'“População Urbana da Vila de Itu”, Iara Fioravanti Sampaio e Ivo Sampaio - 01/01/2014 Wildcard SSL Certificates
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“População Urbana da Vila de Itu”, Iara Fioravanti Sampaio e Ivo Sampaio
    2014
    Atualizado em 12/07/2025 01:51:15

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do povoado à condição de freguesia; e outros, ainda, consideram a data de seu desmembramento como vila. É o que acontece com Itu na perspectiva dos autores citados, em 1610 ocorre a doação do patrimônio para a fundação da primeira capela, data utilizada por Otávio Ianni, enquanto que 1657 é o momento de seu desmembramento como vila, foco dos estudos de Beatriz Bueno.A análise do Quadro do Desmembramento Territorial-Administrativo dos Municípios Paulistas, organizado pelo Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo em 1995, nos permite a verificação destes desmembramentos da vila de Itu (Tabela 1) e nos revela sua amplitude territorial entre os anos de 1796 e 1807.Para entender a configuração urbana e a estrutura social da vila de Itu na passagem do século XVIII para o século XIX utilizamos os Maços de População de 1796 e 1807. Os Maços de População são documentos censitários produzidos entre os anos de 1765 a 1850, que nos traz a população das vilas da capitania de São Paulo. Vale destacar que o período inicial de elaboração dos Maços de População corresponde ao início do governo do Morgado de Mateus (1765-1775). Assim, para a vila de Itu os dados sistematizados sobre a sua população têminício em 1765, conforme localizamos no Arquivo Público do Estado de São Paulo.A confecção destas listas nos traz a quantidade de fogos existentes na vila, assim como o nome dos moradores: nome do chefe de família (geralmente vinha com sobrenome e indicação da patente militar à frente, juntamente com a idade), nome da esposa (nome e idade), filhos (apenas primeiro nome e idade), agregados (às vezes nome completo e idade) e escravos (apenas quantidade total em alguns). A listagem era elaborada de acordo com as esquadras militares da qual faziam da vila e dividida em bairros e, muitas vezes, organizadas pelas ruas, conforme veremos para o caso de Itu nas listagens de 1796 e 1807. Com isto conseguimos, a partir destas listas, estabelecer a quantidade de fogos na vila, a quantidade de habitantes e, através do numero de escravos, a riqueza da sociedade em formação.

A primeira data analisada do recenseamento demográfico da vila de Itu é 1796, data na qual Porto Feliz (na época Freguesia de Araritaguaba), assim como Piracicaba (antiga Freguesia de Constituição) pertenciam ao termo da vila de Itu, sendo que foram elevadas às condições de freguesias, respectivamente, em 1728 e 1774. Ou seja, a vila em estudo compreendia uma área de abrangência muito superior à atual; a segunda data analisada é a de 1807, momento em que a vila de Porto Feliz já havia se desmembrado (1797), mas não a de Piracicaba, que se desmembrou apenas em 1822.[p. 4]

2 A REDE URBANA DE ITU NA PASSAGEM DO SÉCULOEm 1796, data inicial de nosso estudo, a lavoura açucareira já estava implantada na vila de Itu que, de acordo com Petrone, “trazia maior otimismo” para a economia agrícola da região resultando na formação do Quadrilátero Açucareiro (composto por Piracicaba, antiga Constituição, Sorocaba, Mogi-Guaçu e Jundiaí) ao longo do século XIX na província paulista.

