Gabriel Soares de Souza e o Tratado Descritivo do Brasil, Educaterra, Consultado em 31.08.2022. maniadehistoria.wordpress.com
31 de agosto de 2022, quarta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
•
A Bahia de Todos os Santos foi minuciosamente descrita por Gabriel Soares de Souza“estará bem empregado todo o cuidado que Sua Majestade mandar Ter d’este novo reino; pois está para edificar nele um grande império, o qual com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano que seja um dos Estados do mundo..” – Gabriel Soares de Sousa – Tratado Descritivo do Brasil em 1587
Foi uma carta enviada pelo seu irmão João Coelho de Souza, mensagem de um moribundo vinda lá dos fundões da Bahia, que fez com que Gabriel Soares de Souza se assanhasse por também em meter-se no sertão. A missiva chegara por um pessoa de confiança. Mencionava vestígios de ouro e até de diamantes que o desbravador encontrara em suas andanças de três anos pelos rios e selvas do Brasil. Gabriel incendiou-se. Largou sua fazenda à beira do rio Jequiriçá no Recôncavo – onde desde 1567 se estabelecera “com escravos, carro de boi e éguas, …além de índios forros”-, e foi-se a brigar com a burocracia do rei lá em Madri (era a época do Domínio Filipino) atrás de concessões. Apresentou-se como herdeiro do falecido.
Pediu “índios flecheiros, mercês e foros de fidalguia” para ele e para quatro dos seus cunhados que o acompanhariam na expedição, e até uma requisição para tirar da cadeia gente que tivesse alguma serventia para a bandeira. Quase enlouqueceram o pobre homem com as protelações e dilações, mas por fim arrancou deles o que precisava. Até um titulo pomposo de “capitão-mor e governador da conquista e descobrimento do Rio São Francisco” arranjou. Hei-lo de volta ao Brasil em 1591. Deu azar. A urca em que vinha naufragou na embocadura do Vaza-barris. Num nada viu-se “governando” um pedaço de areia da praia do Sergipe.
Gabriel Soares devia ser bom de conversa. Ao alcançar Salvador, convenceu o governador a arrumar-lhe os necessários para a grande aventura. Queria descer o Rio São Francisco até as suas cabeceiras, seguindo o roteiro deixado pelo irmão porque sabia que lá encontraria coisa grossa Mas ele não era só de conversa. Gabriel talvez fosse um dos reinóis mais qualificados para alcançar tal sucesso. Uns anos antes, em 1587, ainda em Madri, na espera, registrara cuidadosamente num enorme calhamaço – que Varnhagem depois numa edição exemplar, dividiu em 20 títulos e 196 sub-capítulos -, tudo o que vira, sabia ou ouvira dizer num Tratado Descritivo do Brasil (que apesar de circular em Lisboa desde 1599, com o título de “Notícia do Brasil”, só o publicaram em 1825). Inspirou-o, superando-o de longe, a “História” de Pêro Magalhães de Gândavo, quem por primeiro registrara algo mais alentado sobre as terras descobertas.
No enciclopédico “Tratado”, Gabriel Soares nos conduz a um detalhado e maravilhoso passeio por aquele Brasil dos primórdios. Tendo como ponto de partida os acidentes mais setentrionais da costa brasileira, estendeu-se do Rio Amazonas até o Rio da Prata. Em meio a isso tudo nos conta as histórias dos tupinambas, dos tapuias, dos potiguares e de tantas outras tribos mais. O que comiam, como pescavam e de que como caçavam ou combatiam, das canoas e jangadas que faziam. Fala-nos da mandioca, do milho, dos legumes, da pimenta e dos cajus, dos mamões e dos jaracatéas, dos insetos, dos anfíbios, das jibóias e dos bugios. Homem do seu tempo, Gabriel Soares também deixou-se embalar pelas história fantásticas, de índios assombrados, entre outras por aquela que relatava as maldades do Upupiara, o homem marinho, o terror do Recôncavo, meio bicho, meio peixe, que saltava das profundezas dos rios e abocanhava quem estivesse em suas margens. Diz Gabriel que cinco escravos índios seus sumiram assim. Num outro ataque, o único que se salvou ficou tão “assombrado que esteve para morrer”. Foi enfático também o autor, na luta dos portugueses em dominar aquele mundo bravio, imenso e doido. Todos os historiadores do Brasil que se seguiram, como Frei Vicente de Salvador ou Robert Southley, beberam em suas páginas.O Upupiara, o monstro do RecôncavoGabriel Soares queria mesmo era chamar a atenção de El-Rei da Espanha para “os grandes merecimentos” que o novo mundo deveria ter da Coroa, alertando-o para o fato de que “se os estrangeiros se apoderarem desta terra, custará muito lançá-los fora dela”. Impressionou-se em Lisboa, e em Madri, como os funcionários da Corte não tinham idéia da dimensão e da vastidão do Brasil. É uma “costa de mil léguas” enfatizou, de “terra quase toda muito fértil, mui sadia, fresca e lavada de bons ares, e regada de frescas e frias águas”, e que além de ” ferro, aço, cobre, ouro ,esmeralda, cristal e muito salitre”, tem “mais quantidade de madeira que nenhuma parte do mundo”. Era impossível que não percebessem a magnitude do que ele vira nos seus 17 anos de Brasil.Dito isso, apetrechou-se de carnes e farinhas e rumou com a bandeira para o sertão. Saiu do Recôncavo pelas margens do Rio Paraguaçú. Das cabeceiras deste, quase uns 600 quilômetros ao sul da Bahia, até chegar ao Rio São Francisco mais adentro, ainda teria que percorrer a pé uns 250 quilômetros de serras e matas virgens. Desafiando as febres, as pragas, as cobras, e os morcegos que devastaram a animália, fundou arraiais pelo caminho. Supõe-se que Gabriel Soares sucumbiu, ele e Aracy, o seu índio guia, bem próximo à paragem onde o irmão morrera sete anos antes.A abundância e variedade da pesca nativa, sempre impressionou Gabriel Soares de SouzaMatou-o a exaustão. Ele que manifestara em testamento o desejo de ser sepultado com o “hábito de São Bento”, no mosteiro da ordem em Salvador, dando-se ao exagero de recomendar “150 missas rezadas e 15 cantada” para o sossego da sua alma pecadora, foi, supõe-se, inumado às pressas numa cova anônima cercada pelos matos baianos. Gabriel Soares estava no sentido certo. Um século depois da sua malfadada aventura, outros, vindos de outros caminhos, deram com as pepitas douradas e com os belos diamantes das Minas Gerais, como também ele acertara em prever que o Brasil se tornaria ” um grande império”.
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/04/1591 - Alvará de Felipe II concediendo privilegios a Gabriel Soares de Sousa EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.