24 de maio de 1676, domingo Atualizado em 07/11/2025 00:12:49
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Graças á carta e relatório, circunstanciados, do sargento mór Diez de Andino, ao rei, datados de Assunção e de 24 de maio de 1676, possuímos numerosos elementos para reconstituir a segunda parte da jornada de Francisco Pedro Xavier, o regresso ao Brasil.
Neles nos dá o chefe militar os mais curiosos pormenores. Assim, começa explicando que de Villa Rica a Assunção medeavam oitenta léguas, distando ela dez de São Pedro de Terecañe, a últimas das aldeias do seu distrito, e uma apenas de Ibirapariyara e Candelaria.
A explicar a causa de não resistência ao invasor, expõe quanto na região havia falta de armas e munições, achando-se o inimigo numero, perfeitamente apetrechado. E mais, surgira no momento em que se encontravam quase todos os homens espalhados pelas matas, ocupados no corte da herva mate.
De Maracajù, também apresada, haviam os paulistas tentado surpreender Ypané e Guarambaré, situadas muito mais ao sul. Malograra-se-lhe o intento pelo fato de se refugiarem os nativos destes pueblos, avisados em tempo, na capital paraguaya.
Saindo a 22 de fevereiro de Assunção, rumara Andino para o Norte, com 314 soldados brancos e 248 nativos apenas. A 4 de março, acampando em um lugar por nome Bogado, á espera de novos contingentes nativos, do sul, chegou-lhe ao quartel a notícia de que um trânsfuga, certo mulato Raphael, atingira as avançadas dos paulistas em Terecañe, avisando-os da aproximação do exército espanhol. E eles, imediatamente, trataram de acautela a rica presa efetuada, colocando-a ao abrigo das vicissitudes de uma campanha.
Longos comboios de nativos recém-cativos puseram-se logo em marcha, demandando o porto do Rio Amambahy, onde os esperava, sob forte guarda, a sua esquadrilha de batelões. [Historia Geral das Bandeiras Paulistas Escripta á vista de avultada documentação inedita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes Tomo Quarto - Cyclo de caça ao indio - Luctas com os hespanhoes e os Jesuitas - Invasao do Paraguay - Occupação do Sul de Matto Grosso - Expedições á Bahia - Desbravamento do Piauhy (1651-1683), 1928. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 81]
Curioso e inesperado incidente ocorreu então: apresentou-se ao comandante castelhano certo licenciado d. Juan Mongel Garcez, dizendo-se espanhol, natural do bispado de Pamplona, reino de Navarra, e morador de São Paulo. Acompanhavam-no dois filhos e uns escravos. Contava este personagem, enigmático e estrambótico, que largo tempo vivera na vila brasileira, prisioneiro! Era médico, físico, e si ao Paraguay acompanhara a expedição, do caudilho paulista, fizera-o com o único fito de poder fugir ao cativeiro, e passar a viver com os seus compatriotas...
Achando estranho o caso e suspeitos estes acendramento e dedicação, nacionalistas, ordenou Andino que a tal licenciado e aos seus se pusesse guarda contínua, devendo eles acompanhar a marcha da expedição, isto apesar dos protestos do vigiado principal, que continuava a reiterar a sua lealdade.
Si se abalançara a tão perigosa deserção, apenas o incitava o desejo de servir á coroa católica, informando ao cabo de guerra da retirada e itinerário do inimigo. Mas Andino que não desejava ser destes capitães censurados por não cuidar, pôl-o em severa custódia á espera de novas provas de sincera amizade.
Era bem exato contudo o que este indivíduo relatava, a saber, que vivera em São Paulo. Nas ata da Câmara paulistana nós lhe vemos o nome diversas vezes como fiador e sócio de contratadores de impostos, os escrivães municipais lhe chamavam de "João de Mongelos", como na ata de 6 de junho de 1665 em que figura como procurador de uma mulher que demandava com os jesuítas. [Historia Geral das Bandeiras Paulistas Escripta á vista de avultada documentação inedita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes Tomo Quarto - Cyclo de caça ao indio - Luctas com os hespanhoes e os Jesuitas - Invasao do Paraguay - Occupação do Sul de Matto Grosso - Expedições á Bahia - Desbravamento do Piauhy (1651-1683), 1928. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 82 e 83]
Mostrou-se, então, Don Juan Mongelos muito solicito e carinhoso para com os feridos a quem com grande dedicação e perícia de cirurgião pensou. Dos seus operados apenas perdeu três.Pela madrugada de 20 de março, de 1676, ordenou o chefe espanhol que os feridos fossem enviados á retaguarda da coluna. [Historia Geral das Bandeiras Paulistas Escripta á vista de avultada documentação inedita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes Tomo Quarto - Cyclo de caça ao indio - Luctas com os hespanhoes e os Jesuitas - Invasao do Paraguay - Occupação do Sul de Matto Grosso - Expedições á Bahia - Desbravamento do Piauhy (1651-1683), 1928. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 86]
Na opinião do informante, estava sobremodo comprometida a posse castelhana dos territórios ao sul do Iguassù os "pueblos de las Provincias del Paraná", a começar por Itapùa. Três caminhos, abertos pelos paulistas, para ali se dirigiam. O Paranapanema "também llamado Pirapó", o Ivahy e o Pequiry, através do sertão "de los Pirianes y tierras de los infieles Guayanas", nativos já por eles exterminados e cativados. Entrada mais comoda realizavam, porém, pelo Tietê, "el rio Anambuy (sic) que corre por San Pablo, Pernaíba y Ituassù" e o Paraná. [Historia Geral das Bandeiras Paulistas Escripta á vista de avultada documentação inedita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes Tomo Quarto - Cyclo de caça ao indio - Luctas com os hespanhoes e os Jesuitas - Invasao do Paraguay - Occupação do Sul de Matto Grosso - Expedições á Bahia - Desbravamento do Piauhy (1651-1683), 1928. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 90]
E para documentar a asserção, relatava o cabo castelhano que justamente fizera Pedro Xavier base de operações em um ponto do grande rio, perto das ruínas de Ciudad Real,ali deixando forte destacamento para se guardar a retaguarda.
