“Viajantes, Mareantes e Fronteiriços: Relações intelectuais no movimento das monções - Século XVIII” UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA FRANCISMAR ALEX LOPES DE CARVALHO - 01/01/2006
“Viajantes, Mareantes e Fronteiriços: Relações intelectuais no movimento das monções - Século XVIII” UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA FRANCISMAR ALEX LOPES DE CARVALHO
2006 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Paraguai. Os portugueses, por seu turno, graças ao uso das canoas indígenas, adequadas aosrios menores e labirínticos, puderam freqüentar com a regularidade possível – dados osconflitos com os grupos étnicos locais – os rios São Lourenço e Cuiabá, situados além doPantanal.15 Assim, o tamanho das canoas é regulado pela experiência acumulada pelaspopulações, bem como pelos fluxos interculturais estabelecidos, e não pela qualidade dasmadeiras que ofereciam as florestas tropicais da América do Sul.Para que, já na primeira metade do século XVIII, existisse nos arredores deAraraitaguaba e Itu um grupo de trabalhadores especializados nos serviços da mareagem dosrios monçoeiros, foram precisos processos de longa duração nos fluxos culturais entre osmamelucos e as populações indígenas. Ainda que a navegação do rio Tietê não fosseunanimidade entre os sertanistas preadores de índios, pois muitos itinerários seguiam porterra, sobretudo quando dos ataques às reduções do Guairá, Tape e Uruguai, não se devedesprezar a importância da via fluvial na mobilidade dos paulistas.16 A viagem de D. Luís deCéspedes Xeria pelo Tietê no ano de 1628 é evidência clara de que a utilização das viasfluviais, se não era decisiva para os habitantes do planalto de Piratininga, pelo menos é certoque era conhecida em suas técnicas fundamentais, como o fabrico da canoa e osprocedimentos de mareagem nas cachoeiras.
De fato, a aprendizagem dessas técnicas não ocorre da noite para o dia. Se osmareantes do século XVIII conservaram algumas técnicas indígenas de navegação, deve-sesupor fluxos culturais acumulados na experiência. Informa alguém, no ano de 1695, que os paulistas serviam-se das canoas para chegar à Vacaria durante o século XVII, tomando-as ora pelo rio Tietê, ora pelo Paranapanema:[...] navegando desde povoado pelo rio Anhembi abaixo athe dar no Rio Grande e depois subindo por outro athe a vacaria. Este caminho tem suas cachoeiras onde uarão [se varam as] canoas. Outro caminho tem 14 ou 15 dias de viagem por terra, e depois rodão por hum rio chamado Paranapanema athe dar no Rio Grande. Este caminho não tem cachoeiras.17
No capítulo 1.2, analisei os itinerários que os antigos sertanistas paulistas tomavam,pelo século XVII, para cruzar a Vacaria, enfatizando o que seguia pelos rios Paranapanema,Ivinheima, Mbotetei, entre outros, e as ações dos Mbayá no sentido de controlarem aquelaregião, provocando a perda da memória prática dessa rota entre os mamelucos. Cada vezmenos percorrida, essa rota chegou a aparecer em plano do Morgado de Mateus, que diziapossuir um mapa que a indicava.18 Contudo, fossem quais fossem os itinerários, osconhecimentos práticos do navegar acumulavam-se na experiência dos mamelucos.O procedimento de fabricação das canoas, embora contasse com ferramentasadventícias, permaneceu em geral fiel ao que adotavam os indígenas há tempos antes dainvasão do conquistador europeu. Descreve-o Antonio Alves Câmara:[...] derrubam um madeiro, tiram-lhe a casca, fazem uma face plana, edepois cavam grosseiramente, procurando dar a forma côncava internade canoa./ Cavam com fogo, machado e enxó por cima e por baixo.Uma das extremidades é conservada com a seção transversal do corte,a outra é um pouco alterada a fim de tomar a forma de proa./Atravessam caibros grossos, ou finos aos dois, facetados na partesuperior para servirem de bancos.19Válido tanto para as canoas paulistas como para as amazônicas, as quais eram maiorese se chamavam ubás, fazia-se uso no século XVIII do mesmo procedimento de fabricação dosindígenas.20 Os madeiros utilizados eram a peroba, o tamboril e o ximbó;21 Francisco deOliveira Barboza acrescenta que da casca do Jataí, “por ser muito grossa, fazem os gentios esertanistas canoas para navegarem”;22 Langsdorff refere o uso da imbaúba.23 Tais madeiroseram requisitados no vale do rio Capivari.24 [Páginas 132 e 133]
No afã de obterem uma mezinha ou amuleto que servisse de recurso preventivo paratoda a sorte de males do sertão, os mamelucos elaboravam as mais variadas receitasterapêuticas a partir da incansavelmente perseguida anhuma. Contra as pestilências advindasdo ar, ar de estupor, ar de perlesia e outros bafores doentios, bem como para evitar mordidasde serpentes, mal olhado e envenenamentos, um amuleto do esporão ou do unicórnio daanhuma era um item sumamente desejado.39 As raspas dos esporões dessa ave, assim como apedra-bazar, misturados com água e dados a beber, eram havidas como neutralizadoras depeçonhas ofídicas.40Produzida pelo amálgama de tradições das populações que viviam às margens do rioTietê há muito tempo antes da invasão dos conquistadores europeus – populações queinclusive nomeavam o rio de Anhembi, rio das anhumas – e de tradições dos adventíciossequiosos, durante toda a Idade Média, pelo encontro daqueles animais míticos que povoavamas florestas do imaginário europeu, a disposição dos mamelucos para a obtenção das virtudesoferecidas pela ave anhuma é, provavelmente, um dos resultados mais bem acabados dahibridação cultural.41 Em viagem científica pelo interior do Brasil, realizada no ano de 1826 pela rota dasmonções, Langsdorff observou que os mareantes possuíam cada um o seu amuleto comorecurso terapêutico e preventivo para os mais diversos males. Em vez de cruzes, os rosáriosdos trabalhadores exibiam amuletos, evidenciando a presença de uma cultura híbrida queincorporou e recriou itens das culturas indígenas locais.Cada um dos nossos empregados traz um rosário pendurado nopescoço e dão muito valor a ele, pois é o que lhes ensina a religião. Sóque, ao invés de uma cruzinha, eles penduram relíquias e amuletos,que para eles tem o mesmo valor, pois acreditam firmemente que elesos protegem de picadas de cobras venenosas, cachorros raivosos,aleijamentos, outras doenças e eventuais tentações perigosas do diabo.Entre esses objetos encontram-se dentes de lobo, de porcos selvagens,de onças. O chifre da anhuma é tido como grande protetor. Dizem queo bico do macuco faz o doente sangrar.42A mordida de serpente era um perigo iminente para os mareantes e viajantes emqualquer dos pousos diários que a monção tem que fazer durante os mais de cinco meses deviagem a Cuiabá. Um dos pilotos da canoa de Lacerda e Almeida, em viagem de Vila Bela a [Página 169]
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.