| História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985) | | 1941 Atualizado em 28/11/2025 21:04:04
Os Inquisidores Apostólicos do Perú em carta de 20 de abril de 1620 informaram - aludindo a D. Marcos: "No ano passado avisou-nos de um Inquisidor ou Visitante Geral de Portugal nas costas do Brasil e Angola, que pertencem à coroa portuguesa e que está a apreender muitos portugueses e a esconder-lhes uma grande quantidade de bens e que muitos deles foram fugindo do Brasil como de Portugal e veio para aquele porto (Buenos Aires) e entrou no Peru sem poder remediar o governador...". Em 1619 D. Luiz de Souza fez diligente administração na Baía.
A PRATA QUE NÃO SE ACHOU
Averiguou então o que de verdade havia com as "minas" de Belchior Dias Moréa - assunto que por um século preocupou os sertanistas do nordeste. O neto do Caramurú, após a sua participação na tomada de Sergipe, onde se afazendara, percorrera os sertões do São Francisco até o Paramirim e espalhara a notícia de minas de prata, em continuação das que corriam desde a morte de Gabriel Soares.
Fôra a Madrid, em 1603-1609. Queria altos prêmios pelo descobrimento. Não o atenderam logo: somente em 1617 escreveu el-rei a D. Luiz de Souza: "Foi acertado o que escrevestes" a Belchior Dias Moréa, para dar princípios às cousas das minas de prata... Insistia, em de de junho do ano imediato: "Acêrca das minas que Belchior Dias Moréa oferece descobrir, se vos tem avisado do que hei por bem que se faça, que creio tereis executado, e me avisareis na primeira ocasião do que se fôr fazendo".
E agradecia, em 10 de março de 1620: "Havendo visto a vossa carta com a relação do que resultou da averiguação que pessoalmente fostes fazer da verdade das minas que Belchior Dias Moréa havia oferecido, me pareceu dizer-voz que me houve por bem servido de vós no procedimento que nesta matéria tivestes, e encarregar-vos muito, como o faço, pois aí já não são do serviço dos mineiros de que tratais e buscá-los a este negócio, procureis consertar-vos com eles ou com outros mais práticos se os achardes nesse Estado para irem servis nas minas de Monomotapa".
Participou da expedição o jovem Salvador Correa de Sá e Benavides (filho de Martim de Sá). Lembraria, mais de meio século depois: "Que na éra de 1618, indo seu pai Martim de Sá deste reino a governar o Rio de Janeiro segunda vez, e ele conselheiro voltando em sua companhia, tomando a Baía acharam governando a D. Luiz de Souza, que depois foi Conde do Prado, e lhes pedira fossem com eles as minas de Itabaiana, donde as pedras tinham tanta malacacheta que todos os persuadiram e o mesmo mineiro a que tinham prata; fizeram-se ensaios por fogo e azougue, por este nada, e por aquele fumo". Verificada a inutilidade da viagem o governador - completa a crônica - mandou prender Belchior Dias, que se livrou graças à parentela poderosa, porém tão desgostoso que se retirou para as suas terras de Sergipe e faleceu meses mais tarde: o seu "roteiro das minas" ficou com a Casa da Torre (Francisco Dias de Avila). Por ele se guiou em 1627, numa larga penetração, igualmente infrutífera.
A prata não apareceu: mas se conquistou o deserto. O povoamento seguiu o itinerário dos exploradores e o avanço dos gados, se Sergipe para o médio São Francisco, do Paraguassú para Jacobina, do Itapicurú para os campos secos e extensos do nordeste (caatingas): foi o que compensou as decepções de muitos governadores impressionados pela lenda do "Potosi baiano".
Itabaiana reacenderia na imaginação dos colonos o interesse que despertou a prata de Belchior Dias em 1617: principalmente no período de Afonso Furtado, quando a procurou, com vagar e sem fortuna, D. Rodrigo de Castelo Branco. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Páginas 48, 49 e 50]
III
A PRIMEIRA GUERRA DE HOLANDAO perigo francês passara. Renovava-se a ameaça holandesa. À medida que a colonização entrava novas terras o seu problema militar era mais difícil e premente.PRELIMINARESA côrte de Madrid desconfiava dos cristãos-novos em contato com os mercados flamengos. Tomara - em 1617 - uma resolução radical: a expulsão dos estrangeiros do Brasil. Depois a atenuara o rigôr, dando a D. Luiz de Souza arbítrio para reembarcar "alguns que tenha suspeita fundada". É que "se escreve de Amsterdam de como lá os mercadores que já estiveram no Brasil e aparelhavam duas náos poderosas bem providas de gente e artilharia para irem à costa do Brasil ou a dos Ilhéos para lá carregarem de pau-brasil que lá estava já espalhado" (carta de 1617).
