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Capítulo da História Colonial, 1907. Capistrano de Abreu (1853-1923)
    1907
    Atualizado em 31/10/2025 06:58:36

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1536, como se conclue do foral de sua capitania datado de 26de Fevereiro.

Desde Bertioga até o Cabo-Frio continuavam implacáveis os Tupinambás, combatendo e atacando por terra e por mar contra os Peró, e a favor dos Máir. N´um dos combates succumbiu Ruy Pinto. Cunhambebe, truculento maioral tamoyo, guardava entre os outros tropheus o habito e a cruz de Christo d´este cavalleiro.

Apparece-nos entre os primeiros povoadores Braz Cubas,joven criado de Martim Affonso que aportou aS. Vicente em 1540governou mais de uma vez a terra, guerreou contra ©s Tamoyos,fortificou Bertioga, entrada preferida por estes inimigos, e fundoua villa de Santos, que possuia melhor porto e facilmente superoua primogênita de Martim Affonso. Mais tarde empenhou-se nacata de minas, e consta haver achado algum ouro.Á roda d´estas villas fundaram engenhos, além dos portuguezes, os flamengos Schetz ou Esquertes, como o pronunciavao povo, e os Dorias, genovezes. Diz-se até, porém não deveser exacto, que d´esta procedem as cannas plantadas em outrascapitanias. Taes engenhos, com as distancias e a raridade decommunicações, deviam ter desenvolvimento mediocreDa villa fundada em Piratininga conhecemos a mera existência ou pouco mais. A situação no descampado difficultavasurpresas inimigas. O transito do Paraguay dava-lhe algummovimento. As cabanas de João Ramalho e dos mamalucos seusfilhos e parentes, no outro lado da serra donde as águas já corriam para o Prata, apregoavam a victoria alcançada sobrea matta virgem do littoral, victoria obtida aqui mais cedoque em qualquer outra parte do Brasil, porque os colonos apenascontinuaram a obra dos indígenas, já achando aberto por cimade Paranapiacaba e aproveitando a trilha dos Tupiniquins.Na capitania de Pernambuco, depois de estabelecidoIgaraçu, Duarte Coelho passou algumas léguas mais ao Sul, eassentou a capital de seus domínios em Olinda. O porto de somenos capacidade bastava ás pequenas embarcações. A visinhançados Tabajaras (Tupiniquins) compensava as investidas constantesdos Potiguares (Tupinambás). A energia do donatário continha aturbulência dos colonos. Nas várzeas surgiam cannaviaes e [Página 41]

