Ocupação nos sertões da Capitania de São Paulo: vila de Lages – XVIII, Renilda Vicenzi
2016 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
•
ResumoA pesquisa ora apresentada busca analisar o estabelecimento da vila de Lages, ao longo dodenominado caminho de Viamão. Através das correspondências/ofícios expedidos pelos governadoresda Capitania de São Paulo, entre elas as determinações do Morgado de Mateus, é possível perceber queas autoridades políticas e militares da Capitania, tinham preocupação em povoar o espaço entre a vilade Curitiba e o rio Pelotas. E para os mesmos, a futura povoação seria responsável por impedir oavanço das missões espanholas e garantir o domínio português no rio Pelotas, e ainda "nasceriam"povoações nos sertões de Curitiba, assim que os paulistas iniciassem as migrações. A povoação centraldeveria se localizar as margens dos rios Pelotas ou Canoas, pontos estratégicos de defesa, e as terraspróximas a esses rios seriam para a fundação de muitas fazendas de gado.Contexto inicialO contato da região mineradora e de Sorocaba com o Sul da colônia era precário, pois faltavamestradas trafegáveis que possibilitassem o transporte e o comércio de animais vivos pelo interior. Ocaminho já existente pela costa marítima iniciava na Colônia de Sacramento, passava por Laguna eseguia às Capitanias de São Paulo e Rio de Janeiro, no entanto era extenso, visto que, após a chegadaao litoral dessas capitanias, as mercadorias precisavam ser transportadas ou se autotransportarem parao interior.
Com o objetivo de realizar um novo caminho que interligasse as regiões do interior da Colônia, em 19 de setembro de 1727, o capitão general da Capitania de São Paulo, Antonio da Silva Caldeira Pimentel, ordenava “para o sargento-mor Francisco de Souza Faria2 abrir o caminho pela paragem que achar mais conveniente, possível e fácil, para por ele poder conduzir gados e cavalgaduras para os campos gerais de Curitiba”3.
Para realizar o caminho, Souza Faria recebeu na vila de Santos armas, munições e ferramentas4, e deveria seguir as seguintes instruções: sua viagem iniciaria na vila de Paranaguá em direção ao rio São Francisco, Ilha de Santa Catarina até Laguna, de onde partiria para Curitiba. Os capitães-mores e os oficiais que se encontravam ao longo do caminho deveriam obedecer e acatar suas ordens, além de auxiliar com homens, mantimentos, gado vacum, cavalar e embarcações5.
Souza Faria foi orientado a descrever com precisão a vegetação, a hidrografia, o relevo e osindígenas; também, para garantir sua segurança e de seu bando, deveria criar laços de amizade com osindígenas e possíveis castelhanos que encontrasse ao longo do caminho. A inteligência e experiênciano comércio com índios e castelhanos e seus conhecimentos sobre a região foram os motivos daescolha de Souza Faria pelo capitão general Caldeira Pimentel6. Segundo Kuhn, “o novo governadorde São Paulo, Caldeira Pimentel, resolveu enviar o sargento-mor Francisco de Souza Faria,experimentado nos sertões meridionais, para abrir a estrada que ligasse os campos sulinos à vila deCuritiba” (KUHN, 2006, p. 55). A solicitação do governador foi posta em prática em 1728, quandoSouza Faria efetivou o Caminho dos Conventos7, ligando o litoral (Laguna) aos campos de Cima daSerra, com o objetivo de seguir para os campos de Curitiba e chegar até Sorocaba.Porém, a ligação interna, sem passar por Laguna, foi concluída em 1732 por Cristóvão Pereirade Abreu, após ter iniciado em 1731 sua jornada na Colônia de Sacramento, com destino a São Paulo.Era um novo caminho a ser percorrido por homens e animais. O caminho aberto por Cristóvão deAbreu8a partir de Viamão seguia na direção do rio Rolante, afluente dos Sinos, penetrava nos camposde Cima da Serra (Vacaria), atravessava o rio Pelotas, seguindo no sentido dos campos de Lages paraos campos de Curitiba, até o destino final, Sorocaba. Esse novo caminho recebeu a denominação deCaminho ou Estrada das Tropas.Em carta, Cristóvão Pereira detalhou sobre a viagem e os animais que transportou a Sorocaba,destacando que foram “[...] perto de 700 cavalgaduras, pois foram perdidos cerca de 10 animais. As perdas ocorriam em virtude das pestes, que sempre foram presentes nas tropas, matandoprincipalmente as mulas”9. Ainda, o tropeiro descreve a dificuldade de abrir caminhos em morros,buracos, matos e brejos, a perda de animais que ficaram doentes e de homens por desordem; anecessidade de instalar registros ao longo do caminho e de estabelecer fazendas próximo a Curitibapara a criação de gado vacum e cavalar (principalmente de éguas). Com relação ao tempo de viagem,de Laguna até os campos de Curitibanos (depois denominados campos de Lages), foram 16 dias, edestes mais 10 dias até as fazendas próximas da vila de Curitiba. Ainda, foram necessários mais 6 diasaté chegar à estrada para São Paulo, por onde “sem dúvida o caminho era melhor”10. Para Tiago Gil(2009, p. 45), “ele chegou com uma volumosa tropa, sendo, além de "fundador", o primeiro negociantede gados a cruzar aquele percurso. Foi apenas o começo de uma rota que testemunharia, ao longo dosanos seguintes, uma enorme movimentação de animais”.Não temos intenção de discutir e divergir sobre o tempo de viagem e o número exato deanimais que chegaram ao seu destino, mas salientar a importância desse caminho ao delinear oscampos de Cima da Serra como rota de passagem. O tropeiro coronel Cristovão Pereira passou comsua tropa nos pastos lageanos, seguindo em direção a Sorocaba e, após essa passagem, novos tropeirose novas tropas seguiram e pousaram por esses campos.A abertura do novo caminho encurtou distâncias e era mais rentável à fazenda real, aopossibilitar com maior rapidez o fornecimento de cavalgaduras e boiadas às minas11, sendo assim maisvantajoso que os anteriores. Após a realização do trabalho de abertura do caminho, o ConselhoUltramarino português enviou carta a Cristovão Pereira de Abreu12. Nessa carta, destacam-se osserviços prestados por ele à Coroa na abertura do caminho, que o remunerava por 12 anos com ametade dos impostos cobrados no registro de Curitiba. Destaca, ainda, que foram enviados pela Coroaquatro soldados, um cabo montado e um escrivão para guarnecer e garantir os direitos tributários nesseregistro, e também coibir o desvio de animais por outros caminhos.A distância entre o Registro de Viamão e o de Sorocaba era em torno de 1.500km, caminhoidentificado no mapa anteriormente apresentado. O ritmo temporal era marcado pelos passos das mulase dos demais animais em comitiva durante a caminhada, e pelos contratempos, principalmente os [Ocupação nos sertões da Capitania de São Paulo: vila de Lages – XVIII, Renilda Vicenzi, 2016. Páginas 1 e 2]
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/1727 - *Francisco de Souza Faria construiu um caminho do Rio Grande (hoje, Iguaçú) a Curitiba EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.