E, além das vias fluviais, existia o caminho terrestre, muito conhecido, nos anos antigos, pois servira de comunicação entre Ciudad Real e as aldeias jesuíticas. Por ele, em quarenta dias se atingia a vila de Sorocaba, assim contavam Juan de Mongelos e os prisioneiros.
Enfim, partiu D. Francisco para as minas de Araçoiaba. Imagine-se uma viagem que hoje em dia pode ser feita de carro em uma hora e meia e que, naquele tempo, durava em média, segundo cronistas antigos, cerca de 18 dias!
Mas a grande e brilhante comitiva, pois só de soldados havia tresentos e mais "gente de marcação da Armada que trouxe dito Senhor" - segundo informa Pedro Taques - "que de Biracoiaba, passou ordem, dada de 2 de agosto de 1599, ao Provedor da Fazenda, fazendo cobrar duzentos mil reais, do fiador dos flamengos, João Guimarães, para as despesas que estavam fazendo com gente de trabalho que com ele se achava naquelas minas, em cujo lavor, estabelecimento houveram despesas e com os soldados de infantaria que o acompanhavam do resto.
Informa ainda Pedro Taques que, "por mandado de D. Francisco, de 20 de setembro de 1599, recebeu Diogo Sodré, almoxarife, o Pagador D’Armada e que veio para as minas de ouro e prata o dito Senhor, seis contos, 129.509 mil, que estavam no almoxarifado da Fazenda de Santos, carregados em receita ao almoxarife dela, João de Abreu, dos direitos da Urca nomeada "Mundo Dourado", para pagamento dos soldados e manejo das fitas minas".
No dia 3 de junho de 1599, acompanhado de grande e imponente séquito, constituído de fidalgos coloridamente trajados, técnicos, os soldados de infantaria já mencionados e numerosos nativos domésticos, entrava D. Francisco de Souza no povoado, fazendo reboar as montanhas com o éco de suas músicas marciais, trombetas e tambores.
E foi recebido regiamente por Afonso Sardinha, não obstante a pobreza de suas instalações no vilarejo de Itapebussu. Parece que d. Francisco gostou da recepção, ou dos ares, ou ficou influenciado pela "febre" do ouro e pedras preciosas e, na falta deles na exploração do ferro, pois demorou-se em Araçoiaba, relativamente bastante tempo. Eis que, chegado a 3 de junho ainda há atos dele em novembro. Teria ficado pelo menos uns 4 meses." [Araçoiaba e Ipanema, 1997. João Monteiro Salazar. Páginas 58, 59 e 60]
Quanto aos Payaguás, era indispensável trucida-los todos, e quanto antes, "asi por las atrocidades que tienen cometidas con ruyna de las ciudades de la nueva Jeres y la Concepción, la villa de Jujuy y muchos lugares de nativos como porque no quieren abraçar la fé".
Largamente conversara ele com d. Juan Monjelos sobre as coisas de São Paulo. Pelo trânsfuga da expedição paulista ficara sabendo que na Capitania havia 4600 brancos e 20000 nativos tupys, capazes de pegar em armas. Dos nativos informara que manejavam as espingarda com singular destreza, assim como "alfanges y machetas de más de las flechas, balientes y ossados como cualquier portugués". [Historia Geral das Bandeiras Paulistas Escripta á vista de avultada documentação inedita dos archivos brasileiros, hespanhoes e portuguezes Tomo Quarto - Cyclo de caça ao indio - Luctas com os hespanhoes e os Jesuitas - Invasao do Paraguay - Occupação do Sul de Matto Grosso - Expedições á Bahia - Desbravamento do Piauhy (1651-1683), 1928. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 91 e 92]
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.