índios forneciam-lhes os suplementos necessários, e destruí-las era um dos meios mais próprios parasujeitar os donos.Se encontravam algum rio e prestava para a navegação, improvisavam canoas ligeiras, fáceis devarar nos saltos, aliviar nos baixios ou conduzir à sirga. Por terra aproveitavam as trilhas dos índios; emfalta delas seguiam córregos e riachos, passando de uma para outra banda conforme lhes convinha, eainda hoje lembram as denominações de Passa-Dois, Passa-Dez, Passa-Vinte, Passa-Trinta; balizavamse pelas alturas, em busca de gargantas, evitavam naturalmente as matas, e de preferência caminhavampelos espigões. Alguns ficaram tanto tempo no sertão que “volviendo a sus casas hallaron hijos nuevos,de los que teniendolos ya a ellos por muertos, se habian casado com sus mujeres, llevando tambienellos los hijos que habian engedrado en los montes”, informa-nos Montoya. Os jesuítas chamam àgente de S. Paulo mamalucos, isto é, filhos de cunhãs índias, denominação evidentemente exata, poismulheres brancas não chegavam para aquelas brenhas.Faltaram documentos para escrever a história das bandeiras, aliás sempre a mesma: homensmunidos de armas de fogo atacam selvagens que se defendem com arco e frecha; à primeira investidamorrem muitos dos assaltados e logo desmaia-lhes a coragem; os restantes, amarrados, são conduzidosao povoado e distribuídos segundo as condições em que se organizou a bandeira. Nesta monotoniatrágica os Caiapós introduziram mais tarde uma novidade: “a de nos cercar de fogo quando nos achamnos campos, a fim de que impedida a fuga nos abrasemos: este risco evitam já alguns lançando-lhecontrafogo, ou arrancando o capim para que não se lhe comuniquem as suas chamas; outros se untamcom mel de pau, embrulhados em folhas ou cobertos de carvão, por troncos verdes ou paus queimados”.À parte geográfica das expedições corresponde mais ou menos o seguinte esquema: Osbandeirantes deixando o Tietê alcançaram o Paraíba do Sul pela garganta de São Miguel, desceram-noaté Guapacaré, atual Lorena, e dali passaram a Mantiqueira, aproximadamente por onde hoje transpõea E. F. Rio e Minas. Viajando em rumo de Jundiaí e Mogi, deixaram à esquerda o salto do Urupungá,chegaram pelo Paranaíba a Goiás. De Sorocaba partia a linha de penetração que levava ao trecho superior dos afluentes orientais do Paraná e do Uruguai. Pelos rios que desembocam entre os saltos doUrubupungá e Guaiará, transferiram-se da bacia do Paraná para a do Paraguai, chegaram a Cuiabá e aMato-Grosso. Com o tempo a linha do Paraíba ligou o planalto do Paraná ao do S. Francisco e doParnaíba, as de Goiás e Mato-Grosso ligaram o planalto amazônico ao rio-mar pelo Madeira, peloTapajós e pelo Tocantins.As bandeiras no século XVI devastaram sobretudo o Tietê, cujos numerosos Tupiniquins depressadesapareceram, e o alto Paraíba, chamado rio dos Surubis em Piratininga, segundo informa Glimmer;com o tempo foram-se alongando os raios do despovoamento e depredação, característico essencial einseparável das bandeiras.O movimento paulista para o sertão ocidental chocou-se com o movimento paraguaio à procurado mar: Ciudad Real, no Piqueri, próximo do salto das Sete Quedas, Vila Rica, no Ivaí, datam dasegunda metade do século XVI, antes do Brasil cair sob o domínio da Espanha. Com estes colonos agente de São Paulo cultivou a princípio boas relações; nas caçadas humanas foram às vezes sóciosaliados. Além disso a viagem por terra do Paraguai para a costa fazia-se mais facilmente procurandoPiratininga, do que repetindo a incômoda travessia de Cabeza de Vaca. A harmonia entrava assim nointeresse de ambas as partes. Só mais tarde houve conflitos e as duas povoações desapareceram.

Por 1610, jesuítas castelhanos partidos de Asunción começaram a missionar na margem oriental do Paraná. Fundaram Loreto e San Ignacio, no Paranapanema, e em compasso acelerado mais onze reduções no Tibagi, no Ivaí, no Corumbataí, no Iguaçu. Transposto o Uruguai, assentaram outras dez entre o Ijuí e o Ibicuí, outras seis nas terras dos Tape, em diversos tributários da lagoa dos Patos. De San Cristóbal e Jesús María, no rio Pardo, poucas léguas os separavam agora do mar.

Esta catequese grandiosa não consistia simplesmente em verter as orações da cartilha para alíngua geral, fazê-las repetir pela multidão ignara, submetendo-a à observância maquinal do culto externo.“Reduções, escreve um dos jesuítas contemporâneos que mais concorreram para avultarem, chamamosaos povoados dos índios, que vivendo à sua antiga usança, em matos, serras e vales, em escondidosarroios, em três, quatro ou seis casas apenas, separados, uma, duas, três e mais léguas uns de outros, osreduziu a diligência dos padres a povoações grandes e a vida política e humana, a beneficiar algodãocom que se vistam, porque comumente viviam em nudez, ainda sem cobrir o que a natureza ocultava”.

Não se imagina presa mais tentadora para caçadores de escravos. Por que aventurar-se a terras desvairadas, entre gente boçal e rara, falando línguas travadas e incompreensíveis, se perto demoravam aldeamentos numerosos, iniciados na arte da paz, afeitos ao jugo da autoridade, doutrinadas no aba-nheen?

