governador da repartição sul ficou ao lado doseclesiásticos nas restrições à escravização dos negros da terra. No entanto, oposicionamento dos paulistas relacionava-se muito mais aos benefícios imediatosempreendidos pelo governador nas regiões mineradoras, que se encontravam listadas nacarta que a câmara da vila de São Paulo escreveu a Salvador Correia de Sá declarando seuapoio:

(...) grandes benefícios nas estradas, nas passagens do rio naobservância da justiça, tendo-se nestas capitanias o que parecia impossívelem tão breve tempo, sobretudo a V.S. mandado fazer a estrada do mar deque posso mandar carros por elas, cortando serras, e passar por onde umapessoa passava mal (...), onde fizeram mais de setenta pontes, obra queainda é aos que a fizeram lhes parecem impossível.134

A satisfação diante da administração da sombra do sol era tão grande que os paulistas colocaram-se à disposição para acompanhar o governador na empreitada de retomada da capitania do Rio de Janeiro. Tal atitude de fidelidade retribuiu as benfeitorias em solos paulistas.135 Em resposta, Salvador de Sá agradeceu o zelo e o apreço dos ministros, câmara e povo da vila de São Paulo, mas recusou o apoio militar, acreditando que a publicação de seu bando no Rio de Janeiro não encontraria dificuldades de adentrar na capitania amotinada. [Reposta de Salvador Correia de Sá aos paulistas, 2 de Março de 1661. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Op. Cit., Volume 3, p. 24]

Sobre a relação entre a Vila de São Paulo e a Revolta da Cachaça, os historiadoresestão acostumados a se apropriar da perplexidade dos fluminenses quando os paulistasaliam-se a Salvador Correia de Sá, desprezando, concomitantemente, a conjunturaespecífica em que viviam as regiões paulistas. A vila de São Paulo em nenhum momentofoi atingida pela crise econômica açucareira que assolava a baía da Guanabara. Suaeconomia voltava-se para a produção de cereais, como o trigo, e não para a aguardente oucana-de-açúcar. Nesse sentido, os privilégios da Companhia Geral do Comércio, asrestrições à geribita e à imputação de tributos não diziam respeito aos súditos paulistas,fazendo com que o movimento fluminense não contemplasse os interesses daquela Vila.137Sem dúvida alguma, a ausência dos paulistas no motim apontara como a diminuição dapossibilidade de alastramento da revolta por toda a repartição sul, como ao mesmo tempo,foi responsável pela curta estabilidade dos acontecimentos fluminenses.A atitude dos paulistas e o posicionamento de Salvador Correia de Sá e Benavidessobre a revolta fizeram, inesperadamente, outra vítima: Agostinho Barbalho Bezerra. Apóster atendido às reivindicações dos revoltosos, como a realização de eleições municipais, afinalização do imposto e a reforma da tropa e capitães, o administrador local passou aconfigurar-se como um elemento de desconfiança após a autorização de Salvador de Sápara que assumisse a capitania em sua ausência. José Vieira Fazenda desconfiou queAgostinho Barbalho sofreu o impacto da importância de assumir o governo local, poisdiante de tantas novidades não sabia que fazer o novo governador (verdadeiro PilastonoCredo); e vendo as constantes exigências dos amotinados (entre a cruz e caldeirinha)pretendeu moléstia, meteu-se na cama e sangrou-se (...)138Na realidade, a sedimentação dos revoltosos nos cargos da câmara e da tropa nãohavia assegurado a possibilidade de outras reformas serem implementadas na capitania, [Páginas 170, 171 e 172]



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ME|NCIONADOS Registros mencionados (2):
16/11/1660 - Lourenço Castanho Taques, um dos paulistas mais poderosos, escreve uma violenta carta aos oficiais da Câmara do Rio de Janeiro
02/03/1661 - Após uma cavalgada de três dias, Balthazar solicita a Salvador Correia que Sorocaba seja elevada a categoria de "Vila"
EMERSON

  


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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.