'A morte dos missionários da Companhia de Jesus nos domínios de Ñezú (Pirapó, Província Jesuítica do Paraguai, 1628). Paulo Rogério Melo de Oliveira - 01/07/2021 Wildcard SSL Certificates
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A morte dos missionários da Companhia de Jesus nos domínios de Ñezú (Pirapó, Província Jesuítica do Paraguai, 1628). Paulo Rogério Melo de Oliveira
    julho de 2021, quinta-feira
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  
  


Essa concentração de poderes nas mãos de um homem não era estranha aosguarani. Havia uma categoria de grandes chefes como Taubici, Guiravera e Artiguayeque podemos considerar como “jefes-chamanes”, como o fez Necker. Eram poderosospajés que, demonstrando poderes mágicos e religiosos extraordinários, se impuseram afrente do grupo suplantando os chefes hereditários.2Pela extensão do poder que ospadres lhes atribuíam e a influência que exercia sobre um grande número de povos,Ñezú pode ser inserido nessa categoria dos grandes chefes. Techo dá a entender que,com invulgar eloqüência e “artes mágicas”, havia estendido seu domínio aos povosvizinhos e seus caciques, tornando-se o principal entre os principais. Nos depoimentosdos índios no processo instaurado em Candelária e nas cartas/relatórios dos jesuítasprestando contas aos superiores dos acontecimentos, confirmamos a impressão deTecho. As mortes dos missionários foram comandadas por caciques subordinados aÑezú. A morte dos padres Roque e Alonso foram chefiadas pelo cacique Caarupé, e amorte de Juan del Castillo pelos caciques Quaraíbi e Araguirá. A teia de relações queligava Ñezú e os demais caciques sugere uma hierarquia e graus distintos de poder esubordinação entre os chefes.No que diz respeito às “artes mágicas” e ao prestígio, podemos situar Ñezúnaquela categoria especial de “hechiceros” descrita por Lozano. Eram obedecidos evenerados como deuses e gozavam de um prestígio superior aos demais. Diziam poderdesencadear a ferocidade de bestas selvagens contra quem os contrariassem e enviarventos e tempestades sobre os rios impedindo a caça e a pesca.3 Os pajés queconseguiam persuadir os índios de que sua filiação era divina eram os maisreverenciados e obedecidos. Ñezú, pelo que nos dizem os testemunhos, despertava este“temor reverente” entre os povos que viviam a sombra do seu poder. SantiagoGuarecupí, cacique “cristão” da redução de Concepción, informou que o “hechicero”Ñezú (...) era “tenido por dios y lo temían mucho los demás indios caciques ehechiceros” da região. Guarecupí foi o cacique que prestou apoio militar na captura dos“matadores” dos missionários. O cacique estava presente quando os índios cativos [Página 2]