Houve alguns salteios contra as reducções desde o seu começo, mas a energia e o sangue frio dos jesuitas contiveram os arreganhos dos mamalucos, que se retiraram proferindo ameaças. Para pol-as em pratica precisavam, porém, da connivencia da gente de Asuncion. Isto conseguiram em fins de 628, e muito concorreu para assegural-a Luis Cespedes Xeria, governador do Paraguay, casado em familia fluminense, senhor de engenho no Rio. Fez por terra a viagem para seu governo; esteve em Loreto do Pirapó, e Santo Ignacio de Ipãumbuçu, admirou as igrejas, «hermosísimas iglesias, que no Ias he visto mejores en Ias índias que he corrido dei Peru y Chile», e fez signal aos bandeirantes para avançarem. A primeira das reducções invadidas, a de S. Antônio, demorava na margem direita do Ivahy; invadiram depois San Miguel, Jesus Maria, San Pablo, San Francisco Xavier, no Ti-bagy; as outras ainda mais depressa do que as aggremiara uma inspiração ideal foram successivamente destruidas pela fúria de-vastadora. Restavam apenas as de Loreto e San Ignacio, no Parapa-nema ; os jesuitas resolveram transplantal-as para abaixo do salto das Sete Quedas, entre o Paraná e o Uruguay, doloroso êxodo cuja narrativa ainda hoje penalisa. Depois de devastadas as mis-sões de Guairá os mamalucos passaram ás do Uruguay e dos Tapes. A entrada em Jesus Maria, no rio Pardo, já em águas da lagoa dos Patos, qual a descreve Montoya, dará idéa resumida dos processos empregados nestas expedições.

No dia de São Francisco Xavier (3 de Dezembro de 1637), estando celebrando a festa com missa e sermão, cento e quarenta paulistas com cento e cincoenta tupis, todos muito bem armados de escopetas, vestidos de escupis, que são ao modo de dalmaticas estofadas de algodão, com que vestido o soldado de pés a cabeça peleja seguro das setas, a som de caixa, bandeira tendida e or-dem militar, entraram pelo povoado, e sem aguardar razões, acom-mettendo a igreja, disparando seus mosquetes. Pelejaram seis horas, desde as oito da manhã até as duas da tarde. Visto pelo inimigo o valor dos cercados e que os mortos seus eram muitos, determinou queimar a igreja, aonde se acolhera a gente. Por trez vezes tocaram-lhe fogo que foi apagado, mas áquarta começou a palha a arder, e os refugiados viram-se obriga-dos a sahir. Abriram um postigo e sahindo por elle a modo de rebanho de ovelhas que sae do curral para o pasto, com espadas, machetes e alfanjes lhes derribavam cabeças, truncavam braços, desjarretavam pernas, atravessavam corpos. Provavam os aços de seus alfanjes em rachar os meninos em duas partes, abrir-lhes as cabeças e despedaçar-lhes os membros. Compensará taes horrores a consideração de que por favor dos bandeirantes pertencem agora ao Brasil as terras devastadas?

Apenas vagamente se conhece o caminho seguido nas bandeiras contra Guairá, Uruguay e Tapes. Certamente Sorocaba, ultimo povoado, representava papel importante. Em canoas ou balsas feitas no planalto desciam os rios, e uma ou outra que garrava servia de aviso do perigo imminente ás reducções; eram, pois, viagens mixtas. Á volta, as jornadas deviam ser inteiramente por terra; de outro modo não poderiam trazer as chusmas de prisioneiros de colleira, amarrados uns aos outros.

