Arqueologia e história indígena no Pantanal, Eduardo Bespalez
2015 Atualizado em 24/10/2025 04:32:04
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fundamentada mais no prestígio social do guerreiro antropófago, na capacidadeoratória e persuasiva, na qualidade de beberrão, na quantidade de esposas, filhase genros e no poder sobrenatural do paí ou do karaí, não implicava quaisquerprivilégios que os diferenciassem socialmente, sendo regulada e até contestadapelos conselhos integrados pelos outros membros influentes e prestigiosos dacomunidade, como os chefes das outras famílias extensas, os xamãs e os outrosguerreiros.A autoridade dos chefes se fazia mais presente nas questões envolvendo acomunidade como um todo, como na organização dos trabalhos coletivos, chamados putxiran, e nas relações com outras comunidades, fossem essas pacíficasou não. Muitas vezes, tendo em vista a realização de tarefas como derrubadas,queimadas, construções de facilidades, organização de rituais e beberagens, fortificações e mudanças de aldeia, os putxiran requeriam grande número de pessoas, as quais apenas podiam ser mobilizadas por chefes que detivessem muitoprestígio, capazes de oferecer festas regadas a comida e bebida durante a realização dos trabalhos. As relações com outras comunidades, fossem essas Guaraniou não, podiam ser pacíficas, como no caso dos tekohá unidos, ou violentas,como no caso das guerras intestinas motivadas por vinganças e pela captura decativos.Se aos homens cabiam os papéis de chefes, xamãs, guerreiros e cativos, àsmulheres recaíam grande parte das atividades de subsistência, como o cultivodos roçados e a confecção dos utensílios cerâmicos. Como demonstrado peloestudo etnoarqueológico sobre assentamento e subsistência desenvolvido porNoelli (2003), os dados contidos nas fontes históricas e etnográficas indicamque os Guarani eram consideravelmente autônomos em relação ao meio e nãoapresentavam restrições alimentares. A dieta era garantida pelas centenas de espécimes vegetais cultivadas e/ou manejadas por todo o tekohá, tanto trazidas daregião amazônica quanto incorporadas nas áreas colonizadas, e complementadapor atividades de caça, pesca e coleta, inclusive de insetos. As áreas de cultivoe de manejo, constituídas por plantas alimentícias, medicinais e utilizadas enquanto matérias-primas na confecção de artefatos diversos, estavam dispostastanto no entorno imediato dos tekó quanto ao longo dos caminhos abertos pelafloresta. A caça e a pesca eram realizadas através do uso de diversas armadilhas,muitas delas um tanto quanto engenhosas, sendo que na pesca também eramutilizados ictiotóxicos.As terras indígenas Kadiwéu e Lalima, por exemplo, estão situadas em trechos da região historicamente conhecida como Itatim, a qual, por sua vez, eraocupada por populações indígenas diversas, mas principalmente pelos Guarani--Itatim, descritos etnicamente como Garambaré, Ñuara, Cutaguá e Temiminós(Gadelha, 1980; Monteiro, 1994; Sanchez Labrador, 1910). Acerca desses índios, o Pe. Ferrer, em sua ânua de 1633, escreveu o seguinte (Cortesão, 1952,p.30-1):
[...] estos Itatines son de buen natural, y no difieren de los demas guaranis, sinoque tienen mas trato y policia... y tambien en la lengua tienen alguma diferencia... aunque poca acercandose... al lenguaje Tupi, de suerte que algunosdizem que non son... Guaranis ni Tupis... sino... una nacion entremedia... quellaman Temiminos. Son agiles para la caça y su comum exercicio de recreaciones llevar um palo a cuestas [...] sus armas son arco y flecha y macana, y... tienen lanças. en... guerra emponçoñan las puntas de sus flechas [...] son destros acorrir caballos [...] Comumente cada indio no tiene mas de una mujer... y noparece que... conoscan la perpetuidad del matrimonio [...] las mujeres... tienentodos los braços y piernas y casi todo el cuerpo listado [...] Todos estos Itatinesreconocen a un cacique que se llama Ñanduabuçu como a principal de todos,el qual dize que todos los... Guaranis que ay desde... Assumpcion para aca son...sus vasallos, y aun los que estan adelante [...] viven en pueblos grandes o chicos,pero por la mayor parte... son cerca de cien familias, y algunos ay de docientasy aun mas [...]Depois do esgotamento da mão de obra Guarani em torno de Assunção,ainda na segunda metade do século XVI, parcialidades dos Itatim foram aldeadase encomendadas pelos espanhóis nos rio Ypané e Jejuý. Os espanhóis tentaramassegurar a posse de toda a região onde atualmente se encontra o Mato Grossodo Sul com a fundação da cidade de Santiago de Xerez, erigida inicialmente nasproximidades da confluência do Ivinhema com o Paraná, em 1593, porém posteriormente transladada para a margem direita do médio Aquidauana (Martins,2002b). Com o acirramento do bandeirantismo, no início dos seiscentos, e coma destruição do Guairá, em 1628, jesuítas e bandeirantes se voltam para o Itatim,com vistas nos últimos povos Guarani da região.
A despeito das experiências prévias com os Itatim aldeados anteriormente,os jesuítas começaram a catequese no Itatim em 1632, com a redução de índiosÑuara, que ocupavam o rio Miranda, na missão de San Jose de Yacaroy (Gadelha, 1980; Sousa, 2002). Todavia, logo depois, com o apoio dos colonos deXerez, uma bandeira comandada por Ascenso Quadros assaltou várias aldeias naregião, causando uma série de prejuízos. Mesmo assim, a obra missioneira continuou e, depois de muitos reveses, logrou algum progresso, até que, em 1647,Antônio Raposo Tavares, acompanhado por André Fernandes, desestabilizou asMissões do Itatim.
Os Itatim não levados para São Paulo na condição de escravos dos portugueses acompanharam os jesuítas para Assunção e, mais tarde, para a Mesopotâmia argentina (Monteiro, 1994, p.239). Outros ainda se refugiaram nasmatas submontanas da serra de Maracajú, de onde assistiram à expansão dosMbayá-Guaikurú e dos Guaná sobre os seus antigos territórios. Ainda hoje osGuarani são a população indígena mais numerosa em Mato Grosso do Sul, ondeas parcialidades Ñandeva e Kaiowá somam quase trinta mil pessoas, dispersas emreservas indígenas localizadas na região sul do estado, principalmente na fronteira com a Paraguai (Instituto Socioambiental, 2001-2005). [Páginas 25 e 26 do pdf]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 08/09/1647 - Os paulistas, sob as ordens do experimentado sertanista, caíram sobre Nossa Senhora de Tare EMERSON
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.