| Entre faisqueiras, catas e galerias: Exploração do ouro, leis e cotidiano das Minas do Século XVIII (1702-1762), 2007. Flávia Maria da Mata Reis, Belo Horizonte, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG | | 2007 Atualizado em 28/11/2025 22:38:55
Além disso, outras três de suas disposições se debruçaram sobre a questão do trabalho indígena empregado nas minas. Grosso modo, o regimento determinava que os índios fossem repartidos entre os proprietários de minas que, por sua vez, deveriam ter todo o cuidado com estes trabalhadores, “não obrigando a trabalhar mais que ordinário e quando fizer a entrega dos ditos índios [o Provedor] lhes limitarão os dias que hão de andar no dito trabalho e ordenará o que lhes hão de pagar por dia [...]”97.
O Provedor deveria ainda visitar as minas para verificar se os proprietários “tratam mal aos ditos índios não dando o necessário para sua sustentação ou obrigando-os a trabalhar mais do ordinário e se lhe não pagaram seus salários [...]”, aplicando as punições necessárias, visto que “da conservação dos índios depende o beneficio das ditas minas”98.Ao que parece, essas determinações encontraram apoio no espanhol Manuel Juan de Morales que, a partir de 1624, passou a ocupar o cargo de administrador das minas de São Paulo e também o de Superintendente dos índios das aldeias do Real Padroado99.
Manuel Juan era um homem experiente nos assuntos minerais, pois assim que chegou ao Brasil em 1592, foi enviado pelo governador-geral, D. Francisco de Souza, ao “cerro de Sergipe mais de 200 léguas de la Baía, a descubrir minas, donde se perdio Gabriel Suarez, que vino por descubridor de oro”100.
No ano de 1595, foi enviado pelo governador à Capitania de São Vicente onde, juntamente com outros dois mineiros (um deles alemão), diz ter descoberto a serra de “Sirasoyaba” [Araçoiaba] (A historiografia dos descobrimentos geralmente reconhece Afonso Sardinha como o descobridor dessa serra, o que teria ocorrido nos últimos anos do século XVI. Sem necessidade de aprofundar este debate, resta dizer que nada impede que o espanhol e os Afonso Sardinha (pai e filho) tenham empreendido juntos expedições de descobrimentos em Araçoiaba.), cujas amostras, enviadas à Espanha em 1600, revelaram ser a mesma riquíssima em ferro e ouro, e não em prata como a princípio se acreditava.
Por esse descoberto, o Rei Felipe II fez mercê a um capitão das minas de ferro por “três vidas”; a Manuel Juan, deu 750 cruzados e o “recibio por su criado, y mando q en todo mirase por su real hacienda”102. Em 1636, nos apontamentos dirigidos ao Rei Felipe IV, o minerador expunha as condições em que se encontravam os engenhos de ferro, desativados pela morte dos fundidores, e pedia então que lhe fosse enviados outros para dar continuidade à exploração. Demonstrando experiência na organização do trabalho e da exploração das minas pelos sistemas de mita e encomienda, da forma como se praticava “en las índias de Castilla”, sugeria ainda ao Rei que “cerca de los ingenios se fabriquen três, o cuatro aldeas de índios libres pª que por messes acudam a trabajar por jornal competente, q aqui es moderado, com que se assegura la liberdad suya, y el aumento de las minas [...]”103. Todo este interesse manifestado pelo espanhol em reavivar a produção de ferro revelava, por fim, sua verdadeira intenção:
[...] Es tan façil el hacer navios que yo siendo hombre pobre sin tener Indio ninguno hize dos navios pª ir a Angola por negros pª esta Capitania, y para aumentar a V. Magd los quintos del oro. Pues si las minas del yerro se trabajasen, con que el yerro estuviesse a mano, q facilidad tendria V. Magd de hazer navios sin costa alguna de madera, ni yerro? ysin costa, ni trabajo de acarrearlo, porque la madera esta en el mismo puerto, donde los navios se hazen, y las minas así del Yerro como del oro distan del puerto de la villa de Santos solo 16 leguas [...]104.
Como pode ser observado, Juan Manuel propunha a construção de navios para introduzir os escravos africanos na Capitania de São Vicente. Com essa proposta, visava estimular a mineração na região, uma vez que as bandeiras de apresamento indígena tinham se tornado mais lucrativas e atraentes para os paulistas do que manifestar e trabalhar as lavras, com a condição de pagarem o quinto:
Em los tiempos passados sacaban algo los naturales. Ya no ay remédio q quieran ir a las minas, y las pocas vezes, que van, y sacan, no ay q tratar de q quinten y venden una octava en polvo á siete tostones. Señor todo a cessado desde q tratan de ir cautivar Indios porque trayendolos de la forma que dije, con los que aqui llegan [...] los venden a varios o de esta tierra, o de la isla de S. Sebastiam, o para otras partes del Brasil, y del precio no pagan quintos como lo havian de hazer del oro, y tienen mas esclavos hombres desventurados en esta villa, q vassallos algunos Señores de España105.
Árduo defensor da liberdade dos índios, para Juan Manuel, os mesmos deveriam ser organizados em aldeias administradas por jesuítas e localizadas próximo às minas de ouro e ferro, onde trabalhariam por jornal e “paga justa”. Os africanos, estes sim escravos, seriam então os mais recomendáveis para o trabalho ininterrupto nas minas auríferas, aumentandoassim os quintos reais. [Entre faisqueiras, catas e galerias: Exploração do ouro, leis e cotidiano das Minas do Século XVIII (1702-1762), 2007. Flávia Maria da Mata Reis, Belo Horizonte, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Páginas 46 e 47]
“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX” Data: 01/01/1886 Página 352 ID: 12770
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (4): 01/07/1592 - Manuel Juan foi enviado pelo governador-geral, D. Francisco de Souza, ao cerro de Sergipe mais de 200 léguas da Bahia, para procurar Gabriel Soares* 01/01/1595 - *Manuel Juan de Morales foi enviado pelo governador à Capitania de São Vicente onde, juntamente com outros dois mineiros (um deles alemão, Wilhelm Glymmer), diz ter descoberto a serra de “Sirasoyaba 01/01/1600 - *D. Francisco enviou a Valladolid, onde estava instalada a corte de Felipe III, os mineiros Diogo de Quadros, Manuel João (o tal Morales, da carta), Martim Rodrigues de Godoy e Manoel Pinheiro (o Azurara) 26/03/1602 - Memorial sobre os feitos do capitão Diogo de Quadros, Manuel Pinheiro de Azurara, Martim Roiz de Godoi -mineiro da prata-, Manuel João -mineiro de ferro-, enviado pelo governador do Brasil EMERSON
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Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.  |
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