Que destino davam a esta gente ? Diz-nos Montoya que eram empregados em transportar nas costas para a marinha carne de vacca e porco; naturalmente carregariam sal na volta; outros passavam para o Rio, onde havia interessados nestas piratarias; outros finalmente juntavam-se nas fazendas dos administradores. Em campanha «Ias mujeres de buen parecer, casadas, solteras ó gentiles, ei dueho Ias encerraba consigo en un aposento, con quien pasaba Ias noches ai modo que un cabron en un curral de cabras ». O numçro considerável dos escravisados nas reducções je-suiticas manifesta-se na freqüência de Carijós, posteriormente en-contrados nos logares mais distantes de sua primitiva assistência: Carijós chamavam, em São Paulo aos Guaranys. Estes indios, devidamente amestrados, serviam também para as conquistas de outros; eram o grosso das forças dos bandeirantes, cujo papel se limitava ao de officiaes. Os successos dos Tapes provaram mais uma vez não haver remédio en Asuncion, Rio ou Bahia. Os missionários esperavam ser mais felizes no alem-mar e embarcaram Antônio Ruiz de Montoya para Madrid, Francisco Dias Taho para Roma. Conseguio este bul-las e censuras fulminantes, trouxe aquelle as ordens mais precisas [Página 104]

Não se imagina presa mais tentadora para caçadores de escravos. Por que aventurar-se a terras desvairadas, entre gente boçal e rara, falando línguas travadas e incompreensíveis, se perto demoravam aldeamentos numerosos, iniciados na arte da paz, afeitos ao jugo da autoridade, doutrinados no abanheem?

Houve alguns salteios contra as reduções desde o seu começo, masa energia e o sangue-frio dos jesuítas contiveram os arreganhos dosmamalucos, que se retiraram proferindo ameaças. Para pô-las em práticaprecisavam, porém, da conivência da gente de Asunción. Isto conseguiram em fins de 628, e muito concorreu para assegurá-la Luís CéspedesXeria, governador do Paraguai, casado em família fluminense, senhor deengenho no Rio. Fez por terra a viagem para seu governo; esteve emLoreto do Pirapó e Santo Ignacio de Ipãumbuçu, admirou as igrejas,"hermosísimas iglesias, que no las he visto mejores en las Indias que he corrido delPerú y Chile", e fez sinal aos bandeirantes para avançarem.A primeira das reduções invadidas, a de S. Antônio, demorava namargem direita do Ivaí; invadiram depois San Miguel, Jesús María, SanPablo, San Francisco Xavier, no Tibagi; as outras, ainda mais depressado que as agremiara uma inspiração ideal, foram sucessivamente destruídas pela fúria devastadora. Restavam apenas as de Loreto e San Ignacio, no Paranapanema; os jesuítas resolveram transplantá-las parabaixo do salto das Sete Quedas, entre o Paraná e o Uruguai; dolorosoêxodo cuja narrativa ainda hoje penaliza. Depois de devastadas asmissões de Guairá, os mamalucos passaram às do Uruguai e dos Tape.A entrada em Jesús María, no rio Pardo, já em águas da lagoa dosPatos, qual a descreve Montoya, dará idéia resumida dos processos empregados nestas expedições.

No dia de São Francisco Xavier (3 de dezembro de 1637), estando celebrando a festa com missa e sermão, cento e quarenta paulistas com cento e cinqüenta tupis, todos muito bem armados de escopetas, vestidos de escupis, que são ao modo de dalmáticas estofadas de algodão, com que vestido o soldado de pés à cabeça peleja seguro das setas, a som de caixa, bandeira tendida e ordem militar, entraram pelo povoado, e sem aguardar razões, acometendo a igreja, disparando seus mosquetes. Pelejaram seis horas, desde as oito da manhã até as duas da tarde. [Página 111]

Visto pelo inimigo o valor dos cercados e que os mortos seus eram muitos determinou queimar a igreja, aonde se acolhera a gente. Por três vezes tocaram-lhe fogo que foi apagado, mas à quarta começou a palha a arder e os refugiados viram-se obrigados a sair.