Cumpria-lhe, pois, vigiar todo o litoral. Esse rumores significavam o recrudescimento, em Holanda, do interesse pela América, e os preparativos de agressão, desfechada sete anos depois.
Martim de Sá, no Rio de Janeiro, tomara três bateis a uma esquadra flamenga que se chegara à terra para refrescar (era a esquadra de Joris Vas Spilberg, que, em 1615, ia ao Pacífico). Matou 22 e aprisionou 14, entre estes um Francisco Duchs, bem tratado pelo capitão, que o enviou à Baía, onde lhe fizeram melhor acolhida. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 52 e 53]
Taubaté (taba-etê), no vale do Paraíba, onde chegara Jacques Felix em 1636-1639, corresponde a uma etapa do deslocamento para as montanhas centrais, terras de purís e cataguazes, talvez as minas de prata e esmeralda de Marcos Azevedo... Munido de uma provisão do capitão-mór de Itanhaém (20 de janeiro de 1636) o povoador levantou primeiro uma casa-forte; em 1645 criou a vila. Desenvolveu-se depressa: e erigiu-se em rival de São Paulo. Domingos Leme foi adiante e fundou Guaratinguetá, em 1651. Taubateanos e paulistas detestaram-se: assim estes e parnaibanos, e sorocabanos, e vicentinos ou santistas... [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 135 e 136]
VACARIA
Sucessivas expedições asseguravam o domínio português na região da Vacaria, e por vezes puseram em perigo a própria cidade de Assunção no Paraguai. A designação genérica - Vacaria - ligava-se aos campos do Rio Grande entre a serra e os Tapes, cujo roteiro não era mais segredo em São Paulo. Partia-se de Sorocaba. De São Miguel do Paranapanema se seguia para as ruínas de São Xavier e Santo Inácio, donde se navegava - em vinte dias de percurso - para o rio Paraná.
Descia-se este até o Invinhêma. Remontava-se o Invinhema e, nas vertentes, varadas as canoas, os sertanistas rompiam por terra, à procura dos gados bravos ou "cimarrões", espalhados, aos milhares, pelas planuras: a Vacaria.
Em 1694 diria D. Francisco Naper de Lencastro que era inesgotável, essa reserva de gados, e, com apenas dez cavalos, recolhera 700 rezes... No século imediato o itinerário fluvial seria abandonado graças à abertura do caminho que une o rio Pelos aos "campos gerais" (caminho de tropas cujos acampamentos se transformaram em cidades) indo terminar em Sorocaba, principal feira de muares do interior do Brasil durante duzentos anos... [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Página 302]
O ciclo das esmeraldas encerra-se com a destrastosa morte de D. Rodrigo. O da prata desvanecera-se ao mesmo tempo. Essas lendas custavam caro. Mas a obsessão do ouro não largava o espirito crédulo dos paulistas. Não o ouro de lavagem que, com desigual fortuna, iam "bateando" pelos riachos de Iguape, de Curitiba, de Paranaguá - muito escasso para contentar e fixar esses homens andejos.
Em 1682 frei Pedro de Souza fôra examinar as pedras de prata da serra de Biraçoyaba (Sorocaba). O governador do Rio Antonio Paes de Sande teve ordem para " averiguação das minas de ouro e prata de Parnaguá, Itabaiana e Sabarabussú com amplíssima jurisdição", em 14 de janeiro de 1693, mas desistiu dela.
São depois de 1681, viagens obscuras. A região chama-se "dos cataguazes" pelo nome dos índios que a habitavam adiante de Taubaté - núcleo de convergência e irradiação dessas "entradas". Ninguém pensa em pedir sesmarias e demorar-se na terra nova: era o sertão bravo, atrás do qual resplandecia o "Sabarabussú"... José Gomes de Oliveira e seu ajudante Vicente Lopes foram das margens do Paraíba às nascentes do Rio Doce. [História do Brasil, 2° "A formação" 1600-1700, 1941. Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902-1985). Páginas 445 e 446]
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Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.  |
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