Termos Tupis no Português do Brasil, 1937. Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961)
1937 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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BUBUIA
Bubúia, palavra usada geralmente na locução adverbial, de bubúia, significa, segundo Beaurepaire Rohan: flutuação ou, conforme o seu emprego geral, áto de boiar, flutuar, sobrenadar, rolar ou deslisar ao sabor das águas.
Provenientes de bubúia, temos já vulgarizados em nossa língua o verbo bubuiar e o adjetivo bubuiante, este empregado recentemente pelo ilustre acadêmico Paulo Setúbal em seu formo discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Usando-o em sentido figurado, assim se exprimiu o fulgurante autor em uma das passagens de sua oração:
"Entre os que caíram, tronco soberbo, com as grossas raízes mergulhadas fundamente no chão da terra nativa, com a larga fronde a fugir no ouro bubuiante do sol, foi João Ribeiro, etc..." [Termos Tupis no Português do Brasil, 1937. Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961). Página 59]
Vicente de Carvalho também, numa estrofe primorosa de Fugindo ao Cativeiro (1907), empregou o verbo bubuiar para traduzir a impressão que nos causam "as manchas do sol mosqueado a ondulação da relva, pelas abertas da floresta sacudida da aragem":
Varando acaso ás arvores a sombra Da folhagem que á brisa arfa e revôa, Na verde ondulação da úmida alfombra O ouro leve do sol babuia á toa; A água das cachoeiras, clara e pura, Salta de pedra em pedra, aos solavancos: E a flôr de São João se dependura Festivamente á beira dos barrancos... [Termos Tupis no Português do Brasil, 1937. Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961). Página 60]
Quanto ao significado do termo estão todos os estudiosos de acordo, embora não consignem as restrições que anotamos. Isto posto, podemos, concordando com a maioria e discordando de alguns, ter por boa a formação da palavra como decorrente da vóz onomatopaica búbú, que se abrandou, na vernaculização, em bubúia, exprimindo o que boia, o que flutua, o que sobrenada como bolhas, como coisa morta que vagueia ou deslisa á flor das águas.
No Dicionário Brasiliano de Frei Onofre, a pedra-pômes, a pedra leve, é designada itábubúi e butuitába é o equivalente tupí de boia, flutuador, do mólhe flutuante a que acostam ou amarram canôas. [Termos Tupis no Português do Brasil, 1937. Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961). Página 64]
PANEMA
Poucos vocabulários registram a expressão panema, quase desconhecida no sul do Brasil. Na Amazônia, pelo que se induz de seu emprego em vários trabalhos literários e mesmo de caráter cientifico, é de uso corrente entre as populações. Em obras recentes encontramos frases, como esta, que bem denotam a popularidade do vocábulo naquela região: "desde que botei os olhos naquele sujeito, d. Florência, que nunca mais ví um papagaio, uma tartaruga, um macaco. Fiquei panema, panema".
José Veríssimo, no estudo sobre as populações nativas da Amazônia, registra panema com o significado de ruim, máu, sem préstimo, imbecil, poltrão, etc. Fróis de Abreu emprega-o em seu belo livro - Terra das Palmeiras - e também Gastão Cruls em - A Amazônia que eu vi - obra excelente sob vários aspectos, usa de panema em diversos passos, como termo perfeitamente integrado no vernáculo. Dele, consigna o mesmo autor o derivado impanemar, com sentido de tornar panema, como se vê na frase: não depena (o mutum) dentro d´água que impanema o caçador...
Parece-nos que é termo mais usado, porém, na linguagem corrente, com a acepção de desdita, desventura, de caiporismo, como diríamos nós, de São Paulo. Aliás, Montoya assim o interpreta dando-lhe, por extensão, os significados de ruím, máu e imprestável. Ypanen é o rio mau, sem pescado, abá panen é o homem sem ventura, ará panen é o dia do aziago.
Panen no guaraní; e tupi diz-se panema ou panêua com significados idênticos. O termo passou, pois, para o português corrente, sem alteração gráfica e sem alteração de sentido. Derivam-se dele: panemar, impanemar, panemado e algumas outras expressões. [Página 185 e 186 do pdf]
Dicionario Portuguez-Brasiliano e Brasiliano-Portuguez (DPB), 1751/1795; da autoria de um certo Frei Onofre; impressão da primeira parte por Frei Veloso (José Mariano da Conceição Vellozo) em Lisboa, 1795; reedição da 1ª e edição da 2ª parte por Plínio Ayrosa, 1934: cerca de 4080 verbetes.
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