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“Terra sem mal”
    28 de junho de 2013, sexta-feira
    Atualizado em 25/02/2025 04:47:04

•  Fontes (1)
  
  


Terra sem mal.Por Clasíres, Hélène. São Paulo, Brasiliense, 1978.

Num artigo do dia 13 de abril de 1980, no Shopping News, Fernando Barros nos chamou a atenção sobre um grupo de índios guaranis que vive na região de Parelheiros, perto de São Paulo. Segundo o jornalista, estes migrantes perderam tudo menos as tradições. Conservam até hoje, entre outros rituais, a busca da terra sem mal, como parte integrante de uma cosmogonia recebida dos ancestrais, que explica os deslocamentos da tribo.

Talvez por acidente, talvez como conseqüência de preocupações semelhantes, Claudia Menezes publicou, pela Imago, A Mudança, em que examina as transformações na identidade oe um grupo de migrantes quando estes se deslocam de seu habitat, para centros urbanos.Recentemente, os jornais deram espaço para que se noticiassem um evento bastante peculiar: um camponês paranaense, depois de sofrer muitas agruras, vende tudo, compra dois cavalos, bota a mulher e dois fühos em um cavalo, pega o outro filho monta no segundo cavalo e parte para Minas Gerais.As três situações narradas são eventos do cotidiano; ocorrem no nosso mundo da vida e, no entanto, ainda são pouco numerosos os estudos que têm sido feitos sobre estas aparentes normalidades. A regularidade destas expedições atesta sua nomia.Se, de uma lado, existe um consenso quase que definitivo sobre os fatores exógenos que estão na raiz destas deslocamentos, os textos (não são muitos) que exploram os fatores internos têm tido baixa repercussão.Parece claro que a pauperizaçâo e a desgraça agrícola podem ser tratadas no plano políticoeconômico que tece a insatisfação. Mas, porque alguns migram e não optam pela marginalidade, não viram assaltantes, como uma parte não-desprezível do quarto extrato? Enfim, o que dá sentido à migração?Uma resposta a esta última questão só pode ser obtida parcialmente. Jamais poderíamos equacionar todos os fatores internos que tornam plausível a ação de migrar.Na sociologia compreensiva (Weber, Schutz, Berger, etc.) encontramos algumas regras que nos ajudam a desbastar um pouco mais estes movimentos do mundo do cotidiano.A sociologia compreensiva, quando delimitou seu campo teórico, propôs seus instrumentos de trabalno e entre eles o de maior peso é a construção típico-ideal.É aí que se encaixa o testo de Hélène Clastres. È aí que a abordagem da Terra sem mal pode reivindicar seu cantinho na biblioteca do administrador.Neste livro, Hélène Clastres faz uma análise sistemática, coerente, científica (por que não?) de um dos fatos mais importantes da mitologia guarani. O casal Clastres (o marido Pierre Clastres, autor de uma revolução copérnica na antropologia com seu livro La Société contre L´Etal, faleceu em acidente na f-rança, em meados de 1977) pesquisou durante muito tempo os costumes dos índios do sudoeste brasileiro. Hélène Clastres e Jacques Lizot (este último autor de um brilhante texto sobre os Yanomanis: Le Cercle du feux) trabalharam como antropólogos junto aos Yanomanis no norte do Brasil, divisa com a Venezuela.A obra possui, portanto, a legitimidade que o trabalho empírico confere na tradição antropológica francesa. O texto, criterioso e exaustivo, ultrapassa o que se espera de um trabalho puramente empírico.A análise das fontes primárias (documentação sobre o mito da terra sem mal, religiosidade, canibalismo, xamanismo! vai além de uma descrição, propondo relações causais logicamente assentadas.

O que é, afinal, a terra sem mal?

"A terra sem mal é esse lugar privilegiado, indestrutível em que a terra produz por si mesma os seus frutose não há morte" (p. 30). "É o local onde aqueles que bem se vingaram e comeram muitos de seus inimigos vão para trás das montanhas altas e dançam em: belos jardins com as almas dos avós" (p. 30). "É também um lugar acessível aos vivos aonde era possível, sem passar pela prova da morte, ir de corpo e alma" (p. 31).

A terra sem mal é, portanto, no mínimo, uma profecia que orienta a busca de campos elísios, não assimilável ao paraíso pois pode ser atingida em vida.Em busca da terra sem mal partiram enormes e numerosos grupos guaranis, muito antes da descoberta da América. O contato com os colonizadores se superpôs a uma matriz de significados (fatores internos) e não determinou isoladamente o deslocamento das tribos.Assim, enquanto elemento nodal desta matriz de significados a terra sem mal é rica e forte em sentido.Ao nível do discurso, cabia aos caraís (categoria que não pode ser diretamente associada aos Xamanes) revigorar a promessa: "não cuidem de trabalhar, não vão à roça, que o mantimento por si crescerá, e nunca lhes faltará de comer, as flechas vão ao mato caçar, elas hão de matar muitos dos seus inimigos, cativarão muitos outros para sei em comidos. A vida será longa, as velhas vão se tornar moças, dêem as filhas quem a quiserem"É no discurso dos caraís que podemos perceber a força da mitologia. A terra sem mal não é um paraíso cristão, e sim um espaço concreto possível de ser alcançado pelos vivos e onde a sociedade se acaba (não é preciso trabalhar, o incesto é permitido, a festa constante).É desta terra que os caraís são senhores e periodicamente eles submetem os índios aos exercícios de mente e corpo necessários para se chegar à terra sem mal.Em suma "todo pensamento e a prática religiosa dos índios gravitam em torno da terra sem mal. Uma religião que pode ser dita profética".Desde o começo da colonização todo o conte todos os elementos do profetismo já estão presentes: as personagens dos caraís, com sua posição de exterioridade espacial e genealógica: o tema da terra sem mal, o mito da destruição da primeira terra; a crença num cataclisma futuro. Quer dizer que não se trata, em absoluto, de um messianismo que se teria produzido em reação a colonização (p. 51).O mito da terra sem mal esta na origem de várias migrações. Enquanto construção típico-ideal, ela pode ajudar a compreensão da vida nas organizações privilegiando temas tais como a inserção dos nordestinos no mercado da construção civil, a migração dos bóias-frias, etc.Em resumo, o texto de Hélène Clastres, distante do tipo de leitura habitual aos administradores, introduz uma nova temática e focaliza a dimensão do cotidiano, a experiência no mundo da vida. É mais um esforço de centrar a ação sobre os agentes sociais.Embora ainda hoje seja bastante complexa a ligação entre a mitologia indígena e a vida nas organizações modernas, pelo menos de imediato, como sugestão, pode mos lembrar que uma abordagem acionista da teoria das organizações foi tentada por David Silverman.O que se pretendeu sugerir nesta resenha é que pouca atenção tem sido dada aos problemas e processos organizacionais, pois muito tem sido feito na linha de uma teoria das organizações. O livro de Hélène Clastres ajuda a nos concentrarmos sobre problemas do cotidiano, presentes nas organizações, um deies a migração, embora não tenha dúvidas que este não era o objetivo principal da autora ao escrever o livro.Simplesmente, conhecer um pouco mais sobre nós mesmos não nos parece nada desprezível.



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Sergio Buarque de Holanda
1902-1982
1969

“Visão do Paraíso - Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil”. Sérgio Buarque de Holanda

ME|NCIONADOS
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EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.