Manhã clara de setembro: nem fria, nem quente; fresca, suave e aromática como as manhãs primaveris de nossa terra. A gaze tenuíssima da cerração matutina adelga-se, esbate-se e some, mostrando-se o céu de cor rose-azulado, deslavado, desbotado, como lilases desabrochadas aos primeiros beijos do sol. A vista espraia-se na contemplação da paisagem rebrilhante como a de um esmalte de Limoges. A manhã é de setembro: de 7 de setembro, data gloriosa que engalana a alma brasileira e todas as cidades do país onde, panejam bandeiras desfraldadas.
Inicia-se a excursão. O automóvel ronca, buzina e parte. Roda, corre, quase vôa. A estrada, cor de ocre, serpenteia pela imensidade verde dos campos; sóbe as lombadas; desce os declives das colinas; desenrola-se em aterros pelos tabuões de águas encrespadas pelas virações; corta matagais sombrios, emaranhados e verdejantes, de velhas árvores esgalhadas e musgosas onde zumbem mosquitos e tatalam enxames de borboletas azuis; atravessa clareiras, abertas como claraboias no recesso da mata, perfumadas pelo cheiro forte dos balsamos, dos óleos e das reginas vegetais.
Passa nas lufadas de vento a fragrância perfumosa, rescendida da mata, das flores roxas do manacá. Fréchas de luz riscam de ouro o âmbito verde-negro de verdura. Cuitelos fendem o espaço como relâmpagos. Ressoa o canto longínquo do Paulo-pires.
A soberta vegetação, abundantíssima em jacarandá-rosa, óleo-vermelho, sassafraz, cedro, jequitibá, canela de veado, sucupira, aroeira rajada, crissiuma e páo d´alho, indica á vista atilada e experiente do caboclo, pela diferença das espécies arbóreas, a qualidade superior da terra de cultura.
É assim que Jéca conhece a terra - olhando a mata. Jéca não percisa de análise química ou geognóstica...
E o auto trepidando, roncando, buzinando, em vertiginosa carreira, vai "crispando" pela estrada a fora. As paisagens desfilam aos olhos do excursionista como em tela cinematográfica - rapidamente.
Ladeando a estrada, estirada nas elevações do planalto dilatam-se campos amarelentos, cobertos de cupins e entouceirados de barbas de bode e indaiás. Descortinam-se, do espigão, planícies verdes extensíssimas e as mais longínquas raias do horizonte recortado pela linha sinuosa de montanhas violáceas.
A rodovia sempre plana convida a corridas desenfreadas. Não há empecilhos. Raríssimas são as porteiroas. Substituem-nas os matadouros de grade.
Galgando distâncias, em furiosa disparada, o auto abre caminho, fonfoneando, por entre povoados. Passa o primeiro. Piragibú de Cima. Este, e Cajurú, são povoados na comarca de Sorocaba.
Rancharia de barro e sapé. Meia duzia de bilocas de lado a lado da estrada. Uma capelinha branca. Um coreto enfeitado de bandeirolas de papel multicor. Uma paineira velha sorrindo em flores cor de rosa... Um carro de bois, de roda quebrada, com um caboclo meio sentado, meio de cócoras, picando um rolete de fumo. Caipirada de ar aparvalhado espia da porta, espia da janela, espia atras um do outro... Caipira não olha... espia! Crianças matutas, magricelas e atarantadas, agarram-se ás saias de chita das mães. As mães fingem que não vêem... mas espiam "de banda". A cachorrada ladrando dispara em corrida atras do auto.
Galinhas voam em torvelinho esvoaçando penas brancas pelo ar. Porcos e leitões grunhindo fogem do caminho. Cabras espirrando e cabritos aos pinotes, trepam pelos barrando vermelhos. Um gato magro, seco, arrepiado, gato de caboclo, com o rabo espetado para o ar, atravessa a estrada como um corisco... excomungando a sorte, maldizendo da vida!
E o auto roncando sempre. Roncando e "chispando". Corre pelo campos. Passa o segundo povoado. Cajurú. É como o primeiro. Ranchos caipiras, cachorros escanzelados, gatos esfomeados, leitõezinhos chorões...
Numa volta de estrada surge inopinadamente um fantasma... Um fantasma não. Um espantalho de tico-tico... Também não. Um maturrango de barbicha esfarripada cavalgando seu matungo! Alto como um arganaz, magro como um arenque. Arqueia valentemente as compridas pernas pela pança do cavalicoque. Não vá o lazarento passarinhá á passagem da bicha que vem "trovejando"!... Passa o auto como uma bala levantando o poeirão da estrada. E some o Jéca "apurado" com o tordío na nuvem de pó.
Do alto cuma colina divisa-se o casario duma cidade. É Itú, Itú, a bandeirante. Itú, a fidelíssima, Itú, a republicana. Bem lhe assentam o gibão d´armas e o barrete phrygio. Bem lhe condiz a divisa "Amplior et liberior per me Brasilia". O auto atravessa a cidade que plange sonoramente pelos rilhões das igrejas. Na placidez, na quietude, na tranquilidade das ruas, dos casarões antigos de antigas rotulas, sente-se a nostalgia revogativa de um passado longínquo... passado envolvo em névoas de sonho, com expedições partindo para o "Eldorado" e sinhás moças de mantilhas em preces genufletidas diante de Nossa Senhora da Candelária... Linda e evocativa cidade! Relíquia de tradições bandeirantes! Velho coração paulista palpitante e sonhador!
Acelerando segue o auto. Salto de Itú. Anuncia-o o estrondejar das águas espumosas, branquejantes, turbilhonantes, precipitadas em avalanche na formidável queda. Depois, Indaiatuba. Depois, campos, novamente. Campos vastíssimos de jaraguá e catingueiro onde pascem nédias vacas com terneiros mamujantes. Voam Anús pretos que assentam balanceando nos chifres do gado deitado á sombra das caneleiras. Voam bandos de pintassilgos dos ingazeiros debruçados á beira dos rios. Voam curiós buscando os brejaes. Extensos renques de eucaliptos cortinam a estrada. Surgem as fazendas. Tapetes verdes de cafezais marchetam-se de pontos brancos das casas dos colonos. É o ouro verde paulista. Finalmente, Campinas. [Páginas 269, 270, 271 e 272]
[23520] “Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo”, João Mendes de Almeida (1831-1898) 01/01/1902 [27785] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXV, 1927 01/01/1927
ME|NCIONADOS ATUALIZAR!!! EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.