Abriram um postigo e saindo por ele a modo de rebanho de ovelhas que sai do curral para o pasto, com espadas, machetes e alfanjes lhes derribavam cabeças, truncavam braços, desjarretavam pernas, atravessavam corpos. Provavam os aços de seus alfanjes em rachar os meninos em duas partes, abrir-lhes as cabeças e despedaçar-lhes os membros.Compensará tais horrores a consideração de que por favor dos bandeirantes pertencem agora ao Brasil as terras devastadas?

Apenas vagamente se conhece o caminho seguido nas bandeiras contra Guairá, Uruguai e Tape. Certamente Sorocaba, último povoado, representava papel importante. Em canoas ou balsas feitas no planalto desciam os rios, e uma ou outra que garrava servia de aviso do perigo iminente às reduções; eram, pois, viagens mistas.

À volta, as jornadas deviam ser inteiramente por terra; de outro modo não poderiam trazer as chusmas de prisioneiros de coleira, amarrados uns aos outros.

Que destino davam a esta gente? Diz-nos Montoya que eram empregados em transportar nas costas para a marinha carne de vaca eporco; naturalmente carregariam sal na volta; outros passavam para oRio, onde havia interessados nestas piratarias; outros finalmente juntavam-se nas fazendas dos administradores. Em campanha "las mujeresque en este, y otros pueblos (que destruyeron) de buen parecer, casadas, solteras o gentiles, el dueño las encerraba consigo en un aposento, con quien pasaba las noches almodo que un cabron en un curral de cabras".O número considerável dos escravizados nas reduções jesuítas manifesta-se na freqüência de carijós, posteriormente encontrados nos lugares mais distantes de sua primitiva assistência: carijós chamavam emSão Paulo aos guaranis. Esses índios, devidamente amestrados, serviamtambém para as conquistas de outros; eram o grosso das forças dos bandeirantes, cujo papel se limitava ao de oficiais.Os sucessos dos Tape provaram mais uma vez não haver remédioem Asunción, Rio ou Bahia. Os missionários esperavam ser mais felizesno além-mar e embarcaram Antonio Ruiz de Montoya para Madri, Francisco Dias Taño para Roma. Conseguiu este bulas e censuras fulminantes, trouxe aquele as ordens mais precisas e encarecidas para as autoridades coloniais. Tudo perdido. Conhecidas as letras pontifícias no Rio,alborotou-se a população, e a bula ficou suspensa. A irritação propagouse pela marinha e intensificou-se em serra acima. Defendidos por seucaminho inexpugnável, os paulistas expulsaram os jesuítas que só voltaram anos depois, à força de negociações e concessões. Implantou-se,portanto, o sistema seguido nas terras espanholas de encomendas ou administração dos índios; algumas encomendas por testamento couberamfinalmente à Companhia de Jesus. Imagina-se mal neste figurino oportunista a consciência heróica de Manuel da Nóbrega.Montoya conseguiu licença para aparelhar os índios com armas defogo e adestrá-los na arte militar. Em breve os bandeirantes perderam asuperioridade: derrotados, procuraram conquistas mais fáceis, na serrade Maracaju, no alto Paraguai, entre os chiquitos, e por fim entre o gentio de corso, de língua travada. Esta caçada não rendia tanto, as bandeiras foram perdendo parte dos primeiros atrativos e decaíram. Das reduções destruídas nunca mais se restabeleceram as de Guairá e dosTape; no Uruguai foram novamente fundados sete povos, mais tarde incorporados ao Brasil, como veremos.Melhores serviços prestaram os paulistas na Bahia e ao norte do rioSão Francisco. Em torno do Paraguaçu reuniram-se tribos ousadas e valentes, aparentadas aos aimorés convertidos no princípio do século, queinvadiram o distrito de Capanema, trucidaram os moradores e vaqueirosdo Aporá, e avançaram até Itapororocas. Pouco fizeram expediçõesbaianas mandadas contra eles, e houve a idéia de chamar gente de SãoPaulo. Acudindo ao convite Domingos Barbosa Calheiros embarcou emSantos; na Bahia se dirigiu para Jacobinas, mas deixou-se iludir porpaiaiás domesticados, e nada fez de útil. Acompanhando-o na jornadamais de duzentos homens brancos, raros tornaram do sertão.

