'Varnhagen em movimento: breve antologia de uma existência - 01/01/2007 Wildcard SSL Certificates
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Varnhagen em movimento: breve antologia de uma existência
    2007
    Atualizado em 15/11/2025 02:07:48





vantagem” porquanto o “conhecimento individual” que fez delas – dessas “duas localidades, núcleos de duas de nossas capitanais primitivas” –ampliará sua capacidade de escrever a história: “melhor poderei descreverpara o futuro.”114 O olho, como diria Foucault, “torna-se o depositárioe a fonte da clareza”.115 Não se trata apenas de uma compensação à inexistência de documentos acessíveis ou confiáveis, mas de um expedientecognitivo: isto é, a visão aparece não como um último recurso, mas comoinstrumento de saber; portanto, não como uma metodologia alternativa,mas como fundamento epistemológico da pesquisa. Ou seja, não é buscarno presente os traços do passado de uma forma instantânea e irrefletida;a autópsia não é, em Varnhagen, um dado imediato da consciência e simum trabalho intelectual que requer conhecimento anterior e uma constante interlocução entre a inatualidade pretérita e o presente.

A morte e o cuidado de si

Varnhagen tinha a intenção de um dia “depois de acabar a nossa Historia da Independência”, publicar o diário desta viagem – na qual inclusive acreditava ter encontrado o local exato da chegada de Cabral e da celebração da primeira missa – e “(que resultou até em proveito de nossa saúde), com as observações feitas, especialmente com respeito a ortographia dos pontos percorridos, na ida e na volta; o que tudo apontávamos em cada noite, apezar das fadigas do caminho, e depois de haver andado, desde às 6 da manha, às vezes oito e nove leguas”.116

O historiador-viajante não teve tempo de escrevê-lo. As vicissitudes da viagem provocaram-lhe uma doença fatal. Em 29 de junho de 1878, com 62 anos, o visconde de Porto Seguro morre em Viena, longe, como sempre, de sua terra natal*.

*Seu filho, Xavier de Porto Seguro confirma, em suas memórias, que a viagem foi a causa de sua morte: “no fim de nosso segundo ano de colégio, meu pai teve a infeliz idéia de fazer uma viagem ao Brasil. Essa viagem foi a causa de sua morte. Ele ficou seis meses ausente, e voltou com uma doença nos pulmões”, PORTO-SEGURO, Xavier de. Mémoires, recueillies et mises en ordre par Hippolyte Buffenoir. Paris: Bureaux de la Revue dela France Moderne, 1896, p. 21.

Em seu testamento consta a orientação de que no local de seu nascimento fosse erigido um monumento à sua memória. Quatro anos após sua morte, nas terras da Real Fabrica de Ferro de São João de Ipanema,sua vontade é atendida. Em uma das faces do pedestal se lê a seguinte inscrição:

À memória de Varnhagen, Visconde de Pôrto Seguro, nascido na terra fecunda descoberta por Colombo, iniciado por seu pai nas coisas grandes e úteis. Estremeceu sua Pátria e escreveu-lhe a História. Sua alma imortal reúne aqui tôdas as suas recordações.”118

Não se sabe quem escreveu esse epíteto. Pode ter sido um amigo, um admirador, alguém da família ou o próprio Varnhagen. Seja como for, a solicitação do historiadornão precisa ser percebida apenas como um reflexo egocêntrico, mas talvez como uma atitude preventiva. Tudo indica, a partir do que se sabe sobre sua vida, que Varnhagen tinha consciência de não ser muito popularem seu país, e que desconfiava da fidelidade de seus colegas em preservarsua memória. Ele sempre reivindicou que a pátria reconhecesse seus grandes homens. Parece que não mudou de opinião, mesmo após a morte! Eisaqui, mais uma vez, um dos limites do paradoxo varnhageniano que vimos tentando demonstrar ao longo deste ensaio: o melhor historiador danação tinha dificuldades em ser reconhecido como desejava, sobretudono IHGB; o grande patriota que não está quase nunca na sua pátria. JoséVeríssimo é um dos poucos comentadores de Varnhagen a chamar a atenção para essa aparente contradição:Consagrou toda a sua laboriosa existência a estudar a história do Brasil, e aservi-lo com dedicação e zelo em cargos e missões diplomáticos. Sente-selhe, entretanto, não sei que ausência de simpatia, no rigor etimológico dapalavra, pelo país que melhor que ninguém estudou e conhecia, e era o doseu nascimento. Não é patriotismo, entenda-se, que lhe desconhecemos,esse o tinha ele, como qualquer outro e do melhor. Faltava-lhe, porém, nãolho sentimos ao menos, aquele não sei quê íntimo e ingênuo, mais instintivo que raciocinado, sentimento da terra e da gente. Ele não tem as idiossincrasias do país.119Nota-se, tanto na sua correspondência quanto na sua obra, que Varnhagen passa boa parte de sua vida procurando resolver essa ambigüidade, ou,no mínimo, a dominar esse sentimento de desterrado. Ele procura estabelecer uma ligação constante, uma coerência íntima entre os termos contraditórios de sua existência, como brasileiro (levando-se em consideraçãoque ele é o único em seu núcleo familiar – filhos nascidos no estrangeiro,esposa estrangeira, filho de estrangeiro…) e como historiador da nação.120A imensa obra dedicada ao Brasil não seria uma maneira, para ele, de estar sempre entre os brasileiros? “Toda a modestia não é bastante para queeu não reconheça que a Historia do Brazil, ao menos em muitos de seusperíodos, fica com a minha obra de uma vez escripta, e que ella viverá (aobra) eternamente, e fará eternamente honra, ao Brazil e ao reinado de [Páginas 28 e 29 do pdf]



\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\27741icones.txt



Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Data: 01/01/1895
Página 23


ID: 6224


Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Data: 01/01/1998
Página 21


ID: 12455


Braz Cubas
Data: 01/01/1907
Créditos/Fonte: Francisco Corrêa de Almeida Moraes


ID: 12456



ME|NCIONADOS Registros mencionados (2):
12/10/1492 - “Descobrimento” da América
01/01/1882 - *Monumento
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.