Dessa forma, é a riqueza do açúcar que irá contribuir para o crescimento do núcleo urbano deItu e afastar a miséria que envolvia a região. Ainda de acordo com Petrone, em 1854 a vilaapresentava 164 engenhos. (PETRONE, 1968, p: 155)Anteriormente a esta data, a vila de Itu teve papel importante no período das monções, vistoque Porto Feliz (antigo Araritaguaba) era o único porto para os bandeirantes adentrarem ossertões em busca do ouro. De acordo com Nestor Goulart, o percurso de São Paulo à Santanado Parnaíba seguia pelo curso do Rio Tietê, porém em Santana do Paranaíba tornava-senecessário abrir o caminho por terra, contornando então o trecho mais acidentado do Tietê,até chegar a Araritaguaba. (NESTOR, 2013, p: 46)As monções eram expedições fluviais paulistas que partiam de Araritaguaba, às margens doRio Tietê, em busca das áreas de mineração. Inicialmente eram expedições privadas, porémapós a descoberta de áreas mineradoras no Mato Grosso, a Coroa também passou apatrocinar militares para tais expedições. Vale destacar que recebeu esse nome por conta domovimento de cheias e vazias dos rios (monções) que possibilitavam a navegação apenas emperíodos determinados. As canoas levavam mantimentos, ferramentas, armas, munições,tecidos, instrumentos agrícolas e escravos negros, entre outras mercadorias para seremcomercializados nos povoados, arraiais e vilas do interior. Na volta, traziam principalmenteouro e peles. (HOLANDA, 1945, p: 58)Conforme já citado anteriormente, o primeiro oeste paulista será marcado pela fundação das vilas de Itu, Sorocaba e Jundiaí, de forma que o termo dessas três vilas compreendia um território muito extenso que, muitas vezes, alcançavam o que seriam hoje os estados de Goiás, Mato Grosso e Paraná. Boa parte destes termos foram reduzidos ao serem fundadas novas vilas conforme nos mostra a tabela de desmembramentos (Tabela 1).

Em 1796, de acordo com o recenseamento demográfico, a vila de Itu contava com 18 bairros rurais e um núcleo urbano central. O mapa elaborado por Robert A. Habersham, em 1870, sobre o que seria a representação da capitania de São Paulo em 1840, onde constam os nomes e a localização das vilas, freguesias e rios, além de caminhos, permite destacar alguns destes bairros rurais em 1796 (Figura 1):

- Bairro de Ithaim Guapu: possuía 173 fogos e 1.240 habitantes;
- Bairro de Ithaim Mirim: possuía 22 fogos com 107 habitantes;
- Bairro do Taquaral: possuía 68 fogos com 373 habitantes;
- Bairro de Penamduba: acreditamos ser este um dos bairros que compunha a Freguesia de Araritaguaba, pois após desmembramento desta no ano de 1797, não aparece mais no recenseamento de Itu; possuía 21 fogos com 116 habitantes;
- Bairro de Anhemby: acreditamos ser este um dos bairros que compunha a Freguesia de Araritaguaba, pois após desmembramento desta no ano de 1797, não aparece mais no recenseamento de Itu; possuía nove fogos com 189 habitantes;
Bairro de Irapota: acreditamos ser este um dos bairros que compunha a Freguesia de Araritaguaba, pois após desmembramento desta no ano de 1797, não aparece mais no recenseamento de Itu; possuía três fogos com 59 habitantes;
- Bairro das Casterelas: acreditamos ser este um dos bairros que compunha a Freguesia de Araritaguaba, pois após desmembramento desta no ano de 1797, não aparece mais no recenseamento de Itu; possuía 49 fogos com 266 habitantes;
- Bairro de Cajacatinga: devido à presença do Rio Cajacatinga (1 na Figura 1); possuía 33 fogos com 237 habitantes;
- Bairro de Pyragybu: devido à presença do Rio Pyragybu (2 na Figura 1); possuía 18 fogos com 72 habitantes;
- Bairro de Pyrahi de Baixo: devido à presença do Rio Pyrahi (3 na Figura 1) que, de acordo com IBGE, foi um dos cinco bairros que deram origem a formação inicial da atual cidade de Indaiatuba; possuía 47 fogos com 479 habitantes;
- Bairro de Jundiay: devido à presença do Rio Jundiay (5 na Figura 1); possuía 5 fogos com 60 habitantes;
- Bairro de Pyrahi de Cima: devido à presença do Rio Pyrahi (4 na Figura 1) que, de acordo com IBGE, foi um dos cinco bairros que deram origem a formação inicial da atual cidade de Indaiatuba; possuía 50 fogos com 449 habitantes;
- Bairro de Paterebú: devido à presença do Rio Paterebú (6 na Figura 1); possuía 13 fogos com 121 habitantes;
- Bairro de Cayuru: até hoje se caracteriza como bairro de Itu, na área de conurbação com a cidade de Sorocaba; possuía 62 fogos com 216 habitantes;
- Bairro de Pyrapitingui: este bairro não aparece nos demais recenseamentos, mas é até hoje um bairro de Itu, próximo ao bairro de Cayuru; acreditamos que este bairro foi incorporado ao de Cayuru, pois existem nomenclaturas de edifícios do bairro de Pyrapitingui no bairro de Cayuru, como o atual Hospital de Pirapitingui; possuía 23 fogos com 206 habitantes;
- Bairro do Pinhal: é possível que este bairro tenha sido incorporado ao município de Cabreúva quando este foi desmembrado de Itu, pois ainda hoje existe no município um distrito de mesmo nome; possuía 19 fogos com 90 habitantes;
- Bairro do Pouso do Bispo: a nomenclatura do bairro sugere que um bispo possuía um pouso na região e ali hospedava viajantes; possuía 14 fogos com 66 habitantes;
- Xacraz: chácaras formadas nos arredores do núcleo central da vila, no total de nove fogos pertencentes a duas grandes famílias e 164 habitantes;
- Núcleo Central da Vila de Itu: composto por seis ruas que totalizavam 230 fogos e 766 habitantes em 1796.