Com este malogro não admira se repetissem as incursões de tapuias, a ponto de a 4 de março de 1669 ser-lhes declarada guerra e outravez convidados paulistas para fazê-la. Em agosto de 1671 chegou a genteembarcada, com cuja condução a câmara do Salvador despendeu maisde dez contos de réis. Eram dois os chefes principais, Brás Rodrigues deArzão e Estêvão Ribeiro Bairão Parente. [Páginas 112 e 113]



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 Fontes (2)

 1° fonte/2019   

O Bacharel de Cananeia, por Elizandra Aparecida Nóbrega, ovaledoribeira.com.br
Data: 2019

Sabemos que o Bacharel, após aquela famosa desavença, recolheu-se a São Vicente, onde deve ter permanecido algum tempo, ocasião em que foi contemplado com a sesmaria em questão. É certo que, já em 1536, retornou a Cananeia, pois esse ano a Rainha de Portugal, Izabel, escreveu ao Bacharel pedindo-lhe que prestasse todo o auxílio ao navegador Gregório de Pesquera Rosa, que viria ao Brasil em busca de especiarias. Essa expedição, no entanto, nunca chegou ao seu destino.

Capistrano de Abreu nos informa em seus “Capítulos de História Colonial” que os primeiros colonos que vieram ao Brasil subordinavam-se a dois tipos extremos:

“uns sucumbiram ao meio, ao ponto de furar lábios e orelhas, matar os prisioneiros segundo os ritos, e cevar-se em sua carne; outros insurgiram-se contra ele e impuseram sua vontade, como o bacharel de Cananeia, que se obrigou a fornecer quatrocentos escravos a Diogo Garcia, companheiro de Solis, um dos descobridores do Prata.”

Diz, ainda, mestre Capistrano que, no processo de desbravamento e povoamento de nosso país, existiram três tipos de povoadores, ou seja: “o que não reagia e se submetia, o voluntarioso e indomável e o medíocre ou conciliador, que vivem bem uns com uns e outros, europeus e indígenas.” Segundo esse autor, os jesuítas empregaram seus esforços para que sobrevivesse o segundo tipo. Aquele “que se impunha, dominava, tornava-se verdadeiro régulo, como aquele bacharel de Cananeia.” Tirar o medo aos cristãos, senhorear gentio da terra pela guerra, amedrontá-lo com grandes ameaças, esta foi a conduta do bacharel, coadjuvada pelos jesuítas e adotada especialmente por Mem de Sá.

O Bacharel era figura bastante conhecida pelos antigos navegadores. Mantinha com eles laços de amizade e até mesmo intercâmbio comercial. Quando o navegador português Diogo Garcia de Moguer passou por São Vicente em 1527, encontrou um bacharel que ali se achava desterrado. Emm sua “Memória de la Navegación”, Garcia registrou que ali residiam, entre outros, o bacharel Cosme Fernandes e seus genros Gonçalo da Costa e Francisco de Chaves, que receberam os navegantes “de braços abertos”.


 2° fonte/2023   

Escrevendo o Brasi | Capistrano de Abreu por Rebeca Gontijo. Canal da Associação Nacional de História - Anpuh Brasil
Data: 2023




[29450] O Bacharel de Cananeia, por Elizandra Aparecida Nóbrega, ovaledoribeira.com.br
07/02/2019

[3894] Escrevendo o Brasi | Capistrano de Abreu por Rebeca Gontijo. Canal da Associação Nacional de História - Anpuh Brasil
03/01/2023


ME|NCIONADOS Registros mencionados (4):
01/01/1609 - *A presença desta ordem no Guairá se deu entre 1609 e 1610, quando os padres José Cataldino e Simon Maceta organizaram a primeira redução de Nossa Senhora de Loreto
01/02/1610 - Jesuítas chegaram a Ciudad Real
01/01/1907 - Expedições
31/07/2022 - “Canibalismo, nudez e poligamia”, Adriano César Koboyama
EMERSON

  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.