aproximado algumas características dos missionários com as dos seus pajés. O fascínioe a admiração que Roque e seus companheiros pareciam exercer entre os indígenas, esobre o próprio Ñezú, parecem inegáveis. Percorriam as aldeias, batizavam, curavamalgumas doenças, falavam eloqüentemente sobre o deus criador de todas as coisas edesafiavam destemidamente os poderosos pajés.Nos depoimentos em Candelária, citados anteriormente, Guarepú e Arayurelataram que Ñezú se referia ao padre Roque como “hechicero de burla e fantasma”. Eduas ou três passagens nas narrativas jesuíticas sugerem que os índios consideravam ospadres como feiticeiros. Techo, ao comentar a conversão de Guiraverá, disse que ofeiticeiro acreditava que o padre Montoya era a encarnação de um grande e famoso pajéchamado Cuará:Daba Guiraverá sus oráculos examinando los cadáveres de losmagos; y cuéntase que afirmaba haber pasado el alma de Cuará,que era tenido por Dios, al cuerpo del P. Ruiz, y también ladivinidad, en lo que mostraba dar asenso á la doctrina de lametempsícosis, ideada en la antigüedad por Pitágoras. Divulgósetal fábula en bastantes partes, y todos consideraban al P. Ruizcomo un sér superior. Esta invención del infierno fué de granprovecho para el cristianismo, pues muchos indios se convirtieronde modo que el diablo fué envuelto en sus propias redes. ArdíaGuiraverá en deseos de ver al P. Ruiz; envióle uno y otro mensajeá tal efecto, y no consiguiéndolo, se puso en camino acompañadode doscientos indios.14Outro ponto de aproximação entre os pajés e os missionários era o culto dosossos dos pajés e o culto às relíquias dos jesuítas. Os ossos dos pajés mortos, segundoMontoya, eram cultuados em lugares de difícil acesso e cuidadosamente adornados,como santuários, para receber os visitantes. O próprio Montoya percebeu a semelhançaentre os cultos ao afirmar que o diabo imitava o culto às relíquias fazendo os índiosadorarem os ossos secos dos feiticeiros.15 Padre Oñate narrou na anua de 1615 umepisódio que sugere uma identificação entre o missionário e os grandes pajés. Os índiosda redução de San Ignácio, em meio a uma guerra contra os “encomenderos”,abandonaram a redução, deixando desamparadas suas próprias terras, e fugiram para os“montes”. Alguns índios recolheram e levaram junto os ossos do padre Baltasar Seña, que morreu na redução. “Tenian tanta estimacion de este buen padre”, escreveu oprovincial, “que les parecio llevavan un grande thesoro en llevar sus huesos”.16Da colaboração e aceitação dos padres, Ñezú passou a rebelião. Tramou com oscaciques subordinados, e igualmente descontentes, um plano para extirpar ocristianismo de suas terras. Seus emissários foram enviados à Caaró com uma missão:matar Roque e Alonso Rodriguez. Quando os emissários partiram para executar o plano,Ñezú recolheu-se ao “monte” com mulheres e filhos para aguardar as notícias. O chefese refugiava nesse espaço ainda não alcançado pela redução e de lá orquestrava o ataqueaos padres. A confirmação das mortes foi recebida como uma vitória triunfal sobre osmissionários, e a cena que se seguiu foi de apoteose. Para celebrar a vitória, Ñezú saiudo “monte” vestindo uma “capa hemosísima de plumas” que o cobria dos ombros até aspernas e um tocado de plumas de várias e vistosas cores. Foi avisado por uma de suas“mancebas”, que também vinha revestida “del mismo espírito de satanás”, com umadorno de plumas.17As mortes dos missionários nas mãos dos índios foram todas terrivelmenteviolentas e ritualizadas. As narrativas jesuíticas nos informam que depois de mortos, ospadres Roque e Alonso foram despidos de suas vestes e esquartejados, arrastados,jogados dentro da igreja e queimados. Dois dias depois, quando Ñezú soube da morte deRoque e Alonso, enviou seu sogro Quaraíbe com missão de matar Juan de Castillos. Opadre foi pego de surpresa, amarrado e arrastado por “tres cuartos de légua” a pauladase pedradas por caminhos pedregosos, tortuosos, atravessados por arroios, por onde “ibadejando pegados los pedazoa de su carne”. Um índio chamado Guirapó ia espetando osolhos do padre com a ponta de uma flecha. O terrível suplício terminou com um golpefulminante de “itaizá” na cabeça. O corpo do padre, moído a pauladas e pedradas, foiatado em um pau à maneira de uma cruz e incendiado.18 A destruição completa doscorpos, e o coração arrancado do peito e queimado, deixam a impressão de que não bastava matá-los. A cena se repetiu com outros missionários, e salta aos olhos que emnenhum dos “martírios” ocorridos no Paraguai os jesuítas foram devorados, comoocorria com os inimigos dos guarani depois de capturados. Alguns padres foramseriamente ameaçados de serem devorados, mas isso nunca aconteceu. Vários índiosque os acompanhavam, como aquele neófito que Montoya levou ao Guairá, foramcomidos pelos índios “infiéis”. Claramente os feiticeiros preferiam destruir totalmenteos corpos a comê-los.Carlos Fausto levantou a hipótese de que a danificação e incineração dos corposera uma forma de evitar uma “vingança xamânica” e negar aos padres a tão propaladaimortalidade. Baseado nas descrições de Montoya, Fausto sugere que a imortalidade eraum dos pontos em disputa. A beira da morte, os missionários afrontavam aos seusmatadores dizendo-lhes que podiam matar o corpo, mas não a alma. Quando os índiosvoltaram para ver o corpo do padre Roque, segundo confissão dos próprios“matadores”, o coração do padre teria dito: “aunque me matais no muero, que mi almava al cielo, y yo me apartaré de vosotros y volveré, mas no tardará el castigo”.19 Diantedisso, os “matadores” arrancaram o coração do peito, trespassaram com uma flecha e oqueimaram. Montoya acrescentou que depois de arrancar o coração e atravessá-los deflechas, os “obstinados hechiceros” ainda diziam: “veamos se su alma muere ahora”.20Por fim, as testemunhas indígenas que declararam ter ouvido o coração do padre Roquefalar depois de morto, não causam nenhuma surpresa.21 Era costume entre eles o cultoaos corpos/ossos, dos pajés que, segundo Montoya, falavam com os índios, na forma de“oráculos”. Foram os índios também que correram à Caaró para resgatar os ossos dospadres mortos e levá-los para a redução de Candelária.Seguiu-se à morte ritual uma verdadeira guerra de imagens.22 As vestes usadasna liturgia foram divididas entre os caciques, atearam fogo na igreja e nos casebres dos [Páginas 8 e 9]



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Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.