O primeiro desmembramento da vila de Itu foi o da Freguesia de Araritaguaba, que se torna avila de Porto Feliz em 1797, quando Itu perde boa parte do seu termo.A primeira povoação de Porto Feliz se iniciou logo no começo do século XVIII na margemesquerda do Rio Tietê, no mesmo local de uma aldeia indígena da tribo dos Guaianazes. Deacordo com Nestor Goulart, esta era uma prática comum, pois muitos dos portuguesesdesbravadores do sertão na busca do ouro viam os índios como “parceiros menores” que osguiavam pelos caminhos, ajudavam na alimentação, na exploração do minério e até na escolhado sítio para o assentamento da população. (GOULART, 2013, p: 38)Com a descoberta do ouro em Cuiabá em 1719, acentuou-se o movimento monçônico dedeslocamento pelo Rio Tietê, contribuindo para a construção da primeira Capela de NossaSenhora da Penha de Araritaguaba que foi elevada a Freguesia da vila de Itu, em 1728.Após o desmembramento de Porto Feliz de Itu, verifica-se para o ano de 1807 a diminuição daquantidade de bairros na vila de Itu, que passa de 18 para 10 no total, dentre os quais três sãonovos: Bairro de Atuade, Bayrro de Ytinumduva e Bairro de Boiri. Este último foiprovavelmente anexado a vila de Indaiatuba, pois de acordo com IBGE a formação inicial daatual cidade de Indaiatuba ocorre a partir de cinco bairros, sendo um deles o bairro de Buru.3 O NÚCLEO URBANO DE ITU: DA PRIMEIRA CONFIGURAÇÃO À CONSOLIDAÇÃO DACIDADE DO AÇÚCARA formação do núcleo urbano da vila será impulsionada pela cultura açucareira, de forma queos senhores de engenho passaram a ter casas urbanas para irem a cidade realizar suasatividades comerciais e nos finais de semana frequentar as festas e cerimônias religiosas. Valeenfatizar o citado por Otávio Ianni que, numa cultura caipira, pertencer a Igreja e participar desuas atividades era símbolo de grande “status” social. (IANNI, 1988, p: 10)Assim, a capela de N. Sra da Candelária juntamente com o Convento dos Franciscanos erigidoem 1692 e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (construída em 1719) formaram um eixo inicialde fundação da vila ao longo da Rua Direita, que tinha o seu lado ocidental e seu lado orientalchamado Demídio Oriental. Este eixo estava localizado no divisor de águas dos córregos do [Páginas 5, 6 e 7]





OII!


Mapa da região de Itu em 1840
Data: 01/01/1840
Créditos/Fonte: Robert A. Habersham (1870)
01/01/1840


ID: 13734


Vilas e Cidades do Brasil Colonial
Data: 01/01/2001
Créditos/Fonte: Nestor Goulart Reis Filho
01/01/2001


ID: 13735


Formação do primeiro núcleo urbano da cidade de Itu
Data: 01/01/2001
Créditos/Fonte: Hans Staden
Figura 2: Formação do primeiro núcleo urbano da cidade de Itu em 1770, representação gráfica do Eng. Custódio de Sá Faria, com as Igrejas e Conventos (em vermelho), Casa de Câmara e Cadeia (em amarelo) e Rua Direita (em roxo) por nós destacados


ID: 6218



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Registros mencionados

1796ID: 27897
Bairros
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1797ID: 1841
Dados
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26 de dezembro de 1797, terça-feiraID: 25325
Rio
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1840ID: 1979
Mapa de Robert A. Habersham
Atualizado em 25/02/2025 04:40:15
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